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Código de Defesa do Consumidor e Publicidade

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FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE TEÓFILO OTONI-MG
CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL
TIAGO BALDOW DE JESUS
REGINA LIMA DE OLIVEIRA SOUZA
RODRIGO FRANCISCO DOS SANTOS
VICTOR DIAS DOS SANTOS
YMNGRID PRISCILA BARROS DOS SANTOS
		O EMPRESÁRIO E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR
TEÓFILO OTONI - MG
2017
FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE TEÓFILO OTONI-MG
CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL
TIAGO BALDOW DE JESUS
REGINA LIMA DE OLIVEIRA SOUZA
RODRIGO FRANCISCO DOS SANTOS
VICTOR DIAS DOS SANTOS
YMNGRID PRISCILA BARROS DOS SANTOS
O EMPRESÁRIO E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR
Trabalho desenvolvido no Curso de Ciências Contábeis das Faculdades Unificadas Doctum de Teófilo Otoni.
Disciplina: Direito empresarial
 Professor: Luciano Silva Xavier
TEÓFILO OTONI - MG
2017
Código de Defesa do Consumidor
�
Para atender expresso mandamento presente no artigo 5o, XXXII da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e no artigo 48 de seu Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,  foi promulgada em 11 de setembro de 1990 a Lei 8.078/90, que criou o Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Essa foi uma legislação fundamental para regulamentar no Brasil as relações de consumo, alterando regras tradicionais do direito civil e adequando-as para uma sociedade de consumo. Com isso, novas regras a orientar os contratos, o comércio e a prestação de serviços foram criadas, de maneira a se proteger o consumidor de eventuais abusos dos fornecedores. Também se regulamentou a oferta de produtos e serviços e a publicidade dos mesmos, oferecendo um limiar ético para essas atividades.
O artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor determina que toda a informação ou publicidade que seja:
“suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e veículos oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor”.
Isso significa que tudo o que fizer parte da mensagem publicitária deve ser integralmente cumprido pelo anunciante porque fará parte do contrato a ser estabelecido entre o fornecedor e o consumidor. Ou, em outras palavras, a oferta, a publicidade, a informação, etc., vinculará o fornecedor no sentido de ser obrigado a cumpri-la, independentemente de sua vontade ou de sua boa-fé.
A esse respeito, Claudia Lima Marques[i] observa que:
“a oferta no CDC nada mais é, portanto, do que um negócio jurídico” e que “qualquer informação ou publicidade veiculada, que precisar, por exemplo, os elementos essenciais da compra e venda – ‘res’ (objeto) e ‘pretium’ (preço) –, será considerada como uma oferta vinculante, faltando apenas a aceitação (‘consensus’) do consumidor ou consumidores em número indeterminado”.
Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin[ii] ressalta ainda o seguinte:
“Esse princípio, estampado no art. 30, apesar de inserido na seção da oferta, aplica-se igualmente à publicidade. Ou melhor, abrange todas as formas de manifestação do marketing.”
O artigo 36 do Código de Defesa do Consumidor prevê o princípio da identificação obrigatória da mensagem publicitária, determinando que a publicidade deve ser veiculada de forma que o consumidor fácil e imediatamente a identifique como tal. Isso significa que a publicidade deve ser facilmente compreendida como sendo publicidade  pelo  público-alvo ao qual se destina. A idéia do dispositivo mencionado é proteger o consumidor para que ele não seja enganado e para que tenha o direito de receber a informação de forma clara e precisa. Nas palavras de Claudia Lima Marques[iii]:
“(…) O princípio da identificação obrigatória da mensagem publicitária, instituído no art. 36, tem sua origem justamente no pensamento de que é necessário tornar o consumidor consciente de que ele é o destinatário de uma mensagem patrocinada por um fornecedor, no intuito de vender-lhe algum produto ou serviço. Este princípio serve, de um lado, para proibir a chamada publicidade subliminar, que no sistema do CDC seria considerada prática de ato ilícito, civil e mesmo penal.”
Sobre esse princípio, Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin[iv] observa o seguinte:
“Este princípio acolhe o ‘princípio da identificação’ da mensagem publicitária. A publicidade só é lícita quando o consumidor puder identificá-la. Mas tal não basta: a identificação há que ser imediata (no momento da exposição) e fácil (sem esforço ou capacitação técnica).
Publicidade que não quer assumir a sua qualidade é atividade que, de uma forma ou de outra, tenta enganar o consumidor. E o engano, mesmo o inocente, é repudiado pelo Código de Defesa do Consumidor. (…)
O dispositivo visa a impedir que a publicidade, embora atingindo o consumidor, não seja por ele percebida como tal. Basta que se mencionem as reportagens, os relatos ‘científicos’, os informes ‘econômicos’, verdadeiras comunicações publicitárias transvertidas de informação editorial, objetiva e desinteressada. Veda-se, portanto, a chamada ‘publicidade clandestina’, especialmente em sua forma redacional, bem como a ‘subliminar’.”
Esse princípio afeta também o merchandising, que pode ser definido como a divulgação publicitária de produtos e serviços inserida no conteúdo da programação, como, por exemplo, em peças de teatro, filmes e novelas.
A esse respeito, não se pode concordar com a opinião dos doutrinadores acima mencionados de que o merchandising seria possível, pela legislação pátria,  desde que o consumidor-espectador fosse esclarecido no início do espetáculo ou nos créditos de apresentação do filme ou da novela de que a inserção dos produtos e serviços em questão é uma forma de mensagem publicitária e, portanto, possui caráter comercial.
Ora, é bem certo que referida “solução”, na prática, não surtiria o efeito desejado pelo legislador no sentido de fazer com que a publicidade fosse fácil e imediatamente identificada como tal.
Para que o merchandising pudesse ser realmente considerado permitido pela legislação consumerista, seria minimamente necessário que durante a sua prática – ou seja, no exato momento em que o produto ou serviço aparecesse em cena, fosse na peça teatral, no filme ou na novela – o consumidor fosse avisado. A título de exemplo, no caso das novelas, durante a exposição do produto ou do serviço objeto do merchandising deveria aparecer uma “faixa” na parte inferior do monitor de TV informando  o consumidor  do caráter publicitário e comercial daquela exposição.
É importante ser ressaltado ainda que, em hipótese alguma, poderia se considerar permitido o merchandising voltado ao público infantil, que, sequer, compreende a distinção entre o conteúdo da programação e a publicidade, nem a própria publicidade em si.
Por fim, é importante que se diga: descumprir o artigo 36 é um ato ilícito.
O artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor proíbe a publicidade enganosa ou abusiva.
No §1º desse dispositivo, o CDC explica que a publicidade enganosa é “qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário” que seja inteira ou parcialmente falsa ou que, por qualquer outro modo – inclusive por omissão (§3º) –, seja capaz de induzir em erro o consumidor “a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”.
Claudia Lima Marques[v] observa que o
“parâmetro para determinar se a publicidade é ou não enganosa deveria ser o ‘observador menos atento’, pois este representa uma parte não negligenciável dos consumidores e, principalmente, telespectadores”.
É enganosa a publicidade que leva o consumidor ao erro, sendo que não se exige prova de enganosidade real, pois basta uma mera enganosidade potencial – não é necessário que o consumidor tenha, de fato e concretamente, sido enganado. Da mesma forma, também é irrelevante a boa-fé do anunciante. Não é somente a publicidade falsa que é enganosa. A publicidadepode ser integralmente correta e, ainda assim, ser enganosa, seja porque alguma informação essencial não tenha sido passada, seja porque de alguma forma faz com que o consumidor a compreenda de maneira equivocada.
Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamim[vi], a esse respeito, menciona:
“O grande labirinto dessa matéria decorre exatamente do fato de que a publicidade enganosa nem sempre é evidentemente falsa. ‘O problema da veracidade da publicidade deve pôr-se da seguinte maneira: se os publicitários mentissem verdadeiramente, seria fácil desmascará-los’ – só que não o fazem – e se não o fazem, não é por serem demasiado inteligentes, mas sobretudo porque a arte publicitária consiste principalmente na invenção de enunciados persuasivos, que não sejam nem verdadeiros nem falsos.”
No §1º desse dispositivo, o CDC exemplifica situações nas quais é considerada abusiva a publicidade:
·        discriminatória de qualquer natureza;
·        que incite à violência;
·        que explore o medo ou a superstição;
·        que se aproveite da deficiência de julgamento e de experiência da criança;
·        que desrespeite valores ambientais;
·        que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
Claudia Lima Marques[vii] define a publicidade abusiva assim:
“… é, em resumo, a publicidade antiética, que fere a vulnerabilidade do consumidor, que fere valores sociais básicos, que fere a sociedade como um todo”.
Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin[viii] segue no mesmo sentido:
“Abusivo seria aquilo que ofende a ordem pública (‘public policy’), o que não é ético ou o que é opressivo ou inescrupuloso, bem como o que causa dano substancial aos consumidores”.
Eis por que uma publicidade pode ser absolutamente verdadeira e correta quanto à informação e, ao mesmo tempo, ser proibida por ser considerada abusiva e, portanto, ilícita.
Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin[ix] observa, a propósito da publicidade que é dirigida às crianças, que elas são consideradas, principalmente para fins do Código de Defesa do Consumidor, hipossuficientes, ou seja, consumidores extremamente vulneráveis:
“A noção de que o consumidor é soberano no mercado e que a publicidade nada mais representa que um auxílio no seu processo decisório racional, simplesmente não se aplica às crianças, jovens demais para compreenderem o caráter necessariamente parcial da mensagem publicitária. Em conseqüência, qualquer publicidade dirigida à criança abaixo de uma certa idade não deixa de ter um enorme potencial abusivo.”
Na verdade, por essas mesmas razões, pode-se ir além, dizer que qualquer publicidade dirigida às crianças – assim consideradas as pessoas menores de 12 anos – é intrinsecamente abusiva, na medida em que, se elas não compreendem o caráter parcial da mensagem publicitária, não têm condições de entendê-la como tal, e, por isso, estarão sempre tendo a sua deficiência de julgamento e de experiência exploradas pela publicidade.
O artigo 38 do Código de Defesa do Consumidor determina que “o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina”. Ou, em outras palavras, para fins de constatação da prova no âmbito da publicidade, sempre haverá sua inversão, devendo o fornecedor – toda a cadeia de anunciantes, etc. – produzir a prova sobre a veracidade e correção do informado na mensagem publicitária.
A inversão do ônus da prova, que é exceção no processo civil, para fins de publicidade, é a regra, de acordo com o processo elegido pelo Código de Defesa do Consumidor. Isso para que o consumidor não seja obrigado a fazer prova de algo de cujo processo de produção nem participou . É mais uma forma de proteção do consumidor.
HISTÓRICO
Instituído pela Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Código, entretanto, teve a sua vigência protelada para a adaptação das partes envolvidas.
O CDC foi fruto de uma expressa determinação constitucional que buscou preencher uma lacuna legislativa existente no Direito Americano, onde as relações comerciais, tratadas de forma obsoleta por um Código Comercial do século XIX, não traziam nenhuma proteção ao consumidor. Assim, tornava-se necessária a elaboração de normas que acompanhassem o dinamismo de uma sociedade de massas que se formou no decorrer do século XXI, conforme dispunha a Constituição de 1988 no seu artigo 5º, inciso XXXII:
O Estado promoverá na forma da lei a defesa do consumidor.
Por sua vez, o artigo 48 do ADCT da nova Constituição já determinava que, dentro de 120 dias da sua promulgação, deveria ser elaborado o código de defesa do consumidor.
Por outro lado, com a redemocratização do país, a partir da promulgação da Constituição de 1988, houve um fortalecimento das entidades não-governamentais, fortalecendo o clamor popular por uma regulamentação dos direitos sociais, o que se fez sentir também na criação deste corpo normativo.
Buscando alcançar esse objetivo, o Ministério da Justiça designou uma comissão de juristas para que elaborassem um anteprojeto de lei federal que mais tarde seria aprovado como o Código de Defesa do Consumidor. Tal comissão era presidida pela professora Ada Pellegrini Grinover e integrada por Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamim, Daniel Roberto Fink, José Geraldo Brito Filomeno, Kazuo Watanabe, Nelson Nery Júnior e Zelmo Denari.
Finalmente, o CDC foi promulgado em 1990, gerando importantes mudanças que, no decorrer dos anos 90 e na primeira década do século XXI, mudaram consideravelmente as relações de consumo, impondo uma maior qualidade na fabricação dos produtos e no próprio atendimento das empresas de um modo geral.
OBJETIVOS
A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON/PR - é um órgão do Poder Executivo, subordinado a estrutura programática da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania. Foi criado através do Decreto nº 609, de 23 de julho de 1991, apesar de já estar funcionando a partir de março daquele ano. 
O PROCON/PR tem como objetivo principal orientar, educar, proteger e defender os consumidores contra abusos praticados pelos fornecedores de bens e serviços nas relações de consumo. 
A Resolução SEJU nº 66, de 01/10/98, instituiu o Regimento Interno do PROCON/PR, definindo suas atribuições e estrutura organizacional. Compete à Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor: 
I - a viabilização da implementação e da execução da política estadual de proteção, orientação, defesa e educação do consumidor, por meio da articulação das ações de entidades e órgãos públicos estaduais e municipais que desempenham atividades relacionadas à defesa do consumidor; 
II - a fiscalização e o controle da produção, industrialização, distribuição e publicidade de bens e serviços no mercado de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem estar do consumidor, na forma da legislação pertinente; 
III - a promoção de estudos e pesquisas que possibilitem ao Estado o aperfeiçoamento dos recursos institucionais e legais, genéricos ou específicos, de proteção ao consumidor; 
IV - a informação, a conscientização e a motivação do consumidor por meio das cartilhas, manuais, folhetos, cartazes e demais instrumentos de comunicação de massa, bem como pela realização de campanhas, palestras, debates, feiras e iniciativas correlatas; 
V - o incentivo, por meio de programas e projetos especiais, à formação de entidades de defesa do consumidor pela população e pelas entidades e órgãos públicos municipais; 
VI - a adoção de medidas que possibilitem a fiscalização e a aplicação de sanções administrativas estabelecidas na Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que aprovou o Código de Defesa do Consumidor, no Decreto nº 2181, de 21 de março de 1997 e demais legislação pertinente; 
VII - a coordenação e a execução das atividades de recebimento, análise e encaminhamento de consultas,reclamações, denúncias e recomendações concernentes às relações de consumo; 
VIII - o cadastramento de reclamações fundamentadas formuladas por consumidor contra fornecedores de produtos e serviços, procedendo a sua divulgação, nos termos dos arts. 22 e 44 do Código de Defesa do Consumidor, bem como a informação aos órgãos competentes sobre as infrações decorrentes da violação dos interesses difusos, coletivos ou individuais dos consumidores; 
IX - o encaminhamento aos órgãos competentes de questões que versem sobre relações de consumo que não possam ser solucionadas administrativamente; 
X - a solicitação do concurso do Ministério Público para fins de adoção de medidas judiciais; 
XI - o ajuizamento de ações civis públicas para a defesa dos interesses ou direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, definidos no Art. 81 da Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985, alteradas pela Lei Federal n.º 8.884, de 11 de junho de 1994; 
XII - a solicitação de concurso de órgãos e entidades federais, estaduais e municipais na proteção ao consumidor, bem como o auxilio na fiscalização das questões relativas a preços, abastecimento, qualidade e segurança de bens e serviços; 
XIII - a coordenação do processo de municipalização do sistema de defesa do consumidor, mediante a prestação de assistência técnica aos órgãos e entidades envolvidos; 
XIV - a solicitação à Polícia Judiciária para instauração de inquéritos policiais para a apreciação de delitos contra consumidores, nos termos da legislação vigente; 
XV - o intercâmbio com instituições congêneres nacionais e internacionais visando o aprimoramento da defesa do consumidor; 
XVI - o fornecimento de subsídios para a adequação das políticas públicas do Estado aos interesses dos consumidores; 
XVII - o desempenho de outras atividades correlatas. 
