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Administração de Terminais e Armazéns SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 656:658 Curso on-line – Administração de Terminais e Armazéns – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 66 p. :il. – (EaD) 1. Terminal - administração. 2. Armazém - administração. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | Terminais e Armazéns: Conceituação 7 1 Definições: Terminais e Armazéns 9 2 Armazenagem e Estocagem 12 Glossário 14 Atividades 15 Referências 16 Unidade 2 | Classificação de Terminais e Armazéns 17 1 Classificação dos Terminais e Armazéns 19 1.1 Em Relação à Propriedade 19 1.2 Em Relação ao Tipo de Carga 23 1.3 Em Relação à Função do Terminal ou Armazém 24 Glossário 25 Atividades 26 Referências 27 Unidade 3 | Funções dos Terminais e Armazéns 28 1 Funções e Operações nos Terminais e Armazéns 30 1.1 Operações em Terminais 30 1.2 Operações em Armazéns 32 2 Funções dos Armazéns e Terminais 36 2.1 Centros de Distribuição (CD) 36 2.2 Terminais do Tipo Pontos de Trânsito (“Transit Points”) 37 2.3 Terminais do Tipo “Cross Docking” 38 Glossário 40 Atividades 41 4 Referências 43 Unidade 4 | Organização de Terminais de Carga e Armazéns (Layout da Área Externa) 44 1 O Layout 46 1.1 Layout das Áreas de Recebimento e Expedição 46 1.1.1 Posicionamento dos Veículos Perpendicularmente à Plataforma 47 1.1.2 Posicionamento dos Veículos Diagonalmente à Plataforma, ou a 45 Graus 48 2 Outras Recomendações para as Áreas Externas 49 Glossário 51 Atividades 52 Referências 54 Unidade 5 | Decisões Relacionadas aos Terminais e Armazéns 55 1 Escolha da Localização do Armazém 57 2 Projeto da Instalação 58 3 Manuseio de Materiais 59 4 Sistemas de Gerenciamento de Armazéns (WMS) 60 Glossário 62 Atividades 63 Referências 64 Gabarito 65 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Administração de Terminais e Armazéns! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 5 unidades, conforme a tabela a seguir. Unidades Carga Horária Unidade 1 | Terminais e Armazéns: Conceituação 6 h Unidade 2 | Classificação de Terminais e Armazéns 6 h Unidade 3 | Funções dos Terminais e Armazéns 6 h Unidade 4 | Organização de Terminais de Carga e Armazéns (Layout da Área Externa) 6 h Unidade 5 | Decisões Relacionadas aos Terminais e Armazéns 6 h 6 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br. Bons estudos! 7 UNIDADE 1 | TERMINAIS E ARMAZÉNS: CONCEITUAÇÃO 8 Unidade 1 | Terminais e Armazéns: Conceituação f Você conhece as diferenças entre terminais de carga e armazéns? Entende a diferença entre estocagem e armazenagem? Sabe o motivo para se utilizar armazéns? Nesta unidade você conhecerá os diferentes tipos de armazéns e terminais de cargas e as suas funções nas cadeias logísticas. Você também verá a diferença entre os conceitos de estocagem e de armazenagem, que seguidamente são confundidos ou tratados como sinônimos. 9 1 Definições: Terminais e Armazéns c Embora o papel tradicional dos armazéns tenha sido o armazenamento do estoque, as novas instalações de armazenagem possuem funções bem mais amplas, tais como: consolidação e desconsolidação de cargas, terminais de intermodalidade, agrupamento de mercadorias e fracionamento de cargas, entre outras. No contexto da logística, as definições para um armazém são as seguintes: O armazém é o elo que une o fornecimento de matéria-prima ao fabricante (fluxo de entrada). O armazém é o elo que une o fabricante ao cliente (fluxo de saída). Existem alguns motivos importantes para não armazenar produtos? Existem, sim, e os três principais são: • A mercadoria armazenada tem um custo e imobiliza o capital que poderia ser investido em outras atividades estratégicas, como o marketing e a própria produção. • A necessidade de edifícios para guardar as mercadorias gera custos de instalações e infraestrutura, de mão de obra, de equipamentos e de custos administrativos indiretos. • O material “envelhece”, podendo perder a validade e o valor ao longo do tempo em que permanece armazenado. Produtos perecíveis, produtos farmacêuticos e produtos de tecnologia são alguns exemplos de materiais mais suscetíveis a esses problemas. Todavia, há vários motivos favoráveis para a armazenagem de produtos. Vamos enumerar alguns? 10 • Nunca se conhece o consumo exato de um produto em determinado período. Em alguns períodos do ano, pode haver um consumo elevado de determinado produto. Por exemplo: na Páscoa, são consumidos muitos ovos de chocolate e, no verão, a cerveja é consumida em quantidades maiores do que nos outros períodos do ano. É o que se conhece por “demanda sazonal”. • Produzir em maiores quantidades torna-se mais econômico do que fabricar pequenas quantidades, mas para isso é necessário ter espaço para estocar maiores volumes de mercadorias. • Custa caro atender aos inúmeros clientes diretamente das unidades produtivas, as fábricas. • O custo de perder uma venda pela falta de produto disponível é elevado. Agora vejamos a definição de terminais de mercadorias. Terminais de mercadorias são pontos fixos nas cadeias logísticas em que fluxos significativos de mercadorias têm origem, destino ou sofrem transferência de veículo ou de modalidade de transporte. Vamos ver um exemplo. Digamos que você envie um sedex para sua filha, que está grávida, em uma cidade distante. A sua encomenda, um pacote, por exemplo, seguirá por um veículo rodoviário (um utilitário pequeno, um caminhão ou até mesmo uma carreta) até o aeroporto mais próximo. Ali, ele será juntado a diversos outros pacotes que terão como destino a mesma cidade ou região onde mora a sua filha. A carga será carregada a bordo de um avião, que seguirá até o aeroporto mais próximo da cidade onde mora sua filha. Ao chegar ao aeroporto de destino, o seu pacote seguirá em veículos rodoviários até a casa da sua filha. Você pôde perceber como a sua encomenda foi transferida entre duas modalidades diferentes de transporte? A modalidade rodoviária e a aeroviária. E qual instalação foi utilizada para essa troca de tipo de transporte? Isso mesmo, o aeroporto! 