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MOD1 - UA1 - Sociologia Jurídica -00-04

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U N I D A D E 1
SOCIOLOGIA
JURÍDICA
P E R S P E C T I V A S S O C I O L Ó G I C A S D O D I R E I T O
LUIZ AUGUSTO COSTA
 
 
AUTOR
APRESENTAÇÃO
Conceituar o Direito na concepção sociológica; 
Estabelecer a distinção entre as normas de conduta em geral e as normas de
Direito;   
Analisar a funcionalidade do Direito na vida social;   
Identificar o Direito como instrumento de controle social e compreender a
norma jurídica como forma de prevenir e compor conflitos; 
Compreender e criticar as diferentes formas de composição do conflito.
Sejam bem-vindos!
 Nesta primeira unidade o nosso enfoque é estudar as relações entre o Direito e a
Sociedade sob um olhar sociológico, pelo qual a Sociologia Jurídica conceitua o
Direito e examina a influência dos fatores sociais sobre este e suas incidências na
sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o social e o jurídico,
concretizando uma leitura externa do sistema jurídico. 
 Em outras palavras, vamos examinar as causas, os fatos (sociais) e os efeitos
(sociais) das normas jurídicas quando de sua aplicação. Vamos perceber que o
objeto de análise da Sociologia Jurídica e Judiciária é a "realidade jurídica", na
tentativa de responder a questões fundamentais, como por exemplo, o porquê da
existência do sistema jurídico ou quais são as consequências do direito na vida
social. Assim, iremos estudar as relações entre o direito e a sociedade em três
momentos: a produção, a aplicação e a decadência da norma, bem como os
aspectos sociológicos da norma na perspectiva tridimensional do direito, na
concepção do jurista Miguel Reale.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
Ao Final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes
aprendizados:
01
Olá, estudantes. Sejam muito bem-vindos à nossa jornada de aprendizagem! 
Meu nome é Luiz Augusto Costa. Sou formado em Direito, Especialista em Direito
Constitucional e, agora, assumi um novo desafio para iniciar o Mestrado em Direito.
Tenho mais de 10 anos de experiência na docência. Além de ser apaixonado pela
área jurídica, sempre busco me manter atualizado sobre as novidades do mundo
jurídico. 
Na minha carreira enquanto professor, já tive a oportunidade de trabalhar em
projetos incríveis ao lado de equipes multidisciplinares, o que me permitiu
desenvolver habilidades importantes como professor de disciplinas presenciais no
Curso de Direito e, também no Ensino à Distância enquanto professor conteudista e
tutor na Universidade Estadual de Goiás. Além disso, sou uma pessoa dedicada,
proativa e sempre busco soluções para os desafios que se apresentam. 
Atualmente, recebi esta grande oportunidade do Núcleo de Educação à Distância -
NEAD - Centro Universitário ICESP. Percebo que este momento me proporcionará
continuar crescendo profissionalmente e contribuir para o sucesso no aprendizado
de todos os nossos alunos. Acredito que minhas habilidades, experiência e
conhecimentos podem ser valiosas para contribuir com todos vocês. Estou
convencido de que teremos, ao longo do nosso estudo, muitas experiências para
trocar. Além de conteudista, também serei o vosso tutor. Então, estaremos
semanalmente juntos. Seja este semestre de bastante aprendizado. 
Professor Conteudista e Tutor: Luiz Augusto Costa
CONHEÇA O 
CONTEUDISTA
LUIZ AUGUSTO COSTA
02
UNIDADE 1
03
Introdução
 A relação entre o Direito e a Sociedade sob um olhar sociológico é uma relação
complexa e dinâmica. O Direito é visto como um elemento crucial para a
organização e regulamentação da sociedade, pois estabelece regras e normas
que definem o comportamento aceitável e os direitos e deveres de seus
membros.
De um lado, a sociedade influencia a forma como o Direito é criado e aplicado. As
necessidades e valores sociais mudam ao longo do tempo, o que pode resultar
em mudanças na legislação. Por exemplo, a sociedade pode exigir novas leis para
proteger direitos humanos ou combater crimes. 
Por outro lado, o Direito também tem um impacto significativo na sociedade. Ele
influencia a maneira como as pessoas se relacionam umas com as outras, bem
como a distribuição de poder e recursos na sociedade. Além disso, o Direito
também pode ser utilizado para controlar comportamentos indesejáveis e
preservar a ordem social. 
Na visão sociológica, o Direito é visto como uma força social que tem o poder de
moldar a sociedade. Ele não é simplesmente uma reflexão objetiva da realidade
social, mas também é influenciado por fatores políticos, econômicos e culturais.
Por isso, a análise sociológica do Direito é importante para compreender como
ele afeta a sociedade e como a sociedade influencia o Direito.
04
SOCIOLOGIA JURÍDICA
Existe um ramo da Sociologia, denominado de Sociologia Jurídica cuja vocação é
perceber a relação existente entre duas ciências de grande importância para a
vida da sociedade (Sociologia e Direito), por tratarem das relações, dos conflitos,
das normas, do controle, enfim, de todas as ligações que possam surgir entre os
indivíduos e que necessite de normas reguladoras. 
1. CONCEITO SOCIOLÓGICO DO DIREITO 
1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS: 
Para Cavalieri Filho (2010, p.90) “... podemos conceituar a Sociologia
Jurídica como sendo a ciência que estuda o direito como fenômeno
social(ser), a fim de observar a adequação da ordem jurídica aos fatos
sociais, o cumprimento pelo povo das leis vigentes, aplicação destas pelas
autoridades e os efeitos sociais por elas(leis)produzidos(eficácia)”. 
Quanto à Sociologia Judiciária, esta tem como objeto de análise científica os atos
praticados pelos instrumentos humanos de realização do Direito (magistrados,
advogados, promotores, serventuários da Justiça, como por exemplo o ato de
julgar dos magistrados, buscando superar a visão do senso comum que enxerga
na figura do Juiz um mero agente passivo, o aplicador da lei. O estudo da
Sociologia Judiciária leva a que se perceba que não são autômatos a executar
uma programação estritamente demarcada pela lei, interpretada literalmente.
