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Membranas celulares – estrutura e transporte Disciplina de Biologia Celular Profa. Dra. Adriana Fiorini Aula 3 Modelo do mosaico fluido para a estrutura da membrana. Glicerofosfolipídios, esfingolipídios e esteróis – praticamente insolúveis em água. Constituintes moleculares das membranas Fosfolipídeos e glicolipídeos, proteínas, esteróis e carboidratos (glicocoproteínas e glicolipídios). As proporções variam conforme a membrana: Ex.: neurônios – bainha de mielina (uma extensão da membrana que se enrola e atua como isolante elétrico – composta na maior parte por lipídios). Membranas plasmáticas de bactérias, mitocôndrias e cloroplastos – possuem mais proteínas que lipídios. A arquitetura supramolecular das membranas Propriedades fundamentais: •Impermeáveis à maioria dos solutos polares ou carregados e polares aos compostos não polares. •Modelo do mosaico fluido (as ligações não são covalentes): Fosfolipídios e esteróis formam uma bicamada de lipídios na qual a região não polar está no centro e os grupos polares para o exterior. •Proteínas globulares: incrustadas em intervalos regulares – mantidadas por interações hidrofóbicas entre lipídios e domínios hidrofóbicos das proteínas. •Domínios protéicos diferentes entre os lados (externo e interno) da membrana. LIPÍDEOS DE MEMBRANAS Moléculas anfipáticas Correspondem a 50% da massa total da membrana Mais abundantes: fosfolipídeos. Eles têm um grupo polar numa extremidade (cabeça polar) e duas caudas de hidrocarboneto de características hidrofóbica. As caudas são normalmente ácidos graxos que podem apresentar diferentes comprimentos (14 a 24 C). Uma cauda possui, de modo geral, uma ou mais duplas ligações cis duplas (insaturações) e a outra cauda não possui. Diferentes composições e saturações: afetam a fluidez da membrana. A forma e a natureza anfipática dos lipídeos são responsáveis pela formação espontânea da bicamada lipídica num ambiente aquoso – se agregam direcionando suas caudas hidrofóbicas para o interior e a cabeça polar para o lado extra e intracelular (aquoso). Portanto, em um ambiente aquoso, formam a bicamada devido a sua natureza anfipática. Sendo cilíndricas, as moléculas de fosfolipideos formam duplas camadas Se fossem em forma de cunha, formariam micelas esféricas. Os lipídeos de membrana podes se difundir na bicamada. - Mecanismo de flip-flop: ocorre raramente. Menos que 1x ao mês (movimento entre camadas). - Forma mais predominante de movimento: dentro da mesma camada (107 por segundo). - Rodam rapidamente em torno de seu eixo. - São sintetizados apenas em uma monocamada da membrana, principalmente na monocamada citossólica do RE. Dai as translocases de fosfolipídeos (ligadas à membrana): trocam os lipídeos para outra camada (rápido flip-flop). a) b) c) Estado paracristalino (sólido) Estado fluido A composição da membrana influi na fluidez Fluidez – depende tanto da composição quanto da tpt. Além dos fosfolipídeos, as membranas também apresentam colesterol. Presença de duplas ligações - também deixa a membrana mais fluida. Na molécula de colesterol, a hidroxila fica agrupada próximo a cabeça polar dos fosfolipídeos, assim, o seu anel esteroide rígido parcialmente imobiliza os hidrocarbonetos rígidos, diminuindo a permeabilidade da bicamada a pequenas moléculas hidrossolúveis. Têm a tendência de tornar a bicamada menos fluida, mas quando em alta concentração impedem de os hidrocarbonetos se cristalizarem. LIPÍDEOS DE MEMBRANA A composição lipídica da membrana é variável conforme o tecido e o organismo. Em bactérias – não contém colesterol e só contém fosfatidiletanolamina. Eucariotos – quatro tipos predominam: fosfatidiletanolamina fosfatidilserina fosfatidilcolina esfingomielina glicerol esfingosina colina colina serina