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Artigos cientificos e sugestões de temas para TCC - ENGENHARIA CIVIL

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UMA VISÃO CRÍTICA DO MEIO FÍSICO EM ESTUDOS DE IMPACTO
AMBIENTAL DE USINAS HIDRELÉTRICAS
A. A. C. Jácomo
IBAMA
Resumo: O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e as exigências básicas do estudo, entende por
conseqüências ambientais físicas, químicas e biológicas, causadas por atividades humanas, por
substâncias produzidas por radiações; fatos direta ou indiretamente prejudiciais para a saúde, a
segurança e o bem-estar da população. Os estudos que compõem o meio físico devem ser tratados
de forma eficiente tanto nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. Partindo desta constatação,
o trabalho analisa criticamente os estudos do meio físico quando do inventário do meio ambiente
antevendo-se a implantação de usinas hidrelétricas, e daquelas construídas anteriores a
promulgação da legislação ambiental de 1996.
1. INTRODUÇÃO
É sabido que todo e qualquer projeto
desenvolvimentista interfere no meio ambiente
e, sendo certo que o crescimento é um
imperativo, impõe-se discutir os instrumentos e
mecanismos que os conciliem, diminuindo ao
máximo os impactos ecológicos negativos e,
consequentemente, os custos econômicos-
sociais.
Dentre os instrumentos de compatibilização
do desenvolvimento com a proteção ambiental
merece especial atenção o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) a ser elaborado antes da
instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio
ambiente. Esse importante instrumento de
planejamento e controle ambiental decorre da
consideração do meio ambiente na tomada de
decisões e preconiza a elementar obrigação de
se levar em conta o fator ambiental em
qualquer ação ou decisão pública ou privada
que possa sobre ele causar qualquer efeito
negativo.
A obrigatoriedade desse estudo significou
um marco na evolução do ambientalismo
brasileiro, (CONAMA n.º 001/86 e Lei n.º
6.938/91, regulamentadas pelo Decreto n.º
97.632) dado que, até meados da década
passada, nos projetos de empreendimentos
apenas eram consideradas as variáveis técnicas
e econômicas, sem qualquer preocupação mais
séria com o meio ambiente.
As exigências básicas do estudo de impacto
ambiental estão mencionados na Resolução n.º
001/86, em seu artigo 1º dessa resolução, que
entende por conseqüências as características
ambientais físicas, químicas, e biológicas
causadas por atividades humana e, no seu
artigo n.º 6, define as atividades técnicas a
serem desenvolvidas pelo EIA. Este engloba
pelo menos as três seguintes áreas: os
problemas ecológicos, os problemas
socioeconômicos, ambos como conseqüência
do projeto, e a apresentação dos efeitos
ambientais do projeto, durante sua elaboração.
Disto originam-se, os seguintes temas de
trabalho, para o diagnostico ambiental da área
de influência do projeto, como a descrição
completa e a análise dos recursos ambientais e
suas interações atuais, afim de caracterizar a
100
situação ambiental da respectiva região, antes
da implantação do projeto :
· a área física, como solo, água, ar e clima.
Devem ser levados em consideração as
características do solo, qualidade das águas, a
economia de água, as correntes de mar, e de ar;
· os fatores biológicos e os ecossistemas
naturais como fauna e flora, particularmente as
espécies que representam os indicadores da
qualidade do ambiente e que são
cientificamente relevantes; as espécies raras e
ameaçadas de extinção e as regiões sob
constantes proteção ambiental;
· os fatores ambientais socioeconômicos,
como o uso do solo, o uso da água e a
economia social, os monumentos
arqueológicos, históricos e culturais, as
condições de dependência da população local,
os recursos ambientais e seu uso futuro, os
efeitos sobre a estrutura da população e a
situação do mercado de trabalho.
· análise dos efeitos ambientais do projeto e
suas alternativas com base numa identificação
e previsão de sua extensão, por meio de
diagnósticos técnicos bem conduzidos. Devem
ser mencionados tanto as vantagens como as
desvantagens, os efeitos diretos e indiretos,
temporários a curto, médio e longo prazo ou
permanentes, o grau de reversibilidade, as
características cumulativas e sinergéticas,
como também a distribuição dos agravos e
vantagens sociais;
· definição das medidas para redução dos
efeitos ambientais negativos do projeto como,
por exemplo, providências concernentes à
instalação, emprego de outras tecnologias, etc.