1.2. O SER HUMANO E A SOCIEDADE: DUAS REALIDADES INSEPARÁVEIS
O homem é um ser social (Aristóteles) A sociedade não é um mero somatório de
indivíduos. Sociedade: um conjunto complexo de indivíduos permanentemente
associados e equipados de padrões comuns, próprios para garantir a
continuidade do todo e a realização de seus ideais. É um conjunto de grupos
sociais inter-relacionados e em constante transformação.
1.3. DIREITO COMO MANIFESTAÇÃO DE CULTURA SOCIAL O DIREITO É
UM FENÔMENO CULTURAL. 
Só existe nas sociedades humanas. Somente a vida humana podem necessitar de
normas que a antecipem e pretendam regular, buscando a prevenção da conduta
antissocial por meio de sanção que a norma pressupõe. Cultura social – produtos
do espírito (arte, religião, ciência e filosofia), conhecimento vulgar; normas do
trato social (folkways), normas morais (mores), o próprio direito, os sistemas de
governo e as normas técnicas etc. O direito reflete a sociedade e a sociedade
reflete o direito.
O direito, se por um lado está ligado à ideia de conduta do indivíduo, de outro
também se liga à organização social. O mundo do direito é o mundo das relações
entre os indivíduos, pois na junção dessas duas noções – sociedade e indivíduo –
é que se encontra a sua razão de ser. Importante lembrar que não somente as
relações entre os indivíduos são objeto do direito, mas também aquelas que se
realizam entre o indivíduo e o grupo social, o grupo social e o indivíduo e o grupo
social em relação a outro grupo social. O direito do ponto de vista sociológico é
um fato social. A Sociologia Jurídica estuda o fato social em sua estrutura e
funcionalidade, procurando saber como os grupos humanos se organizam, se
relacionam e desenvolvem, em razão dos inúmeros fatores que atuam sobre as
formas de convivência.
Segundo Durkheim, fato social é: “toda maneira de agir ou pensar fixa ou não,
capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda que, é geral
na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria
independentedas manifestações individuais que possa ter.” (Durkheim, 1991, p.
1).
 
A preocupação da Sociologia Jurídica e Judiciária é saber até que ponto as normas
jurídicas se tornam realmente válidas, se na prática correspondem aos objetivos
dos legisladores e seus destinatários.
05
SOCIOLOGIA JURÍDICA
2. FUNÇÃO SOCIAL DO DIREITO CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2.1. SOCIALIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
Socialização
Através dela o indivíduo aprende os papéis que
assumirá na sociedade. Tais papéis implicam no
desempenho de várias obrigações que
necessitam de um controle social.
Controle Social
Visa cuidar que não se deixe de cumprir o
necessário para a manutenção do equilíbrio da
organização social. O Direito é o modo mais
formal do controle social formal.
O ser humano, por se configurar como um ser social, desenvolve um sem-número
de relações em sociedade e desempenha diversas atividades sociais. Tais
atividades assumem múltiplas formas e podem ser classificadas do seguinte
modo:
Cooperação 
Caracteriza-se pela convergência de interesses. Por exemplo, os trabalhadores de
uma fábrica em relação ao produto fabricado ou a atividade do vendedor e a do
comprador: o vendedor tem mercadorias para vender e o comprador tem
interesse em adquiri-las, precisa delas.
Concorrência 
Constata-se um paralelismo de interesses. Um em relação ao outro, em posição
de competidor ou concorrente. Por exemplo, os comerciantes de um shopping
center ou mesmo dois proprietários de prédios vizinhos: cada um deles usa sua
propriedade como quiser, sem a interferência ou colaboração do outro.
 
O importante é compreender que tanto nas atividades de cooperação como nas
de concorrência podem ocorrer conflitos de interesses. Os conflitos geram o
litígio e este, por sua vez, rompe o equilíbrio e a paz no grupo social. A sociedade
não admite o estado litigioso porque precisa de ordem, tranquilidade, equilíbrio
nas relações sociais em nome da manutenção e da sobrevivência do próprio
grupo.
06
SOCIOLOGIA JURÍDICA
2.3. A PRESENÇA DO DIREITO NA SOCIEDADE E AS ATIVIDADES DE 
 COOPERAÇÃO E DE CONCORRÊNCIA.: 
07
SOCIOLOGIA JURÍDICA
2.5. CONCEITO SOCIOLÓGICO DO DIREITO
Conjunto de normas de conduta universais, abstratas, obrigatórias e mutáveis,
impostas pelo grupo social, destinadas a disciplinar as relações externas do
indivíduo, objetivando prevenir e compor conflitos. O jurista-sociólogo analisa o
processo de criação do direito (normas jurídicas de conduta) e sua aplicação na
sociedade.
2.4. FUNÇÃO SOCIAL DO DIREITO
Que funções o direito cumpre na sociedade?
1. Preventiva - Valendo-se do disciplinamento social, estabelecendo regras de
conduta social, direitos e deveres, o direito preocupa-se em evitar ou prevenir o
conflito. O direito assume então a função social de prevenir conflitos. 
2. Função Compositiva do Direito - O conflito por vezes é inevitável, e
necessário se faz solucioná-lo. E aí está outra função social do direito: compor
conflitos, solucionando-os. Isto quer dizer que o direito identifica, arranja e
resolve os conflitos que poderiam perturbar o equilíbrio e a ordem social.
3. Controle Social - O direito é socializador em última instância. Só é necessário
quando a conduta humana já se distanciou da tradição cultural aprendida pela
educação, pela moral e religião, e alcançou o nível do ilícito, ou do crime.
4. Função de Regulação Social - Essa é uma função de tipo organizacional, na
medida em que sua finalidade última é, justamente, a organização da vida em
sociedade. Nesta função, o caráter organizador do direito conduz o
comportamento jurídico, influenciando na formação dos hábitos dos sujeitos
sociais, seu agir e suas perspectivas, e com isso evitando que venham a surgir
conflitos. Assim, os comportamentos vão se orientando no sentido recomendado
pelos modelos normativos do ordenamento jurídico.
A regulação social é possibilitada por meio do caráter persuasivo das normas
jurídicas, que trazem o poder de influenciar, condicionar e convencer os
membros de um grupo social. Caso contrário, a própria norma estabelece
sanções corretivas.