A RELAÇÃO CONSUMERISTA
O interesse dos participantes da relação de consumo são aqueles relacionados com os objetivos pretendidos por fornecedores (art. 3º CDC) e consumidores (art. 2º CDC) ao se envolverem nesta especifica relação jurídica. No que diz respeito à determinação dos interesses dos fornecedores quando se envolvem neste tipo de negócio jurídico, não existem grandes dificuldades para tanto, posto o fato de que este se preocupa, basicamente, com a obtenção de lucro através do desenvolvimento de sua atividade empresarial ligada à prestação de um serviço ou a venda de um produto.
Todavia, ocorre que, apesar do que diz respeito à figura do fornecedor, nem sempre a definição prática do que vem a ser o interesse do consumidor se mostra tão facilitada, na medida em que a definição da própria a figura do consumidor não se mostra simples. Assim, observa-se através de uma atenta leitura do Código de Defesa do Consumidor, que a definição jurídica de consumidor vai muito além daquela positivada no artigo 2º da mesma lei, uma vez que a relação jurídica de consumo poderá se dar entre indivíduos que não tiveram uma relação direta em uma relação típica de negócios (compra e venda ou prestação de serviço), mas sim em razão de ter ocorrido um acontecimento relacionado ao fornecedor no desenvolvimento de sua atividade empresarial, e que a lei estipulou como relevante.
Como exemplos práticos do acima exposto, podem ser citadas a prática de publicidade abusiva ou enganosa por parte do fornecedor e a efetuação de um serviço ou produto defeituoso no mercado a ponto serem capazes de causar danos diretos a indivíduos que não participaram da relação jurídica original. Assim, observa-se que, tanto no primeiro exemplo quanto no segundo, a figura do consumidor vai muito além daquela relacioanada a um simples adquirente de um produto ou serviço, passando a incindir sobre indivíduos que, em princípio, não poderiam ser classificados como sendo consumidores, mas o são por simples comparação legal.
Dentre as principais figuras dos consumidores elencadas de acordo com a dinâmica anteriormente exposta (consumidores por equiparação[8]) merece destaque aquela relativa à “coletividade de consumidores”. Tal figura é aquela realtiva a um número determinado ou indeterminado de indivíduos capazes de se enquadrarem dentre da definição legal de consumidor, seja de forma ordinária ou por equiparação.
No que se refere à classificação das diversas figuras de consumidores, conforme anteriormente ressaltado, existirem quatro[9] sentidos juridicos para a expressão em questão, sendo um deles referente ao sentido fundamental (ou ordinário como ressaltamos), e os outros três relacionados aos sentidos de consumidores por equiparação.
O consumidor em seu “sentido fundamental” seria aquela figura obtida através de uma simples leitura do caput do artigo 2º do CDC. Já os outros três sentidos, por suas vezes, somente seriam obtidos através da interpretação dos seguintes dispositivos do código: (I) artigo 2º, parágrafo único; (II) artigo 17; e (III) artigo 29.
Sobre esta questão, relevante foi a inovação trazida pelo Código de Defesa do Consumidor ao prever em seu artigo 29 a possibilidade se tutelarem os interesses de uma coletividade de pessoas que, apesar de muitas vezes não desenvolverem qualquer contato pessoal, merecem ser igualmente protegidas como consumidores uma vez que estarão sujeitas às mesmas práticas elaboradas pelos fornecedores, e que poderão lhes causar algum tipo de dano. O autor Fábio Ulhoa Coelho conceitua a partir do artigo 29 do CDC o consumidor por equiparação, protegido pelo Direito do Consumidor, sendo as pessoas que são consumidoras em potencial, que não são parte em um contrato de compra e venda ou de prestação de serviços, mas que podem vir a ser, estão sujeitos à mesma proteção que a lei reconhece aos consumidores no tocante às práticas comerciais e contratuais. O legislador considera que a tutela, nestas áreas específicas, não pode restringir ao momento posterior ao acordo entre o consumidor e o fornecedor, mas, ao contrário, deve antecedê-lo para que tenha um caráter preventivo e mais amplo.[10]
Tendo em vista o fato de que, assim como a figura do consumidor tomada em sua individualidade, a figura dos consumidores por equiparação enquanto uma coletividade, apresenta direitos que, uma vez transgredidos, geram ao ofendido um pretensão. Esses direitos podem ser divididos em difusos, coletivos e individuais homogêneos (art. 81 do CDC), sendo uma possível classificação destes em duas subcategorias: os direitos essencialmente coletivos (difusos e coletivos) e os acidentalmente coletivos (individuais homogêneos)[11] Para os direitos essencialmente coletivos não há mera somatória de interesses, mas sim um único interesse, pertencente a toda uma coletividade, a todo um grupo, independente de quem sejam os sujeitos.
Já quanto aos interesses individuais homogêneos, embora sejam, do ponto de vista ontológico, individuais, merecem o tratamento coletivo em função da amplitude e extensão dos interesses lesados, tendo em vista os escopos do processo de facilitar o acesso das vítimas à justiça quando a causa da ilicitude for comum a toda a uma coletividade, ou seja, os interesses são decorrentes de uma origem comum, propiciando economia processual para o sistema jurídico.[12]
Portanto, através das definições supra expostas, conclui-se que o CDC buscou tutelar da maneira mais abrangente possível os interesses do consumidor, considerando esta ultima parte da relação de consumo em seu aspecto mais amplo e abrangente possível. Assim, por fim, estando subsidiado por tais informações, possível se mostra o estabelecimento de um parâmetro acerca de qual seriam os interesses dos consumidores, e que devam ser protegidos pela lei consumerista, sendo aqueles relativos à necessidade de que não sejam lesados os bens jurídicos referentes à sua saúde, honra e expectativas decorrentes da execução do contrato de consumo ou de atos tendentes a atrair a atenção do consumidor para ele (contrato de consumo).
