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Oscilações Forçadas e Amortecidas ARAÚJO, M.P., ∗ FARIAS, R.S.F., † SILVA, D. J. R., ‡ and LEITE, M. M. F. § Engenharia de Petróleo, Centro universitário Tiradente, 57038-000, Maceió, Alagoas, Brazil Resumo Na natureza é commum encontramos casos de sistemas oscilantes que estão sujeitos à ação de forças dissipativas, as quais tendem a trazer o sistema para uma posição de equilíbrio (oscilações amortecidas), assim como à forças externas períodicas que tendem a modificar a frequência de oscilação do sistemas (oscilaões forçadas). Neste trabalho abordaremos estes dois casos e apresentaremos suas equações de movimento e principais características. Abstract In nature, it is common to find cases of oscillating systems that are subject to the action of dissipative forces, which tend to bring the system into a position of equilibrium (damped oscillations), as well as the periodic external forces that tend to modify the oscillation fre- quency of the Systems (Forced oscillations). In this work we will discuss these two cases and present their equations of motion and main characteristics. 1. INTRODUÇÃO Quando uma partícula realiza um movimento oscilatório, isto é, quando ela se move para frente e para trás simetricamente em torno de um ponto de equilíbrio e este movimento se repete em intervalos iguais, dizemos este movimento é perióico. Os sistemas que se comportam com esse tipo de movimento são chamados de osciladores harmônicos. Classicamente um oscilador harmônico é um sistema que apresenta uma força que será sempre direcionada para a posição de equilíbrio, força restauradora, a qual é proporcional ao deslocamento. Em um sistema onde a única força atuante é a força restauradora, o movimento realizado por esse sistema é conhecido como movimento harmônico simples (MHS). A força restauradora é dada pela lei de Hook, sendo expressa por Fel = −kx (1) ∗ Electronic address: mariiana.pinheiro@hotmail.com † Electronic address: renata_feitosa@hotmail.com ‡ Electronic address: denildojunio1@outlookcom § Electronic address: miqueias_mateus@outlook.com 2 Onde a constante de proporcionalidade k é chamada de Constante elática. De acordo com a segunda lei de Newton, a equação de movimento de um corpo realiza um MHS, em uma dimensão, em torno de um ponto de equilíbrio estável é dada por m d2x(t) dt2 + k.x(t) = 0, (2) onde m é a massa do corpo, x é o deslocamento relativo à posição de equilíbrio e d2x/dt2. A solução da equação (2) é dada por x(t) = |A| cos(ω0t+ ϕ), (3) sendo ω0 = √ k/m a frequência angular. As constantes |A| e ϕ são definidas pelas condições iniciais da oscilação (quando t = 0), onde |A| é a amplitude da oscilação e ϕ a constante de fase que indica em que ponto da trajetória, ou em que fase da oscilação, se encontrava o corpo no instante considerado como t = 0. Como podemos notar, em um MHS corpo oscila, sempre, entre os pontos de retorno ou de afastamento máximo, +A e −A , ou seja, com a amplitude constante, dada pelas condições iniciais. Entretanto, na maioria dos sistemas macroscópicos oscilantes, a amplitude diminui com o passar do tempo até parar. Nesse caso, dizemos, que há um amortecimento no movimento oscilatório. Para representar este fato introduzimos uma força proporcional à velocidade do corpo e em sentido contrário a esta, o que se aproxima do que ocorre quando