· mecanismos de controle e sistemas de
tratamento de, por exemplo, detritos águas
residuais, ar de escape, gás de escape, com
avaliação dessas medidas.
· elaboração de um programa de
monitoramento e controle na área de ação do
projeto.
Como se sabe, dentre outras, depende de
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e
respectivo relatório de Impacto Ambiental, o
licenciamento de obras hidráulicas para
exploração de recursos hídricos ou de usinas
de geração de eletricidade, qualquer que seja a
fonte de energia primária, acima de 10 MW.
Estas, provocando grandes alterações nos
regimes dos recursos hídricos e que possam
gerar sérios impactos ambientais, á montante e
á jusante do barramento.
Destacam-se os estudos de meio físico deste
a escolha do local do aproveitamento e o
planejamento dos serviços de investigação que
incorporarão as relações entre formas de relevo
e perfis de intemperismo, que podem ser
inferidas a partir da integração de
conhecimentos referentes à evolução
geológico–geomorfológica que afetou a área
de interesse, bem como de experiência e dados
disponíveis sobre estudos desenvolvidos e
obras implantadas em locais similares. Esses
levantamentos e suas interpretações não são
muitas vezes incorporados à avaliação do
impacto ambiental.
2. BREVE DISCUSSÃO SOBRE OS
ASPECTOS METODOLÓGICOS
No início o Estudo de Impacto Ambiental
propriamente dito, deverão ser apresentados os
limites da área geográfica a ser direta e
indiretamente afetada pelos impactos,
denominada área de influência do
empreendimento. Essa área deverá ser
estabelecida pela equipe responsável pela
execução do estudo, a partir dos dados
preliminares colhidos, devendo compreender:
área de influência direta - área sujeita aos
impactos diretos da implantação e operação do
empreendimento. A sua delimitação deverá ser
em função das características sociais,
econômicas, físicas e biológicas dos sistemas a
serem estudados e das particularidades do
empreendimento;
área de influência indireta - é aquela real ou
potencialmente ameaçada pelos impactos
indiretos da implantação e operação do
empreendimento, abrangendo os ecossistemas
e o sistema sócio-econômico que podem ser
impactados por alterações ocorridas na área de
influência direta.
Quando o licenciamento do
empreendimento hidrelétrico é anterior à
implantação da atividade, o diagnóstico deverá
ser elaborado através de uma análise integrada,
multi e interdisciplinar, a partir dos
levantamentos básicos primários e secundários.
Para cada fator ambiental dos meios físico,
101
biótico e sócio-econômico, deverá ser
considerada uma área de abrangência
específica, definida e caracterizada conforme a
natureza de cada fator ambiental, levando-se
em consideração, também, a questão temporal
dos estudos. É necessário que se defina um
ciclo hidrológico completo da região e,
apresentando as descrições e análises dos
fatores ambientais e das suas interações, se
caracterize a situação ambiental da área de
influência antes da implantação do
empreendimento, englobando as variáveis
susceptíveis de sofrer, direta ou indiretamente
efeitos significativos das ações referentes às
fases de planejamento, implantação, operação
e desativação do empreendimento.
Os dados referentes aos estudos sobre os
meios físicos devem ser individualizados
quando se tratar das Unidades de Conservação
e das Reservas Indígenas existentes na área de
influência.
As informações cartográficas, com a área de
influência devidamentecaracterizada, devem
ser apresentadas em escalas compatíveis com o
nível de detalhamento dos fatores ambientais
estudados.
Quando da apresentação de mapas, estes
deverão ser representados na escala mínima de
1:250.000 quando os estudos forem
desenvolvidos na área de influência indireta e,
de 1:100.000, no caso específico de se
localizarem na área de influência direta. Para
as áreas referentes às obras de maior porte,
unidades de conservação, áreas indígenas e
aquelas que apresentarem processo de
degradação ambiental, deverão ser
apresentados mapas em escala maior.
