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20 Propriedades a serem consideradas no projeto estrutural: •Densidade; (já comentado) •Umidade; (já comentado) •Rigidez; •Resistência. Rigidez: Depende em particular do módulo de elasticidade (E) da espécie de madeira. Este módulo de elasticidade, varia conforme a direção da solicitação em relação às fibras (ou traqueídes) da madeira, ou seja, E0 – para direção paralela às fibras e E90 – para direção perpendicular às fibras). Para efeito de cálculos, na ausência de ensaios de caracterização da madeira na direção perpendicular às suas fibras considera-se: 090 20 1 EE � Caracterização das resistências da madeira serrada: •Valores obtidos em ensaios de caracterização de espécies; •Valores de resistências fornecidos pela NBR 7190/1997; •Valores fornecidos para a classe de resistência a que a espécie pertence. Regra Geral: Os valores das propriedades de resistência e elasticidade da madeira apresentados pela NBR 7190/97, dizem respeito à umidade padrão de referência de 12%. Caso alguma propriedade seja obtida por ensaios de laboratório com teores de umidade (10%<U<20%), deve-se fazer a correção pelas expressões seguintes: 21 � � � � �� � � ��� �� � � ��� 100 12%21 100 12%31 %12 %12 UEE Uff U U Variação da resistência e do módulo de elasticidade (E) da madeira com o seu peso específico (Walter Pfeil): Variação de resistência à compressão (fc) e módulo de elasticidade (E), com o peso específico para madeiras nacionais – U = 15% 22 Caracterização Completa: É recomendada para espécies de madeira não conhecidas, e consiste na determinação de todas as suas propriedades: •Resistência à compressão paralela às fibras (fc0); •Resistência à tração paralela às fibras (ft0); •Resistência à compressão perpendicular às fibras (fc90); •Resistência à tração perpendicular às fibras (ft90); •Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fv0); •Densidade básica e densidade aparente. Caracterização Mínima: É recomendada para espécies de madeira pouco conhecidas, e consiste na determinação de todas as suas propriedades: •Resistência à compressão paralela às fibras (fc0); •Resistência à tração paralela às fibras (ft0); •Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fv0); •Densidade básica e densidade aparente. OBS: No caso da impossibilidade da execução dos ensaios de tração, admite-se este valor igual ao da resistência à tração na flexão (ftM). 23 Valores característicos das propriedades da madeira: A realização de ensaios de laboratório para a determinação das propriedades da madeira fornece, com base na análise estatística dos resultados, valores médios (Xm). Estes valores médios devem ser transformados em valores característicos (Xk). 12,12, 7.0 mk XX � O índice 12 refere-se à umidade de 12% 1.1 1 2 ... 2 2 1 2 21 � � �� � � � � � � ��� � � n n k Xn XXX X •n deve ser, no mínimo 6 para caracterização simplificada e 12 para caracterização mínima. •Os resultados devem ser colocados em ordem crescente (X1< X2<... <Xn), desprezando o valor mais alto se o número de CP for ímpar. •Xk não deve ser inferior a X1 e nem a 0.7 Xm. Caracterização Simplificada: Pode ser feita com base nos ensaios de compressão paralela às fibras, adotando-se as seguintes relações: •fc0/ft0=0,77 •ftM/ft0=1,0 •fc90/fc0=0,25 •fv0/fc0=0,15 (para coníferas) •fv0/fc0=0,12 (para dicotiledôneas) 24 Classes de resistência: Visando-se a padronização, a NBR 7190/1997 adota o conceito de classes de resistência, permitindo a utilização de várias espécies com propriedades similares em um mesmo projeto. O lote deve ter sido classificado e o revendedor deve apresentar certificados de laboratórios idôneos para um determinado lote. 60050014500630C30 5504508500525C25 5004003500420C20 Densap (kg/m3) Densbas (kg/m3) Ec0,m (MPa) fvk (MPa) fc0k (MPa) Classe