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Artigo Indústria x Construção Civil

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QUALIDADE DO PROJETO: UMA COMPARAÇÃO
ENTRE A INDÚSTRIA SERIADA E A
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Daniel Madureira Rodrigues Siqueira
Depto. de Enga. de Produção da EPUSP - Av. Prof. Almeida Prado, 128 - 2o andar - sala 223 - Cidade
Universitária - São Paulo - SP - Brasil - CEP 05508-900. e-mail: lannet@nutecnet.com.br
Fausto Carraro
Depto. de Enga. de Const. Civil da EPUSP - Av. Prof. Almeida Prado, travessa 2 - Cidade Universitária -
São Paulo - SP - Brasil - CEP 05508-900. e-mail: carraro@usp.br
Dr. Silvio Burrattino Melhado
Depto. de Enga. de Const. Civil da EPUSP - Av. Prof. Almeida Prado, travessa 2 - Cidade Universitária -
São Paulo - SP - Brasil - CEP 05508-900. e-mail: silviobm@pcc.usp.br
ABSTRACT
This paper is directed to civil construction industry professionals who feel the
conceptual deficiencies and the technological delays which has been following such
industry. The brazilian new economic order has showed low productivity, quality and
competitivity realities of its construction industry which has huge importance on the
national economical development.
The content of the paper is extracted from a bibliographycal research provided by the
authors during a pos-graduation program of the ‘Universidade de São Paulo (USP)’. It
intends to present the differences between serial industries production methods and
compare them to the adopted methods of civil construction industry, giving special
attention to the design concept phase.
So, the text will present the main different aspects between the Mass Production mode
and the Lean Production mode on a very brief way. Later, the authors try to relate these
differences among today’s civil construction context.
Key words: quality, construction industry, serial industry.
1 AS TÉCNICAS DO PROJETO ENXUTO VERSUS O PROJETO EM 
MASSA
Como e quais são, precisamente, as técnicas de Projeto Enxuto usadas pelas melhores
firmas automobilísticas?
Do trabalho de CLARK e FUJIMOTO (1991), conclui-se que existem quatro diferenças
básicas nos métodos de projetar utilizados pelos Produtores em Massa e Enxutos. Estas
diferenças estão na Liderança, no Trabalho de Equipe, na Comunicação e no
Desenvolvimento Simultâneo. Detalhar-se-ão, a seguir, estes quatro fatores.
1.1 LIDERANÇA (Coordenador do Projeto)
Primeiramente, com base em CLARK e FUJIMOTO (1991), examinaremos a liderança
em um Projeto. Os produtores enxutos, invariavelmente, empregam alguma variante do
sistema do Shusa, do qual a Toyota foi a pioneira (denominado na Honda, “Líder de
Grande Projeto” - LGP).
O Shusa é simplesmente o “Chefão”, o líder da equipe incumbida do projeto e
engenharia de um novo produto, e de pô-lo inteiramente em produção. Nas melhores
companhias japonesas, a posição de Shusa traz consigo grande poder, sendo, talvez, a
mais cobiçada. Um fato interessante é que os novos produtos da indústria
automobilística japonesa costumam ser chamados pelo nome do Shusa: Exemplo: “Olha
o carro do Fuji-san” ou “Akoika-san realmente deu um toque especial a este carro” .
Os produtores em massa ocidentais também possuem líderes de equipes de
desenvolvimento. Qual a diferença entre os dois sistemas? Acredita-se residir no poder e
carreira do Líder de Equipe. Nas equipes ocidentais, o líder é mais apropriadamente
denominado de coordenador, cuja função é convencer os membros da equipe a
cooperarem. Trata-se de um papel frustrante, devido à autoridade realmente “limitada”
do líder, de modo que poucos afirmam gostar da posição. Na verdade, muitos executivos
vêem nessa posição um beco sem saída, onde o sucesso é pouco recompensado e o
fracasso altamente visível. Além do mais, na Produção em Massa, o líder de equipe
ocupa uma posição por demais fraca para defender um projeto dentro de uma
companhia. É comum a alta gerência passar por cima do líder da equipe, muitas vezes
reiteradamente, quanto às especificações e aparência do produto, durante o
desenvolvimento.
1.2 TRABALHO EM EQUIPE
Conforme CLARK e FUJIMOTO (1991), o problema torna-se mais evidente ao
examinarmos o segundo elemento do Projeto Enxuto: a equipe estreitamente interligada.