O prognóstico ambiental deverá ser
elaborado considerando-se as alternativas de
execução, de não execução e de desativação do
empreendimento. Este prognóstico deverá
considerar, também, a proposição e a
existência de outros empreendimentos na bacia
hidrográfica, principalmente as usinas
hidrelétricas.
Os projetos ambientais apresentados
deverão ser capazes de minimizar as
conseqüências negativas do empreendimento e
potencializar os reflexos positivos. Especial
enfoque deverão receber os Planos de
Monitoramento e os Planos de Emergência.
A seguir é apresentada a sugestão de roteiro
para realização do Diagnóstico Ambiental para
os estudos referentes ao meio físico para
empreendimentos ainda que deverão ser
licenciados:
2.1 Geologia e Geomorfologia
Elaboração de mapas geológicos e
geomorfológicos das áreas de influência do
empreendimento, com base nos estudos já
executados e em levantamentos de campo.
Estes mapas deverão conter informações a
respeito dos maciços rochosos com indicação
das características físico-químicas e
mineralógicas das rochas, suas feições
estruturais, contendo representação de
acabamentos, foliação, fraturamento, espessura
e classificação quanto a sua resistência e das
condições geotécnicas, mediante o uso de
parâmetros de mecânica de rochas e solos
identificando áreas de risco (deslizamento e/ou
desmoronamento).
Caracterização geomorfológica, incluindo:
· compartimentação geomorfológica geral
das áreas de estudo (planalto, depressão,
planície);
· posição da área dentro do vale ou da bacia
hidrográfica (alto, médio, baixo vale ou
cabeceira, margens, etc.);
· tipo de forma de relevo dominante (cristas,
colinas, planície fluvial, etc.);
· presença eventual de grandes massas de
relevo ou pontos muito elevados nas
imediações (cristas, serras, picos, morros
isolados, etc.);
· definição da posição da área em relação
aos principais acidentes de relevo (topo,
encosta, sopé );
· classificação das formas de relevo quanto a
sua origem (formas fluviais, formas de
aplainamento, etc.); e
· características da dinâmica do relevo, com
mapeamento e indicação da presença de erosão
ou propensão acelerada a assoreamento,
incluindo as áreas sujeitas a inundações.
Recompilação do histórico de sismicidade
natural para definição de possibilidade de
sismicidade induzida.
Identificação e localização geográfica, na
área de inundação, das jazidas minerais de
102
interesse econômico e avaliação das condições
atuais de exploração e comercialização.
Identificação de geoindicadores visando
definir critérios diferenciados entre as
influências naturais e antrópicas.
2.2 Clima e Condições Meteorológicas
Definição do perfil do vento, temperatura e
umidade do ar.
Componentes necessários a definição do
balanço hídrico do solo. Parâmetros
meteorológicos necessários para caracterização
do regime de chuvas.
2.3 Solos
Caracterização dos solos da área de
influência do empreendimento, podendo
incluir:
· definição de classes ao nível taxionômico
de série, caracterizadas morfológica e
analiticamente;
· distribuição espacial; e
· descrição da aptidão agrícola dos mesmos.
2.4 Recursos Hídricos
Descrever as características dos recursos
hídricos da região, segundo os sub-itens
escritos a seguir:
2.4.1 Hidrologia Superficial
Apresentar as características hidrológicas,
com parâmetros hidrológicos calculados
através de dados e informações existentes na
região. Caso não existam informações na bacia
em estudo, deverão ser feitas observações
fluviométricas e sedimentométricas relativas a
um período mínimo de um ciclo hidrológico
completo.
As informações a serem apresentadas
deverão incluir:
· rede hidrográfica identificando a
localização do empreendimento, as
características físicas da bacia hidrográfica e as
estruturas hidráulicas existentes;
· balanço hídrico das áreas de estudo; e
· produção de sedimentos na bacia e o
transporte de sedimentos nas calhas fluviais,
identificando as principais fontes.
2.4.2 Hidrogeologia
Caracterizar os aqüíferos existentes na área
de influência do empreendimento,
principalmente aqueles relacionados ao
hidrotermalismo.