08
SOCIOLOGIA JURÍDICA
2.8. DISTINÇÃO ENTRE AS DIVERSAS NORMAS SOCIAIS CONTROLADORAS
DA CONDUTA
Essa distinção é fundamental para que o legislador possa desempenhar com
precisão sua função demarcando claramente os campos da moral, do jurídico e
do trato social, para poder proteger melhor as liberdades fundamentais do ser
humano.
2.6. NORMAS DE CONDUTA
São um enunciado que estabelece a forma pela qual deve se orientar
determinada relação social, ou seja, uma relação entre duas ou mais pessoas. Nas
relações intersubjetivas na sociedade podem ser encontradas as seguintes
normas de conduta: Norma jurídica, norma moral e norma de trato social. O
direito é um conjunto de normas de conduta que disciplinam as relações sociais,
resultado das relações entre o homem e a sociedade.
2.7. NORMA JURÍDICA, NORMA MORAL E NORMA DE TRATO SOCIAL
Norma Jurídica
Do ponto de vista formal tem por objetivo influir no comportamento de alguém
para modificá-lo. É composta de dois elementos: 1. Preceito; 2. Sanção. O
primeiro contém a regra de conduta a ser observada por seus destinatários; o
segundo, a pena (punição) a ser imposta a quem a desobedeça.
Norma Moral
Tem sua origem na consciência do indivíduo, cuja execução não é
obrigatoriamente exigível e que tende ao aperfeiçoamento do homem. Por
exemplo, as normas religiosas.
Norma de Trato Social (ou de Mera Conduta)
São padrões de conduta social, elaboradas pela sociedade que visam tornar o
ambiente social mais ameno, sob pressão da própria sociedade. Por exemplo,
usar talheres à mesa.
09
SOCIOLOGIA JURÍDICA
Para a Sociologia Jurídica – as normas de direito surgem do grupo social;   
Para os Jusnaturalistas - as normas de direito têm origem divina; 
Para os Contratualistas - as normas de direito são fruto da razão;   
Para os Historicistas - as normas de direito são derivadas da consciência
coletiva do povo;   
Para os Marxistas - as normas de direito são oriundas do Estado, para
manutenção da desigualdade entre as classes sociais.
2.10. ORIGEM DAS NORMAS DE CONDUTA JURÍDICAS
Sendo o direito um fato social, como já dito anteriormente, apresentando
características típicas do fato social, a saber: coerção, integração com os demais
setores da sociedade e representação coletiva, tudo isso, bem como seu
relacionamento concreto com os demais aspectos da realidade coletiva
constituem o objeto próprio da Sociologia Jurídica. Pode-se afirmar que o objeto
da Sociologia Jurídica busca estabelecer uma relação funcional entre a realidade
social e as diferentes manifestações jurídicas, sob forma de regulamentação da
vida social, fornecendo subsídios para suas transformações no tempo e no
espaço. Nas palavras do professor Cavalieri Filho (2010, p. 76), não há uma total
concordância entre os autores, a saber:
E. DURKHEIM:
a) Investigar como as regras jurídicas se constituiriam real e efetivamente – das
causas e dos fatos sociais e as necessidades que visam satisfazer; 
b) O modo como as normas jurídicas funcionam na sociedade.
2.11. PROVISORIEDADE E MUTABILIDADE DAS NORMAS DE DIREITO
Os defensores do Direito Natural (jusnaturalistas e contratualistas) consideram o
direito como um conjunto de princípios permanentes, imutáveis e estáveis. Para a
Sociologia Jurídica essa concepção é equivocada, pois o direito é um produto
social. Logo, se o direito deriva do grupo social não pode ser mais estável que o
próprio grupo. E o grupo, por sua vez, vive sofrendo constantes modificações.
Isso acontece porque o ser humano está sempre em permanente mudança,
muitas vezes até sem perceber.
3. OBJETO DA SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA
10
SOCIOLOGIA JURÍDICA
Observação e análise dos fatos; seu tratamento tipológico; 
Estudo da gênese das regras jurídicas e sua evolução; 
Relação do direito com outros fenômenos sociais; 
Definição pela Sociologia do Direito de seus próprios limites.
R. TREVES:
a) Estudo das normas jurídicas e dos efeitos sociaisdeles derivados; 
b) Estudo dos instrumentos humanos de realização da ordem jurídica e de suas
instituições; 
c) Estudo da opinião do público a respeito do direito e das instituições jurídicas.
E. JORION:
Para este autor a Sociologia jurídica e a Ciência do Direito seriam uma só
disciplina, cujo objeto é o fenômeno jurídico, tendo a Sociologia do Direito as
seguintes atribuições:
3.1. O ENTENDIMENTO DE EMILE DURKHEIM
Nas palavras do professor Cavalieri Filho (2010, p. 76), não há uma total
concordância entre os autores. Mas, para o sociólogo francês Emile Durkheim,
“um dos fundadores da escola sociológica do direito, seria objeto da Sociologia
Jurídica:
a) Investigar como as regras jurídicas se constituíram real e efetivamente; 
b) O modo como as normas jurídicas funcionam na sociedade (Leçons de
Sociologie, PUF, Paris, 1950).
No primeiro item estaria incluído o exame das causas que determinam o
surgimento das regras jurídicas, dos fatos sociais que as suscitam, bem como das
necessidades que visam satisfazer. Somente quando as normas estão ajustadas
aos fatos é que poderão atender aos objetivos para os quais foram elaboradas.
No segundo item procurar-se-ia saber dos resultados decorrentes da existência
da norma, isto é, se está ou não sendo aplicada, se há ou não estrutura para isso. 
PARA O LEGISLADOR - fornece os elementos sociais existentes e as relações entre
eles existentes, necessários para a elaboração de leis. Isto porque é fundamental
que o legislador esteja antenado com a realidade social para que elabore leis
ajustadas às novas realidades sociais, para que a lei não acabe se tornando logo
obsoleta ou ultrapassada;
PARA O JUIZ - possibilita a aplicação mais compatível do direito com as
necessidades sociais, pois ao assim agir poderá valer-se de uma interpretação ora
extensiva, ora restritiva, ou mesmo através da analogia, fazer o direito
acompanhar a evolução social;
PARA O ADVOGADO - comporta uma visão maior e mais real do fenômeno
jurídico. Mostra que o direito não é somente um amontoado de normas estáticas
que devem ser aplicadas independentemente de qualquer finalidade ou objetivo,
mas também um fato, a realidade social dinâmica em permanente evolução, à
qual as normas devem se acertar, senão findam perdendo sua finalidade,
tornando-se ineficazes e obsoletas.
