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resenha arrocho salarial

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Resenha: Arrocho Salarial: 500 Anos de Ideologias que o Justificam* [1: ]
					Lauro Campos
 O Governo tem levantando argumentos para justificar a sua pulsão contra os trabalhadores brasileiros, contra os funcionários públicos brasileiros, tentando projetar a eles a culpa pelo caos completo da economia brasileira. 
O arrocho salarial e do desemprego impostos aos trabalhadores seriam uma forma do governo covardemente dizer que os mesmos não são mais capazes de acompanhar as mudanças tecnológicas que a constante evolução da sociedade trouxe, quando na verdade ,esses avanços tecnológicos se deveram a um processo em que a divisão do trabalho na grande indústria vai transformando o indivíduo em um trabalhador apenas parcial, já que as máquinas modernas não têm comandos difíceis, permitindo ao trabalhador operar até mesmo sem saber ler e escrever. Logo o autor define que o sistema é o herdeiro de uma série de formulações ideológicas, de mentiras inventadas por aqueles que desejam explorar impunemente os trabalhadores.
Cita então Max Weber que, quando secou a raiz religiosa, quando a sociedade tornou-se leiga, surgiu o argumento no qual os trabalhadores não podiam e não deviam ter salários elevados, pois caso os mesmo tivesses, eles se dariam lugar a uma vida de luxúria, aos vícios, à bebida e perderiam seu direito de ingressar o reino divino.
Havia ainda o argumento de que só o salário baixo fornece alta produtividade, em que Pierre de La Court e outros levantaram esta argumentação: “não é possível permitir-se um salário elevado, porque isso leva à baixa produtividade.” O argumento anterior se transforma em uma desculpa para um novo tipo de argumento econômico. O trabalhador só produz, segundo eles, “enquanto tem fome, enquanto ganha pouco, enquanto precisa trabalhar para sobreviver, sendo este o motivo dele não poder receber um grande salário. Quando esse argumento se torna invalido surge então um novo raciocínio, a teoria do “fundo de salário”. Conforme essa teoria, “a sociedade mantém uma cesta enorme de alimentos e de meios de consumo para os assalariados”. Havendo aumento de salário e de consumo por uma parte dos trabalhadores, obviamente essa cesta não será suficiente para atender às necessidades dos outros. Essa cesta fixa de bens de consumo para o assalariado impede necessariamente o aumento do salário real. Portanto, as lutas dos trabalhadores no sentido de aumentar os seus salários fracassarão diante dessa situação. Se junta ainda à outra teoria imposta por Robert Malthus, a de que, se os salários aumentarem, os trabalhadores vão ter mais filhos, sendo esta a Teoria da População. Isso acontecendo, aumenta a oferta de mão-de-obra, o que pressiona os salários para baixo. Aumentar os salários seria uma forma de reduzi-los logo em seguida, sendo assim, para os trabalhado uma tarefa inútil, eles lutarem por qualquer acréscimo de salário.
Surge então em 1873 a Teoria Neoliberal que é expressa em uma linguagem que fica fora do acesso dos trabalhadores de praticamente todo o mundo. Diante da Revolução Industrial que faz aumentar e potencializar a produtividade do trabalho humano na indústria, os neoliberais afirmam que existem rendimentos decrescentes na indústria e “invertem o mundo”, porque, se o trabalho humano fornece produtividade crescente, os salários devem crescer também e se os rendimentos são decrescentes, os salários também devem ser decrescentes. Se os rendimentos são constantes, os salários devem ser constantes. Eis que surge “Uma grande armadilha”, dizendo que existe um momento em que “nem a técnica, nem a organização, nem o equipamento mudam e essa indústria está congelada, paralisada”. Se o número de trabalhadores vai crescendo e o capitalista não pode comprar máquinas, não pode mudar a organização e nem o equipamento, obviamente haverá um momento em que um trabalhador estará atrapalhando o trabalho do outro, e como contra partida, entram os rendimentos decrescentes. 
Lord Keynes na sua Revolução Keynesiana de 1936 diz: “Não discuto aquilo que os neoliberais, com razão, consideraram como irrevogável. Em dada técnica, organização e equipamento, existe uma correlação unívoca e inversa entre o volume de emprego e o salário que ganha uma unidade de trabalho, de tal maneira que o emprego só pode aumentar se os salários diminuírem. Os salários diminuem e os lucros aumentam.” Sua “Revolução das Aparências” surge, e concorda com que era o essencial para os neoliberais: justificar o arrocho salarial, a redução dos salários. Então, para ele a única forma do emprego aumentar é se os trabalhadores consentirem na redução de seus salários, e caso não estejam de acordo com essa redução, são culpados por estarem desempregados. O culpado pelo desemprego continua sendo o trabalhador, que não consentiu em trabalhar de graça. Alfred Marshall complementa dizendo se os trabalhadores venderem suas mercadorias por um preço negativo, por um preço abaixo de zero, estragarão a lógica do mercado.
O texto deixa bem claro que para esses pensadores, o trabalhador é apenas uma engrenagem do capitalismo, e critica essa forma mentirosa de se analisar o porquê o desemprego tem aumentado nos últimos tempos. A evolução das ideias foi apenas uma mera ilusão, e essas versões ideológicas têm um efeito na prática, elas exercem um efeito sobre as cabeças e, obviamente, obscurecem o histórico da humanidade.

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