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Direito Previdenciário para o INSS – Técnico do Seguro Social Professor: Kerlly Huback Aulas: 11 a 14 Prof. Kerlly Huback Pág. 1 1 Carência de reingresso (continuação) Pessoal, como vimos, quando o segurado deixa de contribuir, ele não perde de pronto a proteção previdenciária, pois o legislador concede-lhe proteção extra. É o chamado Período de Graça, previsto no art. 15 da Lei 8.213/1991. No entanto, superado o prazo legal, a consequência é a caducidade dos direitos inerentes à qualidade de segurado, ou seja, se ocorrer um infortúnio como doença, morte etc., o segurado ou seu dependente não terão direito ao benefício correspondente. Com a retomada das contribuições, o segurado readquire sua qualidade no RGPS, mas é possível que não faça direito a certas prestações por ausência de carência de reingresso. Exemplificando: segurado contribuiu por 50 meses, parou de contribuir, entrou em Período de Graça e perdeu a qualidade. Volta a contribuir. Dois meses depois, fica acometido de doença incapacitante. Não terá direito ao auxílio-doença porque precisaria da carência de reingresso de 4 contribuições mensais (1/3 x 12) para poder contar, para efeito de carência, com as contribuições anteriores à perda da qualidade de segurado, conforme dispõe o art. 24, parágrafo único, da Lei 8.213/1991. Mas a carência de reingresso é necessária para qualquer benefício que dependa de período de carência? Não, pois há norma específica, prevista no art. 3º da Lei 10.666/2003, nesses termos: Art. 3o A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial. § 1o Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Em bom português, se alguém verteu contribuições e perdeu a qualidade de segurado, não será preciso cumprir a carência de reingresso (regra do 1/3 ). Imagine que Maria contribuiu por 28 anos para a Previdência Social, deixou de contribuir e perdeu a qualidade. Se voltar a contribuir, precisará de apenas 2 anos de contribuição para aposentar-se por tempo de contribuição. Se a regra do 1/3 fosse exigida, precisaria contribuir por 5 anos após o reingresso (ao invés de 2 anos), pois 1/3 de 180 (a carência para aposentadoria por tempo de contribuição) corresponde a 60 contribuições (5 anos). Com a regra atual do art. 3º da Lei 10.666/2003, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. 2 Renda mensal do benefício A renda mensal inicial (RMI) é o montante do benefício, isto é, seu valor, quantum. Se um segurado diz que passou a receber, p. ex., R$ 2.000 de aposentadoria por idade, R$ 2.000 é a RMI do benefício. Para sua apuração, a depender da espécie do benefício, é preciso calcular uma média do histórico contributivo, denominada salário-de-benefício (SB). Uma vez apurado o SB, sobre este valor aplica-se um coeficiente, segundo a fórmula: RMI = SB x %. O percentual depende da espécie de benefício, de seguinte forma: Benefício Coeficiente Aposentadoria por tempo contribuição Aposentadoria Especial Aposentadoria por Invalidez 100% Aposentadoria por Idade 70% + 1% grupo 12 contribuições (máx. 30%) Auxílio-doença 91% Auxílio-acidente 50% Prof. Kerlly Huback Pág. 2 Exemplificando: uma trabalhadora acidenta-se e fica incapaz para sua atividade, passando a usufruir do auxílio-doença. Apurado o SB, digamos que atingiu R$ 1.000. Este não é o valor do benefício. De fato, o SB é tão somente um meio para o cálculo da RMI. Para esse benefício, há que aplicar o coeficiente de 91%. Logo, o valor do auxílio-doença será de R$ 910 (1.000 x 91%). Para os demais benefícios que não contam da tabela acima, há um cálculo particular, que não depende da apuração do SB. 3 Salário-de-benefício A forma de apuração do SB sofreu enorme alteração com a Lei 9.876/1999. Desde então, consiste (art. 29, Lei 8.213/1991): • para aposentadoria por tempo de contribuição e por idade: na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; • para auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez e especial: na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. Se você observou bem, a diferença é que para aposentadoria por tempo de contribuição e por idade, à média aplica-se o fator previdenciário; para os demais, o SB considera apenas a média. Observo que os que já estavam filiados ao RGPS em data anterior à publicação da Lei 9.876/1999, a média retroage até, no máximo, julho de 1994. 