PARA O CIDADÃO - possibilita saber-quais os limites para a atuação do direito
estatal e extra estatal diante do sistema oficial de normas, na perspectiva de sua
inclusão social e, como, a partir do conhecimento do cidadão do papel dos
diversos instrumentos humanos ligados à Justiça, conseguir a facilitação do
acesso à justiça para que grupos excluídos da sociedade atinjam um grau maior
de cidadania.
1 1
SOCIOLOGIA JURÍDICA
A autonomia da Sociologia Jurídica é
hoje reconhecida, pois é uma ciência
com objeto próprio (o direito como fato
social), métodos e leis. Antigamente essa
autonomia era questionada porque
alguns autores a enquadravam como
uma parte especial da Sociologia,
enquanto outros a confundiam como a
própria Ciência do Direito.
4. A SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA NO CAMPO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
4.1. IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA.
12
SOCIOLOGIA JURÍDICA
5. ASPECTOS SOCIAIS DO FENÔMENO JURÍDICO SEGUNDO A TEORIA
TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE.
5.1. ASPECTOS DO FENÔMENO JURÍDICO SEGUNDO A 
 TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO
Para o jusfilósofo Miguel Reale, que você conheceu quando estudou a disciplina
Introdução ao Estudo do Direito o fenômeno jurídico pode ser considerado sob
três aspectos distintos, a saber: fato, norma e valor, sendo certo que:
FATO - a Sociologia Jurídica tem o direito como fato social 
NORMA – a Ciência do Direito se preocupa com a norma 
VALOR - a Filosofia do Direito dedica-se ao direito em seu aspecto
valorativo 
Essa teoria considera que o sistema jurídico tem três dimensões: justiça, validade
e eficácia.
Porém, é importante apontar que essas três dimensões não estão isoladas, mas
se relacionam entre si. Assim, se por acaso uma sociedade considera uma lei
injusta, esta provavelmente será revogada ou permanecerá sem efeitos práticos
e, portanto, ineficaz. Dessa forma, o intérprete do direito não pode ignorar que a
falta de legitimação de uma lei em vigor pode levar à sua revogação ou à sua
ineficácia. Entretanto, o sociólogo e o filósofo do direito não são indiferentes ao
tema da interpretação do direito positivo, uma vez que necessitam conhecer o
conteúdo das normas vigentes para poder analisar a realidade e a idealidade do
direito.
Por exemplo, as leis sobre a família no Código Civil: cabe ao intérprete trabalhar
com as respectivas normas indicando quais são as condições para o casamento,
segundo a lei em vigor; por outro lado, compete ao filósofo do direito analisar a
justificação e as consequências morais e políticas da instituição do matrimônio e
da filiação, e buscar uma avaliação sobre o significado do matrimônio e da filiação
, tal como é configurado por este mesmo direito; por fim, o sociólogo do direito
examinará o impacto social das previsões legais com relação ao casamento e a
filiação, buscando, por exemplo, analisar o grau de 
conhecimento e de aceitação destas normas pela população, diante dos novos
arranjos familiares que se apresentam (uniões homoafetivas, famílias
monoparentais, etc).
13
SOCIOLOGIA JURÍDICA
5.2 DIFERENÇA ENTRE A SOCIOLOGIA JURÍDICA, A CIÊNCIA DO DIREITO 
 E A FILOSOFIA DO DIREITO
14
SOCIOLOGIA JURÍDICA
6. LITIGIOSIDADE SOCIAL E FORMAS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS
6.1. CRITÉRIOS DE COMPOSIÇÃO DOS CONFLITOS
O conflito provoca o litígio e este, por sua vez, rompe o equilíbrio e a paz social.
Do ponto de vista do funcionalismo clássico a função do direito é a de resolução
do conflito. Se o sistema social está caracterizado pela coesão social em relação a
um número de valores básicos, então o direito tem como função o
restabelecimento da paz social e do equilíbrio, quando os conflitos de interesse
os turbam. Assim, ainda que o conflito exista, será sempre produzido sob o
controle do sistema jurídico.
Atualmente é possível uma outra interpretação da função de resolução dos
conflitos. Isto porque, parte-se do pressuposto de que conflito é elemento
permanente na sociedade, isto é, que a interação social é conflituosa por si só.
Assim, há que se admitir que o direito não resolve plenamente todos os conflitos
extirpando-os do tecido social (no sentido funcionalista, fazendo com que ele
desapareça do contexto social). O que o direito pode pretender é um tratamento
jurídico aos conflitos de interesses antagônicos que surjam. O direito apresenta
ou comina regras, isto é, modelos de comportamentos próprios à decisão que o
conflito recomenda e às modalidades de acordo com as quais essa decisão pode
ser adotada.
15
SOCIOLOGIA JURÍDICA
Funcionalismo: O Dicionário de Ciências Sociais define o funcionalismo como: a
perspectiva utilizada para analisar a sociedade e seus componentes
característicos enfocando a mútua integração e interconexão deles. O
funcionalismo analisa o caminho que o processo social e os arranjos institucionais
contribuem para a efetiva manutenção da estabilidade da sociedade.
O direito quando na sua função de composição de conflitos atua, então, na
medida em que a capacidade persuasiva de suas normas reguladoras de conduta
(sua função reguladora) não determina os efeitos esperados. Aí, os interesses
antagônicos findam por não poder chegar a um acordo por si mesmos. Neste
caso, o direito indica normas para conter os conflitos. 
Ou seja, o direito não busca fazer, radicalmente, que o conflito desapareça, mas
traz para si o conflito e indica um tratamento possível, sempre mantendo-o sob
seu controle. Por fim, é relevante apontar que surgiram, nas últimas décadas, as
chamadas formas "alternativas"de resolução de conflitos, isto é, sujeitos e órgãos
que funcionam paralelamente aos órgãos jurisdicionais que o direito estatal
formalmente designou para a resolução jurídica dos conflitos.
