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Aula 03 Organização Administrativa

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Organização Administrativa
DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
1. (FGV/Exame de Ordem Unificado – XIX – Primeira Fase/OAB/2016)
O Estado X e os Municípios A, B e C subscreveram protocolo de intenções 
para a constituição de um consórcio com personalidade jurídica de direito 
privado para atuação na coleta, descarte e reciclagem de lixo produzido no 
limite territorial daqueles municípios. Com base no caso apresentado, assi-
nale a afirmativa correta. 
a. Por se tratar de consórcio a ser constituído entre entes de hierarquias di-
versas, a saber, Estado e Municípios, é obrigatória a participação da União. 
b. O consórcio de direito privado a ser constituído pelo Estado e pelos Muni-
cípios não está alcançado pela exigência de prévia licitação para os con-
tratos que vier a celebrar. 
c. O consórcio entre o Estado e os Municípios será constituído por contrato e 
adquirirá personalidade jurídica mediante o atendimento dos requisitos da 
legislação civil.
d. Por se tratar de consórcio para atuação em área de relevante interesse 
coletivo, não se admite que seja constituído com personalidade de direito 
privado.
O pulo do gato
A questão dos consórcios, Lei n. 11.107/2005, é recorrente em provas da OAB.
Comumente questiona-se o que é o consórcio, como ele é formado e qual a 
sua natureza jurídica; o que é o contrato de rateio etc.
Sabe-se que a natureza do consórcio pode ser tanto pessoa pública quanto 
privada, uma vez que ele é a associação de entes da federação, que se reúnem 
e criam uma pessoa jurídica.
O consórcio tem uma associação dos entes consorciados, que o administra. 
Essa associação pode ser pública ou privada. Se for pública, ela será pessoa 
pública e terá natureza de autarquia, de acordo com o Código Civil. Sendo 
privada, será pessoa privada e não terá natureza de autarquia.
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Comentário
• Artigo 6º, II, da Lei n. 11.107/2005. 
• Segundo a Lei dos Consórcios, se o consórcio for privado, ele adquire 
capacidade jurídica na forma da lei civil, registrando seus atos no cartório 
de pessoa jurídica.
• O consórcio é a reunião de entes da federação, podendo ser da União com 
Estados; da União com Estados e Municípios; de vários Municípios; de 
vários Estados; e de Estados e Municípios.
• No caso explanado na questão, não é necessária a participação da União.
• A União só pode participar de consórcio com Município se o Estado, o qual 
o Município integra, também participar. Dessa forma, não é possível con-
sórcio da União diretamente com o Município. 
• O consórcio de direito privado, embora seja uma pessoa privada, não se 
afasta por completo das regras de direito público e, portanto, da obrigato-
riedade de fazer licitação, concurso, prestar contas a um tribunal de contas 
competente etc.
• Todos os consórcios são para atividade de relevante interesse coletivo, 
para prestar serviços à sociedade, e dizem respeito a serviço prestado por 
mais de um ente da federação. Nesse caso, a própria lei admitiu consórcio 
de direito público ou de direito privado. Sendo de direito público, terá 
natureza de associação pública, que será uma autarquia.
2. (FGV/Exame de Ordem Unificado – XVIII – Primeira Fase/OAB/2015)
O Estado XYZ pretende criar uma nova universidade estadual sob a forma de 
fundação pública. Considerando que é intenção do Estado atribuir persona-
lidade jurídica de direito público a tal fundação, assinale a afirmativa correta. 
a. Tal fundação há de ser criada com o registro de seus atos constitutivos, 
após a edição de lei ordinária autorizando sua instituição. 
b. Tal fundação há de ser criada por lei ordinária específica 
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c. Não é possível a criação de uma fundação pública com personalidade ju-
rídica de direito público.
d. Tal fundação há de ser criada por lei complementar específica.
Comentário
• Quando uma fundação pública de Direito Público é criada, ela nasce com 
natureza de autarquia. Todos os privilégios e obrigações que uma autar-
quia tem, essa fundação também terá, inclusive a lei. 
• A lei criará diretamente essa fundação, assim como acontece com as autar-
quias. Logo, não é necessário o registro dos atos constitutivos, pois ela 
nasce diretamente da lei, que não autoriza a criação apenas, mas a faz 
diretamente. 
• A autarquia é criada diretamente por lei, bastando que a lei seja feita e 
comece a ter vigência. 
• A autarquia nasce para o meio jurídico, independente de registro de ato 
constitutivo.