No processo de Desenvolvimento Enxuto, o Shusa reúne uma pequena equipe, alocada
então a um Projeto de Desenvolvimento por toda sua duração. Tais funcionários advêm
de departamentos funcionais da companhia tais como avaliação de mercado,
planejamento de produtos, estilo, engenharia de produção e operações fabris, entre
outros. Eles conservam seus vínculos com os departamentos funcionais, enquanto dura o
programa e permanecem claramente sob controle do Shusa. O desempenho da equipe,
julgado pelo Shusa, determinará a próxima alocação, provavelmente em nova equipe de
desenvolvimento.
Em contraposição, na maioria das companhias ocidentais, um projeto de
desenvolvimento compõe-se de pessoas, incluindo o líder da equipe, emprestados por
curto período de tempo dos departamentos funcionais. Além do mais, o próprio projeto
transita de departamento em departamento, ao longo de uma espécie de linha de
montagem, de um extremo ao outro da companhia. Assim sendo, o projeto, na verdade,
sai do departamento de marketing para as divisões de engenharia, e de lá para o
departamento de operações fabris. Desta forma, o trabalho passa por pessoas totalmente
diferentes em cada área.
Os membros da equipe sabem que o sucesso de suas carreiras depende da ascensão na
especialidade funcional, por exemplo, ser promovido de chefe da engenharia de pistões
para a subchefia da engenharia de motores, e dali para chefe da engenharia de motores, e
se esforçam, dentro da equipe, em defender seus departamentos, isoladamente.Com isto,
o líder da equipe jamais consultará os registros do desempenho de um funcionário, bem
como a avaliação do seu desempenho pelo líder não fará qualquer diferença na carreira
do empregado. As avaliações relevantes virão do “Cabeça” da divisão funcional do
empregado, cuja preocupação é: “O que você faz pelo meu departamento?”
Os japoneses têm equipes menores, em parte devido à organização eficiente, mas
também pela pouca rotatividade de seu pessoal. Gerentes ocidentais de departamentos
vêem nos membros das equipes meros representantes dos departamentos de origem no
processo de desenvolvimento; não titubeiam, portanto, em chamar de volta seus
quadros, quando suas qualificações se fazem necessárias, para atender a novas
necessidades. Para a equipe, todavia, tais chamadas implicam em grande perda, pois
grande parte dos conhecimentos essenciais de uma equipe de desenvolvimento reside
nas experiências e pontos de vista compartilhados pelos membros por um longo período.
1.3 COMUNICAÇÃO
CLARK e FUJIMOTO (1991), constataram em seu trabalho que, apesar dos esforços
ocidentais de desenvolvimento, as decisões críticas envolvendo o projeto só conseguiam
ser tomadas numa etapa bastante adiantada. Uma das razões para isto é o fato dos
membros de equipes norte-americanas relutarem grandemente em enfrentar diretamente
os conflitos. Seus compromissos com o conjunto de decisões sobre o projeto são vagos:
concordam em tentar fazer as coisas desde que não haja razões em contrário.
No Japão, ao contrário, os membros das equipes assinam compromissos formais de que
seguirão exatamente o consenso do grupo. Assim sendo, conflitos envolvendo recursos
e prioridades ocorrem de início, e não no final do processo. O resultado é uma
impressionante diferença na distribuição cronológica do trabalho dedicado ao projeto.
Nos melhores projetos enxutos japoneses, o número de pessoas envolvidas é mais
elevado logo de início. Todas as especialidades relevantes estão aí presentes, sendo
tarefa do Shusa forçar o grupo a confrontar todas as decisões polêmicas para haver
consenso em relação ao projeto.
Em contraste, em muitos projetos de produção em massa, o número de pessoas
envolvidas é bem pequeno no início, atingindo o pico quase na horado lançamento;
nessa hora, centenas ou milhares de quadros extras são chamados para resolverem
problemas que deveriam ter sido eliminados logo no início.
1.4 DESENVOLVIMENTO SIMULTÂNEO
Para mostrar o que se compreende por esse termo, tomemos o exemplo do
desenvolvimento de Moldes conforme WOMACK et al.(1992).
O método da produção em massa de moldes tem sido simples. Espera-se pelas
especificações exatas, fornecidas pelo projetista do produto, da peça a ser prensada. Em
seguida, o departamento de moldes solicita um bloco de aço, cortando com as caras
máquinas cortadoras de moldes controladas por computador. Nesse processo, o corte
envolve muitas etapas e a utilização de várias máquinas, de modo que os moldes
acabam empilhados esperando pela disponibilidade da próxima máquina. O tempo total
de desenvolvimento, da solicitação pelos projetistas do novo conjunto de moldes até os
moldes começarem a prensar os painéis na produção de carros, é de aproximadamente
dois anos.
