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ILUSTRÍSSIMO SENHOR ... Auto de Infração nº 9.876.5432-1 PESSOA, pessoa física, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do RG nº, inscrito no CPF nº 123.456.789-00, (endereço eletrônico), (domiciliado e residente), vem, respeitosamente, por meio de seu advogado (procuração anexa) com fulcro no artigo 15, do Decreto nº 70.235/72, IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA, ao Auto de Infração nº 9.876.5432-1, promovido pelo ESTADO DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de direito público, com sede na Rua…, nº…, pelas razões de fato e de direitos a seguir aduzidas. DOS FATOS O Impugnante teve contra si lavrado o referido Auto de Infração, pois após lavrado o Termo de Encerramento da Ação Fiscal, o auditor fiscal constatou que havia a existência do não recolhimento do IRPF, sobre uma indenização por danos morais que o Impugnante recebeu no ano de 2013. Deste Auto de Infração foi determinando o pagamento do suposto imposto devido, acrescido de multa de 150% (cento e cinquenta por cento) diante da suposta fraude constatada, no prazo de 30 (trinta) dias, com redução de 50% (cinquenta por cento) do valor da multa em caso de pagamento integral, ou (b) de 30% (trinta por cento) em caso de parcelamento. Diante do exposto, não restou opção à Impugnante senão apresentar a presente Impugnação, a fim de anular o Ato de Lançamento em epígrafe. DA TEMPESTIVIDADE Sabe-se que o prazo para impugnar é de 30 dias, conforme disposto no artigo 82, II do Código Tributário Nacional. Desse modo, tendo em vista que o Auto de Infração acima mencionado foi recebido na data de hoje, a impugnação apresentada é tempestiva. DO DIREITO DA NÃO INCIDÊNCIA DE IR SOBRE INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS Conforme súmula 498 do STJ, não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais, desta forma o presente auto de infração foi lavrado indevidamente já que neste caso não há tributo devido pelo impugnante. Neste sentido, também acompanha acórdão proferido pelo STJ: PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTER INDENIZATÓRIO DA VERBA RECEBIDA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.1. A verba percebida a título de dano moral tem a natureza jurídica de indenização, cujo objetivo precípuo é a reparação do sofrimento e da dor da vítima ou de seus parentes, causados pela lesão de direito, razão pela qual torna-se infensa à incidência do imposto de renda, porquanto inexistente qualquer acréscimo patrimonial. (Precedentes: REsp 686.920/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/10/2009, DJe 19/10/2009; AgRg no Ag 1021368/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2009, DJe 25/06/2009; REsp 865.693/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 04/02/2009; AgRg no REsp 1017901/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2008, DJe 12/11/2008; REsp 963.387/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/10/2008, DJe 05/03/2009; REsp 402035 / RN, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 17/05/2004; REsp 410347 / SC, desta Relatoria, DJ 17/02/2003). (...). (REsp 1152764/CE, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/06/2010, DJe 01/07/2010). Assim, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, fica claro que a cobrança do tributo é indevida e o auto de infração deve ser extinto. DA NÃO INCIDÊNCIA DA MULTA POR SUPOSTA FRAUDE O auto de infração n° 9.876.5432-1 lavrado pelo Auditor Fiscal - o qual determinou o pagamento do imposto supostamente devido, acrescido de multa de 150% - não deve prosperar. A multa aplicada pelo Auditor está embasada no art. 44, §1°, da Lei 9.430/ 96, o qual o percentual que trata o inciso I do mesmo artigo será duplicado, caso seja verificado o ilícito previsto no Art. 72 da Lei 4.502/64 que trata sobre a fraude tendente a impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, in verbis: Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Ocorre que está caracterizada a fraude prevista no artigo supra, visto que a indenização por dano moral, conforme demonstrado anteriormente, não incide Imposto de Renda sobre a indenização por danos morais, tampouco houve a omissão dolosa por parte do contribuinte. Caso o Ilustríssimo Delegado entenda que cabe a multa nos casos de lançamento de ofício pelo auditor fiscal, mesmo este atuando fora das atribuições previstas na TDPF, que seja aplicada então a multa prevista do Art. 44, I da supramencionada Lei, qual seja: “de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.” DOS LIMITES DA INVESTIGAÇÃO O Auditor Fiscal ficou designado para apurar eventual não recolhimento de imposto de Renda Pessoa de pessoa Física nos anos-calendário 2014-2015. Após expedir o competente TIAF, determinou ao fiscalizado a entrega das Declarações de Ajuste Anual de Impostos de Renda Pessoa Física do anos-calendários de 2011 a 2015, indo além do que lhe foi designado no Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal - TDPF, visto que sua competência de fiscalização deveria se restringir aos anos-calendários 2014 a 2015, conforme já mencionado. A Súmula 439 do STF traz em seu enunciado que “estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação”. Desta forma, deveria o Auditor Fiscal respeitar tais limites, limitando-se somente aos documentos dos anos 2014 à 2015 e os que pudessem ser relacionados à tais impostos, fiscalizando apenas o que lhe foi designado. DOS PEDIDOS Diante o exposto requer: o recebimento da presente Impugnação Administrativa, uma vez que tempestiva e pertinente; que seja extinto o Auto de Infração acima mencionado, nos moldes da súmula 498 do STJ; que seja reconhecida a suspenção da exigibilidade do crédito tributário, enquanto estiver em discussão administrativa. que seja acolhida o pedido de não incidência de multa, o qual determinou o pagamento do imposto supostamente devido, acrescido de multa de 150%. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data. Advogado - OAB nº
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