Tabela 3 – Coníferas – madeiras macias (U=12%) 95075019500640C40 100080024500860C60 80065014500530C30 6505009500420C20 Densap (kg/m3) Densbas (kg/m3) Ec0,m (MPa) fvk (MPa) fc0k (MPa) Classe Tabela 4 – Dicotiledôneas – madeiras duras (U=12%) 25 Valores de cálculo das propriedades da madeira: Os valores característicos das propriedades da madeira permitem que se obtenham os valores de cálculo Xd, empregando-se o coeficiente de modificação (Kmod) e o coeficiente de minoração das propriedades da madeira (�w ). w k d XKX �mod � 3mod,2mod,1mod,mod KKKK ��� Kmod,1 – classe de carregamento e tipo de material empregado; Kmod,2 – classe de umidade e tipo de material empregado (0.65 para madeira submersa); Kmod,3 – categoria da madeira utilizada. 1,101,10Instantânea 0,900,90Curta duração 0,650,80Média duração 0,450,70Longa duração 0,300,60Permanente Madeira recomposta Madeira serrada, laminada, colada ou compensada Classes de carregamento Tabela 5 –Valores de Kmod,1 26 Tabela 6 – Classes de umidade >25%Uamb>85%4 18%75%<Uamb<85%3 15%65<Uamb<75%2 12%<65%1 (padrão) Umidade da madeira Umidade relativa do ambiente Classes de umidade Tabela 7 – Valores de Kmod,2 0,90,8(3) e (4) 1,01,0(1) e (2) Madeira recomposta Madeira serrada, laminada, colada ou compensada Classes de umidade Categorias de Madeiras: 1a categoria – Peças isentas de defeitos; 2a categoria – Peças com poucos defeitos; 3a categoria – Peças com muitos defeitos (nós em ambas as faces, não pode ser utilizada como estrutura permanente). Ec0,ef = KmodEc0,m (Para o módulo de elasticidade) Kmod,3 – Considera-se o valor 1.0 para madeiras de 1a categoria e 0.8 para madeiras de 2a categoria. 27 Coeficientes de ponderação: 8,1 8,1 4,1 � � � wv wt wc � � � Compressão paralela às fibras Tração paralela às fibras Cisalhamento paralela às fibras OBS: Para verificação de estados limite de utilização (verificação de flechas), adota-se o valor básico de 1,0 Exemplo 3.1: Determinar o valor característico da resistência à compressão paralela às fibras (fc0,k) de um lote de madeira na espécie Canafístula. Para este lote, foram efetuados ensaios de compressão paralela às fibras em doze CPs com teor de umidade de 12%, tendo sido obtidos os seguinte valores: 50.112 58.111 58.010 43.09 34.98 38.67 54.96 59.65 64.74 61.93 43.02 56.71 fc0 (MPa)CP 28 Solução: n/2 = 6 menores valores MPaf kc 8,311,19,54 1 2 12 1,500,430,436,389,342,0 � � � �� � � � � � � ���� � 1,1 1 2 ... 2 2 1 2 21 � � �� � � � � � � ��� � � n n k Xn XXX X MPaff kckc 4,364,360,527,0 9,34 ,0,0 �� � � �� � � �� � Menor valor dos ensaios Valor médio 64.74 61.93 59.65 58.111 58.010 56.71 54.96 50.112 43.09 43.02 38.67 34.98 fc0 (MPa)CP Valor Médio = 52,0 MPa 29 Exemplo 3.2: Determinar os valores de cálculo para a resistência à compressão paralela às fibras (fc0,d) e ao cisalhamento (fv0,d) para a espécie Eucalipto Citriodora, com base nos resultados fornecidos na Tabela 1, do Anexo E, da NBR 7190/97. Considerar madeira serrada, de segunda categoria, classe de umidade 2 e carregamento de longa duração. Solução: Da Tabela E.1 da NBR 7190/97, obtém-se os valores médios para as resistências fc0,m = 62,0 MPa, então fc0,k = 0,7 fc0,m = 0,7(62,0) = 43,2MPa fv0,m = 10,7 MPa, então fv0,k = 0,7 fv0,m = 0,7 (10,7) = 7,5MPa Kmod,1 = 0,7 (madeira serrada, carregamento de longa duração) Kmod,2 = 1,0 (madeira serrada, classe de umidade 1 ou 2) Kmod,3 =0,8 (segunda categoria) Kmod = Kmod,1 Kmod,2 Kmod,3 = 0,56 MPa f Kf MPa f Kf wv kv dv wc kc dc 3,2 8,1 5,756,0 3,17 4,1 2,4356,0 ,0 mod,0 ,0 mod,0 ��� ��� � � 30 Exemplo 3.3: Determinar os valores de cálculo para a resistência à compressão paralela às fibras (fc0,d) e ao cisalhamento (fv0,d) bem como o valor efetivo do módulo de elasticidade na direção paralela às fibras (Ec0,ef) para a classe C-60 (dicotiledônea). Considerar madeira