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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 1 Oi, pessoal. Na aula de hoje, vemos os seguintes tópicos relativos a acordos da OMC: - Do edital de AFRFB: 2.2. O Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). - Do edital de Comércio Internacional (CI) para ATRFB: 2.2. O sistema de solução de controvérsias da OMC. 11. Regras de origem. 11.1. O Acordo sobre Regras de Origem do GATT-1994. - Do edital de Direito Internacional Público (DIP) para ATRFB: 8. Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS). Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT). Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS). Apesar de este curso ser de Comércio Internacional e alguns acordos da OMC terem sido pedidos na matéria de DIP, acho importante tratar de todos nesta aula. Em primeiro lugar, por causa da ligação estreita entre eles. Em segundo lugar, porque os acordos SPS, TBT e TRIMS foram pedidos no edital de AFRFB até o penúltimo concurso. Saíram em 2009, para serem cobrados apenas para ATRFB. Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS) Nas negociações travadas de 1986 a 1994 dentro da Rodada Uruguai, os países concluíram que faltava um acordo para o comércio de serviços, já que o GATT era um acordo que buscava o livre comércio para mercadorias. O comércio de serviços havia crescido de forma substancial e decidiram criar um “GATT para serviços”. Deram ao acordo o nome de GATS – General Agreement on Trade in Services – Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços. Esta motivação aparece no preâmbulo do Acordo: “Os Membros, Reconhecendo a importância crescente do comércio de serviços para o crescimento e desenvolvimento da economia mundial; ...” Ainda no preâmbulo, aparecem os principais objetivos do Acordo: “Desejando estabelecer um quadro de princípios e regras para o comércio de serviços com vistas à expansão do mesmo sob condições de transparência e liberalização progressiva e como forma de promover o crescimento de todos os parceiros comerciais e o desenvolvimento dos países em desenvolvimento; ... Desejando facilitar a participação crescente dos países em desenvolvimento no comércio de serviços e a expansão de suas exportações de serviços, inclusive, inter alia, mediante o fortalecimento da capacidade nacional de seus serviços e sua eficiência e competitividade; ...” (inter alia significa “entre outras coisas”) CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 2 Dentre os objetivos, podemos então destacar: 1) o estabelecimento de princípios e regras para o comércio de serviços; 2) expansão do comércio mundial de serviços de forma transparente; 3) liberalização progressiva do comércio de serviços, por meio de rodadas de negociações; 4) promoção do crescimento dos países-membros no comércio de serviços; e 5) promoção do desenvolvimento para os países em desenvolvimento, aumentando sua participação no comércio mundial e aumentando suas exportações de serviços. Algumas informações relevantes sobre o GATS, que podemos encontrar no texto do acordo: 1) Para se aplicar o GATS, é necessário que o prestador e o consumidor do serviço sejam residentes em países diferentes; 2) O local de prestação do serviço é irrelevante para a abrangência do GATS: o acordo se aplica aos serviços internacionais onde quer que eles sejam prestados, seja no país onde reside o importador, seja onde reside o exportador; 3) O GATS não se aplica aos serviços prestados no exercício próprio da autoridade governamental (serviços públicos) nem aos direitos de tráfego aéreo e os serviços a ele diretamente relacionados. Por exemplo, o serviço público de emissão de passaportes não tem que ser liberalizado. É um serviço estratégico para qualquer país. No caso dos serviços de tráfego aéreo, o GATS não se aplica, pois existem acordos anteriores tratando especificamente disso; 4) No GATS, há as seguintes disposições: a. Cláusula da Nação Mais Favorecida, ou seja, todo benefício dado aos serviços de um país deve ser estendido incondicionalmente aos serviços dos demais países-membros da OMC. Por exemplo, caso o Brasil desonere de IOF os seguros prestados por companhias norte- americanas, ele deve fazer o mesmo em relação às companhias seguradoras do mundo inteiro. Veja a NMF no GATS, artigo II: “1. Com respeito a qualquer medida coberta por este Acordo, cada Membro deve conceder imediatamente e incondicionalmente aos serviços e prestadores de serviços de qualquer outro Membro, tratamento não menos favorável do aquele concedido a serviços e prestadores de serviços similares de qualquer outro país. 2. Um Membro poderá manter uma medida incompatível com o parágrafo 1 desde que a mesma esteja Listada e satisfaça as condições do Anexo II sobre Isenções ao Artigo II. ...” Note que a NMF admite exceções, pois o membro pode, de acordo com o artigo II, § 2o, manter uma lista de exceções à cláusula. Em tese, o país pode, por exemplo, colocar o serviço de seguro na lista citada e então não aplicar a NMF. Desta forma, caso o país reduza alíquota do IOF do seguro para aqueles contratados na França, CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 3 poderá discriminar e não reduzir a alíquota para os seguros contratados nos demais países; b. Princípio da Transparência, pelo qual um Membro deve informar aos demais Membros, com razoável antecedência, a criação de qualquer norma relativa ao comércio de serviços. As normas não podem ser ocultas nem deveriam ser criadas da noite para o dia. Eis o artigo III: “1. Cada Membro deve publicar prontamente e, salvo em circunstâncias emergenciais, pelo menos até a data de entrada em vigor, todas as medidas relevantes de aplicação geral pertinentes ao presente Acordo ou que afetem sua operação. Acordos internacionais dos quais um Membro seja Parte relativos ao comércio de serviços ou que afetem tal comércio também devem ser publicados. ...”; c. Cláusulas de Salvaguarda, previstas no artigo X, simbolizando o direito de uma concessão em matéria de serviço ser revista caso traga problemas para o mercado interno; d. Tratamento Nacional, que, analogamente à cláusula do GATT, significa que o serviço importado deve receber um tratamento não- discriminatório em relação aos serviços nacionais. Se o IOF cobrado sobre os seguros contratados junto a seguradoras nacionais for de y%, então a alíquota sobre os seguros contratados no exterior não pode ser superior a y%. No entanto, o princípio do tratamento nacional no GATS difere um pouco do tratamento nacional no GATT. Enquanto no GATT o princípio do tratamento nacional se aplica a todos os bens, no GATS somente se aplicará para alguns serviços, aqueles expressamente indicados pelo país. Por exemplo, o país Z indica numa lista os serviços de seguros, de transportes e de telecomunicações. Então, tais serviços importados não receberão internamente tratamento discriminatório em relação aos serviços similares nacionais. Já os demais serviços e prestadores de serviço (aqueles que não tiverem sido colocados na lista) poderão ser discriminados. É o que dispõe o artigo XVII do GATS: “ARTIGO XVII - Tratamento Nacional 1. Nos setores inscritos em sua lista, e salvo condições e qualificações ali indicadas, cada Membro outorgará aos serviços e prestadores de serviços de qualquer outro Membro, com respeito a todas as medidas que afetem a prestação de serviços, um tratamento não menos favorável do que aquele que dispensa a seus próprios serviços similares e prestadores de serviços similares. ...” Por exemplo, a forma de tributação deIRPJ sobre empresas brasileiras de arquitetura poderia, em tese, ser mais favorável que a forma de tributação das empresas estrangeiras de arquitetura que aqui prestassem um serviço (não nos interessa neste curso saber quais são os serviços colocados na lista brasileira, mas se alguém tiver curiosidade, vai encontrar isso no site www.mdic.gov.br) CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 4 e. Acesso a Mercados, que é a definição de um conjunto de vantagens dentro de um setor econômico. O país relaciona as vantagens em uma lista (similar à do artigo II do GATT, visto há duas aulas atrás) relativa a um setor econômico e se compromete em outorgar aos demais países um tratamento não menos favorável que aquele colocado na lista; f. Restrições para Proteger o Balanço de Pagamentos: quando tratamos do GATT, vimos que os países têm o direito de impor barreiras protecionistas se estiverem com dificuldades financeiras externas. Aqui no GATS, há previsão semelhante no artigo XII: “ARTIGO XII - Restrições para Proteger o Balanço de Pagamentos 1. Em caso de existência ou ameaça de sérias dificuldades financeiras externas ou de balanço de pagamentos, um Membro poderá adotar ou manter restrições sobre o comércio de serviços em relação ao qual tenha assumido compromissos específicos, inclusive sobre pagamentos ou transferências para transações relacionadas com tais compromissos. É reconhecido que determinadas pressões sobre o balanço de pagamentos de um Membro em processo de desenvolvimento econômico ou de transição econômica podem tornar necessária a utilização de restrições para lograr, entre outras coisas, a manutenção de um nível de reservas financeiras suficiente para a implementação de seu programa de desenvolvimento econômico ou de transição econômica. ...” g. Compras Governamentais: os países têm o direito de discriminar os serviços estrangeiros