11 O aeroporto é, então, no exemplo que acabamos de ver, o terminal de mercadorias, utilizado na logística elaborada pelos Correios do Brasil para levar sua encomenda até sua filha, que mora em uma cidade distante da sua. Da mesma forma, podemos dizer que um porto é um terminal de carga, à semelhança do aeroporto que estudamos no exemplo anterior. a Uma pequena diferença pode ser ressaltada entre um armazém e um terminal: nos armazéns, normalmente, a mercadoria permanece estocada por um período de tempo mais longo, até que ela seja requisitada para o consumo ou para o processo produtivo, enquanto os terminais, em geral, a mercadorianão permanece estocada por longos períodos. O terminal funciona, na maioria das vezes, como um ponto de transferência da mercadoria entre um modal de transporte e outro. Nos terminais é que se processa a intermodalidade, ou seja, a integração entre dois modos de transporte diferentes. Exemplo: a mercadoria pode ser transferida de um trem para um caminhão. Veja a seguir outras definições de armazém. Armazéns de mercadorias são, como o próprio nome diz, locais de armazenamento de materiais que têm como atividades principais a guarda, o controle e a movimentação de materiais. O armazém de mercadorias possui um conceito mais genérico, pois ele pode fazer parte de um terminal de mercadorias ou não, podendo estar, por exemplo, dentro de uma fábrica ou de uma loja de varejo. 12 De qualquer forma, tanto os terminais de mercadorias quanto os armazéns de mercadorias possuem um mesmo conceito econômico e não serão diferenciados no tratamento ao longo deste nosso curso. Armazéns de mercadorias ou terminais de mercadorias são interfaces entre os setores produtores ou consumidores e o transporte de suas matérias-primas (fluxos de entrada) ou seus produtos (fluxos de saída). b Para entender melhor a diferença entre armazéns e terminais, assista aos dois vídeos disponíveis nos links a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=Xw3m_skH8jQ https://www.youtube.com/watch?v=tmsEqu7kM80 2 Armazenagem e Estocagem Na prática, as palavras armazenagem e estocagem são muitas vezes confundidas. Vamos aproveitar esta unidade do curso para diferenciá-las. Nesse sentido, podem ser estabelecidas as seguintes definições para os dois termos: Estocagem: em princípio, é a atividade relacionada à guarda segura e ordenada das mercadorias no armazém, em ordem de prioridade de uso nas operações de produção ou de comercialização. Também se refere à guarda das peças que serão despachadas para as operações de montagem nas indústrias. 13 Armazenagem: é a atividade que diz respeito à estocagem ordenada e forma adequada de distribuição dos produtos no interior dos armazéns ou das fábricas. Refere-se, também, ao espaço físico necessário para a estocagem das mercadorias. Assim, armazenagem pode ser entendida como a denominação genérica e ampla que inclui todas as atividades desenvolvidas num armazém, terminal ou fábrica, destinadas à guarda temporária dos produtos ou à distribuição dos materiais. Já a estocagem é uma das atividades do fluxo de materiais no armazém e se relaciona ao ponto destinado à localização estática dos materiais no interior da instalação. Logo, concluímos que a estocagem é uma parte da armazenagem. Vale ressaltar que, além da estocagem, existem outras atividades básicas ou funções consideradas na armazenagem. São elas: • Recebimento (descarga); • Identificação e classificação; • Conferência; • Endereçamento para o estoque; • Estocagem; • Separação dos pedidos; • Embalagem; • Expedição (carga); e • Registro das operações. 14 Resumindo Armazéns e terminais podem ser considerados como sinônimos, pois ambos têm a função principal de guardar mercadorias até que elas sejam solicitadas para o processo produtivo ou para serem comercializadas. Glossário Genérico: amplo, impreciso. Intermodalidade: sistema integrado de transporte de cargas em que se utilizam dois ou mais modais ou meios de transporte. 15 a 1) Marque Falso (F) ou Verdadeiro (V). a. ( ) Armazenagem e estocagem são sinônimos. b. ( ) Conferência é uma atividade desenvolvida fora do armazém. c. ( ) Recebimento e expedição são atividades relacionadas à carga e descarga dos produtos. d. ( ) Terminais e armazéns são conceitos totalmente diferentes. 2) Produzir em maiores quantidades torna-se mais econômico do que fabricar pequenas quantidades, mas para isso é necessário ter espaço para estocar maiores volumes de mercadorias. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 3) Armazéns ou terminais de mercadorias são importantes para a logística, porque se constituem em interfaces entre os setores produtores ou consumidores e o transporte de suas matérias-primas (fluxos de entrada) ou seus produtos (fluxos de saída). ( ) Verdadeiro ( ) Falso 4) A armazenagem é uma das atividades do fluxo de materiais no armazém e se relaciona ao ponto destinado à localização estática dos materiais no interior da instalação. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Atividades 16 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, M. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. Rio de Janeiro: Campus, 2007. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, R. A. Logística: suprimentos, armazenagem, distribuição física. São Paulo: IMAM, 1989. ______. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo: IMAM, 1998. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2015. 17 UNIDADE 2 | CLASSIFICAÇÃO DE TERMINAIS E ARMAZÉNS 18 Unidade 2 | Classificação de Terminais e Armazéns f Você conhece os vários tipos de armazéns e terminais? Sabe quem pode ser proprietário de um armazém? Os armazéns e terminais são pontos de apoio fundamentais para a consecução dos fluxos de mercadorias com qualidade e com eficiência ao longo da cadeia logística. Eles permitem a realização de diversas atividades importantes para que os produtos e mercadorias sejam disponibilizados aos consumidores no momento desejado e com a qualidade requerida. Nesta unidade, estudaremos as várias formas de classificação dos armazéns e terminais de cargas. 19 1 Classificação dos Terminais e Armazéns A classificação de armazéns e terminais é realizada de várias formas. Eles podem ser categorizados em função da carga que armazenam, em função dos seus objetivos, em função de sua propriedade e também de acordo com a natureza das operações neles desenvolvidas. Por exemplo, há terminais classificados como intermodais, pois integram duas modalidades de transporte para a movimentação da mercadoria. Nesses terminais ocorre a transferência da mercadoria de um tipo de transporte a outro. Os armazéns e terminais de mercadorias podem ser classificados em três tipos diferentes, a saber, em relação: • à sua propriedade; • ao tipo de carga; e • ao objetivo funcional. Na sequência, vamos estudar detalhadamente cada uma dessas categorias. 1.1 Em Relação à Propriedade No que diz respeito à propriedade dos armazéns e terminais, eles podem ser categorizados em públicos, privados e arrendados, ou, então, em próprios, públicos e contratados (BOWERSOX et al., 2007). Privados Inúmeras são as empresas produtoras e transportadoras que possuem alguma instalação própria para armazenagem de mercadorias. Nesse caso, as empresas investem em espaço e equipamentos necessários para o manuseio dos produtos nos armazéns e terminais. 