serrada, de segunda categoria, classe de umidade 2 e carregamento de longa duração. Solução: Das tabelas anteriores, para a Classe C-60 (dicotiledônea), colhemos os valores seguintes: fc0,k = 60,0 MPa fv0,k = 8,0 MPa Ec0,m = 24500 MPa Kmod = Kmod,1 Kmod,2 Kmod,3 = 0,56 (ver exemplo anterior) MPa f Kf MPa f Kf wv kv dv wc kc dc 5,2 8,1 0,856,0 0,24 4,1 6056,0 ,0 mod,0 ,0 mod,0 ��� ��� � � E efc ,0 � MPa137202450056,0 �� 31 4.4. ConsideraConsideraçções sobre aões sobre açções e seguranões e segurançça em a em projetos de estruturas de madeiraprojetos de estruturas de madeira Estados Limites Últimos: •Perda do equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura como corpo rígido; •Ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais; •Transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático; •Instabilidade por deformação; •Instabilidade dinâmica (ressonância). Estados Limites de Utilização: •Deformações excessivas que afetam a utilização normal da construção, comprometem seu aspecto estético, prejudicam o funcionamento de equipamentos ou instalações, causam danos aos materiais de acabamento ou às partes não estruturais da construção; •Vibrações de amplitude excessiva que causam desconforto aos usuários ou causem danos à construção ou ao seu conteúdo. Ações nas Estruturas de Madeira: Ações permanentes: Apresentam pouca variação durante praticamente toda a vida da construção; Ex.: Peso próprio da madeira, forrações, telhas, etc. •Ações variáveis (sobrecargas): Ao contrário das ações permanentes, apresentam variação significativa durante a vida da construção; Ex.: Manutenção, vento, fuligem, etc. •Ações excepcionais: Apresentam duração extremamente curta, com baixa probabilidade de ocorrência, durante a vida da construção. Ex.: Impacto 32 Peso próprio: Depende da densidade (peso específico) da madeira utilizada (na umidade de 12%). Deve ser estimado para fins de cálculos iniciais e não deve diferir mais que 10% para mais ou para menos do que foi admitido para os cálculos preliminares; Sobrecargas: São fixadas pelas seguintes normas: •NBR 6120/1980 – Cargas para o cálculo de estrutura de edificações; •NBR 7187/1987 – Projeto para execução de pontes de concreto armado e protendido; •NBR 7188/1982 – Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestres; •NBR 7189/1983 – Carga móvel para projeto estrutural de obras ferroviárias. Vento: A ação do vento deve ser determinada de acordo com os procedimentos da norma NBR 6123/1988 – Forças devidas ao vento em edificações. 33 Combinações de Ações: � � �� � � ���� �� �� n j kQjjkQQkGi m i Gid FFFF 2 ,0,1, 1 �� Combinação de ações para os estados limites últimos – Combinações últimas normais: � � �� � � ��� �� �� n j kQjjkGi m i utid FFF 2 ,2, 1 , Combinação de ações para os estados limites de utilização – Combinações de longa duração: Onde: G� - Coeficiente para as ações permanentes; Q� - Coeficiente para as ações variáveis; 0� - Fator de combinação para as ações variáveis secundárias; 2� - Fator de combinação para ações variáveis em deslocamentos (flechas); kGiiF , � � kQF ,1 � � kQjF , - Cargas permanentes; - Ação variável de base para a combinação estudada; Quando representar a ação variável principal, a ação do vento deverá ser multiplicada por 0,75. - Ação variável usada em combinação com a ação de base 34 Tabela 8 - Coeficientes para ações permanentes (pequena variabilidade): 1.01.1Excepcionais 1.01.2Construção 1.01.3Normais FavoráveisDesfavoráveisCombinações G� Tabela 10 - Coeficientes para ações variáveis: 01.0Excepcionais 1.01.2Construção 1.21.4Normais FavoráveisDesfavoráveisCombinações Q� Tabela 9 - Coeficientes para ações permanentes (grande variabilidade): 0.91.2Excepcionais 0.91.3Construção 0.91.4Normais FavoráveisDesfavoráveisCombinações NBR 7190/97 – Esta tabela considera