quando a compra for governamental “para fins de uso oficial” e não para comércio posterior. Nesse caso, poderá haver nas licitações governamentais um favorecimento para os fornecedores nacionais de serviços. É o que dispõe o artigo XIII do GATS: Artigo XIII - Compras Governamentais 1. Os Artigos II, XVI e XVII não se aplicarão às leis, regulamentos e prescrições que rejam as contratações de serviços por órgãos governamentais para fins de uso oficial que não sejam destinados à revenda comercial ou que possam ser utilizados para a prestação de serviços destinados à venda comercial. h. Acordos de Comércio: No GATT, vimos que os benefícios dados ao comércio de bens entre países de um bloco comercial não precisam ser estendidos para países que estejam fora do acordo. Da mesma forma, o GATS permite que os benefícios dados aos serviços negociados dentro de blocos comerciais não sejam estendidos para países que estejam fora do bloco; e i. Exceções Gerais: No GATT, vimos o artigo XX que permite a imposição de medidas protecionistas em alguns casos especiais como, por exemplo, para proteção da saúde ou da moral pública. No GATS, o artigo XIV é muito semelhante a ele: 1. ... nenhuma disposição do presente Acordo será interpretada no sentido de impedir que um Membro adote ou aplique medidas: CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 5 a) necessárias para proteger a moral ou manter a ordem pública; b) necessárias para proteger a vida e a saúde das pessoas e dos animais ou para a preservação dos vegetais; c) necessárias para assegurar a observância das leis e regulamentos que não sejam incompatíveis com as disposições do presente Acordo, inclusive aquelas com relação à: i) prevenção de práticas dolosas ou fraudulentas ou aos meios de lidar com efeitos do não cumprimento dos contratos de serviços; ii) proteção da privacidade dos indivíduos em relação ao processamento e à disseminação de dados pessoais e a proteção da confidencialidade dos registros e contas individuais; iii) segurança; d) incompatíveis com o Artigo XVII (Tratamento Nacional), sempre que a diferença de tratamento tenha por objetivo assegurar a imposição ou coleta eqüitativa ou efetiva de impostos diretos em relação a serviços ou prestadores de serviços de outros Membros; e) incompatíveis com a Artigo II (Nação Mais Favorecida), sempre que a diferença de tratamento resulte de um acordo destinado a evitar a dupla tributação ou de disposições destinadas a evitar a dupla tributação contidas em qualquer outro acordo ou convênio internacional pelo qual o Membro esteja vinculado. Cabe apenas registrar que a diferença entre o GATT e o GATS é que este inclui ainda as alíneas d e e, ou seja, os países podem discriminar para promover equidade ou efetividade na arrecadação tributária (alínea d) e para viabilizar os tratados internacionais para evitar dupla tributação (alínea e). Por exemplo, se o Brasil e os EUA fecham um acordo para afastar a bitributação, as disposições deste acordo não precisarão ser estendidas para os demais países. Para estes, se for o caso, deverão ser celebrados equivalentes tratados internacionais. 5) O artigo IV do GATS prevê que deve ser facilitada a participação crescente dos países em desenvolvimento no comércio mundial de serviços, mediante compromissos específicos. O conteúdo do GATS até hoje não foi cobrado em prova de forma direta, seja da ESAF, seja de outra banca. Mas o conhecimento acerca da existência do acordo podia ter ajudado a resolver a questão cobrada em 2008, na prova de Analista de Comércio Exterior: (ACE/2008) O sistema multilateral de comércio, fundamentado nos princípios do GATT e subseqüentemente da OMC, rege o comércio entre países. Acerca desse sistema, julgue os itens a seguir. 169 A exemplo da OMC, as normas e os acordos no âmbito do GATT aplicam-se ao comércio de mercadorias, de serviços e de direitos de propriedade intelectual referentes ao intercâmbio externo, sendo, pois, subscritos por todos os países. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 6 Resp.: item INCORRETO, pois o GATT é um acordo que se aplica APENAS ao comércio de BENS. Para o comércio de serviços, o acordo é o GATS. Para os direitos de propriedade intelectual, o TRIPS. Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) Este acordo surgiu em 1994, juntamente com a OMC. O SPS surgiu como resposta à criação de várias medidas sanitárias e fitossanitárias sobre a importação de bens, as quais não possuíam nenhum embasamento científico. Observação “Revisão” de português: o radical fito refere-se a vegetal. Logo, remédio fitoterápico é remédio à base de plantas. E medidas fitossanitárias são medidas para assegurar a sanidade vegetal, ou seja, a saúde vegetal. Barreiras sanitárias e fitossanitárias eram criadas pelos países alegando-se dano à saúde de pessoas, animais e vegetais, mas, muitas vezes, eram medidas com o objetivo único de restringir importações que concorriam com bens similares nacionais. Como assim? Ora, esse negócio de invocar problema de saúde para deixar de fazer alguma coisa é do tempo em que se criou o primeiro emprego no mundo. O primeiro empregado (deve ter sido de Adão, não sei) algum dia deve ter falado pro chefe: “Estou muito gripado. Não posso ir hoje.” Às vezes, aliás, muitíssimas vezes, os países impõem barreiras do tipo: “Estamos muito gripados. Está proibida a importação de carne de porco, pois não queremos importar mais gripe suína.” Como se a carne trouxesse vírus.... Você está achando que é brincadeira? Não é não. Depois que surgiu o surto de gripe suína no ano de 2009, vários países simplesmente proibiram, de verdade, a importação de carne suína. Ésó olhar os jornais de maio e junho daquele ano (olhar na Internet, é claro). É exatamente para evitar esses absurdos que surgiu em 1994 o acordo SPS. É para evitar que os países, espertamente, usem a gripe, ou melhor, a saúde como justificativa para impor barreiras arbitrárias. Mas já deu para ver que o SPS não evitou os abusos no caso da gripe suína... O SPS permite que os países criem barreiras sanitárias e fitossanitárias, mas desde que sejam barreiras baseadas na ciência. Nenhum país está proibido de defender a saúde humana, animal e vegetal, mas as medidas de proteção só podem ser aplicadas na medida necessária. Antes de passarmos para análise do acordo SPS, cabe uma pergunta: Quem cria no Brasil as medidas para defesa da saúde humana, animal e vegetal? 1) Em relação às medidas para defesa da saúde humana, é o Ministério da Saúde. Óbvio. 2) Em relação à saúde animal? Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Claro. 3) Em relação à saúde vegetal? Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Evidente. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 7 E, portanto, quem tem que conhecer as regras do acordo SPS para as seguir na hora de criar as medidas sanitárias e fitossanitárias? No Brasil, o Ministério da Saúde e o MAPA. É óbvio, claro e evidente. Em síntese, o acordo SPS vem afirmar duas coisas: 1) medidas para proteção à saúde e à vida são válidas; e 2) tais medidas não podem ser abusivas ou arbitrárias. Podemos encontrar estas motivações no preâmbulo do acordo e no artigo 2o: “Os Membros, Reafirmando que nenhum Membro deve ser impedido de adotar ou aplicar medidas necessárias à proteção da vida ou da saúde humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas não sejam aplicadas de modo a constituir discriminação arbitrária ou injustificável entre Membros em situações em que prevaleçam as mesmas condições, ou uma restrição velada ao comércio internacional; Desejando melhorar a saúde humana, a saúde animal e a situação sanitária no território de todos os Membros; Desejando o estabelecimento de um arcabouço multilateral de regras e disciplinas para orientar a elaboração, adoção e aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias com vistas a reduzir ao mínimo seus efeitos negativos sobre o comércio; Desejando estimular o uso de medidas sanitárias e fitossanitárias entre os Membros, com base em normas, guias e recomendações internacionais elaboradas pelas organizações internacionais competentes, ..., sem que com isso se exija dos Membros que modifiquem seu nível adequado de proteção da vida e saúde humana, animal ou vegetal; ...” O artigo 2o dispõe ainda: § 1o Os Membros têm o direito de adotar medidas sanitárias e fitossanitárias para a proteção da vida ou saúde humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as disposições do presente Acordo. § 2o Os Membros assegurarão que qualquer medida sanitária e fitossanitária seja aplicada apenas na medida do necessário para proteger a vida ou a saúde humana, animal ou vegetal; seja baseada em princípios científicos e não seja mantida sem evidência científica suficiente, à exceção do determinado pelo parágrafo 7 do Artigo 5. Portanto, os países ficaram com o direito de criar as medidas sanitárias e fitossanitárias, mas somente o poderão fazer se provarem cientificamente sua necessidade. Depois que ficou provado que carne de porco não transmite gripe suína, os membros da OMC que tinham criado a proibição de importação tiveram que voltar atrás em sua decisão, sob pena de serem acionados na OMC. Só uma observação no caso da gripe suína: será que os países, antes de criarem a proibição de importação, já não sabiam que a carne não transmite vírus de gripe? É claro que sabiam, mas, no comércio internacional, quando surge uma oportunidade