CONSUMIDOR FORNECEDOR
Com o passar dos anos a relação de consumo entre fornecedor e consumidorestá cada vez mais equilibrada, porque de um lado temos consumidores mais exigentes de seus direitos e de outro lado fornecedores mais conscientes de seus deveres
O fenômeno da globalização vem produzindo sensíveis efeitos em todo o mundo. Economias se abriram, outras sucumbiram face às dimensões deste fenômeno, em todas as sociedades ocorrem pressões para a adequação ou proteção de seus sistemas e de suas garantias, dá-se então, a necessidade de ter um código para que haja equilíbrio na relação de consumo entre fornecedor e consumidor.
As relações de consumo nascidas pela necessidade humana apresentam dois sujeitos bem definidos (ativo e passivo), que contêm seus direitos e obrigações. De um lado, temos o consumidor, o adquirente de um produto ou serviço, e de outro, o fornecedor de um produto ou serviço, relação bilateral ao qual estão dependentes numa sociedade consumerista.
Direitos Básicos do Consumidor
De acordo com o Código do Consumidor, e de maneira simples e direta, em seu art. 6º, os direitos básicos do consumidor são nove:
- Proteção da vida, saúde e segurança;
- Educação para o consumo;
- Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços;
- Proteção contra publicidade enganosa e abusiva;
- Proteção contratual;
- Indenização;
- Acesso à Justiça;
- Facilitação de defesa de seus direitos;
- Qualidade dos serviços públicos
Isso não significa dizer, no entanto, que outras situações que venham a causar prejuízos não tenham defesa. Em conformidade com a Lei de Defesa do Consumidor.
Outro agente da relação de consumo é o fornecedor de produtos e serviços, que também recebe conceituação legal, introduzido no Art. 3°, do CDC, que postula:
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Harmonia nas Relações de Consumo
A relação consumerista é regulada pela Lei n.º 8.078, de 11.09.90. Tal lei recebeu a titulação de Código de Proteção e Defesa do Consumidor. Apesar de ganhar essa notável denominação, este não almeja somente a proteção do consumidor. De forma implícita socorre também, os interesses dos fornecedores de modo abrangente, tem por fim proteger a relação de consumo em si, resguardando o equilíbrio entre as partes envolvidas e a harmonia de seus direitos deveres.
Verifica-se que a troca de interesses entre fornecedores e seus consumidores é fundamental para a consecução de uma negociação límpida, saudável e para a própria manutenção do mercado de consumo (tanto que tal propósito revela-se princípio especifico do direito do consumidor – CDC, Art. 4°, III). Tais pontos sendo alcançado, tanto um quanto o outro são beneficiados. O objetivo do Código de Defesa do Consumidor de trazer o bem-estar da população consumista preserva o equilíbrio de interesses. Desta forma, ambos respeitando os mandamentos da lei, garantem o desenvolvimento da economia de um país.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO CONSUMIDOR 
Não foi sem razão que o legislador constituinte de 1988 inseriu no elenco dos direitos fundamentais, o direito do consumidor. Conforme lição de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, trata-se de fenômeno importante na sociedade moderna, pois que se tem mostrado difícil, às vezes, inócua, a tentativa de consumidores, isoladamente, reagirem às espoliações perpetradas por produtores.2 O art. 5°, inc. XXXII da CF, deve ser considerado suficientemente amplo, para determinar ao Estado que promovesse a defesa do consumidor, pois constata-se, nos dias de hoje, o fato de estar a sociedade moderna, determinada a buscar a justiça e eqüidade nas relações entre produtores e consumidores.
2.2. A Lei n° 8.078190 - o código de defesa do consumidor - sua elaboração 
O legislador constituinte demonstrou certa pressa quanto à elaboração da lei de proteção ao consumidor. Basta verificar o art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, o qual determinou ao Congresso Nacional, fosse a referida lei elaborada no prazo de cento e vinte dias a contar do dia 5-10-88. 
Por certo, o Constituinte foi tomado por ampla dose de otimismo ao fixar o prazo acima, uma vez que, somente após quase 2 (dois) anos da efetiva publicação da nova Carta Política, veio a surgir a Lei n° 8.078/90, criadora do Código de Defesa do Consumidor. 
DOS DIREITOS COLETIVOS E INDIVIDUAIS DOS CONSUMIDORES 
Nunca é demais lembrar que a razão da existência de uma legislação garantidora dos direitos dos consumidores tem, como fundamento de validade, a norma constitucional, mais precisamente, a vontade do poder constituinte originário.
E essa vontade constitucional manifesta-se a partir do art. 5° da Constituição, ao tratar dos direitos e garantias individuais. 
O caput do dispositivo constitucional tem como ponto de partida o princípio da igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, além da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, impondo, assim, aos operadores do direito, quando da interpretação das normas constitucionais, a prevalência desses princípios, pois, como muito bem afirma Paulo Bonavides: os princípios são, por conseguinte, enquanto valores, a pedra de toque ou o critério com que se aferem os conteúdos constitucionais em sua dimensão normativa mais elevada. A par desse raciocínio, pode-se conceituar o direito individual como sendo aquele inerente ao ser humano e fundamental à sua existência, devendo ser respeitado e garantido pelo Estado. 
Efetivamente, trata-se de uma faculdade que deve satisfazer as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade humanas, as quais necessitam ser reconhecidas e positivadas pelo ordenamento jurídico. Quanto aos direitos coletivos, por serem, na verdade, espécies dos direitos fundamentais do homem, devem ser entendidos dentro daqueles princípios acima tratados. Logo, são direitos coletivos aqueles que pertencem a certa classe de pessoas, ligadas entre si, tais como os sindicatos e associações, podendo-se, assim, determinar de modo efetivo os titulares desse direito. Finalmente, se forem indeterminados os componentes do grupo, trata-se de direitos difusos. A doutrina tem-se debatido sobre a proteção do consumidor, quanto ao fato de ser uma norma protetora de direitos difusos ou de direitos coletivos, no entanto, essa discussão torna-se irrelevante, em face do preceito contido no art. 5°, XXXII da Constituição, que prevê a defesa do consumidor como um direito individual e coletivo.
 
Dos direitos básicos dos consumidores à luz do Código de Defesa do Consumidor 
Os direitos básicos do consumidor encontram-se contemplados nos arts. 6° e 7° da Lei n° 8.078/90, podendo-se resumir em \ proteção à vida, à saúde, à segurança. 
Ao lado desses direitos fundamentais, prevê o Código a proteção dos interesses 'econômicos, direito à informação e à educação, além do direito à participação e à consulta e, por fim, o amplo acesso à Jurisdição e aos órgãos administrativos de defesa do consumidor, constituindo-se num verdadeiro direito à tutela 6concreta. 
Direito à educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços 
	
A lei garante ao consumidor a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações, desta forma, nenhum consumidor é obrigado a adquirir determinado produto, não sendo permitido aqualquer que seja o fornecedor impor condições ou cláusulas contratuais que venham a provocar desníveis nas relações de consumo, isto é, abusivas. 
Por outro lado, deve o fornecedor efetuar a informação sobre o produto ou serviço de forma clara e precisa. 
Proteção contra publicidade enganosa e abusiva 
	
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 37, § l°, define a publicidade enganosa como modalidade de informação falsa (total ou parcial), prestadaao consumidor, capaz de induzir o consumidor em erro. 