etanolamina fosfato Glicerofosfolipídeos Esfingolipídeos Natureza lipídica da membrana – restringe os tipos de moléculas que passam pelas membranas, principalmente as moléculas polares. - Moléculas que não se difundem a uma taxa significativa: íons inorgânicos e moléculas orgânicas carregadas. - Moléculas que são excluídas devido ao seu tamanho e carga: proteínas e ácidos nucléicos. Taxa de difusão para a passagem de nutrientes e íons inorgânicos é lenta. Então a célula possui canais e transportadores especializados. Proteínas canais: estreito poro hidrofílico que permite o movimento passivo de pequenos íons inorgânicos. Proteínas carreadoras (transportadoras): apresentam partes móveis para carregar moléculas específicas através das membranas. Podem estar acopladas a uma fonte de energia, para catalisar o transporte ativo. O enfoque será dado apenas a membranas plasmáticas, mas mecanismos similares ocorrem em demais tipos de membranas. PRINCÍPIOS DE TRANSPORTE DE MEMBRANA DIFUSÃO DE SUBSTÂNCIAS PELA MEMBRANA Em uma membrana livre de proteínas, virtualmente qualquer molécula se difundirá, dado o tempo necessário, passivamente através da membrana. Em geral, quanto menores e mais solúveis em lipídeos mais rapidamente se difundirão. Para que um soluto se difunda por uma membrana ele: 1) tem que deixar o ambiente aquoso de um lado e entrar na membrana 2) atravessar a membrana 3) deixar a membrana e penetrar em um novo ambiente, no lado oposto. Cada etapa envolve equilíbrio entre os dois estados. - Difusão de gases, como o CO2, O2, N2, NO, CO e H2S, ocorre rapidamente e a velocidade depende somente do gradiente de concentração. - Água difunde-se por forças osmóticas, mas para atender as necessidades de rápido equilíbrio de água através das membranas plasmáticas, existem as aquaporinas. Aquaporinas Existem dois principais tipos de deslocamento mediado por proteínas: Proteínas Carreadoras e Canais Além das moléculas apolares, as membranas devem permitir a passagem de várias moléculas polares, como íons, açúcares, aminoácidos, nucleotídeos e muitos metabólitos celulares, o que se dá por canais ou transportadores. Canais ou poros: Formam poros aquosos. Substâncias movem-se apenas na direção da menor concentração. Transportadores: Catalisam o movimento de uma molécula ou íon ligando e fisicamente movendo-o através. Ligam ao soluto e sofrem mudanças na conformação. TRANSPORTE VIA CANAIS DE MEMBRANA Canais iônicos – existem muitas famílias diferentes e todos são seletivos para a molécula que é translocada. Podem estar em estado aberto ou fechado. Estão normalmente fechados, mas podem ser abertos por uma variedade de mecanismos incluindo estímulos físicos (mecânicos ou calor). Um dos mais estudados são os que respondem a mudanças no potencial de membrana, chamados canais voltagem-dependente e os que respondem a ligação de um ligante, chamados canais regulados por ligante. A ligação de um ligante químico extracelular ou intracelular muito específico é um mecanismo comum para abertura de um canal iônico, por ex. a acetilcolina liga ao seu receptor nicotínico e o canal abre e permite fluxo de Na+, o que é importante para a transmissão do sinal elétrico neuronal. Outros são controlados por AMPc.Muitos destes canais estão envolvidos com a contração muscular e transmissão nervosa, portanto, o controle de abertura é muito rápido. A superfície de um terminal nervoso pode conter vários tipos de canais, como voltagem-dependentes para Ca2+, K+, canais de K+ Ca2+, canais de Cl- etc. Canais iônicos de Na+, Ca2+, K+ e Cl- controlados por voltagem Os canais Na+, Ca2+, K+ são encontrados em bactérias, archae, vírus e eucariotos. São controlados por potencial elétrico transmembrana e em células de mamíferos, são responsáveis pela geração de sinais elétricos conduzidos