dessas de embarreirar importações, você acha que algum país vai deixar passar? É uma possibilidade de se incentivar o consumo das carnes produzidas internamente CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 8 (carne bovina, de frango ou até mesmo de porco). Foi uma oportunidade para os países ajudarem os produtores internos. Ah! E ainda há outra coisa: infelizmente, a arbitrariedade que prejudica muita gente (por exemplo, os produtores estrangeiros de suínos) talvez venha a ser atacada e derrubada nos organismos ou em tribunais internacionais, mas, quando e se isso ocorrer, duas coisas ficarão: terá havido proteção efetiva durante um tempo e a indenização é só para aqueles que reclamarem (não é erga omnes, ou seja, não é para todos). Então ainda que muitos reclamem e peçam indenização, outros não irão reclamar e o país infrator sairá no lucro. É, mais ou menos, o que acontece quando o governo brasileiro cria normas “ilegais”. Como nem todos os cidadãos irão reclamar, pois muitos pensam “dá trabalho reclamar por tão pouco”, o governo só vai precisar voltar atrás para aqueles que reclamarem e ganharem judicialmente. Já que eu falei de normas sanitárias ilegítimas, quais os exemplos de normas sanitárias/fitossanitárias legítimas, referendadas pelo SPS? Posso citar as normas: 1) que imponham que o produto venha de uma região livre de doenças. Por exemplo, o Brasil pode criar uma norma impondo que só podem ser importados bois de países onde não haja focos de febre aftosa; 2) relativas à inspeção de produtos. Por exemplo, o Brasil pode impor uma norma que dispõe que os animais somente serão liberados nos portos, aeroportos e fronteiras de entrada SE passarem pela análise da vigilância sanitária; 3) sobre tratamento e processamento de produtos. Por exemplo, o país pode criar uma regra dispondo que o leite não pode ser importado in natura, mas apenas depois do processo de pasteurização; 4) sobre níveis máximos de pesticida. O governo, neste caso, poderia impor que o pesticida XYZ não pode ter concentração superior a x% na pele do tomate; e 5) sobre níveis máximos de aditivos nos alimentos. O país poderia definir limites para os “estabilizantes”, “corantes” e outros “antes” que a gente encontra nos rótulos dos alimentos. Todos os casos acima são, em última análise, formas de o país defender a saúde e a vida de todos aqui de dentro, incluindo os animais e os vegetais. Principais disposições do SPS: 1) Princípio da Transparência, pelo qual um Membro deve informar aos demais Membros, com razoável antecedência, a criação de qualquer medida sanitária ou fitossanitária. Isso é importantíssimo, pois imagine você se o Brasil muda as regras de um dia para o outro. Digamos que o Brasil definia que o nível de concentração do pesticida XYZ na pele do tomate não podia passar de 2%. E a norma hoje publicada mudasse o percentual para 1%. Ora, o que aconteceria com aqueles tomates que já estão no avião viajando para o Brasil e que cumpriam o limite de 2%, mas não cumprem o limite de 1%? Se o tomate tiver índice de concentração de 1,5%, ele teria entrado ontem, mas não entra a partir de hoje. Ora, é uma penalidade muito grande ter que devolver os tomates para o exterior... Por isso, o princípio da Transparência (também chamado princípio da Publicidade) impõe que os países devem deixar um lapso de tempo razoável entre a publicação da norma e sua entrada em vigor. Mas o tempo “razoável” é decidido por cada país... CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 9 Consta no Anexo B do SPS: Anexo B – Transparência dos Regulamentos Sanitários e Fitossanitários Publicação de Regulamentos 1. Os membros assegurarão que todos os regulamentos sanitários e fitossanitários adotados sejam prontamente publicadosde modo a permitir aos membros que por eles se interessem familiarizarem-se com os mesmos. 2. Exceto em circunstâncias de caráter urgente, os membros deixarão um intervalo de tempo razoável entre a publicação do regulamento sanitário e fitossanitário e sua entrada em vigor de modo que os produtores em membros exportadores, particularmente dos países em desenvolvimento membros, disponham de tempo para adaptar seus produtos e métodos de produção às exigências do membro importador. 2) Princípio da Harmonização, pelo qual se busca atingir a harmonização das normas sanitárias por parte de todos os Membros partindo-se de “normas, guias e recomendações internacionais elaboradas pelas organizações internacionais competentes”, como consta no preâmbulo do acordo; e 3) Princípio da Equivalência, que consta no artigo 4o. Por este princípio, os países aceitarão as medidas sanitárias e fitossanitárias dos demais países como sendo equivalentes. Por exemplo, se o Brasil estiver importando uma mercadoria da França e se o Ministério da Agricultura francês tiver emitido um atestado com base nas suas normas sanitárias, o Ministério da Agricultura brasileiro poderá aceitar este atestado. Em um exemplo mais prático, digamos que o Brasil tenha uma regra dispondo que nenhum produto comercializado no Brasil pode ter o produto químico XYZ: “Portaria (hipotética) do Ministério da Saúde no 01/2015 Considerando que ficou comprovado cientificamente que o produto químico XYZ causa danos irreversíveis à pele humana, DECIDE: Art. 1o – Fica vedada a produção e a comercialização interna de bens compostos pelo produto químico XYZ. Art. 2o – Esta norma entra em vigor no dia da publicação.” Consideremos também que a Portaria do Ministério da Saúde francês disponha o seguinte (não vou gastar o meu francês aqui, até porque não sei nada de francês. rs): “Portaria (hipotética) do Ministério da Saúde FRANCÊS no nn/2015 Considerando que ficou comprovado cientificamente que o produto químico XYZ causa danos irreversíveis à pele humana, DECIDE: Art. 1o – Somente é autorizada a produção de bens com o produto XYZ se o produto ABC, que anula os efeitos tóxicos daquele, integrar o processo produtivo na mesma proporção do primeiro. Art. 2º - Somente é autorizada a comercialização interna de bens com o produto químico XYZ caso a produção tenha sido conforme o artigo 1º. Art. 3o – Esta norma entra em vigor no dia da publicação.” Digamos que a fabricação de um bem francês seja com os produtos XYZ e ABC, cumprindo o disposto na portaria francesa. Neste caso, em tese, o produto não poderia ser importado pelo Brasil, pois a norma brasileira veda radicalmente a utilização do XYZ. Portanto, se o produto estiver sendo CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 10 importado pelo Brasil, o que vai acontecer? A entrada será autorizada ou proibida? Bem, é para isso que serve o princípio da Equivalência: como o objetivo final da norma brasileira (a proteção da saúde humana) foi atingido, apesar de ela não ter sido cumprida à risca, então a norma francesa será considerada equivalente à brasileira, substituindo-a neste caso concreto. Já que a norma francesa foi cumprida (deve ser apresentado o certificado francês para o fiscal sanitário no Brasil), então a entrada do produto francês será permitida. É o que dispõe o artigo 4o: Artigo 4 - Equivalência § 1o Os Membros aceitarão as medidas sanitárias e fitossanitárias de outros Membros como equivalentes, mesmo se tais medidas diferirem de suas próprias medidas ou de medidas usadas por outros Membros que comercializem o mesmo produto, se o Membro exportador demonstrar objetivamente ao Membro importador que suas medidas alcançam o nível adequado de proteção sanitária e fitossanitária do Membro importador. Para tal fim, acesso razoável deve ser concedido, quando se solicite, ao Membro importador, com vistas a inspeção, teste e outros procedimentos relevantes... Harmonização das medidas sanitárias e fitossanitárias Tanto este acordo (SPS) quanto o próximo (TBT) definem que as normas sanitárias, fitossanitárias e técnicas usadas pelos países devem ser, na medida do possível, as normas criadas por organismos internacionais, tais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Busca-se a harmonização das medidas em nível mundial. Isto garante que não haverá parcialidade ou favorecimento a quem quer que seja, afinal os organismos internacionais não são (ou não deveriam ser) parciais nem “puxa- sacos” de ninguém. Isto consta, por exemplo, no SPS, no artigo 3o, § 1o: § 1o Com vistas a harmonizar as medidas sanitárias e fitossanitárias da forma mais ampla possível, os membros basearão suas medidas sanitárias e fitossanitárias em normas, guias e recomendações internacionais, nos casos em que existirem, exceto se diferentemente previsto por este acordo e, em especial, no parágrafo 3o. Sobre o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS), caiu a seguinte questão na prova de ACE/2008: (ACE/2008) O sistema multilateral de comércio, fundamentado nos princípios do GATT e subseqüentemente da OMC, rege o comércio entre países. Acerca desse sistema, julgue os itens a seguir. 172 Desde que não se configurem como restrições ao comércio agrícola, políticas de proteção ambiental, como aquelas destinadas a proteger a vida humana contra doenças provocadas por animais e plantas e a preservar a fauna e a flora, são contempladas pelo Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias. Comentários CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 11 De fato, as políticas de proteção ambiental para proteção das vidas humana, animal (fauna) e vegetal (flora) podem ser criadas pelos países, sendo autorizadas pelo SPS. Em suma, normas sanitárias e fitossanitárias são permitidas. O erro da questão foi dizer que tais normas não se configurariam restrições ao comércio agrícola. Ora, é claro que as restrições sanitárias e fitossanitárias podem ser na forma de restrições ao comércio agrícola, evitando-se, por exemplo, a entrada de bens agrícolas que tragam doenças às pessoas, animais e vegetais. A proibição de importação de soja com pragas é referendada no acordo de SPS, e é uma restrição ao comércio agrícola. Resp.: item FALSO. Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) Enquanto o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias vincula as normas aplicáveis às importações sujeitas à vigilância sanitária, o TBT é um acordo que permite as barreiras técnicas ao comércio. As regras dos dois acordos são muito semelhantes. Por isso, as explicações dadas ao acordo anterior são aproveitadas aqui, fazendo-se as adaptações necessárias. A grosso modo, o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias deve ser observado pelos Ministérios da Agricultura e da Saúde, ao criarem as normas nacionais. Já o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio deve ser observado pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, que define normas que devem ser observadas para os mais diversos produtos. O TBT admite, por exemplo, que sejam criadas normas que só permitam a importação de: 1) carros que tenham cinto de segurança; 2) botijões de gás que não tenham atingido determinado prazo de vida; 3) lâmpadas com bocal não muito comprido, o que poderia gerar choques elétricos no ato de colocação ou retirada; 4) brinquedos, com a indicação da idade mínima permitida para a criança; 5) alimentos com a tabela nutricional na embalagem (quanto de carboidratos, de gorduras, de sódio, ...); 6) cigarros, com aquelas fotos horrendas;7) TVs preparadas para os sistemas PAL-M e/ou NTSC; e 8) bens com informações na embalagem traduzidas para o português. Perceba no preâmbulo do TBT os objetivos das barreiras técnicas: 1) Assegurar a qualidade das exportações 2) Proteger a vida ou a saúde humana, animal ou vegetal 3) Proteger o meio ambiente 4) Prevenir práticas enganosas 5) Promover segurança Eis a primeira diferença importante entre o TBT e o SPS: os objetivos do TBT são mais amplos que os objetivos do SPS. Enquanto no SPS tudo gira em torno da proteção à saúde e à vida, no TBT existem outros objetivos, como podemos ver na lista acima, retirada do preâmbulo: CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 12 "Os Membros, ... Desejando encorajar o desenvolvimento de normas internacionais e sistemas de avaliação de conformidade; Desejando, entretanto, assegurar que os regulamentos técnicos e as normas, inclusive requisitos para embalagem, marcação e rotulagem, e procedimentos para avaliação de conformidade com regulamentos técnicos e normas não criem obstáculos desnecessários ao comércio internacional; Reconhecendo que não se deve impedir nenhum país de tomar medidas necessárias a assegurar a qualidade de suas exportações, ou para a proteção da vida ou saúde humana, animal ou vegetal, do meio ambiente ou para a prevenção de práticas enganosas, nos níveis que considere apropriados, à condição que não sejam aplicadas de maneira que constitua discriminação arbitrária ou injustificável entre países onde prevaleçam as mesmas condições ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional, e que estejam no mais de acordo com as disposições deste Acordo; Reconhecendo que não se deve impedir nenhum país de tomar medidas necessárias para a proteção de seus interesses essenciais em matéria de segurança; Reconhecendo a contribuição que a normalização internacional pode dar à transferência de tecnologia dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento;...” São princípios presentes no TBT, já analisados no acordo SPS: 1) Transparência (artigo 2.9) 2) Equivalência (artigo 2.7) 3) Harmonização (artigo 2.6) 4) Tratamento Nacional (artigo 2.1) 5) Não-criação de barreiras desnecessárias (preâmbulo) Os quatro primeiros princípios já foram explicados nos outros acordos. O quinto é auto-explicativo: barreiras só podem ser criadas se forem, de fato, necessárias. Vimos no acordo anterior (SPS) que as recomendações internacionais devem pautar a criação das regras sanitárias e fitossanitárias de cada país. Mas vimos também que os países podem definir níveis próprios de proteção, ao considerarem, por exemplo, que as recomendações internacionais são insuficientes para garantir a proteção desejada. Também no TBT consta este tipo de situação, pois, por exemplo, por fatores geográficos, climáticos ou tecnológicos, os países poderão definir que a proteção somente será atingida com maiores exigências que as recomendadas pelos organismos internacionais. Por exemplo, imaginemos que haja uma recomendação técnica internacional para a produção de elevadores, dispondo sobre os dispositivos de segurança, sobre o freio de emergência, tamanhos e cálculo de capacidade de transporte. Será que os elevadores, produzidos conforme a recomendação internacional, são suficientemente seguros para utilização no Japão, onde os terremotos são bastante comuns? Talvez não. Possivelmente a recomendação internacional foi criada para atender a maior parte dos países. Mas é razoável aceitar que existem casos especiais. Talvez no Japão sejam necessárias regras mais rigorosas sobre a CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 13 produção e a importação de elevadores, tendo em vista a necessidade de maior segurança por suas condições geográficas. 2.4 Quando forem necessários regulamentos técnicos e existam normas internacionais pertinentes ou sua formulação definitiva for iminente, os Membros utilizarão estas normas, ou seus elementos pertinentes, como base de seus regulamentos técnicos, exceto quando tais normas internacionais ou seus elementos pertinentes sejam um meio inadequado ou ineficaz para a realização dos objetivos legítimos perseguidos, por exemplo, devido a fatores geográficos ou climáticos fundamentais ou problemas tecnológicos fundamentais. Uma segunda diferença entre o SPS e o TBT No acordo do SPS, está escrito que os países podem criar normas sanitárias e fitossanitárias mais rigorosas que as sugeridas pelos organismos internacionais, desde que sejam justificáveis cientificamente, excluindo a arbitrariedade. Isto consta no artigo 2o, § 2o e no art. 3o, § 3o: § 2o Os membros assegurarão que qualquer medida sanitária ou fitossanitária seja aplicada apenas na medida do necessário para proteger a vida ou a saúde humana, animal ou vegetal; seja baseada em princípios científicos e não seja mantida sem evidência científica suficiente, à exceção do determinado pelo § 7o do artigo 5o. § 3o Os membros podem introduzir ou manter medidas sanitárias e fitossanitárias que resultem em nível mais elevado de proteção sanitária ou fitossanitária do que se alcançaria com medidas baseadas em normas, guias ou recomendações internacionais competentes, se houver uma justificação científica, ou como conseqüência do nível de proteção sanitária ou fitossanitária que um membro determine ser apropriado... Observação 1: Veja que cada país pode decidir de forma soberana o nível de proteção que ele considera apropriado. Por exemplo, em função do clima ou da vegetação, o que é apropriado para um país pode não ser para outro. Observação 2: O que consta no § 7o do artigo 5o, citado no § 2o, que pode levar à criação de medidas sem evidência científica suficiente? Este § 7o dispõe sobre aqueles casos em que ainda não está provado que há determinado risco na importação de um bem, mas há evidências preliminares de que o risco existe. Neste ponto, faço sempre analogia com as liminares em mandado de segurança, as quais são concedidas liminarmente, tendo em vista que existe o fumus boni iuris e o periculum in mora. § 7o Nos casos em que a evidência científica for insuficiente, um membro pode provisoriamente adotar medidas sanitárias ou fitossanitárias com base em informação pertinente que esteja disponível, incluindo-se informação oriunda de organizações internacionais relevantes, assim como de medidas sanitárias ou fitossanitárias aplicadas por outros membros. Em tais circunstâncias, os membros buscarão obter a informação adicional necessária para uma avaliação mais objetiva de risco e revisarão, em conseqüência, a medida sanitária ou fitossanitária em um prazo razoável. Enquanto o SPS exige a justificativa científica, o TBT é mais “relaxado” quanto a isso. Para a criação de uma barreira técnica podem ser usados estudos científicos, CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 14 mas eles não são obrigatórios. Esse “relaxamento” decorre do fato de que as barreiras técnicas têm objetivos mais amplos que os objetivos das medidas sanitárias e fitossanitárias. Enquanto estas visam tão-somente à proteção da saúde humana, animal e vegetal, as barreiras técnicas visam, por exemplo, prevenir práticas enganosas e assegurar qualidade das exportações. Vejamos um exemplo prático. Uma barreira técnica existente em relação aos calçados é a exigência de que o tamanho do pé seja indicado no solado (para quem quiser me presentear: o tamanho do meu pé é 43. rs). Esta regra, a ser observada nos calçados produzidos no Brasil, foi criada sem qualquer justificativa científica. De fato, qual seria o resultado de um estudo científicosobre a indicação de números nos solados dos sapatos? Para assegurar a qualidade das nossas exportações, a exigência de colocação do número no solado deve ser observada para os sapatos que serão exportados pelo Brasil, indicando-se inclusive o número usado nos EUA e na Europa. Imagine se os sapatos daqui saíssem sem número. Os compradores lá fora iam ficar, no mínimo, chateados com os produtores brasileiros... Foi a constatação de que nossos produtos iriam perder mercado externo que levou à criação da norma técnica. Não foi um estudo científico que levou à criação da regra brasileira. Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS) Perceba no preâmbulo do acordo as motivações para a criação do TRIMS: 1) Facilitar o investimento e 2) eliminar as barreiras protecionistas ao investimento. “Os Membros, ... Desejando promover a expansão e a liberalização progressiva do comércio mundial e facilitar o investimento através das fronteiras internacionais, a fim de aumentar o crescimento econômico de todos os parceiros comerciais, em particular dos países em desenvolvimento, garantindo ao mesmo tempo a livre competição; Reconhecendo que certas medidas de investimento podem causar efeitos restritivos e distorcivos ao comércio; ... Artigo 1º - Alcance – O presente acordo se aplica somente a medidas de investimento relacionadas ao comércio de bens (referidas como TRIMs – trade related investment measures). Artigo 2º - Tratamento Nacional e Restrições Quantitativas – Sem prejuízo de outros direitos e obrigações sob o GATT 1994, nenhum Membro aplicará qualquer medida de investimento relacionada ao comércio incompatível com as disposições do artigo III ou do artigo XI do GATT 1994... Uma lista ilustrativa de TRIMs incompatíveis com a obrigação de tratamento nacional prevista no parágrafo 4o do Artigo III do GATT 1994 e com a obrigação de eliminação geral de restrições quantitativas prevista no parágrafo 1o do Artigo XI do GATT 1994 se encontra no Anexo ao presente Acordo.” CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 15 O acordo de TRIMS foi criado na Rodada Uruguai com o objetivo de dar um basta às medidas protecionistas que vinham sendo aplicadas por meio de restrição aos investimentos. Os países estavam dificultando os investimentos descumprindo os artigos III e XI do GATT, como se pode constatar da leitura do artigo 2º. O que dizem os artigos III e XI do GATT, já vistos na aula retrasada? O artigo III traz o princípio do Tratamento Nacional que, em síntese, determina que não haja discriminação, em matéria de normas e tributos internos, das mercadorias originárias dos demais parceiros signatários do GATT. O artigo XI tem o título “Eliminação das Restrições Quantitativas”: Parágrafo 1o – Nenhuma parte contratante imporá nem manterá – além dos direitos aduaneiros, impostos e outras taxas – proibições nem restrições à importação de um produto do território de outra parte contratante ou à exportação ou à venda para exportação de um produto destinado ao território de outra parte contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, licenças de importação ou de exportação ou por meio de outras medidas. À primeira vista, parece que o acordo de TRIMS veio para dizer que os investimentos em dinheiro não devem ser discriminados nem restringidos. No entanto, o acordo de TRIMS é um dos acordos inseridos no Anexo 1A do Acordo Constitutivo da OMC. Logo, é um acordo para liberalizar o comércio de BENS. Ué, mas os investimento são bens? Sim, basta que lembremos que, em Economia, “Investimento = Formação Bruta de Capital Fixo + Variação de Estoques.” É neste sentido de investimento (= aquisição de bens voltados para a produção) que o acordo deve ser lido. Portanto, a criação do TRIMS serviu para definir que: 1) não pode haver discriminação de BENS voltados a investimento em função de sua origem. Os bens estrangeiros adquiridos para investimento devem receber o mesmo tratamento interno que os bens nacionais adquiridos para investimento; e 2) não pode haver restrições aos BENS voltados a investimentos. Não se podem impor limites ou termos para os bens de capital ou estoques estrangeiros. Portanto, quando uma empresa brasileira quer comprar máquinas ou insumos estrangeiros, ou seja, realizar um investimento com produtos estrangeiros, o governo brasileiro não pode impor limitações ou discriminações. Quando pegamos a lista ilustrativa do acordo de TRIMS (citada no artigo 2o), podemos confirmar que a não-discriminação e a não-restrição são voltadas para BENS. (Note que a lista ilustrativa traz, no parágrafo 1o, alguns exemplos de como se descumpre o artigo III do GATT. E, no parágrafo 2o, alguns exemplos de como se descumpre o artigo XI do GATT.) “ANEXO do Acordo de TRIMS Lista Ilustrativa 1. As TRIMS incompatíveis com a obrigação de tratamento nacional prevista no parágrafo 4o do artigo III do GATT 1994 incluem as mandatórias ou aquelas aplicáveis sob a lei nacional ou decisões administrativas, ou cujo CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 16 cumprimento é necessário para se obter uma vantagem, e que determinam: a. Que uma empresa adquira ou utilize produtos de origem animal ou de qualquer fonte nacional, especificadas em termos de produtos individuais, em termos de volume ou valor de produtos ou em termos de uma proporção do volume ou valor de sua produção local; [Explicação: Digamos que o Brasil crie uma lei nos seguintes termos: ‘Terá direito à anistia da multa Y a empresa que UTILIZAR, pelo menos, 80% de insumos nacionais em seu processo produtivo.’ Esta lei hipotética vai contra o artigo III do GATT, tendo em vista que está discriminando, impondo uma regra que força o uso de insumos nacionais em prejuízo dos insumos estrangeiros. A regra imposta terá que ser observada para que a empresa obtenha a anistia indicada. Perceba que a lei hipotética não criou uma proibição para se usarem insumos estrangeiros, mas uma discriminação que fará com que a empresa não obtenha a anistia se descumprir a condição.] b. Que a aquisição ou utilização de produtos importados por uma empresa limite-se a um montante relacionado ao volume ou valor de sua produção local. [Explicação: A lei hipotética, criada no exemplo para a alínea anterior, poderia ter sido escrita de outra forma, gerando o mesmo efeito: ‘Terá direito à anistia da multa Y a empresa que UTILIZAR, no máximo, 20% de insumos estrangeiros em seu processo produtivo.’ Também a lei estará indo contra o acordo de TRIMS, especificamente condenada nesta alínea ‘b’.] 2. As TRIMS incompatíveis com a obrigação de eliminação geral das restrições quantitativas prevista no parágrafo 1o do artigo XI do GATT 1994 incluem as mandatórias, aquelas aplicáveis sob a lei nacional ou mediante decisões administrativas ou aquelas cujo cumprimento é necessário para se obter uma vantagem, e que restringem: a. A importação por uma empresa de produtos utilizados ou relacionados com sua produção local em geral ou a um montante relacionado ao volume ou valor de sua produção local destinada à exportação; [Explicação: Usando a mesma linha de exemplos... Se o Brasil criasse uma lei nos seguintes termos: ‘Terá direito à anistia da multa Y a empresa que, anualmente, IMPORTAR, no máximo, 20% de insumos utilizados em seu processo produtivo anual.’ Perceba a diferença entre os §§ 1o e 2o: O parágrafo 1o se refere ao artigo III, ou seja, o país não pode discriminar internamente o produto estrangeiro, que pode até ter sido importado por outrem. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF.RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 17 Veja que o verbo utilizado no parágrafo 1o é “utilizar”. A redação da alínea b do § 1o não é muito boa. Devemos lê-la assim: ‘Um país não pode determinar que a aquisição INTERNA ou a utilização POR UMA EMPRESA de produtos importados POR OUTRA EMPRESA limite-se a um volume ou valor.’ Já o parágrafo 2o se refere ao artigo XI, ou seja, o país não pode restringir IMPORTAÇÕES. Podemos ler o parágrafo assim: ‘Um país não pode determinar que a importação por uma empresa limite-se a um volume ou valor.’] b. A importação por uma empresa de produtos utilizados em sua produção local ou relacionados com a mesma, mediante a restrição de seu acesso a divisas estrangeiras em um montante equivalente à entrada de divisas estrangeiras atribuíveis a essa empresa; [Explicação: Se o Brasil criasse uma lei nos seguintes termos: ‘Somente poderão importar mercadorias as empresas que exportarem em montante equivalente’, esta lei seria condenada pela OMC, pois estaria havendo restrição à importação de bens.] c. A exportação ou venda para exportação de produtos por uma empresa, restrição especificada em termos de produtos individuais, em termos de volume ou valor de produtos ou em termos de uma proporção do volume ou valor de sua produção local. [Explicação: Se o Brasil criasse uma lei nos seguintes termos: ‘As empresas somente poderão exportar bens em montante equivalente a 20% de sua produção’, esta lei seria condenada pela OMC, pois estaria havendo restrição à exportação de bens.] Sobre o Acordo de TRIMS, caiu a seguinte questão na prova de ACE/2008: (ACE/2008) O sistema multilateral de comércio, fundamentado nos princípios do GATT e subseqüentemente da OMC, rege o comércio entre países. Acerca desse sistema, julgue os itens a seguir. 