· Apresentar o levantamento dos aqüíferos
granulares (livres ou confinados) e dos
fraturados ou cársticos, contendo:
localização, natureza, geometria, litologia,
estrutura e outros aspectos geológicos;
· alimentação (inclusive recarga artificial),
fluxo e descarga (natural e artificial);
· profundidade dos níveis das águas
subterrâneas;
· relações com águas superficiais e com
outros aqüíferos;
· caracterização físico-química das águas
subterrâneas; e
· condições de exploração, considerando
localização e tipos de captação.
2.4.3 Qualidade das Águas Superficiais e
Subterrâneas
Caracterizar a qualidade das águas,
incluindo:
mapa contendo a localização e características
dos pontos de coleta;
· justificativas sobre a utilização dos
diferentes pontos de coleta para as amostragens
dos meios abióticos e bióticos do ecossistema
aquático;
· indicação e justificativa dos parâmetros
selecionados para a avaliação da qualidade da
água;
· características físico-químicas dos recursos
hídricos interiores, superficiais e subterrâneos;
· identificação das principais fontes
poluidoras.
2.4.4 Usos das Águas Superficiais e
Subterrâneas
 Caracterizar os principais usos das águas na
área de influência, apresentando a listagem das
utilizações levantadas, suas demandas atuais e
futuras em termos quantitativos e qualitativos,
bem como a análise das disponibilidades,
frente às utilizações atuais e projetadas,
103
considerando importações e exportações,
quando ocorrerem.
Para os empreendimentos já em operação,
anteriores a 1986, sugere-se para o meio físico
os seguintes levantamentos para o Diagnóstico:
2.5 Erosão
Realizar o cadastramento das erosões
existentes, com o objetivo de estabelecer o seu
nível de criticidade e a determinação daquelas
que são prioritárias para correção. Para aquelas
consideradas críticas, o estudo deve ser
realizado nas seguintes etapas:
· avaliação das condições atuais do meio
físico por meio de levantamento topográfico na
escala de compatível com a elaboração de carta
de declividade, mapeamento geológico-
geotécnico de superfície e detalhamento de
suas principais feições; e
· estabelecimento de medidas de
estabilização dos processos erosivos e
assoreamento, determinando a geometria final
da área, a concepção das medidas para
estabilização do local com indicação de obras
complementares e priorizando os setores para
estabilização.
2.6 Assoreamento
Descrever a modificação do perfil de
equilíbrio do rio e a modificação do nível de
base a montante da barragem, bem como a
forma de alteração da forma do canal e da
capacidade de transporte de sólidos, definindo
as suas conseqüências.
Avaliar o transporte de sedimento no
entorno do reservatório com a realização de
medições de descarga líquida e sólida, no
mínimo realizadas em dois períodos de cheias,
e uma no período de estiagem.
Mensurar as ações corretivas e preventivas,
na bacia hidrográfica, visando a mitigação dos
processos erosivos e de degradação do solo e
da água, através da análise periódica dos níveis
de assoreamento do reservatório.
2.7 Qualidade da Água
Os estudos devem se referenciaraos trechos
de montante e jusante do reservatório e do seu
próprio comportamento, que deverão ser
interpretados e analisados visando a melhor
caracterização da qualidade da água. Os
estudos são os seguintes:
· hidroclimatológicos: série de vazões
afluentes ao reservatório, vazões defluentes
(turbinada e vertida), características de fluxo a
jusante do aproveitamento, contribuição da
bacia a jusante, precipitação mensal,
evaporação, velocidade do vento, temperatura
do ar, insolação e umidade relativa;
· físicos: relação cota-área e cota-volume do
reservatório ou a batimetria do lago, com as
seções batimétricas do rio no trecho de jusante,
relações cota–velocidade dos trechos fluviais,
cotas de operação do reservatório,
comprimento e largura ;
· químicos: estimar a carga poluente da bacia
hidrográfica com a identificação das fontes
poluidoras, coeficiente de dispersão e aeração.