20 Quando a empresa investe em armazéns próprios, ela tem a expectativa de obter algumas vantagens. Vamos conhecê-las: • Ter custo de armazenagem menos elevado do que a alternativa de alugar espaços para armazenar os produtos; • Ter maior grau de controle sobre as operações de armazenagem; • A propriedade privada pode ser a única alternativa para a armazenagem de determinados produtos que exigem cuidados especiais e pessoal e equipamento especializados (caso de produtos farmacêuticos e de certos produtos químicos); • Obter benefícios derivados da propriedade doimóvel; • Poder utilizar no futuro o espaço para outras finalidades produtivas; e • Ter um espaço adequado para servir como base do departamento de vendas, da frota, do departamento de tráfego ou do departamento de compras. g Há também o caso de empresas que fazem negócios com a provisão de serviços de armazenagem a outras organizações, utilizando armazéns próprios. É o caso dos armazéns gerais, de fornecedores de serviços logísticos, os chamados operadores logísticos. Assim, os tipos de armazéns privados podem ser pertencentes a diversos agentes econômicos: • Do transportador: pertencente à administração da empresa de transporte, embora possa atender a outras empresas do setor e até a outras modalidades de transporte. • Do usuário: pertence a uma empresa usuária, em geral uma fábrica ou indústria, que normalmente reserva o uso exclusivamente a seus produtos e/ou insumos, ainda que transportados por diferentes modalidades. • De empresas de armazenagem: visam captar a armazenagem de usuários que não têm instalações próprias e podem ser servidos por uma ou mais modalidades, cobrando por seus serviços. 21 • De empresas ou cooperativas produtoras: para embarque de seus produtos ou descarga de seus insumos em um ou mais modos de transporte. • De empresas consumidoras ou distribuidoras comerciais: para recepção e posterior consumo ou distribuição dos produtos desembarcados. Públicos Os armazéns e terminais públicos procuram, em geral, especializar-se para servir a uma gama bem maior de necessidades das empresas. São muito mais padronizados na configuração do espaço e na utilização de equipamentos multiusos. Esse tipo de armazém procura oferecer uma série de serviços a fim de atrair e fidelizar os clientes. Oferecem serviços como recepção, estocagem, remessa, consolidação de lotes e combinação de cargas, entre diversos outros serviços ligados à estocagem e à movimentação dos produtos. A armazenagem pública traz algumas vantagens às empresas em oposição aos armazéns privados. Eis algumas delas: • A empresa de transporte não imobiliza nenhum capital em instalações físicas de armazenagem; • Os custos de armazenagem são menos elevados; • A localização dos estoques de mercadorias é mais flexível; e • A empresa pode utilizar instalações situadas em diferentes locais. 22 b Os armazéns públicos pertencem a órgãos e empresas ligados aos governos em todas as esferas da administração pública. São administrados pelo Poder Público. Um exemplo dos mais marcantes são os armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Outros exemplos são os terminais aeroportuários administrados pela Infraero e os terminais portuários administrados pelas companhias Docas. Entre no site da Conab para conhecer melhor um tipo de armazém público, no link disponível e a seguir. www.conab.gov.br 23 Armazéns arrendados O arrendamento de espaços em armazéns públicos e privados representa para muitas empresas uma opção intermediária. A vantagem de arrendar espaço de armazenagem é a possibilidade de conseguir uma tarifa mais favorável. A desvantagem é que os contratos de arrendamento em geral são realizados por um período um pouco longo. Nesse caso, o transportador ou a empresa perde alguma flexibilidade na questão da localização dos estoques de mercadorias. 1.2 Em Relação ao Tipo de Carga A segunda classificação refere-se ao tipo de carga movimentada no terminal ou armazém. Essa classificação é a mais usual no meio transportador para qualificar o terminal ou armazém, o qual pode ser enquadrado em uma das seguintes categorias (MOURA, 1998): • Armazéns de commodities: seus serviços são limitados à estocagem e ao manuseio de commodities, tais como madeiras, algodão, fumo, produtos agrícolas etc. • Armazéns de volumes de granéis: estocam e manuseiam granéis químicos, líquidos, petróleo e ácidos que podem evaporar. • Armazéns frigoríficos: são armazéns com temperatura controlada e podem também regular a umidade do ambiente. Servem para estocar e manusear produtos perecíveis, como frutas e vegetais, alimentos congelados, produtos químicos e medicamentos. • Armazéns de produtos residenciais: estocam e manuseiam utensílios domésticos e móveis. Embora sejam utilizados por muitos fabricantes de móveis, servem, sobretudo, às empresas de transporte de mudanças. 24 • Armazéns gerais de mercadorias: são o tipo mais comum de armazéns, manuseando e estocando uma grande variedade de produtos. Essas construções não necessitam, em geral, de instalações e equipamentos de manuseio diferenciados. a Nesses armazéns, é frequente a prática de unitização das mercadorias, ou seja, a colocação dos produtos em paletes. • Mini-armazéns: são armazéns pequenos, com espaços reduzidos de estocagem. Seu objetivo é oferecer espaço extra e poucos serviços. Em geral, é sua localização próxima dos centros urbanos que os torna atrativos para os clientes. 1.3 Em Relação à Função do Terminal ou Armazém A terceira classificação diz respeito à função que o terminal ou armazém desempenha na cadeia logística. Nesse sentido, as instalações de armazenagem podem ser classificadas nas seguintes categorias: • Concentradores de produção: situam-se em regiões produtoras ou geradoras de carga, concentrando-as para carregamento e, assim, facilitando transporte de longa distância a partir de um único ponto de embarque. • Beneficiadores: além de concentrar cargas, em particular as agrícolas, transformam os produtos antes do embarque, melhorando sua qualidade, a fim de alcançarem as especificações exigidas pelo mercado. Exemplo: secagem da soja antes de distribuí-la. • Reguladores/estocadores: armazenam quantidades significativas de um ou mais produtos, particularmente os sazonais, de forma a atenuar os picos de transporte e homogeneizar a distribuição ao longo de maior período de tempo. 