Em contraste, os melhores produtores enxutos, todos eles japoneses, mas não limitados
ao Japão, começaram a produzir os moldes no mesmo tempo em que começam a
projetar a carroceria. Como isso é possível? A resposta é que os projetistas dos moldes e
das carrocerias estão em contato direto, face a face, tendo provavelmente já trabalhado
juntos em equipes anteriores de desenvolvimentos de produtos.
Os projetistas dos moldes conhecem o tamanho aproximado do novo carro e o número
aproximado de painéis, de modo que vão em frente e solicitam blocos de aço para os
moldes. Começam então, a fazer cortes aproximados no aço, de modo a estar pronto
para corte final tão logo sejam liberados os projetos definitivos dos painéis.
É claro que esse processo supõe considerável capacidade de previsão. O projetista dos
moldes precisa compreender o processo de projeto dos painéis tanto quanto o próprio
projetista destes últimos, e ser capaz de prever com exatidão a solução final que este
dará. Quando o projetista de moldes acerta, o tempo de desenvolvimento reduz-se
drasticamente. Quando o projetista erra (ocorrência pouco freqüente), a companhia paga
um alto preço. Ainda assim, o cronograma original pode ser cumprido, atribuindo-se ao
molde errado prioridade no processo de corte.
Qual o resultado final dessa intensa comunicação entre projetistas de painéis e
cortadores de moldes, aliada a uma previsão acurada por parte destes últimos e uma
programação inteligente de máquinas cortadoras flexíveis? Os melhores produtores
enxutos no Japão conseguem produzir um conjunto completo de moldes prontos para
produção de um novo carro em 1 (um) ano, exatamente a metade do tempo exigido na
Produção em Massa. Não causa surpresa que tal processo exija menos ferramentas,
estoques menores (pois o elemento chave, o dispendioso aço para os moldes, permanece
na oficina metade do tempo) e menor esforço humano.
2 VANTAGENS DA PRODUÇÃO ENXUTA - Desenvolvimento de Produtos
A tabela 1 sintetiza as vantagens do Sistema Enxuto no Desempenho do
Desenvolvimento de Produtos por Regiões da Indústria Automobilística, na metade dos
anos 80.
Produtores
Japoneses
Produtores
Norte
Americanos
Grandes
Produtores
Europeus
Média das Horas de Engenharia por
Novo Carro (em milhões)
1,7 3,1 2,9
Tempo de Desenvolvimento Médio
por Novo Carro (em meses)
46,2 60,4 57,3
Número de Funcionários nas Equipes
de Projeto (número)
485 903 904
Tipos de Carrocerias por Novo Carro
(número)
2,3 1,7 2,7
Percentual Médio de Peças
compartilhadas
18 % 38 % 28 %
Participação dos Fornecedores
na Engenharia
51 % 14 % 37 %
Participação dos Custos das
Mudanças no Custo Total dos Moldes
10-20 % 30-50 % 10-30 %
Produtos com Atraso (relação) 1 em 6 1 em 2 1 em 3
Tempo de Desenvolvimento dos
Moldes (meses)
13,8 25,0 28,0
Tempo de Fabricação do Protótipo
(meses)
6,2 12,4 10,9
Tempo entre Início da Produção e a 1ª
venda (meses)
1 4 2
Retorno à Produtividade Normal Após
Novo Modelo (meses)
4 5 12
Retorno à Qualidade Normal Após
Novo Modelo (meses)
1,4 11 12
Tabela 1 - Desempenho do desenvolvimento de produtos por regiões (CLARK, 
B. K., FUJIMOTO, T., CHEW, B.W.; 1987)
3 PARALELO COM A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Será feito a seguir um paralelo resumido entre o esquema de proposta de
desenvolvimento de Projetos na Indústria de Produtos Seriados (TOLEDO, 1994) com
o esquema proposto para o desenvolvimento de Projetos na Indústria de Construção
Civil (MELHADO, 1994), mencionando as diferenças básicas. Em seguida serão
efetuadas algumas comparações em determinados pontos considerados importantes para
que se consiga alcançar a Qualidade do Projeto.