um corpo oscila imerso em um fluido (como o ar ou algum líquido), com velocidades baixas. Tal força é chamada força de resistência ou força de amortecimento, Fa = −bdx dt (4) Em um movimento oscilatório, como o de uma pessoa em um balanço, se nenhuma força atuar sobre o sistema pessoa-balanço, esse terá um movimento harmônico amortecido, ou seja, sua ampli- tude irá diminuir gradualmente até parar. No entanto, se uma força externa periódica for aplicada ao sistema, ele passará a executar um movimento de oscilação forçada, de tal modo que a amplitude do movimento pode aumentar ou diminuir proporcionalmente a frequência da força que foi aplicada ao sistema. Um sistema que executa oscilações forçadas possui duas frequências angulares associadas a ele. A primeira está relacionada a frequência angular das oscilações livres do sistema, em outras palavras,é a frequência natural do sistema e a seguda expressa a frequência angular da força externa que produz a oscilação forçada. A frequência natural do sistema pode ser expressa por f0 = ω0 2pi . (5) 3 Se a frequência angular da força externa for igual à frequência angular natural do sistema, a ampli- tude do sistema de oscilação forçada será máxima. Nesse caso o sistema passaria a oscilar com um amplitude crescente. Essa condição do sistema recebe o nome de ressonância. Porém, em um caso real, o sistema não atinge essa amplitude devido a precença de forças dissipativas como o atrito, a resistência do ar e a resistência do material. 2. OSCILAÇÕES AMORTECIDAS Se não houvessem forças dissipativas, como o atrito, um pêndulo ou um sistema massa mola oscilaria indefinidamente. No entanto, devido a estas forças a energia mecânica do sistema oscilador é dissipada, fazendo com que o sistema acabe por parar de oscilar. Tal movimento é dito amortecido e denomina-se movimento harmônico amortecido. O movimento harmônico amortecido pode ser caracterizado de três formas: • Se o amortecimento for grande o suficiente, de modo que o oscilador não chegue a completar nem um ciclo de oscilações, este tipo de movimento é dito superamortecido. • Se o amortecimento é suficientemente pequeno para que o sistema oscile com uma amplitude que diminui lentamente com o tempo, o movimento é dito subamortecido. • O movimento com o mínimo amortecimento que ainda não resulta em oscilações é dito criti- camente amortecido. 2.1. Equações de movimento do oscilador harmônico amortecido Como mencionado anteriomente, para o oscilador harmônico amortecido consideramos a presença de força dissipativas no sistema. Para obtermos a equação de movimento do oscilador harmônico amortecido introduzimos uma força de amortecimento, (4), na força resultante do sistema oscilante, com isso, FR = Fel + Fa = −k.x− bdx dt . (6) Da segunda lei de Newton temos que FR = m.a = m. d2x dt2 , (7) 4 logo, −k.x− bdx dt = m. d2x dt2 . (8) Vamos chamar d2x dt2 = x¨ e dxdt = x˙. Dividindo a equação (8) por m obtemos x¨+ b m x˙+ k m x = 0, (9) lembrando que ω0 2 = km e definindo o parâmetro de amortecimento β = b 2m , a equação (9) pode ser reescrita como x¨+ 2βx˙+ ω0 2x = 0. (10) A equação (10) admite como solução a seguinte relação x = ert, dessa forma temos x = ert x˙ = r.ert x¨ = r2.ert, logo r2.ert + 2βr.ert + ω0 2.ert = 0 r2 + 2βr + ω0 2 = 0. (11) Resolvendo a equação (11) obtemos como soluções r′ = −β + √ β2 − ω02 e r′′ = −β − √ β2 − ω02. Assim, a solução geral da equação é x(t) = A.e ( −β+ √ β2−ω02 ) t +B.e ( −β− √ β2−ω02 ) t x(t) = A [ e−βt.e (√ β2−ω02 ) t ] +B [ e−βt.e− (√ β2−ω02 ) t ] x(t) = e−βt [ A.e √ β2−ω02 +B.e− √ β2−ω02 ] , (12) sendo (12) é a solução geral da equação de movimento para o oscilador harmônico amortecido. 