6.2. FORMAS DE COMPOSIÇÃO DOS CONFLITOS
A) Critério de Composição Voluntária – se estabelece por mútuo acordo das
partes. Quando surge o conflito, as partes discutem entre si e o resolvem da
melhor maneira possível, através do exercício da autonomia de sua vontade. A
cliente, por exemplo, entra numa sapataria e compra um par de sandálias. Ao
chegar em casa observa que os pés da sandália possuem numeração diferente;
volta à loja, reclama ao vendedor e este, imediatamente, substitui aquele par por
outro. Houve um conflito de interesses - resolvido por meio da composição
voluntária. É a forma mais antiga de composição de conflitos que existe e está
baseada tão-somente na vontade das partes (autotutela). A autotutela possibilita
o exercício de coerção por particular, em defesa de seus interesses. Ocorre
quando o próprio sujeito busca afirmar, unilateralmente, seu interesse, impondo-
o à parte contestante e à própria comunidade que o cerca. Atualmente, o
exercício da autotutela encurtou-se, em consequência do fortalecimento do
Estado, autor das principais modalidades de coerção.
B) Critério Autoritário – cabe ao chefe do grupo o poder de compor os
conflitos de interesses que ocorrem entre os indivíduos que se encontram sob a
sua autoridade. Normalmente a autoridade lança mão do seu foro íntimo, do
próprio senso de Justiça, do que lhe guia a consciência, para desempenhar a
tarefa de compor conflitos. Forma antiga de composição de conflitos nas
sociedades antigas. Um exemplo famoso deste tipo de composição de conflitos é
a chamada justiça salomônica, eternizada na célebre fórmula usada pelo Rei
Salomão para resolver um conflito entre duas mulheres que disputavam a mesma
criança como filho. O Rei ordenou que cortassem a criança ao meio, dando uma
metade para cada mulher. Assim constatou qual era a mãe verdadeira – a que se
opôs à ordem, preferindo que seu filho, vivo, fosse entregue à falsa mãe. A
solução para o conflito ditada por Salomão teve origem em seu foro íntimo e que,
no caso, conseguiu pôr fim no conflito. Atualmente o critério autoritário é ainda
utilizado no meio familiar, quando há conflitos de interesses que surgem entre os
seus membros, filhos, parentes, empregados etc., o (a) chefe da família busca
soluções tiradas da sua vontade (seu foro íntimo), nas relações laborais. Os dois
critérios, contudo, são imperfeitos e insuficientes para resolver os conflitos de
interesses que ocorrem nas sociedades complexas. Por isso, surge um terceiro
critério de composição. 
C) Critério de Composição Jurídica – o critério é previamente elaborado e
enunciado, sendo aplicável a todos os casos que ocorrem a partir de então. A
composição jurídica surge a partir do momento em que o Estado traz para si o
monopólio de dizer o direito (tutela jurisdicional), que agora não é mais fruto da
vontade das partes envolvidas ou da vontade de uma autoridade, mas fruto da
vontade da lei. Tem como características a anterioridade, a publicidade e a
universalidade das normas aplicadas ao caso.
16
SOCIOLOGIA JURÍDICA
6.2. FORMAS DE COMPOSIÇÃO DOS CONFLITOS
Elencam-se como meios autocompositivos no Direito: a negociação individual ou
coletiva, a conciliação extrajudicial e a renúncia.
17
SOCIOLOGIA JURÍDICA
A heterocomposição acontece quando o conflito se soluciona por meio da
intervenção de agente exterior à relação conflituosa original. As partes submetem
a terceiro seu conflito, em busca de solução, a ser por ele resolvido. Na
heterocomposição, não há exercício de coerção pelos sujeitos participantes.
Distingue-se das formas anteriores pelo fato de a decisão ser proferida por um
terceiro, enquanto na autodefesa (autotutela) e na autocomposição há resultado
alcançado pelas próprias partes. Segundo lição de NASCIMENTO (1990, p.09), são
técnicas heterocompositivas: mediação; arbitragem; jurisdição.
18
SOCIOLOGIA JURÍDICA
7. MONISMO, PLURALISMO JURÍDICO E O DIREITO ALÉM DO ESTADO
Nas sociedades de tipo complexo como as atuais que se distinguem seja pela
desigualdade e exclusão social e econômica (como é o caso do Brasil), seja
porque existem diferentes grupos sociais com identidade étnica, cultural,
religiosa, etc., coexiste um grande dilema sobre como ser tratado legalmente e
sobre os sistemas de autoridade, políticas e procedimentos, que estejam à
disposição ou não dos indivíduos para requisitar e regular a vida social. Nesse
sentido, há dois pontos de vista que enfrentam doutrinariamente estas questões:
A) Escola Monista: entende que somente o grupo político está apto a criar as
normas de direito. Esta doutrina tem como base a ciência do direito, razão pela
qual diverge da ótica da Sociologia Jurídica que entende que mesmo antes de
existir o Estado já havia prescrições jurídicas. Para os monistas somente o Estado
possui tanto o monopólio da violência legal, quanto o monopólio da produção do
direito (direito positivo). Inexistindo outra fonte de produção do direito que não a
estatal. Esta é a posição dos positivistas e dos marxistas. Hans Kelsen defendia
que o Direito é o Estado, e o Estado é o direito. Essa concepção, expoente
máximo do monismo jurídico contemporâneo no Ocidente, vai coincidir com um
período marcado por duas guerras mundiais, pela depressão econômica, crises, e
pelos tremendos avanços da ligação entre a ciência e a técnica que produzirá o
crescimento organizado das forças produtivas sob o intervencionismo estatal.
Nos fins do século XX, a cultura jurídica, marcada pelos princípios do Monismo
entra em um processo de esgotamento.
B) Escola Pluralista: o Pluralismo jurídico surge com uma alternativa em virtude
da insuficiência da crítica jurídica tradicional. Levanta a possibilidade da existência
de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e
geográfico. A crítica do Direito de acordo com a tradição se preocupou em
mostrar os efeitos do Direito como instrumento de dominação. O Pluralismo
considera que todo grupo social de certa consistência ou expressão pode criar
normas de funcionamento, as quais ultrapassando o caráter de simples
regulamentos adquirem o alcance de verdadeiras regras jurídicas. O advento do
Direito Alternativo busca resgatar a possibilidade transformadora do jurídico,
colocando-a a serviço da libertação, naquelas sociedades marcadas pela
desigualdade e pela exclusão social.