3.1 INDÚSTRIA SERIADA VERSUS INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Para facilitar a visualização e a análise das relações que envolvem o desenvolvimento de
produtos na indústria seriada com conceitos de qualidade em todas as fases, desde a
concepção, passando pelo projeto e desembocando na execução, foi elaborada a tabela 2
que exprime sucintamente todos os processos abordados nos dois tipos de indústria, a
seriada e a da construção civil, para concepção, desenvolvimento e execução de
projetos.
INDÚSTRIA DE
 PRODUTOS SERIADOS
INDÚSTRIA DA
 CONSTRUÇÃO CIVIL
IDEALIZAÇÃO DO PRODUTO IDEALIZAÇÃO DO PRODUTO
ò ò
CONCEPÇÃO INICIAL
(inclui estudos de viabilidade)
CONCEPÇÃO INICIAL
(inclui estudos de viabilidade)
ò
CONSTRUÇÃO , TESTES E
ANÁLISES DOS PROTÓTIPOS
ò
ò ò
ANÁLISE DOS
PROCESSOS
FORMALIZAÇÃO
DOS PRODUTOS
ANÁLISE DOS
PROCESSOS
FORMALIZAÇÃO
DOS PRODUTOS
ò ò
DETALHAMENTO DE PRODUTO E
PROCESSO
DETALHAMENTO DE PRODUTO E
PROCESSO
ò
IMPLANTAÇÃO, TESTES E
ANÁLISES DO LOTE PILOTO
ò
PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
ò ò
PRODUÇÃO PRODUÇÃO
ò ò
LANÇAMENTO DO PRODUTO NO
MERCADO
ENTREGA DO PRODUTO
ò ò
ASSISTÊNCIA TÉCNICA OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
Tabela 2 - Relação entre modos de desenvolvimento de produtos na indústria 
seriada e na indústria da construção civil
Um aspecto a comentar seria o da similaridade nas fases iniciais dos empreendimentos.
Tanto a indústria de produção em série como a da construção civil possuem seus
próprios critérios de seleção dos produtos. Os estudos de viabilidade técnica e comercial
também são efetuados nas duas indústrias, sendo decisivos para a depuração do
processo seletivo da concepção do produto.
A elaboração do pré-protótipo na indústria de produção em série tem sua forma análoga
na construção civil através da fabricação das maquetes. Estes elementos reduzidos
permitem a visualização do produto em três dimensões. Suas aplicações poderiam se
estender a estudos completos sobre os vários subsistemas de uma edificação como, por
exemplo, a localização das instalações elétricas, hidráulicas etc. Ainda poderia servir
como simulador das condições de luminosidade e da disposição de móveis e aparelhos
nos compartimentos internos, espaços para garagens, entre outros. O que se percebe, no
entanto, é que estas possíveis funções das maquetes têm sido negligenciadas. Ao
contrário, na indústria seriada esta fase á considerada de suma importância para a
conformação final do produto e a sua definição pressupõe etapas sucessivas de
modificações até se chegar ao produto ideal. No entender dos autores, esta analogia é
fundamental quando se pensa em alcançar a Qualidade do Projeto, seja ele de um bem
de consumo ou de um apartamento, por exemplo.Em relação à fase de construção e
testes dos produtos, a indústria seriada mantém uma seqüência que pode ser resumida
em: pré-protótipo à protótipo à lote piloto à produção em série. Em todas estas fases
estão embutidos os devidos testes e análises com possíveis correções. Na construção
civil, esta prática é pouco difundida. Isto pode ser explicado pelas variáveis que influem
no seu processo, tais como: produtos únicos, custos, prazos deentrega, alta rotatividade
e baixa qualificação da mão-de-obra, etc..
Entretanto, algumas iniciativas têm sido proporcionadas através da evolução tecnológica
que certas empresas têm procurado no sentido de aumentar sua produtividade e
qualidade através da aplicação de diretrizes de racionalização, tanto nos seus projetos
como na execução de suas obras. Exemplo disto ocorreu no final dos anos 80 e início
dos anos 90 quando uma empresa brasileira de construção da iniciativa privada firmou
um contrato de desenvolvimento tecnológico com a Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. Este desenvolvimento culminou com a adoção de medidas de
racionalização empregadas nos processos construtivos em alvenaria estrutural de blocos
de concreto, dentre as quais a construção de edifícios denominados “edifícios
protótipos” (FRANCO, 1992) e por períodos de treinamento prático realizados em local
fora da planta do edifício, correspondendo, na ocasião, à metade da planta de um andar
tipo. Tais procedimentos, considerados pelos autores como relativamente análogos aos
da indústria seriada, foram relatados como um grande sucesso à época de sua
implantação pelos pesquisadores envolvidos (FRANCO, 1992). Acredita-se que esta
iniciativa, apesar de restrita e peculiar, possa ser disseminada a todo o âmbito da
indústria da construção civil.