Essas estimativas podem ser realizadas com
base em dados coletados e/ou informações
regionais das cargas de poluição, através da
concentração dos principais constituintes e
parâmetros que identifiquem a qualidade da
água; e
· avaliação dos usos atuais da água: com
base nos levantamentos realizados. Atualizar
os dados sobre a utilização do aproveitamento
das águas a montante e a jusante da barragem.
2.8. Estabilidade de Encostas
Identificar as principais condicionantes e
mecanismos de deflagração de
escorregamentos, reconhecendo-se os fatores
que aumentam as solicitações e os que
diminuem a resistência dos terrenos, com os
respectivos fenômenos naturais e antrópicos a
definir as declividades das encostas, a
existência de depósitos de tálus, o tipo de
cobertura vegetal e a intensidade da atividade
antrópica, e avaliar a estabilidade dos blocos
de rocha principalmente em zonas ocupadas.
No caso de operação por deplecionamento do
nível d’água, apresentar estudo da interferência
deste impacto na estabilidade de encostas.
3. A QUESTÃO DO MEIO FÍSICO NA
AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS DE USINAS
HIDRELÉTRICAS.
104
Nos últimos anos procederam-se
modificações no cenário político-econômico
que alteraram e forçaram alterações no quadro
legal do setor elétrico. A incorporação do vetor
ambiental nos estudos de inventário e
viabilidade já demonstra esta preocupação. O
licenciamento ambiental deve ser sustentado
pelo processo de planejamento anterior, já que
sua efetivação visa atingir ou manter um
cenário de qualidade ambiental na qual o corpo
receptor foi enquadrado.
Diversos autores já identificaram
limitações, apesar dos avanços observados na
aplicação do processo de Estudos de Impacto
Ambiental, quanto ao meio físico. Entre
diversos estudos já analisados, foram
considerados os aspectos metodológicos, a
forma de abordagem do tema, a qualidade dos
dados e a dimensão das áreas estudadas.
Para hidrelétricas, empreendimentos em que
a “ tipologia dos impactos de projeto” no meio
físico é bem conhecida, a identificação e
estimativa dos impactos são um problema
locacional, referente à capacidade do meio
reagir aos impactos ou de absorve-los.
Na previsão, caracterização e interpretação
dos impactos no meio físico, a principal crítica
tem sido dirigida ao fato de que muitas vezes
os estudos não permitem uma avaliação
integrada e conclusiva. Nestes casos, as
deficiências são geralmente atribuídas às
dificuldades e precariedades das previsões
realizadas e, principalmente, à ausência de uma
abordagem interdisciplinar.
Indicam-se duas abordagens possíveis nos
estudos de ecossistemas grandes e complexos:
· a holística (de holos, inteiro), na qual as
entradas e saídas medidas, as propriedades
coletivas e emergentes do todo são avaliadas,
então, as partes dos componentes investigados
e acordo com a necessidades;
· merologógica (de meros, parte), na qual as
partes componente são estudadas em primeiro
lugar para depois serem integradas num
sistema inteiro.
A abordagem depende do objetivo de estudo
e, especialmente, do grau em que as partes
estão interligadas. Quando as partes
constituintes estão fortemente interligadas as
propriedades emergentes provavelmente se
revelarão apenas no nível do todo. Tais
atributos poderiam não ser notados caso se
adotasse somente a abordagem merológica.
Além do mais, um dado organismo, ou
modificação e suas causas, pode ter
comportamento bem diverso em sistemas
diferentes, tal variabilidade estando
relacionada com as ligações entre outros
componentes.
Quando dos levantamentos e estudos
preconizados para seleção e localização de
aproveitamentos de usinas hidrelétricas, são
definidas as informações bastante relevantes na
gestão ambiental. A caracterização dos
processos envolve métodos e técnicas em que é
definitiva na caracterização dos processos do
meio físico, atuantes no ambiente considerado,
bem como na previsão de alterações a que
estes processo estão sujeitos em face da
instalação e funcionamento de uma usina
hidrelétrica.
