Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conceitos Básicos de Estatística – Primeira aula Estatística e Probabilidades Angelo Siqueira 1 PRIMEIRA AULA Conceitos Básicos de Estatística 1.1 Introdução O que modernamente se conhece como Ciências Estatísticas, ou simplesmente Estatística, é um conjunto de técnicas e métodos de pesquisa que, entre outros tópicos envolve o planejamento do experimento a ser realizado, a coleta qualificada dos dados, a inferência, o processamento, a análise e a disseminação das informações. A Estatística tem por objetivo fornecer métodos e técnicas para lidarmos, racionalmente, com situações sujeitas a incertezas. A palavra Estatística derivou-se de “Status” (Estado) e significava um conjunto de descrições e dados relativos ao Estado, representando assim, uma poderosa ferramenta para os administradores. A História nos informa que cerca de 3000 anos aC, os babilônios, chineses e egípcios já realizavam processos de contagem com as populações (censos). O motivo principal que originava aqueles censos permanece até os dias atuais, a taxação de impostos. A Bíblia exemplifica levantamentos populacionais em Israel objetivando descobrir pessoas aptas para a guerra. Um dos levantamentos estatísticos mais completos que se tem notícia (considerando a época) foi realizado no século XI na Inglaterra por determinação de Guilherme “o conquistador”, no qual deveriam estar incluídas informações sobre terras, empregados, animais existentes, forma de uso da terra, entre outras, tudo para servir de base para o cálculo de impostos. Conceitos Básicos de Estatística – Primeira aula Estatística e Probabilidades Angelo Siqueira 2 Na Idade Média colhiam-se informações, geralmente com finalidades tributárias ou bélicas. A partir do século XVI começaram a surgir as primeiras análises sistemáticas de fatos sociais, como batizados, casamentos e funerais. Por volta do século XVIII as tabelas tornaram-se mais completas, surgiram as primeiras representações gráficas e o cálculo das probabilidades, e a Estatística deixou de ser uma simples catalogação de dados numéricos para se tornar uma nova ciência. 1.2 População ou Universo Estatístico O conjunto da totalidade dos indivíduos sobre o qual se faz uma inferência recebe o nome de população ou universo, isto é, população é o conjunto constituído por todas as unidades experimentais (ou observacionais) que apresentem pelo menos uma característica comum. Exemplo 1. População de discentes da UNIGRANRIO, cujos elementos são os alunos que estudam nessa universidade. Exemplo 2. População de pacientes atendidos na Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO em 2005, cujos elementos são as pessoas tratadas nessa clínica. Exemplo 3. População de pessoas do sexo masculino com mais de 40 anos e com disfunções do sistema músculo-esquelético residentes na cidade de Duque de Caxias, cujos elementos são pessoas residentes nesse município e com as características citadas acima. 1.3 Amostra A amostra pode ser definida como um subconjunto, isto é, uma parte da população, através da qual se faz um juízo ou inferência sobre as características da população. Exemplo 4. Em um restaurante, não precisamos comer todos os tipos de carnes disponíveis, para conseguirmos chegar à conclusão de que a comida é de boa qualidade. Exemplo 5. Em uma cidade, basta analisarmos uma parte das pessoas para sabermos se nela existe uma epidemia. Conceitos Básicos de Estatística – Primeira aula Estatística e Probabilidades Angelo Siqueira 3 Exemplo 6. Em uma eleição, os institutos de pesquisa entrevistam uma parte dos eleitores para saber as intenções de votos. Um processo de amostragem pode ser probabilístico ou não probabilístico. Na amostragem probabilística, cada elemento da população tem a mesma chance de ser escolhido, atribuindo à amostra maior caráter de representatividade e ressaltando sua importância, uma vez que as conclusões da pesquisa estão vinculadas exatamente a essas amostras. Na amostragem não probabilística, a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende exclusivamente do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo. É dita também amostragem subjetiva ou por julgamento. Nela não se podem generalizar os resultados das pesquisas para a população. 