• Conforme o artigo 37, XIX, da Constituição, somente mediante lei especí-
fica será criada autarquia e autorizada a criação de fundação de empresa 
pública e de economia mista. Nesse caso, autorizam-se as demais, e pos-
teriormente, deve-se fazer estatuto ou contrato social e registro nos órgãos 
competentes. Dessa forma, a fundação privada, a empresa pública e a 
economia começam a ter existência no mundo jurídico, adquirindo sua per-
sonalidade jurídica.
• Tanto a doutrina quanto o STF admitem que as fundações podem ser públi-
cas, de direito público, ou públicas de direito privado.
• Como a Constituição e as leis brasileiras não definiram qual seria exata-
mente a natureza das fundações, o Estado pode escolher o tipo e a natu-
reza a serem adotados.
• Uma lei ordinária específica faz a criação de fundação, que nasce como 
se fosse uma autarquia. 
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3. (FGV/Exame de Ordem Unificado – XVII – Primeira Fase/OAB/2015)
O Governador do Estado Y criticou, por meio da imprensa, o Diretor-Presiden-
te da Agência Reguladora de Serviços Delegados de Transportes do Estado, 
autarquia estadual criada pela Lei nº 1.234, alegando que aquela entidade, 
ao aplicar multas às empresas concessionárias por supostas falhas na pres-
tação do serviço, “não estimula o empresário a investir no Estado". Ainda, 
por essa razão, o Governador ameaçou, também pela imprensa, substituir o 
Diretor-Presidente da agência antes de expirado o prazo do mandato daque-
le dirigente. Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta. 
a. A adoção do mandato fixo para os dirigentes de agências reguladoras con-
tribui para a necessária autonomia da entidade, impedindo a livre exonera-
ção pelo chefe do Poder Executivo. 
b. A agência reguladora, como órgão da Administração Direta, submete-se 
ao poder disciplinar do chefe do Poder Executivo estadual. 
c. A agência reguladora possui personalidade jurídica própria, mas está su-
jeita, obrigatoriamente, ao poder hierárquico do chefe do Poder Executivo.
d. Ainda que os dirigentes da agência reguladora exerçam mandato fixo, pode 
o chefe do Poder Executivo exonerá-los, por razões políticas não ligadas 
ao interesse público, caso discorde das decisões tomadas pela entidade.
Comentário
• Tendo o dirigente mandato físico, impede-se a sua exoneração por quem 
fez a sua indicação.
• Dirigente de agência reguladora tem mandato fixo, ou seja, fica tempo certo 
e fixado nessa função. Nesse caso, o prazo do mandato e as situações em 
que ele pode perder esse mandato são fixados na lei de cada agência. 
• Cada agência é uma autarquia e nasce de uma lei específica, que estabe-
lece qual será o seu mandato.
• A fixação de prazo protege o dirigente, para que ele possa tomar a posição 
técnica que desejar e não ser destituídopor quem fez a sua indicação.
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• No Brasil, as agências reguladoras foram criadas na forma de autarquias. 
Elas são entidades da administração indireta que nascem com autonomia 
financeira e também administrativa.
• Entre a administração indireta (autarquias, fundações e empresas públicas 
e sociedades de economia mista) e a administração direta, não há relação 
de hierarquia, mas de vinculação ao ente central.
4. (FGV/Exame de Ordem Unificado – XVII – Primeira Fase/OAB/2015) Após 
autorização em lei, o Estado X constituiu empresa pública para atuação no 
setor bancário e creditício. Por não possuir, ainda, quadro de pessoal, foi 
iniciado concurso público com vistas à seleção de 150 empregados, entre 
economistas, administradores e advogados. A respeito da situação descrita, 
assinale a afirmativa correta.
a. Não é possível a constituição de empresa pública para exploração direta 
de atividade econômica pelo Estado. 
b. A lei que autorizou a instituição da empresa pública é, obrigatoriamente, 
uma lei complementar, por exigência do texto constitucional. 
c. Após a Constituição de 1988, cabe às empresas públicas a prestação de 
serviços públicos e às sociedades de economia mista cabe a exploração 
de atividade econômica.
d. A empresa pública que explora atividade econômica sujeita-se ao regime 
trabalhista próprio das empresas privadas, o que não afasta a exigência 
de concurso público.