25 • Distribuidores: concentram produtos para a distribuição em determinada área, facilitando a comercialização. Exemplo: distribuidores de bebidas, de medicamentos, de alimentos. Resumindo Existem várias formas de classificação dos armazéns e terminais de mercadorias. Não obstante essa grande variedade, os armazéns têm a função de servir como pontos de armazenagem de mercadorias que esperam o momento de serem consumidas pelos usuários finais ou de serem inseridas em um processo de produção de um novo produto. Os armazéns e terminais podem ser classificados quanto à propriedade em próprios, públicos e contratados. Os armazéns e terminais são classificados de acordo com a propriedade, tipo de carga e objetivo funcional. Glossário Arrendar: ceder o uso de um bem por tempo e preço previamente determinado. Insumo: elemento ou fator envolvido na produção de mercadorias ou serviços. Sazonal: de determinada época ou estação. 26 a 1) Assinale a alternativa que contém os tipos de armazéns em função da propriedade da instalação. a. ( ) Misto e leasing. b. ( ) Público, privado e arrendado. c. ( ) Terceirizado e leasing. d. ( ) Nenhuma das alternativas. 2) Marque Falso (F) ou Verdadeiro (V). a. ( ) Os armazéns e terminais podem ser classificados em: propriedade, função e tipo de carga. b. ( ) Os armazéns públicos são utilizados somente para armazenar produtos do governo. c. ( ) A vantagem do armazém público é seu baixo custo para o usuário. d. ( ) Armazém de commodities armazena produtos de limpeza. 3) Os armazéns beneficiadores transformam o produto que é, em geral, uma matéria-prima. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 4) O armazém público procura oferecer uma ampla gama de serviços a fim de atrair e fidelizar os clientes. Oferecem serviços como recepção, estocagem,remessa, consolidação de lotes e combinação de cargas, entre diversos outros serviços ligados à estocagem e à movimentação dos produtos. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Atividades 27 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, M. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. Rio de Janeiro: Campus, 2007. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, R. A. Logística: suprimentos, armazenagem, distribuição física. São Paulo: IMAM, 1989. ______. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo: IMAM, 1998. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2015. 28 UNIDADE 3 | FUNÇÕES DOS TERMINAIS E ARMAZÉNS 29 Unidade 3 | Funções dos Terminais e Armazéns f Você conhece as operações realizadas nos armazéns e terminais? Compreende as diferenças nas operações desses dois tipos de instalações logísticas? Nesta unidade apresentaremos algumas das operações realizadas nos terminais e nos armazéns de carga, com o intuito de identificar as diferenças nas operações entre essas duas instalações. Também veremos as principais funções desempenhadas pelos armazéns e terminais no apoio às atividades logísticas e de transportes nas cadeias de produção. 30 1 Funções e Operações nos Terminais e Armazéns Diversas formas e funções de instalações de armazéns e terminais de mercadorias têm surgido nos últimos tempos, principalmente depois que as empresas e organizações começaram a praticar uma logística mais aperfeiçoada para o transporte e para a armazenagem, tanto no suprimento quanto na distribuição de mercadorias. Essas novas formas e funções das instalações de armazenagem surgem como forma de reduzir os custos de transporte e de estoque, ao mesmo tempo em que aumentam a velocidade de resposta às solicitações dos clientes. Para entender as diferenças e o funcionamento desses novos modelos de instalações de armazenagem, é fundamental que estejam bem entendidas as principais atividades ou funções realizadas no interior de um terminal ou armazém. Entre terminais e armazéns há uma pequena diferença nas atividades realizadas. A seguir discutiremos as principais operações realizadas nos terminais e armazéns. 1.1 Operações em Terminais Conforme os produtos manipulados, um terminal de carga efetua uma ou mais das seguintes operações descritas na Tabela 1. 31 Tabela 1: Operações Realizadas Comumente nos Terminais de Carga Passo Atividade Descrição Forma Passo 1 Recepção da carga Verificação de sua documentação e integridade, autorização de ingresso ao terminal Passo 2 Pesagem de controle Verificação do peso - automática - manual - por estimativa Passo 3 Classificação do produto - documental - experimental Passo 4 Pré-tratamento Consiste no tratamento físico, químico ou biológico, com certificação, se for o caso - total - parcial - por amostragem Passo 5 Armazenagem - automática - mecânica - manual Passo 6 Conservação Para evitar a deterioração e perdas naturais, por negligência ou criminosas - automática - por verificação 32 Fonte: adaptado de Moura, 1998 e Moura, 1989. Agora vejamos quais são as principais atividades que um armazém deve desempenhar. 1.2 Operações em Armazéns Em um armazém, sete atividades são tidas como principais, conforme descrito na Tabela 2. Passo 7 Retirada para embarque Separa os produtos que serão embarcados no veículo - automatizada - mecânica - manual Passo 8 Contrapesagem e controle Conferência da pesagem - estimativa - amostragem - automática Passo 9 Manejo e carregamento - manual - mecânico - automatizado Passo 10 Emissão de conhecimento de embarque e anexos Emissão dos documentos legais e anexos para embarque - manual - automático Passo 11 Despacho dos veículos Inicio da operação de transporte 33 Tabela 2: Operações em um armazém Passo 1 Recebimento As mercadorias chegam ao armazém ou depósito e devem ser descarregadas, conferidas e encaminhadas ao local de armazenagem. O local de recebimento, em que a mercadoria será retirada do veículo e conferida, é denominado doca. Passo 2 Movimentação Depois de recebida, a mercadoria deverá ser movimentada até o local onde será estocada. No momento certo, essa carga deverá ser novamente movimentada para o local onde será preparada para ser embarcada em um novo veículo para a entrega ao cliente. Aqui é importante ressaltar que o deslocamento da mercadoria no interior do armazém é também um transporte, porém, é costumeiramente chamado de movimentação, por se tratar de distâncias bem curtas. 34 Passo 3 Armazenagem ou estocagem O produto ficará estocado em uma área determinada pelo tempo necessário até ser solicitado pela área de embarque. Passo 4 Preparação de pedidos Essa atividade é realizada em alguns armazéns em que os produtos da área de estocagem são levados a um certo local, onde o volume armazenado será separado em pequenos volumes e em seguida combinado com outros volumes para entrega aos clientes. Isso acontece quando o armazém entrega diversos produtos diferentes para seus clientes. Passo 5 Embarque Uma vez preparado o pedido do cliente, ele deverá ser embarcado no veículo designado, usando, para isso, uma doca apropriada. 