19
SOCIOLOGIA JURÍDICA
7.1. O PLURALISMO JURÍDICO
A sociedade brasileira sempre conviveu com sistemas distintos de direito, um
oficial, do Estado, e outro, não oficial originado no interior da própria sociedade.
Vale conferir: houve aqui um pluralismo jurídico clássico ou colonial que ocorreu
até meados do séc. XIX, na medida em que eram vigentes, ao mesmo tempo, dois
sistemas distintos, o da metrópole e o colonial, só que numa relação de
subordinação. 
Isso porque era difícil ao poder da Metrópole (Portugal) controlar devidamente as
atividades da colônia e regulamentar as situações novas que surgiam,
principalmente por conta das distâncias geográficas. Nos dias atuais prevalece
um outro modelo de pluralismo jurídico: o pluralismo novo ou industrial. Surge a
partir do século XX, em razão do advento das complexas redes sociais que se
formaram nas sociedades urbanas e fizeram com que o modelo anterior fosse
ultrapassado. 
Não que o primeiro tenha perdido sua importância para o estudo da sociologia
jurídica. Ocorre que, se no pluralismo clássico os dois sistemas (oficial e não
oficial) podiam ser nitidamente opostos, com o aparecimento desse novo
pluralismo tal distinção já não é tão evidente, uma vez que há um maior número
de atores sociais (sujeitos). Na sociedade industrial, a relação entre o direito
estatal e o direito não-estatal não é de subordinação. Há uma coexistência entre
os sistemas distintos (e muitas vezes opostos) de Direito. 
Existem vários grupos da sociedade construindoo Direito a cada dia e que,
acabam por interferir uns nos outros, como também na dinâmica do direito
produzido pelo Estado (positivo), tais como os movimentos sociais – Movimento
pela Anistia (durante a ditadura militar), Movimento Feminista, Movimento
Estudantil, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) – e os grupos minoritários – LBTSQIA+, pessoas
especiais, portadores do vírus HIV, quilombolas, índios.
Assim, esse novo pluralismo jurídico se relaciona a questões sobre ao efeito da lei
na sociedade, ou mesmo, o efeito da própria sociedade sobre as leis existentes,
no sentido da construção de uma relação mais complexa e interativa entre
formas oficiais e extraoficiais de sistematização do Direito. 
20
SOCIOLOGIA JURÍDICA
O pluralismo jurídico encanta os juristas atuais, que não se preocupam mais com
o direito oficial posto somente pelo Estado e sua pretensa de abstração,
generalização e universalidade. Esse novo pluralismo pretende indicar que
existem vários campos de emanação do direito que não apenas o Estado, ou seja,
que o direito não se reduz apenas à lei. É possível vislumbrar, então, quatro
esferas de intervenção:
a) Esfera institucional: crítica ao monismo estatal;
 
b) Esfera sociológica: crítica ao legalismo estatal; 
c) Esfera pós-moderna: crítica à ideia de unidade social (fragmentação); 
d) Esfera antropológica: crítica ao imperialismo.
Essas esferas críticas e seus temas próprios do pluralismo jurídico e relação ao
direito além do Estado (extra estatal) certamente representam o que há de mais
atual em termos da Sociologia Jurídica e Judiciária e dizem respeito ao
denominado “direito vivo”, que brota das ações promovidas pelos grupos
minoritários, os novos movimentos sociais, dentre outros. Entre os muitos
autores que se voltaram para essa reflexão teórica nesse sentido está Boaventura
de Sousa Santos, em Portugal e Antônio Carlos Wolkmer, no Brasil, dois dos
maiores nomes do pluralismo jurídico na atualidade.
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos demonstra o caráter próprio
do novo pluralismo jurídico nos resultados de sua pesquisa sobre a relação entre
o que chama de "lei da favela" e "lei do asfalto". Nesse estudo, o autor procura
explicar a normatização que ocorre dentro de uma favela localizada no Rio de
Janeiro (do Jacarezinho) em relação aos mais variados assuntos do dia a dia de
seus habitantes. Assinala, além disso, o papel fundamental do líder comunitário
que funciona como intermediador entre esses dois mundos que convivem na
mesma cidade; um dominado pelo “poder paralelo” e outro pelo Estado. Existiria,
em ambos os casos, um conjunto de “leis próprias” conhecidas e obedecidas pelo
grupo. Na favela (agora chamada de comunidade), foram encontradas normas
próprias formuladas dentro de uma realidade à parte do contexto do asfalto, este
vinculado ao direito positivo do Estado.
21
SOCIOLOGIA JURÍDICA
GRUPOS MINORITÁRIOS: O termo grupos minoritário é amplamente utilizado na sociologia,
sendo mais que uma distinção numérica, existem muitas minorias. Ex.: pessoas altas, magras,
baixas, porém estas não são minorias segundo o conceito sociológico, minorias são um grupo
inferior numericamente e estão em desvantagens sociais se comparados com a grande parte
da população majoritária, sendo objeto de preconceito de tal grupo dominante, tal
comportamento reforça a ideia de lealdade e de interesses comuns. Por isso quando a
expressão “minoria” é usada pelos sociólogos não é em caráter numérico e sim a posição
subordinada do grupo dentro da sociedade, pois o termo minoria expressa a situação de
desamparo, os membros deste grupo estão normalmente isolados física e socialmente,
costumam se concentrar em certos bairros, cidades ou regiões.
Na mesma linha de Sousa Santos, o professor Antônio Carlos Wolkmer propõe
um novo modelo jurídico, de conteúdo comunitário-participativo, comprometido
com a emancipação social e procedente dos valores e das práticas dos
movimentos sociais.