4 Fator previdenciário O fator previdenciário é um artifício para desestimular aposentadoria precoce, por meio da redução do valor do benefício. É calculado considerando-se a idade (ID), a expectativa de sobrevida (ES) e o tempo de contribuição (TC) do segurado ao se aposentar, segundo essa fórmula: � = �� � 0,31�� × �1 + � �� + �� � 0,31 100 �� A expectativa de sobrevida (ES) do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pelo IBGE, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos. Até 1º de dezembro de cada ano é divulgada a tábua de mortalidade que será utilizada até a próxima seja publicada. A tabela utilizada nos benefícios concedidos a partir de 02 de dezembro de 2013 é essa: Idade Expectativa de Sobrevida Idade Expectativa de Sobrevida Idade Expectativa de Sobrevida Idade Expectativa de Sobrevida Idade Expectativa de Sobrevida Idade Expectativa de Sobrevida 0 74,6 14 62,1 28 49,2 42 36,5 56 24,7 70 14,6 1 74,8 15 61,2 29 48,3 43 35,6 57 23,9 71 14,0 2 73,8 16 60,2 30 47,4 44 34,7 58 23,2 72 13,4 3 72,9 17 59,3 31 46,5 45 33,9 59 22,4 73 12,8 4 71,9 18 58,3 32 45,5 46 33,0 60 21,6 74 12,2 5 71,0 19 57,4 33 44,6 47 32,1 61 20,9 75 11,6 6 70,0 20 56,5 34 43,7 48 31,3 62 20,1 76 11,1 7 69,0 21 55,6 35 42,8 49 30,4 63 19,4 77 10,6 8 68,0 22 54,7 36 41,9 50 29,6 64 18,7 78 10,0 9 67,0 23 53,8 37 41,0 51 28,8 65 18,0 79 9,6 10 66,0 24 52,8 38 40,1 52 27,9 66 17,3 80+ 9,1 11 65,1 25 51,9 39 39,2 53 27,1 67 16,6 Prof. Kerlly Huback Pág. 3 Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado serão adicionados: I - cinco anos, quando se tratar de mulher; II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio; III - dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. 5 Exercícios Vamos testar o que você aprendeu? 1. (Técnico INSS – 2012 – FCC) O salário de benefício serve de base de cálculo da renda mensal do benefício. Para os segurados inscritos na Previdência Social, até 28/11/1999, calcula-se (A) o auxílio-doença, pela média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês, correspondentes a oitenta por cento do período contributivo decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário. (B) a aposentadoria especial, pela média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês, correspondentesa oitenta por cento do período contributivo decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário. (C) a aposentadoria por tempo de contribuição, pela média aritmética simples dos oitenta por cento maiores salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês, de todo o período contributivo, decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário. (D) as aposentadorias por idade e tempo de contribuição, inclusive de professor, pela média aritmética simples dos oitenta por cento maiores salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês, de todo o período contributivo, decorrido desde julho de 1994. (E) o auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pela média aritmética simples dos maiores salários- de-contribuição corrigidos mês a mês, correspondentes a cem por cento do período contributivo, decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário. Resposta: “c”. 2. (Técnico INSS – 2012 – FCC) Em relação ao valor da renda mensal dos benefícios, é correto afirmar que (A) o auxílio-doença corresponde a 100% (cem por cento) do salário de benefício. (B) a aposentadoria por invalidez corresponde a 91% (noventa e um) por cento do salário de benefício. (C) a aposentadoria por idade corresponde a 70% (setenta por cento) do salário de benefício. (D) a renda mensal da aposentadoria especial não está sujeita ao fator previdenciário. (E) a renda mensal da aposentadoria por tempo de contribuição não está sujeita ao fator previdenciário. Resposta: “d”. 12 64,1 26 51,0 40 38,3 54 26,3 68 15,9 13 63,1 27 50,1 41 37,4 55 25,5 69 15,2 Prof. Kerlly Huback Pág. 4 Por hoje é só, minha gente. Abraços Kerlly Huback sgc_inss_2014_tecnico_direito_previdenciario_11_a_14_capa sgc_inss_2014_tecnico_direito_previdenciario_11_a_14
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