35 Fonte: adaptada de Moura, 1998 e Moura, 1989. Uma vez que conhecemos as operações realizadas, estamos prontos para entender as diversas funções exercidas pelos terminais e armazéns de mercadorias nas cadeias logísticas. Passo 6 Circulação externa e estacionamento Não é raro encontrar armazéns que utilizam as vias públicas para estacionamento de veículos ou fazem o próprio descarregamento em áreas públicas. Essa situação pode ser perigosa (risco de roubos e acidentes), além de ser prejudicial ao bom funcionamento das vias públicas. O correto é destinar áreas próprias para essa atividade dentro do terreno onde está localizado o armazém. Passo 7 Serviços Acessórios São serviços prestados pelos armazéns, além dos abrangidos pela atividade básica de armazenagem. Exemplos de serviços acessórios: embalagem, montagem, limpeza, vigilância etc. 36 2 Funções dos Armazéns e Terminais Além de servir como instalações de guarda e de estocagem de produtos e desenvolver uma série de outras atividades relacionadas à movimentação dos produtos, os armazéns e terminais desempenham outras funções bastante relevantes para garantir a movimentação dos produtos com qualidade, eficiência e menores custos na cadeia logística. Assim, esses terminais e armazéns, nas suas diversas formas, podem servir como pontos de consolidação, de fracionamento, de transbordo, de transferência e de agrupamento de cargas. São essas funções específicas que veremos a seguir. 2.1 Centros de Distribuição (CD) Os centros de distribuição são instalações que têm como uma de suas funções o fracionamento das cargas. Nesse caso, o centro de distribuição (CD) recebe de fábricas ou produtores mercadorias em grandes quantidades, que deverão ser fracionadas em quantidades menores e entregues a diferentes clientes (A, B e C).A função do centro de distribuição é a de permitir a utilização dos veículos com maior capacidade de transporte de mercadorias pelo maior tempo possível ao longo da cadeia logística. Essa forma permite a redução dos custos com o transporte. 37 a É fácil entender isso. Um veículo com maior capacidade consegue, em uma só viagem, levar uma quantidade maior de mercadorias. Dessa forma, pagando o frete uma só vez, é possível transportar maiores volumes de mercadoria. Quando se chega a um ponto predeterminado, não é viável continuar o transporte com esse tipo de veículo de grande capacidade, pois esse veículo perderia muito tempo nas visitas aos clientes, o que o tornaria improdutivo. Por isso, a partir do centro de distribuição, são usados veículos de menor capacidade de carga para atender aos diversos clientes que estão próximos ao CD. h Quando existem diversos fornecedores, os centros de distribuição são ainda mais úteis, pois além de permitirem ganhos de escala no transporte, os produtos podem ser combinados. Ou seja, podem ser feitas entregas combinadas de diversos produtos aos clientes, como mostra a figura a seguir. Nessa situação, o armazém ou terminal desempenha primeiro a função de consolidação das cargas (produtos A, B e C) em grandes quantidades no CD e, depois, agrupa os três produtos nas quantidades requeridas por cada um dos clientes (A, B e C). 2.2 Terminais do Tipo Pontos de Trânsito (“Transit Points”) Nesse tipo de instalação, podem ser executadas funções de consolidação, de fracionamento, de agrupamento e de transbordo (transferência das cargas de um trem para um caminhão, por exemplo). 38 Em geral, as cargas chegam à recepção do terminal ou armazém em veículos de alta capacidade, unitizadas em paletes ou contêineres. Depois de recebidas, são separadas em lotes menores e, sem perda de tempo, encaminhadas para a área de embarque, onde serão colocadas em veículos menores para entrega aos clientes. Porém, para que isso seja possível, é necessário um alto volume de pedidos em curtos espaços de tempo, para que a carga possa chegar e ser despachada na mesma hora, sem ter que ficar armazenada aguardando novos pedidos para a entrega. A vantagem é que esse tipo de terminal ou armazém não envolve uma grande estrutura, pois não há área de estocagem. Além disso, assim como nos centros de distribuição, é possível ter economias de escala no transporte, transportando por veículos de alta capacidade até o transit point e, em seguida, transferindo pequenos lotes de mercadorias para diversos clientes em veículos pequenos, de menor capacidade. c São esses terminais os mais usados pela maioria das empresas de transporte de cargas, já que as mercadorias ficam paradas o menor tempo possível. 2.3 Terminais do Tipo “Cross Docking” São semelhantes aos armazéns e terminais do tipo transit points. Todavia, eles apresentam uma característica adicional. As mercadorias chegam de diversos fornecedores, unitizadas em contêineres ou paletes. A seguir, são fracionadas em volumes menores e encaminhadas para a área de embarque, onde são combinadas com outras mercadorias para formar um lote consolidado para entrega ao cliente. 39 As vantagens relativas deste tipo de terminal são: • Ganhos de escala no transporte; • Combinação de mercadorias diversas para entrega aos clientes; e • Não há necessidade de estocagem de produtos. e Não podemos nos esquecer de que assim como os transit points, as instalações de cross docking necessitam de um grande volume de movimentação para que se tornem economicamente viáveis. b Assista ao filme disponível no link a seguir para conhecer uma experiência real de terminal com função de cross docking. https://www.youtube.com/watch?v=CYyI8_ZshwI Resumindo Há uma diversidade muito grande de armazéns e terminais. Cada categoria tem a sua função. Há armazéns para estocar mercadorias, há terminais para triagem e consolidação de cargas e há terminais apenas para a realização do transbordo da mercadoria de uma modalidade de transporte para outra. Todos os tipos de armazéns e terminais fornecem serviços que melhoram o nível de atendimento aos clientes da cadeia logística. As operações realizadas em armazéns e terminais são distintas. 40 Glossário Contrapesagem: avaliar, pesar, compensar. Unitizado: reunido em um único volume. 41 a 1) São funções dos armazéns ou terminais (marque Verdadeiro ou Falso). a. ( ) Guardar mercadorias. b. ( ) Produzir bens. c. ( ) Consolidar cargas. d. ( ) Executar operações de transferência de cargas. 2) Assinale a alternativa que não contém operação executada nos armazéns. a. ( ) Recebimento de mercadorias. b. ( ) Desenvolvimento da embalagem. c. ( ) Preparação de pedidos. d. ( ) Estocagem de mercadorias. 3) São tipos de armazéns e terminais: a. ( ) Transit points e cross docking. b. ( ) Centrais de distribuição e armazéns de consolidação. c. ( ) Fábricas e depósitos. d. ( ) Transit points e terminais de passageiros. e. ( ) Portos e aeroportos. Atividades 42 4) Nos terminais de cross docking, as mercadorias chegam de diversos fornecedores, unitizadas em contêineres ou paletes. A seguir, são fracionadas em volumes menores e encaminhadas para a área de embarque, onde são combinadas com outras mercadorias para formar um lote consolidado para entrega ao cliente. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 43 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, M. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. Rio de Janeiro: Campus, 2007. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, R. A. Logística: suprimentos, armazenagem, distribuição física. São Paulo: IMAM, 1989. ______. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo: IMAM, 1998. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2015. 44 UNIDADE 4 | ORGANIZAÇÃO DE TERMINAIS DE CARGA E ARMAZÉNS (LAYOUT DA ÁREA EXTERNA) 45 Unidade 4 | Organização de Terminais de Carga e Armazéns (Layout da Área Externa) f Você já ouviu falar em layout? Sabe como organizar a área externa de um armazém ou terminal? Nesta unidade, nós estudaremos como é organizada a área externa de um armazém ou terminal. Isso significa tratar do layout da área externa, que influencia muito nas atividades e nos fluxos de pessoas e mercadorias. 46 1 O Layout O layout pode ser definido como sendo o arranjo de homens, máquinas e materiais. É a integração do fluxo típico de materiais, da operação dos equipamentos, combinados com as características que conferem maior produtividade ao elemento humano (DIAS, 2015). Segundo Moura (1998), os objetivos de um layout ou de um plano de armazenagem de um armazém são focados na busca de redução de custos e, também, de aumento da produtividade por meio de: • Melhor utilização do espaço disponível; • Redução da movimentação de material e pessoal; • Fluxo mais racional; • Menor tempo para o desenvolvimento dos processos; e • Melhores condições de trabalho. Nesta unidade, focaremos nossa atenção apenas na definição do layout das áreas externas do armazém. 1.1 Layout das Áreas de Recebimento e Expedição Um primeiro ponto a ser analisado diz respeito às áreas de acostagem de veículos ou plataformas de acostagem. Podemos citar duas principais formas para as plataformas de acostagemou docas de carga e de descarga (ALVARENGA; NOVAES, 1994): • Posicionamento dos veículos perpendicularmente à plataforma, ou a 90 graus. • Posicionamento dos veículos diagonalmente à plataforma, ou a 45 graus. 47 Vejamos cada uma delas! 1.1.1 Posicionamento dos Veículos Perpendicularmente à Plataforma Conhecida como acostagem a 90 graus, nesse caso a plataforma forma uma linha reta e contínua e a descarga é realizada pela traseira do veículo. Caminhões-baú, por exemplo, são descarregados pela traseira. Há alguns cuidados que devem ser tomados para garantir a execução dos serviços de carga e descarga dos veículos. Vamos ressaltar aqui o cuidado mais importante: a extensão mínima de cada posição de acostagem, que chamaremos de doca, é de 3,3 m. No entanto, para não prejudicar o rendimento com a espera por manobras de veículos, a prática recomenda docas de 3,5 m de largura. Dependendo do caso, os equipamentos utilizados para descarga dos caminhões (como empilhadeiras, carrinhos, paletes etc.) podem exigir que essa largura seja maior, podendo chegar, por exemplo, a 5 m. a Outra dimensão que deve ser prevista é o espaço de manobra para os veículos. O mínimo absoluto é de 33,5 m, para situações extremas, sendo que a recomendação para situações normais é de que esse espaço não seja menor do que 35 m. 48 Deve-se também prever uma faixa operacional de descarga, para que as pessoas tenham acesso aos veículos e para reservar um espaço para as primeiras movimentações da mercadoria. Essa faixa fica entre a carroceria e a porta de descarga do armazém e faz parte da doca. A faixa deve ter aproximadamente 5 m de largura. Além da faixa operacional de descarga, outra área deve ser prevista no interior do armazém para o processo de recebimento ou de expedição. É a chamada área de acumulação da carga que foi retirada dos veículos (carga recebida) ou que vai ser carregada (carga a ser expedida). Nessa área, a mercadoria passará pela primeira triagem para ser, depois, encaminhada ao local de armazenagem ou à plataforma de embarque, se for o caso de um transit point ou um cross docking. 1.1.2 Posicionamento dos Veículos Diagonalmente à Plataforma, ou a 45 Graus Esta é a forma mais usada quando a carga e a descarga dos veículos são realizadas não só pela parte traseira, mas também pela lateral do veículo. Da mesma forma que na acostagem a 90 graus, há alguns cuidados que devem ser tomados para garantir a execução dos serviços de carga e descarga dos veículos. Vamos ressaltar aqui os cuidados mais importantes. 49 a A largura da doca a 45 graus deve ser um pouco maior que a da forma a 90 graus, passando de 3,5 m para 4,4 m, com a plataforma formando uma linha em dente de serra. O espaço de manobra de veículos, nesse caso, é bem menor que a forma a 90 graus, pois a manobra é facilitada. Sugere-se uma área com dimensão de 25 m. A faixa de descarga e a área de acumulação de cargas podem ter as mesmas configurações e dimensões da doca a 90 graus. 2 Outras Recomendações para as Áreas Externas Algumas outras recomendações podem ser bastante úteis para o planejamento e a gestão das áreas de circulação e plataformas de um terminal ou armazém. Vamos ver algumas delas. Portaria: a portaria é o ponto de contato do terminal ou armazém com o ambiente externo. Quanto mais portarias houver no terminal ou armazém, mais “aberto” será o terminal ao ambiente externo. Existem diversos motivos para utilizar somente uma portaria, mas também não se pode esquecer os inconvenientes desta escolha. Nesse sentido, os motivos para a utilização de apenas uma portaria são: • Centralização do controle de entradas e saídas do pessoal e de visitantes, bem como dos veículos de carga; • Maior segurança devido à facilidade de controle de entrada e saída; e • Diminuição do número de funcionários (porteiros) necessários. 50 Por outro lado, os inconvenientes são: • Congestionamento de veículos nos horários de início e fim de expediente de trabalho; • Confusão entre veículos de passeio (visitantes e funcionários) e veículos de carga; e • Confusão entre veículos entrando e saindo do terminal ou armazém. a Uma boa sugestão é que se tenha uma portaria de entrada para veículos que chegam com a carga unitizada dos fornecedores, uma portaria de saída para veículos que farão a distribuição aos clientes e uma portaria para funcionários e visitantes. Balança: a balança deve ficar próxima à portaria. Ela deve permitir a conferência do peso do veículo antes e depois de descarregado, permitindo a verificação da quantidade de carga que ficou ou que saiu do armazém. Também deverá ser previsto pelo layout espaço para circulação de veículos. Depois de entrarem no terminal, os veículos deverão circular na área do terreno até o estacionamento na doca de recebimento e, após a descarga, devem circular até a saída, ou vice-versa. Acrescente-se, a todos os espaços que acabamos de estudar, o espaço de manobra dentro do terminal para estacionamento e partida de veículos. Sugere-se que a entrada no terminal siga um fluxo horário, para que os veículos estacionem de ré na doca, no sentido anti- horário. Isso permitirá que o motorista tenha a perfeita visão do terminal, não tendo que confiar exclusivamente em espelhos retrovisores. 