O Professor Wolkmer apresenta os movimentos sociais como sujeitos coletivos de
direito e estabelece as necessidades desses sujeitos históricos, bem como a
alteridade e a busca pela emancipação. O autor assim conceitua o pluralismo
comunitário-participativo: 
7..2 O PLURALISMO COMUNITÁRIO-PARTICIPATIVO
[...] destinado a se contrapor e a responder às insuficiências do projeto
monista legal-individualista, produzido e sustentado pelos órgãos do
Estado moderno. Este pluralismo [...] encontra a força de sua
legitimidade nas práticas sociais de cidadanias insurgentes e
participativas. Tais cidadanias são, por sua vez, fontes autênticas de
nova forma da produção dos direitos, direitos relacionados à justa
satisfação das necessidades desejadas”. (WOLKMER, 2011 p. 347)
Na mesma linha de Sousa Santos, o professor Antônio Carlos Wolkmer propõe
um novo modelo jurídico, de conteúdo comunitário-participativo, comprometido
com a emancipação social e procedente dos valores e das práticas dos
movimentos sociais.
O Professor Wolkmer apresenta os movimentos sociais como sujeitos coletivos de
direito e estabelece as necessidades desses sujeitos históricos, bem como a
alteridade e a busca pela emancipação. O autor assim conceitua o pluralismo
comunitário-participativo: 
22
SOCIOLOGIA JURÍDICA
Assim, os novos sujeitos coletivos de direito e a reunião das necessidades
humanas fundamentais são as principais marcas da teoria pluralista. Sobre os
novos movimentos sociais, Wolkmer dispõe que precisam ser entendidos como
sujeitos coletivos transformadores, que surgem dos mais diversos estratos sociais
e integrantes de uma prática política cotidiana com certo grau de
"institucionalização", imbuídos de princípios valorativos comuns e objetivando a
realização de necessidades humanas fundamentais. (WOLKMER, 2011. P.122).
Aponta como princípios valorativos do pluralismo a autonomia, a
descentralização, a participação, o localismo, a diversidade e a tolerância
(WOLKMER, 2011, p. 174-183). A autonomia diz respeito aos poderes e à
liberdade de articulação e mobilização que os movimentos coletivos ou as
associações possuem. “A ‘autonomia’ se manifesta não só diante do poder do
Estado, mas no próprio interior dos vários interesses particulares, setoriais e
coletivos”. (WOLKMER, 2011, p. 175).
CONCLUINDO A UNIDADE 
Nesta primeira unidade você conheceu: O conceito sociológico do Direito e a sua
função social; Foi lhes apresentado à disciplina Sociologia Jurídica e Judiciária e ao
seu objeto, a saber, o direito como um fato social; Agora vocês serão capazes de
rever a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale, agora ressaltando os
aspectos sociais do fenômeno jurídico; Percepção de que os conflitos sociais
precisam ser compostos e que há formas alternativas de resolução dos conflitos e
conheceram as correntes do Monismo, Pluralismo jurídico e o direito além do
Estado.
23
GESTÃO EMPRESARIAL E EMPREENDEDORISMO
DICA DO
PROFESSOR
Segundo matéria publicada no site do Conjur (http://www.conjur.com.br): De
acordo com projeção feita pelo Conselho Nacional de Justiça, deve chegar à
marca de 114,5 milhões o número de processos em tramitação na Justiça
brasileira em 2020 se a quantidade de ações continuar superando a capacidade
do Poder Judiciário de julgar. A previsão é de que 36,37 milhões de novas ações
judiciais sejam propostas em 2020. 
Ainda segundo a entidade, um estoque composto por outros 78,13 milhões de
processos chegará ao início do mesmo ano sem julgamento. Os dados foram
apresentados no VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário”. 
Enquanto isso, a União Europeia promove ativamente modos de resolução
alternativa de litígios, como, por exemplo, a mediação, obrigatória desde 2012. A
Diretiva, que diz respeito à mediação em matéria civil e comercial, de maio de
2011, está agora sendo aplicada nos Estados-Membros europeus. 
24
http://www.conjur.com.br/
SAIBA MAIS
Filmes
1984. É um filme britânico, dos gêneros ficção científica e drama, produzidoem
1984 e dirigido por Michael Radford.Filme baseado na obra de George Orwell.
Conta a história de Winston Smith, membro do partido externo, funcionário do
Ministério da Verdade. 
O Homem do Ano. É um filme brasileiro de 2003, do gênero drama, dirigido por
José Henrique Fonseca e com roteiro baseado no romance O Matador, de Patrícia
Melo, adaptado para o cinema por Rubem Fonseca. Estúdio Conspiração Filmes. 
Cidade de Deus. Drama brasileiro de 2002 dirigido por Fernando Meirelles e
codirigido por Kátia Lund. Foi adaptado por Bráulio Mantovani a partir do livro de
mesmo nome escrito por Paulo Lins. O filme retrata o crescimento do crime
organizado na Cidade de Deus entre o final da década de 1960 e o início da
década de 1980. Estúdio Globo Filmes.
Leitura Recomendada: 
WOLKMER, Antônio Carlos. Pluralismo jurídico: Novo paradigma de legitimação.
Disponível em: https://www.forumjustica.com.br/wp-
content/uploads/2013/02/Antonio-Carlos-Wolkmer-Pluralismo-juridico.pdf
25
https://www.forumjustica.com.br/wp-content/uploads/2013/02/Antonio-Carlos-Wolkmer-Pluralismo-juridico.pdf
EXERCÍCIOS DE 
FIXAÇÃO
Questão 1: O direito é um fenômeno cultural. Só existe nas sociedades humanas.
Somente a vida humana podem necessitar de normas que a antecipem e
pretendam regular, buscando a prevenção da conduta antissocial por meio de
sanção que a norma pressupõe. Desse modo, produtos do espírito (arte, religião,
ciência e filosofia), conhecimento vulgar; normas do trato social (folkways), normas
morais (mores), o próprio direito, os sistemas de governo e as normas técnicas
referem-se ao conceito de: 
a) Sociedades Humanas
b) Evolução social
c) Cultura Social
d) Função Social do Direito
26
SEU GABARITO
EXERCÍCIOS DE 
FIXAÇÃO
Questão 2: O ser humano, por se configurar como um ser social, desenvolve um
sem-número de relações em sociedade e desempenha diversas atividades sociais.