Em se tratando de publicidade abusiva, o § 2° do mesmo artigo conceitua como a modalidade de propaganda discriminatória, a que incita a violência, aproveitando-se da deficiência das pessoas, principalmente em relação às crianças. 
Direito de acesso aos órgãos judiciários e administrativos 
Há uma postura estatizante no que diz respeito à proteção do consumidor quanto à tutela dos seus direitos. A rigor, o Estado reconhece a vulnerabilidade do consumidor, e por conta desse fato, cria órgãos e mecanismos próprios de proteção no campo administrativo, civil e penaL 
As normas protetoras dos consumidores, de conteúdo administrativo, encontram-se previstas nos arts. 55 e 56 da Lei n° 8.078/90, prescrevendo sanções ao produtor tais como: multas, apreensão do produto, proibição de fabricação, etc. 
Sem prejuízo das sanções administrativas, constituem crimes contra as relações de consumo, os tipos penais descritos nos arts. 61 a 80. 
Por fim, o inc. VII do art. 6°, dispõe sobre a inversão do ônus da prova como parte do direito do consumidor na facilitação da defesa de seus direitos, em se tratando de processo civil e, também, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for o consumidor, hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência. Uma observação de suma importância, que de fato não poderia deixar de ser apreciada, diz respeito à adoção pelo Código de Defesa do Consumidor, da responsabilidade objetiva do fabricante, produtor, construtor, nacional ou estrangeiro, do produto, no que alude às relações de consumo, em caso de danos causados ao consumidor. Daí afirmar-se que, uma das grandes inovações do Código de Defesa do Consumidor foi justamente alterar o sistema da responsabilidade civil fundada na culpa. Com efeito, a responsabilidade do réu passa a ser objetiva, pois, conforme disposições inseridas no art. 12 da Lei n° 8.078/90, responde o mesmo, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores. Vale lembrar que, ao consumidor, quando da propositura da ação judicial, cabe apenas provar o dano e o nexo de causalidade, não estando obrigado, assim, a provar a culpa do réu. 
 VÍCIOS REDIBITÓRIOS NO CDC
De acordo com os doutrinadores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho para que esse instituto se faça presente são necessários alguns requisitos, tais como; a relação jurídica deve decorrer de um contrato comutativo, o defeito oculto deve ser desde o momento da tradição e a coisa deve estar desvalorizada ou deve haver prejuízo à sua adequada utilização.
No mesmo sentido Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo entendem que o defeito há de existir anteriormente a tradição, e deve acompanhar a coisa após a sua entrega, tendo a sua descoberta apenas posteriormente, sendo que o defeito não poderá decorrer do gênero da coisa, por se tratar de característica inerente ao gênero. Ele deu como exemplo a aquisição de um touro cuja raça é baixa em reprodução. Isso é uma característica do animal e não um defeito. Os autores ainda falam no principio da proporcionalidade, onde ressaltam que reduções mínimas de valores não configuram alegação de vício redibitório.
O parágrafo único do artigo 1101 do código civil é uma exceção a regra de que os vícios redibitórios só decorrem de contrato bilateral e comutativo, ele estabelece que a ação redibitória é aplicável quando se trata de doação gravada de encargo, porque mesmo sendo um contrato unilateral e benéfico, é imposta uma obrigação ao donatário e por isso é desclassificada entre os contratos unilaterais.
O código civil e o código de defesa do consumidor se diferem no sentido de que o Código Civil não exige a presença de culpa como elemento necessário à configuração do vicio, mas se o alienante sabia ou deveria saber da anomalia e não falou nada, além de devolver, deverá indenizar o adquirente por perdas e danos, ou seja, as perdas e danos só se configuram em caso de má fé, enquanto que o código de defesa do consumidor exige o pagamento das perdas e danos, mesmo que o alienante não haja de má fé.
Salientando que outras diferenças são estabelecidas a medida que o CDC protege o adquirente não só pelos produtos defeituosos, mas também por serviços, além de reforçar a responsabilidade do fornecedor, disciplinando os vícios redibitórios tanto em caso de defeitos ocultos quanto nos casos de defeitos aparentes, enquanto que o CC disciplina o instituto apenas para os vícios ocultos.
Cabe relatar que o CDC determina em seu artigo 18, que se não for possível sanar o vicio no prazo de 30(trinta) dias o consumidor poderá escolher três caminhos: trocar a coisa por outra da mesma espécie e em perfeitas condições de uso; restituir imediatamente o valor que pagou corrigido monetariamente, sem prejuízo de eventuais perdas e danos que o consumidor venha a sofrer; ou obter o abatimento proporcional no preço diferente do CC que institui apenas as ações edilícias.
As ações edilícias subdividem- se em redibitórias que tem como finalidade desfazer o contrato, ou seja, extinguir o contrato, e intimatórias ou quantias menores que implicará em um abatimento proporcional no preço da coisa, e o seu efeito é a conservação do contrato e manutenção do bem.
Os prazos para ajuizamento das ações edilícias são decadenciais e mudam a depender da natureza do bem e do tipo do vicio, assim, tratando-se de vício de fácil constatação o prazo será de 30(trinta) dias quando bem móvel e 01 (um) ano quando bem imóvel, contados da entrega efetiva da coisa, lembrando que se o adquirente já estava na posse da coisa os prazos serão reduzidos pela metade contados da alienação, porém, quando se tratar de vício de difícil constatação o prazo será de 180(cento e oitenta) dias para bens móveis e 01(um) ano para bem imóvel, nesses casos, os prazos serão contados da descoberta do vício, e não da data da entrega ou alienação.
Ressaltando que o artigo 446 do Código Civil afirma que os prazos referentes ao vicio redibitório não correm enquanto na constância de clausula de garantia, mas o adquirente deve nesse prazo comunicar a existência do vício no prazo de 30(trinta) dias, sob pena de decadência.
Nota-se que nesse sentido o CDC mostra-se mais rigoroso na defesa da parte considerada hipossuficiente, pois amplia a abrangência do instituto, além de dar três opções ao adquirente,.
PRAZOS DECADENCIAIS E PRESCRICIONAIS
1. DEFINIÇÃO DE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
No direito romano primitivo, as ações eram perpétuas e o interessado a elas podia recorrer a qualquer tempo. A ideia de prescrição surge no direito pretoriano, pois o magistrado vai proporcionar, às partes, determinadas ações capazes de contornar a rigidez dos princípios dos juscivile.
Prescrição, segundo Beviláqua, é a perda da ação atribuída a um direito e de toda sua capacidade defensiva, devido ao não-uso delas, em um determinado espaço de tempo.
A decadência, também chamada de caducidade, ou prazo extintivo, é o direito outorgado para ser exercido em determinado prazo, caso não for exercido, extingue-se.
A prescrição atinge a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado; já a decadência atinge o direito e por via oblíqua, extingue a ação.
Na decadência, o prazo nem se interrompe, e nem se suspende (CC, art.207), corre indefectivelmente contra todos e é fatal, e nem pode ser renunciado (CC, art.209). Já a prescrição, pode ser interrompida ou suspensa, e é renunciável.
A prescrição resulta somente de disposição legal; a decadência resulta da lei, do contrato e do testamento.