Neste momento, faz-se, então, certas comparações entre alguns pontos importantes para
que se obtenha Qualidade no Projeto. Estes pontos serão analisados no tocante à fase de
projetos abrangendo as indústrias de ‘Produção em Massa & Construção Civil
Tradicional’ e as indústrias de ‘Produção Enxuta & Construção Civil proposta por
MELHADO (1994)’ :
Sistemas de
Desenvolvimento de Projetos
Ind. de Produção em
Massa/Ind.Tradiciona
l da Const. Civil
Ind. de Produção
Enxuta/Proposta por
Melhado (1994)
Poder do Líder do Projeto BAIXO ALTO
Sistema de Trabalho em Equipe LINHA CIRCULAR
Grau de Integração da Equipe BAIXO ALTO
Tempo de Permanência na Equipe BAIXO ALTO
Tamanho Equipe(nº de integrantes) ALTO BAIXO
Comunicação entre os Integrantes BAIXO ALTO
Compromisso com o Projeto BAIXO ALTO
Ascensão Profissional Individual DEPTO.FUNCIONAL EQUIPE
Qtde.Maior de Pessoas Envolvidas FIM DO PROJETO INÍCIO DO PROJETO
Sistema de Desenv. do Projeto LINHA SIMULTÂNEO
Duração do Projeto (relação) 4 1
Grau de Participação de Fornecedores BAIXO ALTO
Média de Horas de Enga. (relação) 2 1
Tabela 3 - Comparações entre pontos importantes na busca da Qualidade do 
Projeto - Produção em Massa & Construção Civil Tradicional X 
Produção Enxuta & Construção Civil com Qualidade
Percebe-se que na indústria seriada certos conceitos como os da multidisciplinaridade e
do desenvolvimento do produto foram há muito tempo absorvidos e sua aplicação
também é efetiva. Já na indústria da construção civil, principalmente no Brasil, tais
idéias começam a proliferar somente agora por questões de necessidades mercadológica
(competitividade acirrada), jurídica (códigos de defesa do consumidor) e tecnológica
(garantias de desempenho, durabilidade, etc.).
4 CONCLUSÃO
Identificaram-se as diferenças no desenvolvimento dos projetos realizados pelas
Indústrias Ocidentais - Produção em Massa (norte-americanas) e Indústrias Orientais -
Produção Enxuta (japonesas).
A utilização de técnicas, ferramentas e metodologias adotadas pelas indústrias japonesas
de produtos seriados, adaptadas à Construção Civil, podem trazer resultados muito
significativos para a qualidade e eficiência da produção, como mostrou o trabalho de
MELHADO (1994).
Deve-se, contudo, tomar o cuidado de não simplesmente “copiar” os modelos utilizados
nas Indústrias de Produção Enxuta Japonesas. Deve-se, isto sim, adaptar estes modelos
de forma coerente com a cultura e a estrutura das indústrias nacionais e do próprio país,
com as tecnologias disponíveis, com as políticas governamentais, com a estratégia
adotada pela empresa e principalmente com as pessoas (os colaboradores envolvidos),
que são a base de qualquer Sistema da Qualidade.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLARK, B. K.; FUJIMOTO, T. Product development performance: strategy,
organization and management in the world auto industry. Boston, 1991. Harvard
Business School Press.
CLARK, B. K.; FUJIMOTO, T.; CHEW, B.W. Product development in the world auto
industry. Boston, 1987. Brookings Papers on Economic Activity, nº 03.
FRANCO, L.S. Aplicação de diretrizes de racionalização construtiva para a evolução
tecnológica dos processos construtivos em alvenaria estrutural não armada. São
Paulo, 1992. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
MELHADO, S. B. Qualidade do projeto na construção de edifícios. São Paulo, 1994.
Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
TOLEDO, N. N. Metodologia para o desenvolvimento de produtos para serem
fabricados em série. São Paulo, 1994. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo.
WOMACK, J. P.; JONES, D.T.; ROOS, D. A máquina que mudou o mundo. Rio de
Janeiro, 1992. 5a ed. Ed. Campus Ltda.

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