51 Resumindo A elaboração adequada do layout do pátio externo é fundamental para que o prazo de preparação dos pedidos e os tempos de carga e descarga das mercadorias sejam minimizados. Isso contribui com a melhoria do nível de serviço logístico. Os veículos podem encostar nas docas para a carga e a descarga das mercadorias a 90 e a 45 graus de inclinação com as docas. Balança, área de estacionamento e circulação e portarias são aspectos fundamentais da elaboração do layout das áreas externas dos armazéns e terminais. Glossário Acostagem: aproximar-se ao cais, à costa ou a outra embarcação; encostar. Diagonalmente: transversalmente; inclinadamente. Perpendicularmente: formando ângulo reto com outra linha. 52 a 1) Assinale as alternativas com F (falso) ou V (verdadeiro). a. ( ) As docas para descarga podem ser projetadas a 90 graus e a 30 graus. b. ( ) Não há necessidade de prever espaço para estacionamento de veículos no pátio dos terminais. c. ( ) A balança somente deve ser construída em terminais. Nos armazéns ela não é necessária. d. ( ) O layout externo refere-se aos procedimentos necessários para estocar o produto no armazém. 2) As duas maneiras mais comuns de projetos de docas para carga e descarga de mercadorias são: a. ( ) 90 e 45 graus. b. ( ) 90 e 50 graus. c. ( ) 45 e 100 graus. d. ( ) 90 e 120 graus. e. ( ) Enhuma das alternativas. 3) Marque Falso (F) ou verdadeiro (V). O layout possibilita: a. ( ) Melhor utilização do espaço disponível. b. ( ) Aumento da movimentação de material e pessoal. c. ( ) Fluxo mais racional. d. ( ) Aumento dos acidentes de trabalho. Atividades 53 4) A balança deve permitir a conferência do peso do veículo antes e depois de descarregado, permitindo a verificação da quantidade de carga que ficou ou que saiu do armazém. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 54 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, M. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. Rio de Janeiro: Campus, 2007. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, R. A. Logística:suprimentos, armazenagem, distribuição física. São Paulo: IMAM, 1989. ______. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo: IMAM, 1998. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2015. 55 UNIDADE 5 | DECISÕES RELACIONADAS AOS TERMINAIS E ARMAZÉNS 56 Unidade 5 | Decisões Relacionadas aos Terminais e Armazéns f Você sabe quais decisões são importantes para gerenciar e planejar o funcionamento de um armazém ou terminal? Sabe como proceder para definir onde será instalado o armazém ou terminal? Conhece algum sistema informatizado para gerenciar a movimentação dos produtos no armazém? Nesta unidade, estudaremos alguns aspectos importantes ligados às decisões de gestão e planejamento de armazéns e terminais. Assim, enfocaremos o processo de escolha da localização das instalações, do seu projeto, do manuseio de materiais, do dimensionamento do armazém e dos sistemas de gerenciamento de armazéns (WMS – Warehouse Management Systems). 57 1 Escolha da Localização do Armazém Identificar o local onde deve ser instalado um terminal ou armazém para uma empresa de transporte ou outra organização produtiva que trabalhe com armazenagem de produtos é fundamental para reduzir custos de transporte na distribuição dos produtos aos clientes. A localização geral considera normalmente os fluxos de cargas ou os mercados que a empresa possui. Comumente, há uma cadeia logística com origem dos fluxos (fornecedores) e destinos (clientes e mercados consumidores). A empresa procura então se localizar em algum ponto dessa cadeia para minimizar as distâncias percorridas na movimentação das mercadorias entre os pontos de produção e de consumo. Uma vez definida a localização geral, parte-se para a definição do local específico para a construção da instalação. O local específico pode ser uma cidade, um bairro, um terreno numa avenida. a Áreas típicas de atração de armazéns e terminais são regiões com concentração industrial e comercial significativa, além de áreas suburbanas e próximas das principais artérias de transporte. As empresas levam em consideração diversos fatores para a definição da localização específica de um armazém ou terminal. Dentre esses fatores, podem ser citados os seguintes: • Custo do terreno; • Custos de transporte para o suprimento das mercadorias ao armazém e para a sua distribuição aos clientes; • Custo de implantação e de operação do estabelecimento; 58 • Infraestrutura de transporte disponível e facilidade de acesso; • Infraestrutura de comunicações; • Incentivos fiscais (isenções de impostos concedidos pelo Poder Público); • Disponibilidade de mão de obra qualificada; • Disponibilidade de energia e de matéria-prima; • Existência de universidades e institutos de pesquisa nas proximidades. • Leis ambientais restritivas; e • Outros fatores como o clima, a temperatura, a geografia e a qualidade de vida. e Há diversos fatores influenciando a tomada de decisão. Porém, na maior parte dos casos, o custo de transporte é um dos elementos preponderantes na tomada de decisão. 2 Projeto da Instalação Basicamente, o projeto do armazém ou terminal deve considerar a natureza do produto que será armazenado. Um armazém de cargas gerais tem um projeto diferente de um armazém frigorífico. Pesquisadores recomendam que se analisem prioritariamente três fatores no momento de realizar o projeto: • A quantidade de andares da instalação física; • O plano de utilização do espaço cúbico; e • O fluxo de produtos no interior do armazém. Algumas recomendações são importantes para projetar um prédio adequado. Veja quais são elas: 59 a • O projeto de um prédio de um andar elimina a necessidade de movimentação dos produtos verticalmente. O uso de dispositivos de manuseio vertical, como elevadores e esteiras rolantes, para movimentar mercadorias de um andar para outro, requer mais energia, tempo e gera dificuldades no manuseio. • O projeto de um armazém deve tentar maximizar a utilização do espaço cúbico. Assim, a maioria dos armazéns é projetada com pés direitos entre 6 e 9 metros de altura. Isso facilita o uso de equipamentos de manuseio da carga. • O projeto de um armazém ou terminal deve facilitar o fluxo de produtos direta e continuamente no interior do prédio. Sempre que possível, devem ser evitados os cruzamentos e obstáculos e devem ser estabelecidos fluxos e direções para a movimentação dos produtos no armazém. A definição das áreas e dos fluxos é realizada pelo estudo do layout interno do armazém. 