2.1.1. Superamortecido: β2 > ω0 2 Omovimento harmônico superamortecido ocorre quando o amortecimento for grande o suficiente, de modo que o oscilador não chegue a completar nem um ciclo de oscilações, isto é, β2 > ω0 2 , então chamando ω = √ β2 − ω02 e susbstituindo em (12) obtemos a equação de movimento para um oscilador harmônico superamortecido x(t) = e−βt [ A.eωt +B.e−ωt ] (13) 5 2.1.2. Subamortecido: β2 < ω0 2 Por sua vez o movimento harmônico subamortecido ocorre quando o amortecimento é suficiente- mente pequeno para que o sistema oscile comuma amplitude que diminui lentamente com o tempo, em outras palavras, quando β2 < ω0 2 . Nesse caso, vamos chamar iω = √ β2 − ω02 e susbstituir em (12), assim x(t) = e−βt [ A.eiωt +B.e−iωt ] (14) Usando eiθ = cos θ + isenθ então (14) fica x(t) = e−βt {A [cos(ωt) + isen (ωt)] +B [cos(−ωt) + isen (−ωt)]} Lembrando que: cos(−ωt) = cos(ωt) e sen (−ωt) = −sen (ωt), logo x(t) = e−βt {A [cos(ωt) + isen (ωt)] +B [cos(ωt)− isen (ωt)]} = e−βt {(A+B) cos(ωt) + [i(A−B)]sen (ωt)} = e−βt [C cos(ωt) +Dsen (ωt)] (15) Onde C = (A + B) e D = [i(A − B)]. Nesse ponto, precisamos escrever uma constante ϕ que abrangerá qualquer combinação de soluções em seno ou cosseno, tal que C = |A| cosϕ e D = −|A|senϕ. Substituindo essa solução em(15) x(t) = |A|e−βt [cos(ωt) cosϕ− sen (ωt)senϕ] sabendo que: cos(a + b) = cos a cos b − senasenb, a equação de movimento para um oscilador harmônico subamortecido é x(t) = |A|e−βt cos(ωt+ ϕ) (16) 2.1.3. Criticamente amortecido: β2 = ω0 2 Por fim quando β2 = ω0 2 o sistema retorna para o estado estável tão rapidamente quanto possível sem oscilar. Assim assumindo novamente ω = √ β2 − ω02, tal que ω → 0 para β2 = ω02 e usando essa condição em (12) obtemos a equação de movimento para um oscilador harmônico criticamente amortecido: x(t) = e−βt (A+B.t) (17) 6 3. OSCILAÇÕES FORÇADAS Ao estudar o oscilador harmônico simples e o oscilador harmônico amortecido, nos deparamos apenas com casos onde ocorre oscilações livres, isto é, aquelas em que o oscilador adquire, por meio do deslocamento e da velocidade inicial, uma certa quantidade de energia e em seguida oscila livremente evoluindo com o tempo, sendo amortecido por forças dissipativas que atuam sobre ele. Vamos agora estudar o comportamento do oscilador harmônico sob a ação de uma força externa periódica, tal que o período desta força é diferente do período de oscilação do oscilador, porduzindo oscilações chamadas de oscilações forçadas. Essa força externa irá suprir de forma continua a energia do oscilador, compensando a energia dissipada. para o caso de um oscilador harmônico não-amortecido. Considerando uma força externa perió- dica do tipo F (t) = F0 cos(ωt), a equação de movimento, segundo (2) é d2x dt2 + ω0 2x = F0 m cos(ωt) (18) onde chamaremos ω0 de frequência natural das oscilações livres. A equação (18) é uma equação diferencial de 2 a ordem não homegênea, de modo que uma solução pode ser obtida tomando a parte real de ambos os membros da seguinte equação diferencial da variável complexa z d2z dt2 + ω0 2z = F0 m eiωt (19) A solução geral da equação (19) para o oscilador forçado para a variável complexa z é portanto z(t) = − F0 m(ω2 − ω02)e iωt + C1 2iω0 eiω0t + C2e −iω0t. (20) A solução da equação do oscilador forçado para a variável real x é obtida quando tomamos a parte real da solução para a variável complexa z, isto é, x(t) = Re[z(t)]. Assim, x(t) = − F0 m(ω2 − ω02)Re [ eiωt ] +Re [ C1 2iω0 eiω0t + C2e −iω0t ] = − F0 m(ω2 − ω02)Re [ eiωt ] +Re [ − iC1 2ω0 eiω0t ] +Re [ C2e −iω0t] , (21) lembrando que e±iθ = cos θ ± senθ, então Re [ eiωt ] = Re [cosωt+ isenωt] = cosωt; (22) Re [ − iC1 2ω0 eiω0t ] = Re [ − iC1 2ω0 cosω0t+ C1 2ω0 senω0t ] = −Re[iC1] 2ω0 cosω0t+ Re[C1] 2ω0 senω0t, onde : Re[iC1] = −Im[C1] = Im[C1] 2ω0 cosω0t+ Re[C1] 2ω0 senω0t; (23) Re [ C2e −iω0t] = Re [C2 cosω0t− iC2senω0t] = Re[C2] cosω0t+ Im[C2]senω0t. (24) 7 Assim (21) fica x(t) = − F0 m(ω2 − ω02) cosωt+ A︷ ︸︸ ︷[ Im[C1] 2ω0 +R2[C2] ] cosω0t+ B︷ ︸︸ ︷[ Re[C1] 2ω0 + Im[C2] ] senω0t x(t) = − F0 m(ω2 − ω02) cosωt+A cosω0t+Bsenω0t, onde A e B são são constantes reais arbitrárias e independentes. Do mesmo modo que fizemos na soluaçõa da eq. (15), vamos assumir uma constante ϕ que abrangerá qualquer combinação de soluções em seno ou cosseno, tal que a = |A| cosϕ e b = −|A|senϕ. Com isso a equação de movimento para um sistema com oscilação forçada é x(t) = − F0 m(ω2 − ω02) cosωt+ |A| cos (ω0t+ ϕ). (25) Em (25), podemos ver a equação (3) para um sistema em MHS acrescida de um termo que carac- teriza o movimento de oscilação forçada, o qual depende da força externa aplicada e as frequências do oscilador e da força. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho discutimos alguns aspectos de sistemas com oscilações amortecido e forçadas. Nas seção que tratou das oscilações amortecidas estudamos três tipos de amortecimentos: O superamortecido, quando temos um alto grau de amortecimento, de modo que o oscilador não chegue a completar nem um ciclo de oscilações, o subamortecido quando o fator de amortecimento é pequeno permitindo o sistema oscilar com uma amplitude que diminue com o tempo e o amorte- cimento crítico que possui um amortecimento mínimo no qual o sistema retorna para o estado de esquilíbrio rapidamente sem oscilar. Por fim estudamos as oscilações sujeitas auma força externa periódica (Oscilaçoes forçadas), onde abordamos caso de um oscilador harmônico não amortercido e vimos que a equação de movimento para esse sistemas apresenta a solução geral do MHS e um segundo termo que é expresso em função da força externa aplicada ao sistema e irá causar o mo- vimento forçado. Esses sistemas oscilatórios estão presentes em nosso cotidiano, ainda que não os pecebamos, como nos amortecedores dos carros e ônibus, nas oscilaçoes do diafragma do tímpano de nosos ouvidos ao escutarmos um som e até mesmo no simples balançar de um balanço. 8 Agradecimentos À Prof. Dr. Nívea Fernanda Correa nos transmitir seus conhecimentos. [1] H. Moysés Nussenzveig, Curso de Física Básica 2: Fluidos, Oscilações e Ondas, Calor. 4 a edição, Editora Edgard Blücher, 2002. [2] SEARS, ZEMANSKY, Física, Vol 2, 10 a Edição, Pearson, 2003. [3] HALLIDAY, RESNICK, WALKER, Fundamentos da Física, Vol. 2, 8 a Edição, LTC, 2009. [4] TIPLER, Física, Vol 1, 6 a Edição, LTC,2009. [5] SERWAY, JEWEET, Princípios de Física, 2 a Edição, Vol 2, Thonson, 2006.
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