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Curso: Engenharia civil Disciplina: Hidrologia Prof. Dr. Elvis Bergue Moreira CICLO HIDROLÓGICO E BACIAS HIDROGRÁFICAS Hidrologia Aplicada • Voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação do solo; • Área que estuda o comportamento físico da ocorrência e o aproveitamento da água: – quantifica e qualifica os recursos hídricos no tempo e no espaço; – avalia o impacto da modificação do uso do solo sobre o comportamento dos processos hidrológicos. • A quantificação da disponibilidade hídrica serve de base para o projeto e planejamento dos recursos hídricos. Exemplos: – produção de energia hidrelétrica; – abastecimento de água; – navegação; – controle de enchentes; – impacto ambiental. • Planejamento e gerenciamento da bacia hidrográfica; • Águas urbanas; • Energia; • O uso do solo rural; • Abastecimento de água; • Irrigação; • Navegação; • Controle de eventos críticos; • Qualidade da água e meio ambiente; • Monitoramento hidrológico. Hidrologia Aplicada Ciclo hidrológico Ciclo hidrológico 2,4% no resto do país9,6% na região amazônica O Brasil possui 12 % da água doce disponível no mundo Atende 95% da populaçãoAtende 5% da população 12,00% Ciclo hidrológico Ciclo Hidrológico • Fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera (reservatórios, oceanos, geleiras, rios, lagos, atmosfera, lençóis subterrâneos e água retida nos seres vivos), e que é movimentado pela energia solar e pela energia gravitacional, representando o processo mais importante da dinâmica externa terrestre. 19/08/2014 12:49 8/72 Fatores que contribuem para a grande variabilidade nas manifestações do ciclo hidrológico: 19/08/2014 12:49 9/72 • Desuniformidade com que a energia solar atinge os diferentes locais na superfície da terra • O diferente comportamento térmico dos continentes em relação aos oceanos devido a variabilidade espacial de solos e cobertura vegetais • A quantidade de vapor d´água, CO2 e ozônio na atmosfera (aquecimento global) • Influencia do movimento de rotação e inclinação do eixo terrestre na circulação atmosférica • Movimento de translação e inclinação do eixo terrestre – responsáveis pelas estações do ano • Processos do ciclo hidrológico – precipitação; – interceptação; – infiltração; – evaporação; – transpiração; – percolação; – escoamentos: superficial e subterrâneo; Processos Verticais Ciclo Hidrológico Bacia Hidrográfica • É uma área delimitada geograficamente pelos divisores de água “sendo drenada para o mesmo curso de água tal que toda vazão seja descarregada através de uma simples saída”; • Processos do ciclo hidrológico podem mais facilmente ser representados na sua área – sistema hídrico; • A cada seção do rio está associada a uma única bacia – a posição da seção do rio escolhida para definir a bacia depende do estudo que se pretende realizar. Ex.: ponte; reservatório; retiradas de água para abastecimento urbano ou rural. Figura 1 drenagem da bacia hidrográfica do A Lei 9433 de 8 de janeiro de 1997 (Brasil, 1997) que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos definiu a bacia como a unidade territorial de gestão dos recursos. Bacia Hidrográfica Exutório A bacia hidrográfica pode ser definida como uma área onde tem-se a convergência das águas que caem sobre ela para um mesmo ponto de saída (exutório) através de canais que formam a sua rede de drenagem. Suas características governam os processos de formação do escoamento. Bacia Hidrográfica Ciclo hidrológico na bacia hidrográfica: Balanço Hídrico Sistema Hidrológico Precipitação Evaporação Perdas e Ganhos Escoamento Bacia Hidrográfica Caracterização física • Divisores: – Divisor topográfico ou superficial: fixa a área da qual provém o escoamento superficial da bacia e, como seu nome indica, é condicionado pela topografia. – Divisor freático ou subterrâneo: é determinado pela estrutura geológica dos terrenos e estabelece os limites dos reservatórios de água subterrâneo de onde é derivado o escoamento (deflúvio) básico da bacia. Bacia Hidrográfica • Vazão total de uma bacia é composta pela água que atinge os cursos d’água por meio dos escoamentos superficial, sub-superficial e subterrâneo. • Dificuldade de determinar o divisor freático: variação sazonal do nível do lençol bacia determinada pelo divisor topográfico. • Características físicas de uma bacia hidrográfica – aquelas que podem ser extraídas de mapas, fotografias e imagens de satélites. Basicamente são áreas, comprimentos, declividades e coberturas do solo medidos diretamente ou expressos por índices; – grande importância para a hidrologia: existe uma estreita correspondência entre o regime hidrológico (formação do escoamento) e estes elementos; – Principais características: 1. Área de drenagem; 2. Forma da bacia; 3. Sistema