3 Manuseio de Materiais Um sistema de manuseio e movimentação de materiais é um dos elementos orientadores do projeto do armazém ou terminal. Assim, dependendo do tipo de mercadoria e das funções da instalação, devem então ser definidos os equipamentos e a tecnologia de manuseio de materiais. Alguns dos equipamentos mais utilizados em armazéns e terminais para o manuseio e a movimentação das cargas são: • Empilhadeiras; • Paleteiras; • Veículos de reboque (tratores); • Correias transportadoras; 60 • Esteiras rolantes; e • Guindastes. Por outro lado, os paletes e os contêineres ganham cada vez mais destaque no manuseio e na movimentação das cargas nos armazéns os artefatos de unitização de cargas. Esses equipamentos permitem transportar maior volume de carga com um único movimento, uma única viagem. Esses artefatos são úteis tanto para a armazenagem dos produtos como para a sua movimentação. São utilizados no armazém e também para carga e descarga de veículos, além do transporte das mercadorias. 4 Sistemas de Gerenciamento de Armazéns (WMS) g Os sistemas de gerenciamento de armazéns são programas computacionais (softwares) que auxiliam as empresas a padronizar procedimentos de trabalho e estimular as melhores práticas de gestão das atividades logísticas nos terminais e armazéns. Um dos principais usos de um WMS é coordenar a separação de pedidos, indicando aos trabalhadores do terminal algumas informações importantes para a realização da tarefa, tais como: • Endereço exato em que o produto está estocado no armazém; • Código do item; Informações acerca das características do produto e de sua produção (código de barras e etiquetas inteligentes); 61 • Procedimento ideal para a coleta dos itens nas prateleiras para formar os pedidos; e • Fluxo de movimentação no armazém para realizar a separação e coleta dos itens. Além dessa função, um WMS também coordena procedimentos de trabalho importantes para viabilizar o recebimento e a expedição de mercadorias no armazém e para indicar onde a mercadoria deve ser estocada, além de auxiliar a coordenação das atividades do armazém para personalizar produtos e oferecer serviços com valor agregado. Essas últimas atividades referem-se à: • Embalagem do produto; • Rotulagem; • Construção de kits; e • Montagem de mostruários. b Para conhecer melhor a utilização dos sistemas WMS, assista ao vídeo disponível no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=FauuqKudsxg Resumindo Para realizar a gestão dos terminais e armazéns com qualidade, é importante que sejam consideradas também decisões relacionadas ao projeto da instalação e de seus equipamentos de manuseio e de movimentação. Os sistemas WMS são essenciais para auxiliar a coordenação das diversas atividades realizadas no interior do armazém. A localização do armazém ou terminal permite reduzir os custos logísticos, notadamente os custos de transporte para a distribuição dos produtos. 62 Glossário Artéria de transporte: via de comunicação de grande importância para o transporte. Preponderante: que tem mais importância,mais influência, mais valor ou consideração. 63 a 1) A localização dos terminais e armazéns pode reduzir os custos com o transporte das mercadorias para os clientes porque determina a distância entre a instalação e os mercados consumidores e produtores. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 2) São funções de um WMS: coordenar a separação de pedidos e coordenar procedimentos de recebimento e expedição de mercadorias no armazém. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 3) Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que não contém fatores influenciadores da localização de um terminal ou armazém. a. ( ) Uso de contêineres e paletes. b. ( ) Clima e infraestrutura viária. c. ( ) Mão de obra qualificada e incentivos fiscais. d. ( ) Existência de universidades e de escolas. 4) Áreas típicas de atração de armazéns e terminais são regiões com concentração industrial e comercial significativa. Porém, é recomendável que não fiquem localizadas próximas às principais artérias de transporte, visando reduzir os riscos de roubos e acidentes. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Atividades 64 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, M. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. Rio de Janeiro: Campus, 2007. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, R. A. Logística: suprimentos, armazenagem, distribuição física. São Paulo: IMAM, 1989. ______. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo: IMAM, 1998. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2015. 65 Gabarito Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Unidade 1 F - F - V - F V V F Unidade 2 B V - F - V - F V V Unidade 3 V - F - V - V B A V Unidade 4 F - F - F - F A V - F - V - F V Unidade 5 V V A F Apresentação Unidade 1 | Terminais e Armazéns: Conceituação 1 Definições: Terminais e Armazéns 2 Armazenagem e Estocagem Glossário Atividades Referências Unidade 2 | Classificação de Terminais e Armazéns 1 Classificação dos Terminais e Armazéns 1.1 Em Relação à Propriedade 1.2 Em Relação ao Tipo de Carga 1.3 Em Relação à Função do Terminal ou Armazém Glossário Atividades Referências Unidade 3 | Funções dos Terminais e Armazéns 1 Funções e Operações nos Terminais e Armazéns 1.1 Operações em Terminais 1.2 Operações em Armazéns 2 Funções dos Armazéns e Terminais 2.1 Centros de Distribuição (CD) 2.2 Terminais do Tipo Pontos de Trânsito (“Transit Points”) 2.3 Terminais do Tipo “Cross Docking” Glossário Atividades Referências Unidade 4 | Organização de Terminais de Carga e Armazéns (Layout da Área Externa) 1 O Layout 1.1 Layout das Áreas de Recebimento e Expedição 1.1.1 Posicionamento dos Veículos Perpendicularmente à Plataforma 1.1.2 Posicionamento dos Veículos Diagonalmente à Plataforma, ou a 45 Graus 2 Outras Recomendações para as Áreas Externas Glossário Atividades Referências Unidade 5 | Decisões Relacionadas aos Terminais e Armazéns 1 Escolha da Localização do Armazém 2 Projeto da Instalação 3 Manuseio de Materiais 4 Sistemas de Gerenciamento de Armazéns (WMS) Glossário Atividades Referências Gabarito
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