Segundo Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, p. 364, 2003) a diferenças básicas entre decadência e prescrição são as seguintes:
A decadência extingue o direito e indiretamente a ação; a prescrição extingue a ação e por via obliqua o direito; o prazo decadencial é estabelecido por lei ou vontade unilateral ou bilateral; o prazo prescricional somentepor lei; a prescrição supõe uma ação cuja origem seria diversa da do direito; a decadência requer uma ação cuja origem é idêntica à do direito; a decadência corre contra todos; a prescrição não corre contra aqueles que estiverem sob a égide das causas de interrupção ou suspensão previstas em lei; a decadência decorrente de prazo legal pode ser julgada, de oficio, pelo juiz, independentemente de arguição do interessado; a prescrição das ações patrimoniais não pode ser, ex oficio, decretada pelo magistrado; a decadência resultante de prazo legal não pode ser enunciada; a prescrição, após sua consumação, pode sê-lo pelo presciente; só as ações condenatórias sofrem os efeitos da prescrição; a decadência só atinge direitos sem prestação que tendem à modificação do estado jurídico existente.
2. AS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO
Segundo Maria Helena (Curso de Direito Civil, 2003, p. 341):
as causas impeditivas da prescrição são as circunstancias que impedem que seu curso inicie e, as suspensivas, as que paralisam temporariamente o seu curso; superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr, computado o tempo decorrido antes dele.
Os artigos 197, I a III, 198, I e 199, I e II, todos, do CC estabelecem as causas impeditivas da prescrição.
De acordo com Maria Helena (Curso de Direito Civil, 2003, p. 341) as causas impeditivas da prescrição se fundam no:
status da pessoa, individual ou familiar, atendendo razões de confiança, amizade e motivos de ordem moral.
Primeiramente não corre prescrição no caso dos cônjuges, na constância do matrimônio. A propositura de ação judicial por um contra o outro seria fonte de invencível desarmonia conjugal. É provável que a influência do cônjuge impedisse seu consorte de ajuizar a ação, que no qual, se extinguiria pela prescrição (CC, art.197, I).Também não há prescrição no pátrio poder do filho sobre influência dos pais, que o representam quando impúberes e assistem quando púbere. Não sendo certo, deixar que preservem seus direitos, se vissem os filhos obrigados à ação judicial, sob pena de prescrição (CC, art.197, II).
Ademais não corre há prescrição entre tutela e curatela. O tutor e o curador devem zelar pelos interesses de seus representados. Sendo que, a lei suspende o curso da prescrição das ações que uns podem ter contra os outros, para evitar que descuidem dos interesses, quando conflitarem com esses (CC, art.197, III).
O artigo 198 do CC também estabelece que não corre prescrição contra: os absolutamente incapazes (CC, art,198, I). Sendo, uma maneira de os proteger. O prazo só começa a fluir depois que ultrapassarem a incapacidade absoluta. Outrossim, não corre prescrição contra os que estiverem a serviço público da União, dos Estados e Municípios, estão fora do Brasil (CC, art.198, II) e contra os que estiverem incorporados às Forças Armadas, em tempo de guerra. Suponha-se que estes estejam ocupados com os negócios do País, não tendo tempo para cuidar dos próprios (CC, art.198, III).
O artigo 199 do CC igualmente determina que não corre prescrição pendendo condição suspensiva (CC, art.199, I), não estando vencido o prazo (CC, art.199, II), pendendo ação de evicção (CC, art.199, III)
Já o artigo 200 do CC estabelece que não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva, quando a ação originar de fato que deva se apurado no juízo criminal. Isso serve para evitar decisões contrapostas.
O artigo 201determina que é suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitando os outros caso a obrigação for indivisível.
3. AS CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO
Segundo Maria Helena (Curso de Direito Civil, 2003, p. 339) as causas que interrompem a prescrição são:
O artigo 202 do Código Civil apresenta seis atos que interrompem a prescrição. O primeiro caso que interrompe a prescrição ocorre através do despacho do juiz, mesmo sendo incompetente, que ordenar a citação, caso o interessado a promover no prazo e na forma da lei (CC, art.202, I).
O segundo caso é pelo despacho que a ordena e não a citação propriamente dita, que tem o condão de interromper a prescrição. Sua eficácia fica dependendo de a citação efetuar-se no prazo determinado pela lei. A lei admite que tal efeito se alcance ainda que a citação seja ordenada por juiz incompetente.
A regra não beneficia alguém que de última hora queria se salvar da prescrição que está quase consumada, devido a sua negligência, requerendo que a prescrição seja interrompida perante o primeiro juiz que achar.
A citação deve interromper a prescrição, que se revista de validade intrínseca, pois a prescrição não se interrompe com a citação nula por vício de forma ou por achar perempta a instância ou a ação.
A terceira hipótese que interrompe a prescrição é através do protesto nas condições do primeiro inciso (CC, art.202, II). Quando a lei diz: “nas condições do inciso anterior”, entende-se que o legislador está se referindo ao protesto judicial e não o protesto comum de título cambial. Esta solução, no começo, incerta na Jurisprudência, foi contestada em julgado unânime da 1ª Turma do Suprem Tribunal Federal.
Ademais interrompe a prescrição pelo protesto cambial (CC, art.202, III), pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores (CC, art.202, IV). Também revelando a solércia do credor, interessado em defender sua prerrogativa. Bem como por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor (CC, art.202, V) e por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe o reconhecimento do direito pelo devedor (CC, art.202, VI). Aqui se prescinde de um comportamento ativo do credor, sendo este, desnecessário dado o procedimento do devedor. Se este reconhece, inequivocamente, sua obrigação, seria estranho que o credor se apressasse em procurar tornar ainda mais veemente tal reconhecimento.
Sendo um exemplo, a hipótese se configura quando o devedor faz pagamento por conta da dívida, solicita ampliação do prazo, paga juros vencidos, outorga novas garantias, e outros.
A solércia precisa manifestar-se através de uma das maneiras enumeradas nos primeiros incisos do art.202. Caso isso ocorra, a prescrição se interrompe para reencenar seu curso no minuto seguinte ao da interrupção. A prescrição interrompida também pode correr da data do último ato do processo para interrompê-la (CC, art.202, parágrafo único).
O artigo 203 mostra que a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado, sendo que o 204 do CC determina que a interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; e a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos coobrigados.
A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; sendo como, a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros (CC, art.204, parágrafo primeiro).
A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, somente quando se tratar de obrigações e direitos indivisíveis (CC, art.204, parágrafo segundo).
A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador (CC, art.204, parágrafo terceiro).
4. OS PRAZOS PRESCRICIONAIS
Segundo Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil, 2003, p. 347): o prazo da prescrição “é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial e final”.
A regra geral está no artigo 205, sendo que, a prescrição ocorre em dez anos quando a lei não tenha fixado prazo menor. Sendo este, o prazo máximo da prescrição. Caso o Código Civil não tenha previsto outro prazo, o prazo mencionado vale para todos os casos de prescrição, de modo que, ou a lei impõe um prazo menor, ou a ação prescreve dentro do tempo mencionado no artigo 205.
O artigo 206 contempla várias ações e fixa-lhes um prazo diferente de prescrição, que começa de um e vai até cinco anos, atribuído a muitas ações.
Prescreve no prazo de um ano a pretensão dos hospedeirosou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos (CC, art.206, I).
Prescreve em dois anos a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
Prescreve no prazo de três anos a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos (CC, art.206, I).
Prescreve em quatro anos a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
Por fim prescreve em cinco anos a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular (CC, art.206, I).