Os processos, com freqüência , interessam à
gestão, especialmente em razão da
potencialidade que representam no sentido de
influi, de foram significativa, na qualidade
ambiental de um determinado contexto, são os
que representam a dinâmica terrestre atual,
como a erosão, transporte e deposição de
sedimentos e partículas, escorregamentos,
quedas de bloco, subsistência e colapso dos
solos, escoamento das águas superficiais,
movimentação das águas subterrâneas, dentre
outros.
Nos EIA/RIMA analisados, de acordo com
a orientação fornecida pelo “Manual de
Estudos de Efeitos dos Sistemas Elétricos” e
indicado pela legislação CONAMA/n.º 001/86,
a abordagem é merológica, assim a qualidade
dos dados deverão ter boa definição quanto à
sua utilidade, afim de que não se produza um
estudo com excesso de dados inúteis, ou uma
escassez de dados necessários, sem precisão.
Os dados deverão ser de qualidade suficiente e
em concordância com o modelo/método que
vai ser usado para seu tratamento,
compatibilização do modelo/método de
tratamento com os dados cuja obtenção é
possível.
Sem essas características, os dados
levantados nos estudos dos diversos elementos
do meio físico estudados impossibilitam a
compreensão do ecossistema. Os elementos do
meio físico cujos estudos são mais imprecisos
ou mal definidos são aqueles sobre os quais os
105
efeitos não são visíveis sem instrumento e/ou
técnica apropriadas, tais como clima e aspectos
geológicos como recursos minerais e
sismicidade ou sobre os quais os efeitos se dão
a longo prazo, indiretamente, como resultantes
de modificações no uso do solo.
4. CONCLUSÃO
As deficiências encontradas podem ser
parcialmente justificadas em razão da ausência
de diretrizes específicas para o
desenvolvimento de cada uma das etapas que
compõem o EIA, com isto cada estudo dá
importância diferente desenvolvendo-os com
distintos graus de dedicação.
A Resolução n.º. 237 do CONAMA, foi
publicada com a finalidade de contornar esta
situação. Além disso, deve-se levar em
consideração que os levantamentos realizados
e que compõem aqueles que são necessários
para a elaboração do projeto, não são, na
maioria dos casos, incorporados aos
levantamentos do meio físico.
Como forma de diminuir os problemas
mencionados é necessário um esforço dos
órgãos ambientais, através da criação de
diretrizes específicas para o desenvolvimento
de cada uma das etapas que compõem o EIA.
A realização de auditorias ambientais em
usinas hidrelétricas, para verificação da
conformidade legal, do sistema de gestão
ambiental, e verificação dos impactos
ambientais relacionados a determinadas
práticas de construção e operação de usinas
hidrelétricas poderia ser uma das práticas a
serem seguidas.
5. BIBLIOGRAFIA
ABGE, Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia (1998) – Geologia de
Engenharia Barragens e Reservatórios pp.
415,416.
CONAMA, Conselho Nacional do Meio
Ambiente(1984– 1997) - Resoluções
CONAMA, op.cit. pp. 35-26 ,art. 6º .
ELETROBRÁS, MME – Ministério de Minas
e Energia e DNAEE – Departamento
Nacional de Águas e Energia Elétrica
(1997) Manual para Estudos de Inventário
Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas.
Goldsmith Edward, Hildyard Nicholas (1996)
– The Social and Environmental Effects of
Large Dams, Sierra Club Books San
Francisco, 51-119,231-331pp.
IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Naturais Renováveis
(1996). Termos de Referência para
EIA/RIMA de Usinas Hidrelétricas –
brochura
JÁCOMO, Alarico Antônio Cristino (1993)–
Zoneamento Ecológico Econômico como
Instrumento de Ordenação do Território - I
Congresso Brasileiro de Ciências
Ambientais, COPPE/UFRJ.
6. AGRADECIMENTOS
Este informe técnico sintetiza o trabalho
realizado durante três anos por técnicos do
IBAMA com o objetivo de otimizar os
estudos/levantamentos de impactos
ambientais de usinas hidrelétricas,
principalmente quanto ao meio físico.
Gostaríamos de registrar a colaboração
destes técnicos, na elaboração dos Termos
de Referência produzidos ou revistos neste
período e das diversas empresas nas
discussões realizadas

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