de drenagem; 4. Relevo da bacia. Bacia Hidrográfica Bacia Hidrográfica • Área de drenagem – Projeção horizontal (área plana) da área inclusa entre os divisores topográficos da bacia; – Principal indicador da potencialidade hídrica de uma região; – expressa em hectares ou km²: 1 ha = 10.000 m² (100m X 100m) = 0,01 Km²; – Normalmente, determina-se o perímetro da bacia junto com a sua área. • Forma da bacia – A forma superficial de uma bacia hidrográfica é importante devido ao tempo de concentração (tc), definido como o tempo, a partir do inicio da precipitação, necessário para que toda a bacia contribua na seção de deságüe, ou seja, é o tempo que a água leva para deslocar-se do ponto mais remoto da bacia até sua saída; – Exemplo: 3 bacias com mesma área e sujeitas a mesma precipitação Bacia Hidrográfica Bacia A: 10 unidades de tempo (digamos horas) para que todos os pontos da bacia tenham contribuído para a vazão (tempo de concentração); Bacia B: 5 horas; Bacia C: 8,5 horas. • Forma da bacia – A forma da bacia depende da estrutura geológica do terreno; – Procura-se utilizar índices que relacionam a forma da bacia com formas geométricas conhecidas: • Coeficiente de compacidade (Kc) relaciona a bacia com um círculo; • Fator de forma (Kf) relaciona a bacia com um retângulo. Bacia Hidrográfica • Forma da bacia – Coeficiente de compacidade (Kc) • Relaciona a forma da bacia com um círculo; • Relação entre o perímetro da bacia (P) e a circunferência de círculo de área igual a da bacia. • Sendo: – Kc – coeficiente de compacidade, adimensional; – P – perímetro da bacia hidrográfica, km; e – A - raio do círculo de área igual à área da bacia hidrográfica, km. Bacia Hidrográfica • Coeficiente de Compacidade KC • O Kc é um número adimensional que sempre assume valores iguais ou superiores a 1, variando com a forma da bacia, independentemente do seu tamanho; • Quanto mais irregular for a bacia hidrográfica, tanto maior será o coeficiente de compacidade. • Kc = 1 bacia hidrográfica com forma circular; • O coeficiente de compacidade é útil para dar uma idéia sobre a susceptibilidade da bacia à ocorrência de enchentes, sendo que uma bacia será mais susceptível à ocorrência de enchentes quando seu Kc for mais próximo da unidade. Forma da Bacia Kc = 1 Kc >1 – Fator de forma • O fator de forma é a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia; • Para calculá-lo, mede-se o comprimento axial da bacia (L)quando se segue o curso d’água mais longo desde a desembocadura (foz) até a cabeceira mais distante na bacia; • Sendo: – Kf – fator de forma, adimensional; – L – largura média da bacia, km; e – L – comprimento axial da bacia hidrográfica, km. • A largura média (L) é obtida quando se divide a área da bacia pelo seu comprimento axial, isto é L = A/L, tem-se: Bacia Hidrográfica O fator de forma, assim como o Kc, é outro índice indicativo da maior ou menor tendência para a ocorrência de enchentes em bacias hidrográficas. Baixo Kf (≈0,5) está menos propensa à ocorrência de enchentes que outra de mesma área, mas cujo valor de Kf é maior. Isso se deve ao fato de que numa bacia estreita e longa (baixo Kf) há menos possibilidade de ocorrência chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda sua extensão. 19/08/2014 12:49 • Forma da bacia - exercícios Bacia Hidrográfica • Sistema de drenagem – O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários (afluentes); a) Perenes: são os cursos nos quais a água escoa durante todo o tempo, isto porque o lençol d’água subterrâneo mantém uma alimentação contínua e nunca se rebaixa para baixo da cota do leito do curso d’água, mesmo durante as secas mais severas; b) Intermitentes: são os cursos d’água que apresentam escoamento durante as estações de chuvas, mas que secam nas de estiagem – na época de estiagem o lençol freático se encontra em um nível inferior ao do leito, fazendo com que cesse o escoamento; Bacia Hidrográfica c) Efêmeros: são aqueles que existem apenas durante ou imediatamente após a ocorrência de precipitação e só transportam água proveniente do escoamento superficial - superfície freática encontra-se sempre a nível inferior ao do leito fluvial. – O estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante, pois ele indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica, sendo fator indicativo de sua propensão à ocorrência de cheias. Bacia Hidrográfica • Sistema de drenagem – Ordem dos Cursos de Água: • Classificação que reflete o grau de ramificação ou bifurcação da rede de drenagem da bacia - posição hierárquica que um curso d’água ocupa na rede de drenagem; • O mapa representativo da rede de drenagem de uma bacia hidrográfica deve conter tanto os cursos d’água perenes como os intermitentes, todavia, não devem constar os cursos d’água efêmeros, pois