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Resenha: Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda (Cap. 5 e 6)

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Resenha: Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda (Cap. 5 e 6) 
Thayná Silveira Soares (18/0010492)
A presente resenha apresenta sucintas observações sobre a obra de Sérgio Buarque de Holanda intitulada Raízes do Brasil publicada pela primeira vez em 1936, que consiste em uma análise sobre a mentalidade econômica, social, cultural, etc. do Brasil trazidas de forma sincera e discreta pelo autor. 
A obra trata da sociedade tradicional brasileira na época e dos novos rumos políticos que o país estava começando a incidir. Traz ainda uma visão diferenciada do que era o Brasil e o que haveria de ser com base na história do Brasil Colônia – período este que é retratado por ser violento e desorganizado socialmente - e os problemas que daí se originaram. 
Holanda trata o brasileiro daquela época como um “homem cordial” cercado pela emoção e com dificuldades em seguir os mandamentos das leis de forma a satisfazer a ordem social que deveria ser estabelecida. Pode-se dizer que é um livro que inovou ao examinar a identidade do Brasil como ente nacional por meio da busca dos sentimentos mais interiores e profundos do homem brasileiro.
Neste trabalho, tem-se a análise apenas dos capítulos cinco e seis da referida obra.
Logo no início do capítulo cinco – O Homem Cordial, o autor critica o Estado ao falar que este não consiste em uma “ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo.” (p. 141)
Para o autor, é uma tarefa difícil para quem exerce “função” pública diferenciar o público do privado. A dificuldade que o brasileiro tem de se afastar do que aparenta ser familiar acaba por gerar o dito “homem cordial” que é visto até mesmo em ambiente externo ao território brasileiro como tal.
Portanto, é esta mesma característica do homem cordial que faz com que trate a pessoas até mesmo desconhecidas como se fossem próximas, um exemplo disso, para o autor, seria a utilização de apelidos com o objetivo de familiarizar as pessoas entre si. 
Em uma análise mais concreta, afirma o autor que este posicionamento do homem cordial em se familiarizar com os outros e a forma com vive/convive em sociedade é um meio de expressar sua liberdade em combinação com o medo em conviver com seu interior e em solidão.
Para explanar sua ideia, Holanda cita Nietzsche: “Vosso mau amor de vós mesmo vos faz do isolamento um cativeiro”. (p. 147). Seguindo nessa ideia de intimismo, o autor faz referência a religião católica, onde tratam-se os santos/santas com tamanha intimidade que beira ao desrespeito. 
Como forma de exemplificar sua assertiva, o autor fornece a seguinte afirmação: “A popularidade, entre nós, de uma santa Teresa de Lisieux — santa Teresinha — resulta muito do caráter intimista que pode adquirir seu culto, culto amável e quase fraterno, que se acomoda mal às cerimônias e suprime as distâncias.” (p.149)
Por fim, para concluir, faz menção a um comentário de Auguste de Saint-Hilaire que observou na celebração da Semana Santa de 1822 o comportamento dos fiéis praticamente sem interesse nas pregações e quase sem devoção ou fé alguma ao receber das mãos do bispo a comunhão e voltarem a conversar antes e após este fato. 
Sendo assim, finda o capítulo com a seguinte frase, que até mesmo nos dias atuais se encaixa com perfeição ao comportamento do homem brasileiro: “A vida íntima do brasileiro nem é bastante coesa, nem bastante disciplinada, para envolver e dominar toda a sua personalidade, integrando-a, como peça consciente, no conjunto social. Ele é livre, pois, para se abandonar a todo o repertório de ideias, gestos e formas que encontre em seu caminho, assimilando-os frequentemente sem maiores dificuldades.” (p. 151)
Ao iniciar o sexto capítulo da obra – Novos Tempos, Holanda demonstra o quanto o homem tem dificuldade em pensar além de si mesmo, o que caracteriza uma individualidade extrema. Como corolário disso, o homem se torna ocioso a atividades que demandam muito esforço físico. 
Como consequência da falta de interesse e vontade em exercer um cargo ou amor a profissão, tem-se vários profissionais que encontram sua vocação por acidente ou pelo retorno financeiro. O autor afirma que os brasileiros não se tratam de homens de suas profissões e sim pessoas que apenas almejam um cargo superior de forma rápida sem querer ter exercido antes um cargo inferior que o insira neste meio. 
Afirma o autor que nessa época, profissionais liberais – como médicos e advogados- eram prestigiados pelo papel social e econômico que desempenhavam sem se importarem com o retorno social que sua profissão poderia fornecer a população ou a real “missão” que cada classe profissional deveria cumprir para ser útil socialmente. 
É de suma importância destacar a crítica feita pelo autor em relação as posições de bacharéis, doutores e possuidores de cargos públicos que representam o conceito de sabedoria para o brasileiro por serem detentores de estabilidade e condições monetárias. 
Ainda, cumulado a isso, relata Holanda que o Brasil seria um adolescente em termos de política e que a democracia brasileira não passa de mero mal entendido por ser levada para o Brasil sem se ter pensado nas modificações que a sociedade faria e passaria em decorrência disso.
Dessa forma, nota-se que uma classe dominante tratou de transformá-la no que mais lhe convinha e atendia aos seus interesses sociais e econômicos pois na maioria das lutas travadas no período não houve participação ou adesão popular ao ato.
Com isso, nota-se que a mentalidade da sociedade brasileira está atrelada às ideias conservadores e imperiais como a noção de que talento é nato, ou seja, nasce com o indivíduo e que “falar bonito” traduz a ideia de intelectualidade. 
Por fim, conclui o capítulo afirmando que é um fato ilusório dizer que os pensamentos coloniais estão em decadência no país, mas afirma que a sensibilidade do brasileiro sobre estes está se acabando. 
Atesta, ainda, o autor, que o Brasil dispôs e ainda dispõe “a ideia de que o país não pode crescer pelas suas próprias forças naturais: deve formar-se de fora para dentro, deve merecer a aprovação dos outros.” (p. 166)

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