Tais atividades assumem múltiplas formas e podem ser classificadas do seguinte
modo:
a) Cooperação e Concorrência 
b) Cooperação e Ascendência
c) Cooperação e Conflito
d) Cooperação e Determinação
27
SEU GABARITO
EXERCÍCIOS DE 
FIXAÇÃO
Questão 3: Essa é uma função de tipo organizacional, na medida em que sua
finalidade última é, justamente, a organização da vida em sociedade. Nesta função,
o caráter organizador do direito conduz o comportamento jurídico, influenciando
na formação dos hábitos dos sujeitos sociais, seu agir e suas perspectivas, e com
isso evitando que venham a surgir conflitos. Assim, os comportamentos vão se
orientando no sentido recomendado pelos modelos normativos do ordenamento
jurídico.
a) Controle social
b) Função compositiva do direito
c) Preventiva
d) Função de Regulação Social
28
SEU GABARITO
EXERCÍCIOS DE 
FIXAÇÃO
Questão 4: Sendo o direito um fato social, como já dito anteriormente,
apresentando características típicas do fato social, a saber: coerção, integração
com os demais setores da sociedade e representação coletiva, tudo isso, bem
como seu relacionamento concreto com os demais aspectos da realidade coletiva
constituem o objeto próprio da Sociologia Jurídica. Pode-se afirmar que o objeto
da Sociologia Jurídica busca estabelecer uma relação funcional entre a realidade
social e as diferentes manifestações jurídicas, sob forma de regulamentação da
vida social, fornecendo subsídios para suas transformações no tempo e no espaço.
a) Investigar como as regras jurídicas se constituiriam real e efetivamente – das
causas e dos fatos sociais e as necessidades que visam satisfazer; b) O modo
como as normas jurídicas funcionam na sociedade. O autor responsável por este
pensamento sociológico jurídico é: 
a) E. DURKHEIM
b) WOLKMER
c) R. TREVES
d) E. JORION
29
SEU GABARITO
EXERCÍCIOS DE 
FIXAÇÃO
Questão 5: Nas sociedades de tipo complexo como as atuais que se distinguem
seja pela desigualdade e exclusão social e econômica (como é o caso do Brasil),
seja porque existem diferentes grupos sociais com identidade étnica, cultural,
religiosa etc., coexiste um grande dilema sobre como ser tratado legalmente e
sobre os sistemas de autoridade, políticas e procedimentos, que estejam à
disposição ou não dos indivíduos para requisitar e regular a vida social. Nesse
sentido, há dois pontos de vista que enfrentam doutrinariamente estas questões,
portanto somente o Estado possui tanto o monopólio da violência legal, quanto o
monopólio da produção do direito (direito positivo). Inexistindo outra fonte de
produção do direito que não a estatal. Esta é a posição dos positivistas e dos
marxistas. Dessa forma identifique a escola cuja informação pertence este
pensamento: 
a) Escola Positivista
b) Escola Monista
c) Escola Pluralista
d) Escola Jusnaturalista
30
SEU GABARITO
31
ANOTAÇÕES
GABARITOS
1) Gabarito: C
Justifica: Cultura social – referem-se a produtos do espírito (arte, religião, ciência e
filosofia), conhecimento vulgar; normas do trato social (folkways), normas morais
(mores), o próprio direito, os sistemas de governo e as normas técnicas
2) Gabarito: A
Justifica: COOPERAÇÃO caracteriza-se pela convergência de interesses. Por exemplo, os
trabalhadores de uma fábrica em relação ao produto fabricado ou a atividade do
vendedor e a do comprador: o vendedor tem mercadorias para vender e o comprador
tem interesse em adquiri-las, precisa delas. CONCORRÊNCIA constata-se um paralelismo
de interesses. Um em relação ao outro, em posição de competidor ou concorrente. Por
exemplo, os comerciantes de um shopping center ou mesmo dois proprietários de
prédios vizinhos: cada um deles usa sua propriedade como quiser, sem a interferência
ou colaboração do outro.
3) Gabarito: D
Justificativa: Função de Regulação Social: Essa é uma função de tipo
organizacional, na medida em que sua finalidade última é, justamente, a
organização da vida em sociedade. Nesta função, o caráter organizador do direito
conduz o comportamento jurídico, influenciando na formação dos hábitos dos
sujeitos sociais, seu agir e suas perspectivas, e com isso evitando que venham a
surgir conflitos. Assim, os comportamentos vão se orientando no sentido
recomendado pelos modelos normativos do ordenamento jurídico.
4) Gabarito: A
Justifica: E. DURKHEIM a) Investigar como as regras jurídicas se constituiriam real
e efetivamente – das causas e dos fatos sociais e as necessidades que visam
satisfazer; b) O modo como as normas jurídicas funcionam na sociedade
32
GABARITOS
5) Gabarito: B
Justifica: a) Escola Monista – entende que somente o grupo político está apto a
criar as normas de direito. Esta doutrina tem como base a ciência do direito, razão
pela qual diverge da ótica da Sociologia Jurídica que entende que mesmo antes de
existir o Estado já havia prescrições jurídicas. Para os monistas somente o Estado
possui tanto o monopólio da violência legal, quanto o monopólio da produção do
direito (direito positivo). Inexistindo outra fonte de produção do direito que não a
estatal. Esta é a posição dos positivistas e dos marxistas. Hans Kelsen defendia que o
Direito é o Estado, e o Estado é o direito. Essa concepção, expoente máximo do
monismo jurídico contemporâneo no Ocidente, vai coincidir com um período
marcado por duas guerras mundiais, pela depressão econômica, crises, e pelos
tremendos avanços da ligação entre a ciência e a técnica que produzirá o
crescimento organizado das forças produtivas sob o intervencionismo estatal. Nos
fins do século XX, a cultura jurídica, marcada pelos princípios do Monismo entra em
um processo de esgotamento.
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Sociologia Jurídica, 12ª. Ed, RJ: Forense, 2010. 
SANTOS, Boaventura de Sousa. Nota sobre a história jurídico-social de Pasárgada. In:
SOUSA, José Gerardo (Org.). Introdução crítica ao direito. 4ªed. Brasília: Universidade de
Brasília, 1993, p.42-49. 
WOLKMER, Antônio Carlos (Org.). Pluralismo Jurídico. Novos Caminhos da
Contemporaneidade. 2a. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
______. Introdução ao PensamentoJurídico Crítico. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
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