em neurônios e outras células excitáveis. A grande subunidade alfa tem o poro condutor do íon. Subunidades acessórias como proteínas periféricas estão envolvidas geralmente com a regulação do canal. Canais nicotínicos de Acetilcolina Também chamado de receptor da acetilcolina – exemplo de canal regulado por ligante. Acetilcolina se liga e abre o canal. A acetilcolina difunde-se em direção a membrana no músculo esquelético, interage com seu receptor, abre o canal, e permite que íons carregados positivamente e pequenos eletrólitos flutuem através do canal. Isto despolariza a membrana do miócito, desencadeando a contração. O receptor da acetilcolina permite a passagem dos íons Ca+, Na+ e K+, impedindo a passagem de todos os ânions e outros cátions. Transporte ativo e transporte passivo via transportadores Alguns transportadores movem seus substratos a favor de um gradiente de concentração (referido como transporte passivo, difusão facilitada ou difusão mediada por proteína). Outros podem mover o substrato contra o seu gradiente de concentração (transporte ativo ou bomba) e requer entrada de energia. Três classes gerais de sistemas de transporte (independentes de serem transportadores passivos ou ativos) Transporte único Co-transporte (simporte) Contra-transporte (antiporte) Transporte duplo Transporte ativo Transportadores ativos catalisam a translocação de um soluto contra o seu gradiente de concentração, levando a criação de um gradiente químico ou eletroquímico. Depende de energia (endergônico) e então o movimento dos solutos é acoplado a um processo exergônico como: quebra do ATP, oxidação, fluxo de uma substância química a favor do gradiente eletroquímico. Transporte ativo primário e secundário primário secundário Transportadores ativos primários Encontrados em todos os organismos vivos. Células de mamíferos requerem ATP ou outro nucleosídeo trifosfato como fonte de energia. Transportadores que utilizam ATP são também chamados de ATPases (ATP é hidrolisado durante a translocação). Três famílias que catalisam a translocação de cátions inorgânicos: (transportadores tipo P, V e F) Há pelo menos 3 tipos gerais de ATPases de transporte. ATPases do tipo P – transportadores de cátion direcionados por ATP. ATPases do tipo V Responsável pela acidificação nos lisossomos, vacúolos de plantas, nos endossomos, no complexo de Golgi e nas vesículas secretoras nas células animais. ATPases do tipo F Papel nas reações conservadoras de energia nas bactérias, mitocôndrias e cloroplastos. Catalisam a passagem ascendente de prótons transmembrana, direcionada pela hidrólise do ATP e também a reação reversa, na qual o fluxo descendente de prótons direciona a síntese de ATP. Translocação ligada de Na+ e K+ é por transporte ativo primário. Membrana externa plasmática de todas as formas de vida: contém um antiporter tipo P (de Na+ e K+) que utiliza ATP. Nome: ATPase trocadora de Na+/K+ ou bomba de sódio. Apresenta uma subunidade grande que catalisa atividade de ATPase e translocação de ions. O transportador é responsável por manter as concentrações altas de K+ e baixas de Na+ no citoplasma. TRANSPORTE ATIVO SECUNDÁRIO Utilizam uma fonte secundária de energia como gradiente eletroquímico transmembrânico de sódio (força sódio motriz) ou H+ (força próton motriz) para conduzir translocação. A força sódio motriz é gerada à custa de uma fonte primária de energia, como hidrólise de ATP, e a força próton motriz, por reações de oxidação-redução. Estes transportadores ativos secundários translocam muitas moléculas orgânicas pequenas, como aminoácidos, açúcares e uma variedade de moléculas orgânicas. Transportadores ativos secundários Na2+ dependentes Nas células do epitélio intestinal, a glicose e alguns aminoácidos são transportados pelo co-transporte com o Na+, usando