5. OS PRAZOS DECADENCIAIS
Outras das principais diferenças entre prescrição e caducidade, é que essa última pode ter seus prazos criados pela lei e também por acordo entre as partes, sendo que na primeira admite-se apenas os prazos criados em leis. Na decadência é nula a renúncia fixada em lei. A decadência corre contra todos, havendo uma única exceção contra os absolutamente incapazes, além de não poder ser impedida, nem suspensa, nem interrompida, salvo disposição legal em contrário (CC/02, art. 207).
PRÁTICAS COMERCIAIS: OFERTA E PUBLICIDADE, PRÁTICAS ABUSIVAS. PROTEÇÃO CONTRATUAL: CLÁUSULAS ABUSIVAS
Práticas Comerciais
O capítulo V do Código de Defesa do Consumidor - CDC3 trata relações de consumo, ou seja, daquelas operações que tem por fim escoar os produtos e os serviços que estão à disposição do consumidor.
O CDC brasileiro, ao contrário de outros códigos, incluiu dentro das práticas tanto os atos pré-venda como os atos pós-venda. Assim, passamos a definir cada um deles:
O primeiro, atos pré-venda se pode citar a OFERTA4 e a PUBLICIDADE5, que são atos destinados a concretizar futura relação comercial.
Em segundo, atos pós-venda, quais sejam a COBRANÇA DAS DÍVIDAS6, que é ato que somente vai existir após a realização de um contrato.
Sujeitos Equiparados ao Consumidor
O primeiro artigo dentro do capítulo traz uma equiparação entre as pessoas expostas às práticas comerciais e os consumidores.
Na lição de Rizzato Nunes a intenção do legislador foi de que “uma vez existindo qualquer prática comercial, toda a coletividade de pessoas já está exposta a ela, ainda que em nenhum momento se possa identificar um único consumidor real que pretenda insurgir-se contra tal prática”7.
Assim, conforme explicado, entende-se que todas as pessoas são consumidoras ante o fato de estarem expostas às práticas comerciais. O CDC, em seu artigo 2º, caput, define que “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Oferta
A oferta8 é o ato pelo qual uma das partes da relação de consumo, o fornecedor9, manifesta sua intenção de contratar e quais as condições do contrato que pretende assinar.
Pelas disposições do CDC a oferta deverá seguir alguns requisitos, não deixando livre a forma como é realizada. Igualmente, dispôs que a oferta veiculada, independente do meio em que é posta, integrará o contrato que vier a ser celebrado.
O CDC estabelece que a oferta deverá conter informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa para que o consumidor tenha uma noção completa do que ele está contratando. Ainda, deverá descrever as características, qualidade quantidade, composição, preço, garantia e prazo de validade, como também, riscos que apresentem à saúde ou segurança do consumidor.10
No caso de oferta veiculada via telefone ou reembolso postal, deverá conter, ainda, o nome do fabricante e seu endereço11.
Quanto a responsabilidade pela oferta, o CDC ampliou o prazo em que o ofertante12 /fabricante13 deverá manter a oferta de componentes e peças de reposição14.
No tocante à responsabilidade, esta é solidária entre o fornecedor e os prepostos ou representantes autônomos15.
Caso haja recusa no cumprimento da oferta o consumidor pode escolher entre o cumprimento forçado da obrigação16 e a aceitação de outro bem ou serviço em troca do primeiro17. Mas, caso já tenha sido firmado o contrato, o consumidor pode exigir sua rescisão, com restituição do que já foi pago18. Em todos os casos é devida indenização por perdas e danos19.
Deve-se observar que tal disposição implica no fato de que o fornecedor deverá manter a oferta, mesmo que tenha ocorrido erro na sua veiculação.
Publicidade.
A publicidade é o meio pelo qual a oferta poderá ser veiculada e, por tal motivo, apresenta os mesmos requisitos e regime de responsabilização daquela. Na definição do Código é “toda atividade destinada a estimular o consumo de bens e serviços, bem como promover instituições, conceitos e idéias”20.
Como a publicidade, nos dias atuais, passou de mera fonte informadora de produtos para meio de influência, criando tendências e mudando hábitos tem-se tomado um cuidado cada vez maior na sua elaboração, veiculação e responsabilização21.
O CDC traz os conceitua a publicidade enganosa22 e a abusiva23. Quanto à primeira pode-se dizer que é aquela que vicia a vontade do consumidor criando-lhe uma expectativa que não será atendida, seja em relação ao produto ou serviço, preço, garantia, etc; já a segunda distorce a realidade agredindo outros valores importantes ao consumidor tais como moral, respeito, intimidade, segurança, etc.
Destaca-se que também a omissão pode caracterizar a publicidade enganosa, isto se dá quando o fato omitido for essencial ao que se está veiculando, influenciando o consumidor e não dando ao mesmo possibilidade de criar um conhecimento adequado sobre o objeto do contrato24.
Ainda sobre a publicidade, a prova sobre a enganosidade ou abusividade do anúncio cabe ao fornecedor do produto. É um caso de inversão do ônus da prova sem a necessidade de declaração judicial, por ter expressa previsão legal25.
Para os casos de veiculação de publicidade enganosa ou abusiva o Código de Defesa do Consumidor prevê várias sanções àquele que a veicula, uma delas é a contrapropaganda26, que é medida judicial que visa proteger o consumidor da oferta ofensiva27.
Práticas Abusivas
As práticas abusivas, na lição de Tupinamba Miguel Castro do Nascimento são “práticas comerciais, nas relações de consumo, que ultrapassam a regularidade do exercício de comércio e das relações entre fornecedor e consumidor28”.
O CDC elenca algumas práticas abusivas, mas sem criar um rol taxativo, e, a título meramente ilustrativo, algumas delas: venda casada, recusa de fornecimento, remessa sem solicitação, prevalecimento abusivo em relação à hipossuficiencia29 do consumidor, vantagem excessiva, execução de serviço sem orçamento, repasse de informação depreciativa, descumprimento de normas expedidas por órgão oficiais, recusa de bens ou de prestação de serviços, elevação injustificada de preços, aplicação de índice ou fórmula de reajuste diverso do legal ou do contratual e abuso quanto aos prazos30.
Nos casos em que o consumidor receber algum produto sem tê-lo solicitado, o produto que lhe foi enviado será considerado amostra grátis, pelo CDC.
No que respeita aos orçamentos31, o CDC tanto determina regras para a sua elaboração, bem como, a obrigatoriedade de o consumidor tomar conhecimento e o autorizar.
Sua validade poderá ser fixada pelas partes ou, então, será aplicada a legal, qual seja: dez dias32, obrigando ambos os contratantes nos termos fixados no orçamento.
Poderá, ainda, ser cobrada pelo fornecedor uma taxa pela elaboração do orçamento, uma vez que a lei não proíbe tal prática e, em alguns casos, este ato pode demandar-lhe esforço.
Havendo tabelamento de preços33, o fornecedor deverá respeitar o valor fixado e, caso haja abuso, o consumidor tanto poderá pedir a restituição do excesso ou o desfazimento do negócio.
PROTEÇÃO CONTRATUAL AO CONSUMIDOR
No âmbito dos contratos firmados nas relações de consumo, é notória a presença de abusividades, quanto à forma pela qual esses contratos são elaborados, e para tal forma o Código do consumidor tem estabelecido maneirasde proteger os consumidores de tais abusos.