O pulo do gato
Nas provas da OAB, questões sobre ato administrativo, responsabilidade do 
Estado, organização administrativa, licitações e contratos, agentes públicos, 
bens e serviços públicos e intervenção do Estado na propriedade são 
recorrentes.
Há uma média de 6 a 8 questões de administrativo na prova da OAB.
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Comentário
O artigo 173 da Constituição Federal trata da constituição de empresa pública 
de economia mista e da sua natureza jurídica. 
Esse artigo se encontra no capítulo que trata da ordem econômica e dispõe 
que o Estado pode criar empresa pública e economia mista para concorrer 
diretamente na atividade comercial com particular, o que se constitui uma 
intervenção direta na atividade comercial promovida pelo Estado.
Assim, o Estado cria pessoas privadas, empresa pública e economia mista, 
para concorrer diretamente com outro particular na atividade comercial.
Conforme a Constituição, ao exercer atividade empresarial, o Estado será 
tratado como um particular. Portanto, uma empresa estatal deve seguir as 
mesmas regras de Direito Civil, Direito Comercial, Direito Trabalhista e de Direito 
Tributário das demais empresas privadas com as quais venha a concorrer.
O artigo 37, XIX, da Constituição Federal estabelece que somente mediante 
lei específica é criada autarquia e autorizada a criação das demais entidades. 
Essa lei não diz respeito à lei complementar, mas à lei ordinária específica.
Tanto a empresa pública quanto a economia mista podem prestar serviços 
públicos e explorar a atividade econômica.
A Caixa, por exemplo, atua em atividade comercial, que é atividade bancária, 
e os Correios, que também é uma empresa pública, faz prestação de serviço 
postal para a sociedade.
O Banco do Brasil, que é economia mista, atua na atividade comercial, atividade 
bancária; e a Eletrobras, que também é economia mista, presta serviço público 
à sociedade.
As empresas estatais precisam fazer concurso, mas seguirão o regime 
CLT. Além disso, devem fazer licitação e prestar contas a tribunal de contas 
competente.
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Atenção!
É importante destacar que as empresas estatais devem fazer licitação, conforme 
o artigo 173 da Constituição Federal. De acordo com ela, as empresas estatais 
terão lei própria de licitação, a Lei n. 13.303/16, que estabelece o regime jurídico 
licitatório da empresa pública e da economia mista que atuam na atividade 
comercial.
Não se pode exigir que uma empresa estatal que atua na atividade comercial 
faça licitação seguindo todas as regras da Lei n. 8.666. 
Toda a administração direta, as autarquias e as fundações deverão ser regidas 
pela Lei n. 8.666. 
5. (FGV/Exame de Ordem Unificado – XV – Primeira Fase/OAB/2014)
No Estado X, foi constituída autarquia para a gestão do regime próprio de 
previdência dos servidores estaduais. A lei de constituição da entidade prevê 
a possibilidade de apresentação de recurso em face das decisões da autar-
quia, a ser dirigido à Secretaria de Administração do Estado (órgão ao qual 
a autarquia está vinculada). Sobre a situação descrita, assinale a opção cor-
reta. 
a. Não é possível a criação de autarquia para a gestão da previdência dos 
servidores, uma vez que se trata de atividade típica da Administração Pú-
blica; 
b. Não cabe recurso hierárquico impróprio em face das decisões da autar-
quia, uma vez que ela goza de autonomia técnica, administrativa e finan-
ceira; 
c. A previsão de recurso dirigido à Secretaria de Administração do Estado 
(órgão ao qual a autarquia está vinculada) configura exemplo de recurso 
hierárquico próprio;
d. São válidas tanto a constituição da autarquia para a gestão do regime pre-
videnciário quanto a previsão de cabimento do recurso ao órgão ao qual a 
autarquia está vinculada.
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Toda autarquia desenvolve atividade típica do Estado. A autarquia não pode 
exercer atividade empresarial. Esta deve ser exercida por empresa pública ou 
por sociedade de economia mista.
Como regra, não se pode recorrer de uma decisão de uma autarquia para o 
ente central que fez a sua criação, uma vez que não há hierarquia, porquanto 
a autarquia nasce com autonomia para decidir os seus atos. Porém, havendo 
previsão em lei, o recurso será cabível e se chamará recurso hierárquico 
impróprio, por não haver relação hierarquizada.
A lei que criou a autarquia traz a possibilidade de se recorrer para o ente central 
em determinados casos. 
GABARITO
1. c
2. b
3. a
4. d
5. d
��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Gustavo Scatolino.

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