1.4 Amostragem X Censo É melhor pesquisar a população toda ou parte dela? A resposta correta dependerá de cada situação e deverá ser analisada com calma pelo profissional responsável pela pesquisa. Listamos abaixo algumas situações onde é aconselhado usar a amostragem, e outras situações em que devemos utilizar o censo: Por que fazer amostragem? • População muito grande ou infinita • Redução de custos • Maior rapidez • Facilidade de controle • Evitar perdas com material destrutivo Por que fazer censo? • População muito pequena • Amostragem muito grande em relação a população • Quando o processo não permite avaliar apenas parte da população • Quando o processo permite avaliar parte da população, porém há a necessidade de uma precisão maior Conceitos Básicos de Estatística – Primeira aula Estatística e Probabilidades Angelo Siqueira 4 1.5 Variável Variável é, convencionalmente, o conjunto de resultados possíveis de um fenômeno. Tratando-se do conceito de variável,em Estatística, é possível distingui-la em duas categorias: Qualitativa: quando seus valores são expressos por atributos. Exemplo 9. Cor dos olhos (pretos, castanhos, azuis, etc.). Exemplo 10. Classe social (alta, média ou baixa). Quantitativa: quando seus valores são expressos por números. Exemplo 11. Peso corporal (75,8kg, 53,68kg, etc.). Exemplo 12. Número de filhos de um casal (1 filho, 2 filhos, 3 filhos, etc.). Exercício 1. Em um levantamento no ano de 2005, na Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO, com uma amostra de 40 pacientes, observou-se as seguintes características: sexo, idade, local de lesão, número de atendimentos, início do tratamento* e satisfação com relação ao atendimento*. Sexo Idade Local da Lesão** Número de atendimentos Início do tratamento Satisfação 1 F 37 Joelho 51 Jul Sim 2 M 43 Ombro 14 Jun Sim 3 M 31 Joelho 8 Set Sim 4 F 67 Coluna 9 Jan Sim 5 M 27 Coluna 9 Out Sim 6 F 72 Ombro 15 Set Sim 7 F 38 Coluna 8 Abr Sim 8 M 63 Ombro 42 Out Não 9 M 20 Ombro 23 Jul Sim 10 F 62 Joelho 16 Fev Sim 11 F 65 Joelho 3 Out Sim 12 M 01 Joelho 14 Ago Sim 13 M 67 Joelho 7 Jul Sim 14 M 58 Ombro 10 Mar Sim 15 M 60 Joelho 7 Set Sim 16 F 32 Ombro 10 Jun Sim 17 M 02 Não ortopédico 13 Abr Não 18 M 63 Ombro 11 Nov Sim 19 F 69 Joelho 8 Jan Sim 20 M 10 Não ortopédico 6 Nov Sim 21 F 73 Ombro 10 Mai Não 22 F 52 Joelho 11 Ago Sim Conceitos Básicos de Estatística – Primeira aula Estatística e Probabilidades Angelo Siqueira 5 23 F 72 Coluna 16 Mar Sim 24 M 40Coluna 24 Abr Sim 25 F 39 Coluna 10 Nov Sim 26 M 54 Não ortopédico 21 Mai Sim 27 M 12 Não ortopédico 6 Dez Sim 28 F 66 Não ortopédico 37 Mar Sim 29 F 52 Não ortopédico 19 Set Sim 30 M 71 Joelho 23 Fev Sim 31 F 46 Não ortopédico 13 Dez Sim 32 F 07 Não ortopédico 13 Abr Sim 33 F 39 Não ortopédico 19 Nov Sim 34 F 46 Não ortopédico 13 Jan Não 35 F 36 Não ortopédico 19 Set Sim 36 F 43 Não ortopédico 53 Out Sim 37 M 69 Joelho 8 Mar Sim 38 M 45 Coluna 38 Ago Sim 39 F 51 Coluna 22 Jun Sim 40 M 60 Joelho 13 Abr Sim Fonte: Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO. Dados cedidos pelo Prof. Paulo Cesar Cotecchia Salgueiro. (a) Classifique as variáveis. (b) Construa tabelas para cada uma das variáveis. Conceitos Básicos de Estatística – Primeira aula Estatística e Probabilidades Angelo Siqueira 6 Quando observamos os valores referentes às variáveis idade e números de atendimentos, percebemos que existe uma amplitude grande nos valores, o que nos conduz conveniente à construção da tabela usando intervalo de classes. Essas tabelas recebem o nome de distribuição de frequências. A primeira preocupação que temos na construção de uma distribuição de frequências com intervalos de classes, é a determinação do número de classes (k) e, consequentemente, a determinação da amplitude do intervalo de classe (h). Para determinarmos o número de classes de uma distribuição, vamos utilizar a Regra de Sturges, que nos dá o número de classes (k) em função do número de valores da variável (n): � = 1 + 3,22log ( ) Para calcularmos a amplitude das classes (h), basta dividirmos a amplitude total pelo número de classes �, isto é, ℎ = ��á�. −�í .� �
Compartilhar