estes não se desenvolveram ainda em canais definitivos; 19/08/2014 12:49 • Horton propôs, e Strahler modificou um critério para hierarquizar cursos d’água. • Passou a ser conhecido como ordem do curso d’água Ordem de Strahler • Um curso d’água a partir da nascente é de ordem 1 • Quando dois cursos de ordem 1 se encontram formam um curso de ordem 2 • Quando dois cursos de ordem 2 se encontram formam um curso de ordem 3 • e assim por diante… 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 22 22 3 3 3 3 3 3 1 11 1 Bacia Hidrográfica • Sistema de drenagem Bacia Hidrográfica • Sistema de drenagem – Densidade de drenagem (Dd): • Índice que indica o grau de desenvolvimento do sistema de drenagem fornecendo uma indicação da eficiência da drenagem da bacia; • Razão entre o somatório dos comprimentos de todos os canais da rede e a área da bacia: • Sendo: – Dd – densidade de drenagem; km/km²; e – Lt – comprimento total dos cursos d’água da bacia (somatório do comprimento de todos os cursos d’água - efêmeros, intermitentes ou perenes), km. – A – Área da bacia hidrográfica 19/08/2014 12:49 < 0,5 km/km² - drenagem pobre; 0,5 km/km² a 1,5 km/km² - drenagem regular; 1,5 km/km² a 2,5 km/km² - boa drenagem; 2,5 km/km² a 3,5 km/km² - muito boa drenagem; > 3,5 km/km² - excepcionalmente bem drenada; • Dd depende do clima, topografia, solos e do material rochoso; • Baixos valores de Dd são observados em bacias localizadas em regiões de baixa altitude, com vegetação densa e possuindo com solos altamente permeáveis. • Valores altos de Dd são observados em áreas com intenso processo de erosão natural, em terrenos montanhosos e escarpados, com vegetação esparsa e intensa precipitação. Bacia Hidrográfica • Sistema de drenagem – Sinuosidade do curso d’ água (Sin): • Controla e velocidade do escoamento; • É a relação entre o comprimento do rio principal (L) e o comprimento do talvegue (Lt). • Sin = 1, curso d’água sem sinuosidade. 19/08/2014 12:49 Forma da rede de Drenagem Extraído do livro Para Conhecer a Terra (Press et al. XXXX) Forma da rede de Drenagem Extraído do livro Para Conhecer a Terra (Press et al. XXXX) Forma da rede de Drenagem Extraído do livro Para Conhecer a Terra (Press et al. XXXX) Extraído do livro Para Conhecer a Terra (Press et al. XXXX) Forma da rede de Drenagem Bacia Hidrográfica • Características do relevo – O relevo tem grande efeito sobre a velocidade de escoamento superficial e, conseqüentemente, sobre o potencial erosivo de uma bacia hidrográfica; – Além disso, possui grande influência sobre os elementos meteorológicos (temperatura, precipitação, evaporação, entre outros); – Declividade da bacia • Controla em parte a velocidade de escoamento superficial, afetando assim o tempo que leva a água da chuva para concentrar-se nos leitos fluviais da rede drenagem da bacia, afetando os valores de enchentes máximas; • quanto > a declividade da bacia > velocidade do escoamento superficial < a possibilidade de haver infiltração e, portanto, < quantidade de água armazenada no solo, havendo maior risco de ocorrência de enchentes; • Declividade média: fator imprescindível para o seu correto manejo, uma vez que a proposta de práticas de conservação do solo e da água tem por base o seu conhecimento. Bacia Hidrográfica • Características do relevo – Declividade da bacia Método das Quadrículas: Definem-se pontos de interseção com um vetor perpendicular à curva de nível mais próxima (orientado no sentido do escoamento). As declividades em cada vértice são obtidas, medindo-se na planta, as menores distâncias entre curvas de níveis subseqüentes; a declividade é o quociente entre a diferença da cota e a distância medida em planta entre as curvas de nível. Bacia Hidrográfica • Características do relevo – Curva hipsométrica • Representação gráfica do relevo médio de uma bacia; • Gráfico com a porcentagem da área de drenagem que existe acima ou abaixo das várias elevações. Bacia Hidrográfica • Características do relevo – Declividade dos cursos d’água • Quanto maior a declividade, maior será a velocidade de escoamento; • S1: A declividade entre a foz e nascente de um curso d’água qualquer obtida dividindo-se a diferença total de elevação do leito do rio principal pela extensão horizontal do curso d’água entre a nascente e a seção de referência. • S2: declividade de equivalência entre áreas - obtida traçando-se, no gráfico do perfil longitudinal do rio uma linha de declividade tal que a área compreendida entre ela e o eixo das abscissas seja igual à área entre o perfil longitudinal e o eixo das abscissas; • S3: declividade equivalente constante - este índice dá a idéia sobre o tempo de percurso da água ao longo da extensão do perfil longitudinal – mais representativo.
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