o gradiente de Na+ estabelecido pela ATPase Na+ K+. O co-transportador de Sódio/glicose (SGLT) transporta glicose junto com sódio: 2 sódios movem-se para dentro da célula a favor de seu gradiente eletroquímico (transporte passivo facilitado) e a glicose é levada junto, contra seu gradiente de concentração. O gradiente de Na2+ se dissipa no processo, mas a bomba Na2+/K+ o reestabelece continuamente. A glicose entra nas células intestinais junto com o Na+. Passa depois para o sangue através do GluT2, um transportador passivo. A ATPase Na+K+ continua a bombear Na+ para fora, para manter o gradiente. TRANSPORTE PASSIVO Sem gasto de energia – diversos transportadores foram descritos, a maioria em bactérias com especificidade para íons inorgânicos, açucares, aminoácidos e intermediários do ciclo dos ácidos tricarboxílicos e glicolíticos. Transporte passivo mediado demonstra cinética de saturação, especificidade para a classe de substrato movendo-se através da membrana e especificidade para inibidores. Transportador de glicose nos eritrócitos: GluT1. Proteína integral com 12 cadeias polipeptídicas hidrofóbicas, com resíduos hidrofílicos no interior do canal, os quais fazem ligações de hidrogênio com a glicose. GLUT1 – importante para suprir eritrócitos e células do cérebro com glicose. GLUT2 – em células do fígado catalisa o efluxo de glicose. Em células beta-pancreáticas GLUT2 está envolvido em sentir os níveis de glicose no sangue. GLUT4 – transportador que responde a insulina em tecido adiposo, músculo cardíaco e músculo esquelético. GLUT5 –no sarcolema do músculo esquelético transporta frutose preferencialmente. Glicose é translocada por transporte passivo GLUT – família de transportadores de glicose – mecanismo uniporte – células de mamíferos. GLUT1, GLUT2, etc – Geralmente o movimento de glicose é de fora para dentro. Quando a insulina liga ao seu receptor, vesículas se movem para a superfície e se fundem com a membrana aumentando o número de transportadores de glicose Quando o nível de insulina cai, os transportadores são removidos da membrana pela endocitose. A vesícula menor se funde com o endossomo maior Pedaços do endossomo com transportadores da glicose formam pequenas vesículas e voltam à superfície quando os níveis de insulina retornarem ao normal. Transportadores de glicose “armazenados” dentro da célula nas membranas das vesículas Transportador da glicose Transporte de glicose nos miócitos e adipóctios pelo GluT4 CL- e HCO3 - TRANSPORTADORES QUE ATUAM EM UM MECANISMO ANTIPORTE. Transportador de anions em eritrócitos e rins. Mecanismo antiporte de Cl- e HCO3- (bicarbonato). Chamado de trocador de Cl- e HCO3- independentede Na+. Em eritrócitos é chamado de banda 3 (posição no SDS- Page). A direção do fluxo dos íons depende do gradiente de concentração. IMPORTANTE NO AJUSTE DE HCO3- do eritrócito no sangue arterial e venoso. 1. O dióxido de carbono produzido pelo catabolismo entra no eritrócito. 2. O bicarbonato dissolve-se no plasma sanguíneo 3. O dióxido de carbono deixa o eritrócito e é exalado 4. O bicarbonato entra no eritrócito vindo do plasma sanguíneo. O trocador cloreto-bicarbonato aumenta a permeabilidade da membrana do eritrócito ao bicarbonato. Na ausência de cloreto, o transporte de bicarbonato é interrompido. 1 2 3 4 IONÓFOROS Substâncias produzidas e secretadas por bactérias que facilitam o transporte de alguns íons. Ex.: Valinomicina: grande afinidade por K+. Os ionóforos quelam o íon, sua capa de água é removida e o complexo ionóforo-íon, que é carregado positivamente, se difunde livremente pela membrana, levando a criação de uma separação de cargas através das membranas. Portanto, tem atividade de antibióticos, porque rompem o equilíbrio iônico intracelular.
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