171 A adoção de incentivos fiscais que beneficiem unicamente empresas que utilizem um percentual mínimo de componentes domésticos como insumos representa um exemplo típico de restrição comercial tratada no âmbito do Acordo sobre Medidas de Investimentos Relacionadas ao Comércio (TRIMS). Resp.: item CORRETO. É o caso citado na alínea “a” do parágrafo 1o da lista ilustrativa transcrita anteriormente. Sistema de solução de controvérsias da OMC Ao estudarmos a estrutura da OMC, na aula anterior, vimos no artigo IV do Acordo Constitutivo da OMC, que o órgão responsável pela solução de controvérsias é o Conselho Geral. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 18 “Art. IV, § 3o – O Conselho Geral se reunirá quando couber para desempenhar as funções do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) estabelecido no Entendimento sobre Solução de Controvérsias.” O sistema de solução de controvérsias está previsto no Anexo 2 do Acordo Constitutivo da OMC. No seu artigo 4o, está definido que a primeira etapa do sistema de solução de controvérsias é a realização de consultas entre os países: “Art. 4o Cada Membro se compromete a examinar com compreensão a argumentação apresentada por outro Membro e a conceder oportunidade adequada para consulta com relação a medidas adotadas dentro de seu território que afetem o funcionamento de qualquer acordo abrangido.” Dentro dessas consultas, o Diretor-Geral da OMC “...poderá oferecer seus bons ofícios, conciliação ou mediação com o objetivo de auxiliar os Membros a resolver uma controvérsia.” (artigo 5o, § 6o) “Se as consultas não produzirem a solução de uma controvérsia no prazo de 60 dias contados a partir da data de recebimento da solicitação, a parte reclamante poderá requerer o estabelecimento de um grupo especial.” (artigo 4o, § 7o) O artigo 6o dispõe sobre o estabelecimento do grupo especial: “Se a parte reclamante assim o solicitar, um grupo especial será estabelecido, no mais tardar, na reunião do OSC seguinte àquela em que a solicitação aparece pela primeira vez como item da agenda do OSC, a menos que nessa reunião o OSC decida por consenso não estabelecer o grupo especial.” Em outras palavras, o país reclamado pode obstruir a constituição do grupo especial uma vez, mas não pode voltar a fazê-lo quando o órgão de solução de controvérsias se reunir pela segunda vez (a não ser que haja consenso contra a constituição do grupo especial). O grupo especial é um órgão “composto por pessoas qualificadas” (artigo 8o), estabelecido pelo OSC. Portanto: 1) A primeira etapa são as consultas, que incluem as negociações diretas entre as partes na controvérsia e a possível intervenção do Diretor-Geral da OMC; e 2) A segunda etapa do sistema de solução de controvérsias é o estabelecimento do grupo especial. O grupo especial ajuda o órgão de solução de controvérsias a ditar resoluções ou fazer recomendações, mas, como seu relatório pode ser rejeitado somente por consenso no órgão de solução de controvérsias, é difícil revogar suas conclusões. Tais conclusões devem basear-se nos acordos invocados. Caso o relatório não seja derrubado, ele se converte numa resolução. E ambas as partes na controvérsia podem apelar. Se houver apelação, esta deve se basear em questões de direito, como, por exemplo, interpretação jurídica. Não é possível examinar de novo as questões de fato nem examinar novas questões. Os fatos já foram suficientemente descritos e não há mais o que discutir sobre eles. Cabe apenas ver a questão jurídica. A apelação é examinada pelo Órgão Permanente de Apelação, que é composto por 7 árbitros, sendo estabelecido pelo Órgão de Solução de Controvérsias. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 19 A apelação pode gerar a confirmação, modificação ou revogação das constatações e conclusões jurídicas do grupo especial. O órgão de solução de controvérsias tem que aceitar ou rejeitar o relatório da apelação em um prazo determinado. Este somente pode ser rejeitado por consenso. Medidas após o trânsito em julgado da solução da controvérsia Depois de decidida a questão, quais as medidas a serem tomadas? Caso o demandado tenha perdido a questão, a primeira coisa a ser feita é ajustar sua política em conformidade com a resolução ou recomendação. Consta no acordo sobre solução de controvérsias: "Para assegurar a eficaz solução das controvérsias em benefício de todos membros, é essencial o pronto cumprimento das recomendações ou resoluções do órgão de solução de controvérsias.” O país perdedor deve manifestar sua intenção de ajuste na próxima reunião do órgão de solução de controvérsias. Caso não seja possível cumprir imediatamente as recomendações de resoluções, será dado ao país um prazo razoável para fazê-lo. Se as medidas não forem adotadas neste prazo, terá que abrir negociações com o país reclamante para estabelecer uma compensação mutuamente aceitável: por exemplo, reduções alfandegárias em áreas de interesse para a parte reclamante. Se, passado um determinado tempo, não se tenha chegado a uma compensação satisfatória, a parte reclamante poderá pedir a autorização do órgão de solução de controvérsias para impor sanções comerciais limitadas relativamente à outra parte. O órgão de solução de controvérsias deverá outorgar essa autorização, a menos que se decida, por consenso, indeferir a petição. Portanto: - em primeiro lugar, o perdedor deve ajustar sua política; - não o fez em prazo razoável? Então tem que oferecer uma compensação satisfatória ao país vencedor; - não ofereceu a compensação ou ela foi considerada insatisfatória? Então o vencedor pode pedir para a OMC autorização para que ele imponha sanções contra o país perdedor. Em princípio, as sanções devem ser impostas no mesmo setor em que tiver surgido a controvérsia,ou seja, se a controvérsia surgiu em virtude do desrespeito às patentes, então as sanções devem ser aplicadas também sobre as patentes do perdedor: “olho por olho, dente por dente”. Se isto é impossível ou ineficaz, poderão ser impostas em um setor diferente amparado pelo mesmo acordo. Considerando que as patentes estão dentro do acordo de propriedade intelectual (TRIPS) (que não é mais pedido no edital), então poderão ser aplicadas sanções contra as marcas, desenhos industriais ou direitos autorais, por exemplo. Se isto também é impossível ou ineficaz, e as circunstâncias forem suficientemente graves, poderão ser adotadas medidas relativas a outro acordo comercial. Pode ser descumprido o acordo do GATT, ou do GATS, ou qualquer acordo sobre o comércio de bens. O objetivo é reduzir ao mínimo a possibilidade de que se adotem medidas que gerem efeitos em setores não relacionados com a controvérsia e procurar, ao mesmo tempo, que as medidas sejam eficazes. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 20 Portanto, se a Venezuela quebrou patentes norte-americanas de remédios, e os EUA venceram na OMC: 1o) A Venezuela tem que voltar atrás e restabelecer a proteção às patentes; 2o) Se demorar muito, a Venezuela deve oferecer uma compensação, tal como a redução de imposto sobre computadores ou carros; 3o) Não compensando ou não sendo satisfatória a compensação, os EUA podem pedir à OMC para eles imporem sanções, que inicialmente serão a quebra de patentes venezuelanas (existem?). Se for ineficaz a quebra de patentes venezuelanas, os EUA quebram os direitos autorais de Hugo Chávez ou outros direitos de propriedade intelectual (Quero distância dos escritos deste ditador!, dizem os norte- americanos). Ainda ineficaz, os EUA podem levantar barreiras para os produtos e/ou os serviços venezuelanos. Quando os EUA forem à OMC pedir para aplicarem sanções, eles já têm que levar todas as provas daquilo que é ineficaz, pois não é a OMC que escolhe a sanção, mas o país. Se comprovar que não deu para aplicar a sanção mais superficial, a OMC vai aprovar a sanção pretendida. Esse direito de o próprio país vencedor escolher (sob aprovação da OMC) a sanção que irá aplicar sobre o país perdedor é uma das coisas que fazem o sistema de solução de controvérsias da OMC um dos mais eficazes sistemas de todo o mundo. Na prova de ATRFB-2009, caíram duas questões envolvendo o sistema de solução de contrvoérsias, sendo que a de número 34 foi na prova de DIP: (ATRFB/2009) 34 - Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e os acordos firmados em seu âmbito, pode-se afirmar que: a) a OMC foi originada nos Acordos de Bretton Woods, juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. b) o processo decisório da OMC tem sua maior instância nas conferências ministeriais, e baseia-se geralmente no consenso entre seus Membros. c) o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) contém as regras que permitem aos países Membros a aplicação de medidas antidumping, desde que verificada a existência de subsídios. d) o Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionado a Comércio (TRIMS) regulamenta extensivamente a proteção ao investimento estrangeiro nos países Membros da OMC, pela aplicação da Cláusula do Tratamento Nacional. e) ao sistema de solução de controvérsias da OMC têm acesso os Membros, os investidores sediados em seus territórios e, em situações excepcionais, os países em processo de acessão. Comentários Letra A: errada. A OMC não foi originada junto com o FMI e com o BIRD. A OMC surgiu só em 1994. Letra B: correta, como vimos na aula anterior sobre OMC. Letra C: errada. O TBT não tem nada a ver com medidas antidumping, mas com barreiras técnicas. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 21 Letra D: errada. O acordo de TRIMS protege a importação de bens e insumos para fins de investimento. Se o investidor no Brasil for uma empresa brasileira, a aquisição de bens estrangeiros é investimento brasileiro. Letra E: errada. O sistema da OMC só é acessível a países e desde que sejam membros da organização. (ATRFB/2009) 36 - Um dos mais significativos avanços advindos da criação da Organização Mundial de Comércio está relacionado ao mecanismo de solução de controvérsias comerciais. Sobre o mesmo é correto afirmar que: a) o sistema de solução de controvérsias é acionado por comum acordo entre as partes litigantes que somente podem fazê-lo após terem tentado chegar a acordo por negociações diretas. b) qualquer das partes tem direito a apelar das conclusões do Relatório Final emitido pelo Painel constituído para analisar a controvérsia, sendo a decisão do Órgão de Apelação irrecorrível e sua implementação obrigatória para a parte que tenha perdido a causa. c) o processo se inicia com a consulta, pelo Órgão de Solução de Controvérsias, a especialistas sobre a questão que dá origem ao litígio comercial, os quais, na fase seguinte, ouvem as alegações das partes e elaboram um parecer, que é encaminhado ao Painel, que o acata ou não e comunicam o resultado às partes litigantes. d) o atual Órgão de Solução de Controvérsias é originado do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) de 1947, tendo sido ampliado e aperfeiçoado durante a Rodada Uruguai e incorporado, finalmente, à Organização Mundial do Comércio a partir de 1995. e) à diferença do procedimento de solução de controvérsias existente no marco do GATT, o atual mecanismo é mais flexível quanto aos prazos limites a serem observados em cada etapa, sendo que o parecer final de um painel prescinde de ter a aprovação de todos os membros para ser aplicado, facilitando assim sua efetiva aplicação. Comentários Letra A: incorreta. O sistema é acionado pelo país que se sente prejudicado por outro. Se o comum acordo fosse necessário, nenhuma (ou quase nenhuma) controvérsia seria analisada pela OMC, já que é difícil um país concordar com uma ação contra si mesmo. Letra B: correta. O direito à apelação é previsto no sistema. A decisão é irrecorrível e, portanto, de cumprimento obrigatório, pois não existe instância superior à do Órgão de Apelação. Letra C: incorreta. O processo se inicia com as negociações feitas diretamente entre os países envolvidos na controvérsia. Letra D: incorreta. O Órgão de Solução de Controvérsias é o Conselho Geral, que é o órgão executivo da OMC, nascido junto com a organização, em 1995. Letra E: incorreta. O atual mecanismo é mais rígido quanto aos prazos, sendo estes definidos para cada etapa do sistema. O antigo sistema, previsto apenas nos artigos XXII e XXIII do GATT/1947, não previa nenhum prazo para as etapas de solução de uma controvérsia. Erro presente na letra E. Em relação ao parecer final do painel, é correto dizer que prescinde da aprovação de todos os membros. Basta que um país o aprove para que o parecer do painel seja mantido. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 22 Na prova de Analista de Comércio Exterior, aplicada pelo CESPE em 2008, caíram também duas questões sobre o tema: (ACE/2008) O sistema multilateral de comércio, fundamentado nos princípios do GATT e subseqüentemente da OMC, rege o comércio entre países. Acerca desse sistema, julgue os itens a seguir. 168 Ações retaliatórias dos países-membros em resposta a barreiras comerciais consideradas injustas são permitidas pela OMC desde que por ela sancionadas. Resp.: item CORRETO. Uma sanção, para ser aplicada pelo país vencedor, precisa da anuência da OMC. 170 As atribuições do órgão de solução de controvérsias, no âmbito da OMC, incluem a criação de painéis, a adoçãodo relatório do painel, o acompanhamento da implementação das recomendações sugeridas pelo relatório do painel, bem como a autorização da imposição de sanções aos Estados que não se adequarem ao relatório. Resp.: item CORRETO. São tarefas para o órgão que soluciona controvérsias. Acordo Sobre Regras de Origem O Acordo sobre Regras de Origem é um acordo internacional, administrado pela OMC, com dois objetivos: evitar o uso protecionista das regras de origem e harmonizar as regras de origem em nível mundial. Podemos ver estes objetivos no preâmbulo do acordo internacional: “Os Membros, ... Reconhecendo que a existência de regras de origem claras e previsíveis e sua aplicação facilitam o fluxo do comércio internacional; Desejosos de tomar medidas no sentido de que as regras de origem não criem obstáculos desnecessários ao comércio; [ISTO É PARA EVITAR O PROTECIONISMO] ... Reconhecendo ser desejável que as leis, regulamentos e práticas relativos às regras de origem sejam transparentes; Desejosos de tomar medidas no sentido de que as regras de origem sejam elaboradas e aplicadas de forma imparcial, transparente, previsível, consistente e neutra; ... Desejosos de harmonizar e tornar claras as regras de origem; [OBJETIVO DE HARMONIZAÇÃO DE REGRAS DE ORIGEM] Acordam o seguinte: ...” Sobre o uso protecionista das regras de origem De que forma as regras de origem criariam “obstáculos desnecessários ao comércio”? CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 23 Imaginemos que o Brasil tenha proibido as importações de bois do Paraguai por causa do surgimento de focos de doença naquele país. Como vimos, medidas protecionistas desse tipo são legítimas. Digamos que os bois nascidos e criados na Argentina tenham comido ração paraguaia. Isto significa que esses bois são também paraguaios? E se esses bois na Argentina tiverem pais paraguaios, ele será considerado paraguaio também? E se tiver pastado há três anos atrás no Paraguai, será considerado paraguaio? Note que a imaginação humana vai longe... Se o Brasil quisesse restringir a importação de bois paraguaios, argentinos e do mundo todo, era só criar nas normas brasileiras regras de origem arbitrárias, como as previstas no artigo 2º: “Lei nº NN. Art. 1º - Considerando a existência de focos de febre aftosa, fica proibida a importação de bois do Paraguai. Art. 2º - Consideram-se paraguaios os bois que: - tenham passado de avião por cima do território paraguaio; - tenham comido ração paraguaia; - tenham pai e/ou mãe paraguaios; - tenham sido vacinados com vacina paraguaia; - tenham primos paraguaios; - tenham sido, alguma vez na vida, atendidos por um veterinário paraguaio; (...)” rsrsrsrsrs Quer dizer que se o boi europeu tiver sido atendido por um veterinário paraguaio, o boi será considerado paraguaio também? rsrsrsrsrsrs Você está rindo? Não é para rir não. Regras de origem absurdas assim são mais comuns do que se pensa, apesar de eu reconhecer que os exemplos acima são um pouco exagerados (rs). Se o Brasil quiser impor barreiras aos bois paraguaios, tudo bem. Mas é um absurdo chamar de paraguaios os bois que cumprirem alguma das condições do art. 2º acima. Apesar dos exemplos exagerados, a prática mostra que muitos países usavam as regras de origem com intuito meramente protecionista. Com a manipulação de regras de origem, os países conseguiam restringir bastante as importações, aproveitando-se de situações para as quais o protecionismo era tolerado, como no nosso exemplo dos focos de doença no Paraguai. Sobre a harmonização das regras de origem O GATT/1947 não dispôs sobre regras de origem. Por conseqüência, cada país foi criando suas próprias regras. O problema é que os exportadores acabam tendo que conhecer as regras de cada país para o qual exportam. Consideremos, por exemplo, um bem produzido pelos países A, B e C. O país A industrializa o produto e o vende ao país B por US$ 150,00. O país B recebe o bem, industrializa-o e o vende ao país C por US$ 200,00. O país C o industrializa e exporta por US$ 250,00. Caso o destino do bem seja a Inglaterra e este país identifique a origem como sendo o país que promove a última etapa de industrialização, então o bem será considerado originário do país C. Por outro lado, se o destino do produto for o Canadá e este considerar o país de origem como sendo aquele que tiver a maior participação percentual no bem importado, então o país A, com 60% (=150/250) de participação, será considerado o país de origem. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 24 A disparidade das regras nacionais de origem prejudicava o comércio mundial, pois um produtor alemão, ou de qualquer outro país, sempre se preocupava: “Como será que meu produto será tratado pelo governo do país importador? Será que o produto que estou vendendo será considerado de origem alemã pela Inglaterra? E pelos EUA? E pelo Canadá?” Os exportadores do mundo inteiro, desejando auferir benefícios ou se precaver de limitações impostas em função da origem dos bens, precisavam conhecer as regras de origem de todos os países para os quais exportavam. E esse trabalho exaustivo diminuía, ou podia diminuir, o ânimo de potenciais exportadores. Quando, na Rodada Uruguai, os países negociadores montaram o Acordo sobre Regras de Origem, visaram padronizar as regras em nível mundial, facilitando o comércio e acabando com as regras de origem camufladamente protecionistas. Se a harmonização estivesse implementada, quase o mundo inteiro seguiria regras como: - “Os animais são considerados originários dos países onde tenham nascido ou vivido nos últimos três anos.” - “As máquinas são consideradas originárias dos países onde tenham recebido a sua forma final.” - “Os automóveis são considerados originários dos países onde tenham sido montados, pelo menos, o motor, o chassis e a carroceria.” Infelizmente, a criação de regras de origem harmonizadas ainda não aconteceu. O prazo para o trabalho de harmonização era de três anos, ou seja, a montagem de regras harmonizadas deveria estar concluída em 1998, mas temos que esperar sentados... Por isso, atualmente existem apenas as regras nacionais e regionais de origem, não as regras universais. Ao trabalharem na criação das regras harmonizadas, tinha que ser observado o programa definido no artigo 9º do acordo: “HARMONIZAÇÃO DE REGRAS DE ORIGEM Artigo 9 - Objetivos e Princípios 1. Visando harmonizar regras de origem e, inter alia, criar um ambiente mais previsível na condução do comércio mundial, a Conferência Ministerial desenvolverá o programa de trabalho descrito adiante juntamente com o CCA, com base nos seguintes princípios: (a) ... (b) as regras de origem deverão prever que o país a ser identificado como a origem de uma determinada mercadoria seja o país onde a mercadoria em questão tenha sido produzida em sua totalidade ou, quando mais de um país estiver envolvido na produção da mercadoria, o país onde a última transformação substancial tenha sido efetuada; [Explicação: quando o trabalho de harmonização estiver concluído, deverão estar presentes duas regras obrigatórias: 1ª) “é país de origem aquele que produzir um bem em sua totalidade” 2ª) “é país de origem do produto aquele que promover a última etapa de industrialização significativa sobre o bem, excluindo-se as meras montagens, pinturas, ...”] CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 25 (c) as regras de origem deverão ser objetivas, compreensíveis e previsíveis; (d) independentemente da medida ou instrumento ao qualpossam estar vinculadas, as regras de origem não deverão ser utilizadas como instrumentos para a consecução direta ou indireta de objetivos comerciais. Não deverão, elas mesmas, criar efeitos restritivos, distorcivos ou desorganizadores do comércio internacional. Elas não implicarão exigências excessivamente rigorosas e não exigirão a observância de condições não relacionadas à fabricação ou ao processamento como um pré-requisito para a determinação do país de origem. No entanto, custos não diretamente relacionados à fabricação ou ao processamento poderão ser incluídos para fins de aplicação de um critério de percentagem ad valorem; [Explicação: quando o trabalho de harmonização estiver concluído, provavelmente terão sido criadas regras com critério de percentagem como: “é país de origem do produto XYZ aquele que tiver participação em mais de 60% do valor final do bem.” Para fins de cálculo para ver se o percentual foi atingido, podem ser considerados, além dos custos de produção, valores como as comissões de venda ou as despesas de comercialização, valores não diretamente relacionados à fabricação do bem.] (e) as regras de origem deverão ser administradas de forma consistente, uniforme, imparcial e razoável; (f) as regras de origem deverão ser coerentes; (g) as regras de origem deverão basear-se numa regra positiva. As regras negativas poderão ser usadas para fins de esclarecer uma regra positiva. [Explicação: As regras harmonizadas devem ser escritas de forma positiva, como, por exemplo: “É país de origem aquele que ...” As regras não devem ser escritas de forma negativa, pois faltaria precisão e objetividade. Por exemplo, não deveria ser criada uma regra do tipo: “O país que fizer isso com a mercadoria NÃO é o país de origem.” Regras negativas indicam o país que não é o de origem, e regras de origem devem indicar claramente quando um país é o de origem da mercadoria. Mas as regras de origem têm sua utilidade. Consta no artigo que elas podem ser usadas com função auxiliar.]” Regras de origem Preferenciais vs. Não-preferenciais A origem de um produto pode ser identificada para uma das três intenções: 1) A de se reconhecer um tratamento tributário mais benéfico do que o dado às mercadorias dos outros países. Por exemplo, no Mercosul, as regras de origem foram criadas para que, ao se reconhecer o Mercosul como origem do produto, não haja cobrança de imposto de importação. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 26 Essas regras que, uma vez atendidas, implicam a concessão de uma preferência tarifária são chamadas regras preferenciais; 2) Para simplesmente identificar a origem, não para dar um tratamento mais benéfico, mas apenas para registrar corretamente de onde provêm as mercadorias importadas pelo país. Desta forma, o Brasil sabe, por exemplo, de onde vêm os automóveis que importamos e consegue ter uma visão mais precisa do fluxo comercial com o resto do mundo; OU 3) Para onerar mais a mercadoria. Por exemplo, se a mercadoria provêm de um país já identificado como um que conceda subsídios à exportação, o Brasil poderá, depois do processo competente, cobrar uma medida compensatória sobre os produtos considerados originários daquele país. Nos dois últimos casos, a regra de origem é chamada não-preferencial, pois não há o intuito de se conceder uma preferência tarifária. O Acordo sobre Regras de Origem busca a harmonização apenas das regras de origem não preferenciais, pois tais regras poderiam ser usadas com intuito protecionista, como vimos no exemplo dos bois paraguaios. Já as regras preferenciais, como são voltadas à redução de tributos, não camuflam nenhum tipo de protecionismo. As regras preferenciais não precisam ser controladas ou limitadas. Veja, por exemplo, aquelas regras de origem sobre os bois. Se aquelas regras (“tomar vacina paraguaia”, “ser atendido por um veterinário paraguaio”, ...) fossem regras preferenciais, ou seja, para se dar um benefício tributário ao boi paraguaio, algum produtor paraguaio iria reclamar? Claro que não. Afinal, o atendimento a qualquer daquelas condições levaria à redução de tributos. Ainda que não se trabalhe pela harmonização das regras de origem preferenciais, elas devem obedecer aos mesmos princípios estabelecidos no Acordo, ou seja, têm que ser transparentes, imparciais, previsíveis, coerentes, ... Em 2009, caiu a seguinte questão: (ATRFB/2009) 39 - O Acordo sobre Regras de Origem compôs o pacote de acordos fechados no marco da Rodada Uruguai e integra, conseqüentemente, o marco normativo da Organização Mundial do Comércio. Sobre o mesmo, é correto afirmar que: a) o Acordo estabelece os princípios e as condições segundo as quais as normas de origem possam ser legitimamente empregadas como instrumentos para a consecução de objetivos comerciais e estabelece como objetivo tornar uniformes os critérios empregados pelos países individualmente para a determinação da nacionalidade de um bem importado. b) o Acordo, visando a efetiva implementação dos compromissos e obrigações nele previstos, estabeleceu um prazo de três anos para que os países membros harmonizem entre si as regras de origem que aplicam, instaurando, para coordenar essa tarefa, o Comitê de Regras de Origem, vinculado diretamente ao Conselho para o Comércio de Bens. c) o Acordo abrange primordialmente as regras de origem empregadas em instrumentos preferenciais, como acordos de livre comércio e o Sistema Geral de Preferências Comerciais, não alcançando instrumentos comerciais não preferenciais como salvaguardas, direitos antidumping e acordos de compras governamentais. d) a supervisão da aplicação do Acordo pelos países parte é feita diretamente pelo Conselho de Comércio de Bens da Organização Mundial do Comércio, no que é assistido por um Comitê Técnico constituído especificamente para tal fim. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 27 e) são objetivos essenciais do Acordo harmonizar as regras de origem e criar condições para que sua aplicação seja feita de forma imparcial, transparente e previsível e para que as mesmas não representem obstáculos desnecessários ao comércio. Comentários Letra A: incorreta. O objetivo do Acordo sobre Regras de Origem é harmonizar as regras de origem usadas pelos membros da OMC. O erro na alternativa está em afirmar que as regras de origem poderiam ser utilizadas para a consecução de objetivos comerciais. Isto vai contra o disposto no artigo 9o do Acordo: “Artigo 9 - Objetivos e Princípios ... (d) independentemente da medida ou instrumento ao qual possam estar vinculadas, as regras de origem não deverão ser utilizadas como instrumentos para a consecução direta ou indireta de objetivos comerciais.. ... Programa de Trabalho 2. (a) O programa de trabalho será iniciado na maior brevidade possível após a entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC e será concluído três anos após o seu início. (b) O Comitê e o Comitê Técnico previstos no Artigo 4 serão os órgãos adequados para desenvolver esse trabalho. ...” Letra B: incorreta. Conforme disposto no § 2o transcrito, o Acordo sobre Regras de Origem previu um prazo de 3 anos para que o Comitê sobre Regras de Origem executasse o programa de trabalho para harmonização das regras. Em relação aos países, não foi definido nenhum prazo de harmonização de regras de origem. Letra C: incorreta. O Acordo sobre Regras de Origem busca a harmonização das regras de origem não-preferenciais, as quais poderiam, na prática, ser usadas para restringir o comércio: “Artigo 1- Regras de Origem 1. Para os fins das Partes I a IV deste Acordo, as regras de origem
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