que o peso próprio dos elementos de madeira não superior a 75% do somatório das cargas permanentes G� 35 Tabela 11 -Fatores de combinação e de utilização :� 0,40,60,7 Locais onde há predominância de pesos de equipamentos fixos ou elevada concentração de pessoas 0,40,60,8Pontes ferroviárias 0,20,40,6Pontes rodoviárias 0,20,30,4Pontes de pedestres � 2� 1� 0Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos 0,60,70,8Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,20,30,4 Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos ou elevada concentração de pessoas � 2� 1� 0Cargas acidentais dos edifícios 00,20,5Pressão dinâmica do vento 0,30,50,6Variações uniformes de temperatura em relação àmédia anual local � 2� 1� 0Ações em estruturas correntes 36 Exemplo 4.1:Uma treliça utilizada na estrutura de cobertura de um galpão industrial está sujeita à ação permanente (peso próprio e outras sobrecargas permanentes), à ação do vento (sobrepressão e sucção) e a uma ação decorrente da movimentação de equipamentos, para a qual se utiliza uma talha. Uma barra da mencionada treliça está submetida aos esforços normais originados das mencionadas ações. Pede-se que se determine os valores de cálculo dos esforços de compressão e de tração que ocorrem na barra em questão. -6kN (Talha) -12,5kN (Vento Sobrepressão) 14kN (Vento Sucção) -12kN (Cargas Permanentes) -5kN (Peso Próprio) � � �� � � ���� �� �� n j kQjjkQQkgi m i gid FFFF 2 ,0,1, 1 �� � � 75.030.0125 5 �� � kNkN kN (Grande variabilidade) •Compressão – Vento como ação de base: � � � � � �� � kNFd 3,4064,05,1275,04,11254,1 ��������� •Compressão – Talha como ação de base: � � � � � �� � kNFd 0,415,125,064,11254,1 ��������� •Tração – Vento como ação de base: � � � �� � kNF d 6,01475,04,11259,0 ������� •Tração – Sem considerar o coeficiente redutor de 0,75 no vento: � � � � kNFd 3,4144,11259,0 ������ Resumo: 41,0kN (compressão) 4,3kN (tração) 37 Exemplo 4.2: Determinar os valores de cálculo do momento fletor e do esforço cortante para a viga, submetida às seguintes ações: •Ação permanente: g=2kN/m (considerada de grande variabilidade) •Ação variável: q=3kN/m Esta ação não deve ser disposta em posições que provoquem diminuição no efeito do momento que será calculado, assim sendo, temos como condição mais desfavorável: Solução: 1) Esfor1) Esforçços para aos para açção permanente:ão permanente: 2) Esfor2) Esforçços para aos para açção varião variáável:vel: 38 3) Combina3) Combinaçção dos esforão dos esforçços:os: kNmMd 4,12)61,625,2(4,1 ��� � � � �� � � ���� �� �� n j kQjjkQQkgi m i gid FFFF 2 ,0,1, 1 �� kNmMd 0,14)64(4,1 ��� � kNVd 18,19)7,85(4,1 ��� 39 5.5. CritCritéérios de Dimensionamentorios de Dimensionamento Dimensões mínimas: a área mínima das seções transversais deve ser de 50cm2, e a espessura mínima de 5cm. Nas peças secundárias esses limites reduzem-se para 18cm2 e 2,5cm. No caso de peças múltiplas a área mínima da seção transversal de cada elemento que compões a peça deve ser de 35cm2 e a espessura de 2,5cm.Nas peças secundárias múltiplas, este limites são reduzidos para 18cm2 e 1,8cm. No caso de elementos estruturais comprimidos (por exemplo pilares), o comprimento máximo não pode ultrapassar 40 vezes a dimensão transversal correspondente ao eixo de flambagem. Nos elementos tracionados (por exemplo tirantes), este limite sobe para 50 vezes. Peças com seção transversal circular: As peças de seção circular podem ser consideradas como se tivessem seção quadrada, de área equivalente. As peças de seção circular variável podem ser calculadas como se tivessem seção constante, igual àquela situada a uma distância de extremidade mais delgada igual a 1/3 do comprimento total, não se considerando um diâmetro superior a 1 ½ vezes o diâmetro nessa extremidade.
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