Com o CDC ocorreu à grande mudança, ou seja, foi criado um novo contrato capaz de resguardar os direitos dos consumidores, protegendo-o em relação aos abusos e lesões anteriormente praticados. Daí dizer-se que o contrato passou a ter “função social”, pois não mais cuidava de preservar exclusivamente os interesses dos fornecedores, passando também a considerar a pessoa do consumidor. (ALMEIDA, 2006, p.140).
Dessa forma, verificamos que a partir do momento que o CDC passou a possibilitar o consumidor de ter mais vantagens nos contratos de consumo, este obteve uma maior proteção e apreciação de seus direitos com mais facilidade.
O dever de informar é uma das maneiras de proteção aos consumidores contra esses abusos, trata-se de um princípio fundamental na Lei n.8.078/90, aparecendo no inciso II do art. 6º, formulando uma nova formatação aos serviços e produtos que são oferecidos no mercado. Esse princípio vem para obrigar o fornecedor a prestar todas as informações necessárias a cerca de cada produto e serviço oferecido, dentre elas, o preço, as qualidades, as características, os riscos, entre outras, de forma clara e objetiva, sem falhas ou omissões. Trata-se de um dever exigido, mesmo antes do inicio de qualquer relação, sem mesmo ter sido efetuado qualquer compra, e a informação passou a ser um componente necessário do serviço e do produto, fazendo com que não possa ser oferecido nada no mercado sem as devidas informações.
A informação, no mercado de consumo, é oferecida em dois momentos principais. Há, em primeiro lugar, uma informação que precede (publicidade, por exemplo) ou acompanha (embalagem, por exemplo) o bem de consumo. Em segundo lugar, existe a informação passada no momento da formalização do ato de consumo, isto é, no instante da contratação. (BENJAMIN ET AL, 2008, p. 188).
Dessa maneira, observamos que a informação obrigatória sobre os produtos e serviços oferecidos no mercado de consumo pode ser disponibilizada por duas maneiras: uma acontece anterior a aquisição ou acompanha o bem, e a outra é formalizada no instante da obtenção do bem.
Outra maneira de proteção é o princípio da transparência, expresso no caput do art. 4º do CDC, que tem como objetivo a obrigação do fornecedor de prestar ao consumidor a oportunidade de conhecer os produtos e serviços que são oferecidos, fazendo com que gere no contrato a obrigação de fornecer o conhecimento prévio do seu conteúdo.
Proibições de práticas abusivas são também formas de proteção ao consumidor, incluindo dentre essas práticas as cláusulas abusivas presentes nos contratos de consumo. Esta norma encontra amparo no inciso IV do art. 6º do CDC, e corresponde basicamente à proibição de abuso de direito por parte dos fornecedores, através das suas práticas, inclusive no conteúdo presente dos contratos, por meio das cláusulas inseridas.
O princípio da conservação é uma das formas de proteção ao consumidor adotado pelo CDC, amparado de forma implícita no inciso V do art. 6º, e explícita no § 2º do art. 51. Esse princípio conserva o mesmo contrato, mesmo após a ocorrência de alguma modificação das cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais, bem como também depois do direito à revisão das cláusulas em função de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
A nulidade de pleno direito (nulidade absoluta) é a sanção específica para as cláusulas abusivas. Em homenagem ao princípio da conservação do contrato, expresso no § 2º do art. 51, o primeiro esforço do juiz deve ser no sentido de afastar unicamente a cláusula abusiva, mantendo-se os efeitos jurídicos das demais disposições contratuais. (BENJAMIN ET AL, 2008, p. 295).
Assim, verificamos que o juiz primeiramente deverá observar a presença de cláusulas abusivas nos contratos de consumo e, se existentes, ocorrerá a nulidade absoluta dessas cláusulas, permitindo assim que as demais disposições contratuais mantenham seus efeitos jurídicos.
O CDC tem também como forma de proteção adotada, a boa-fé, através do seu art. 51, inciso IV, que se trata de uma regra de conduta, ou seja, corresponde à forma de agir das partes conforme as atitudes de honestidade e lealdade com o propósito de firmar o equilíbrio nas relações de consumo.
No direito contratual, a boa-fé objetiva molda a nova teoria contratual, exigindo das partes a construção de ambiente de solidariedade, lealdade, transparência e cooperação. O contrato, embora legítimo instrumento para a circulação de riquezas e a satisfação de interesses pessoais, não deve mais ser visto sob ótica individualista. Importa analisar sua função econômica e social. (BENJAMIN ET AL, 2008, p. 284).
Dessa maneira, observamos que a boa-fé objetiva é um dos princípios que norteiam os contratos, e exige das partes que propiciem um ambiente favorável a satisfação de ambos, durante aquele acordo que desejam firmar sobre determinado produto ou serviço. 
O princípio da equivalência contratual é outra forma de proteção utilizada pelo CDC, o qual está inserido no art. 4º, inciso III, tendo como função o equilíbrio entre as prestações e contraprestações em relação às partes, devido à forma como o consumidor é vulnerável e hipossuficiente.
Outra contorno de proteção adotada pelo CDC é por meio do princípio da igualdade, regra fixada no art.6º, inciso II, que tem como objetivo obrigar os fornecedores a oferecer condições iguais a todos os consumidores, sem nenhuma distinção entre eles, com exceção dos que possuem proteção especial, como nos casos dos idosos, gestantes e deficientes, entre outros.
Diante dos contratos estabelecidos nas relações de consumo, o CDC reconhece em seus arts. 4º, I, e 6º, VIII, que o consumidor é vulnerável, devido à desinformação quanto aos serviços e produtos oferecidos no mercado. Dessa forma o consumidor torna-se frágil, devido aos aspectos de ordem técnica e econômica. Por não ter conhecimento técnico sobre o conteúdo das cláusulas, o consumidor também é reconhecido como hipossuficiente, pois não detém a sabedoria necessária para identificar o significado das cláusulas impostas nos contratos pelos fornecedores.
 A inversão do ônus da prova é também um dos meios de proteção ao consumidor, que é a parte mais frágil da relação, segundo o art. 38 do CDC. Em regra, toda pessoa que alega algo contra alguém, tem a obrigação de produzir a prova, mas nos processos originados pelos conflitos das relações de consumo, o Código de Defesa do Consumidor permite ao legislador decidir sobre a inversão do ônus da prova a favor do consumidor, ou seja, no caso que o consumidor alegar algo contra o fornecedor, este tem a obrigação de provar o contrário. Esta regra se aplica apenas por duas maneiras, uma é se o legislador reconhecer a verossimilhança dos fatos alegados pelo consumidor, tendo ele entendimento que seja verdadeiro tal alegação, outra é quanto ao reconhecimento da hipossuficiência do consumidor, no sentido de desconhecimento técnico e informático quanto ao serviço ou produto ofertado. A inversão do ônus da prova se concretiza a partir do momento, que o magistrado reconhece e se manifesta, através de uma ou das duas maneiras permitidas, em um caso concreto.
Vale dizer, deverá o magistrado determinar a inversão. E esta se dará pela decisão entre duas alternativas: verossimilhança das alegações ou hipossuficiência. Presente uma das duas, está o magistrado obrigado a inverter o ônus da prova. (NUNES, 2005, p.739).
Portanto, verificamos que é somente o magistrado o responsável pela apreciação e determinação da inversão do ônus da prova, através da presença da verossimilhança ou hipossuficiência, estando este obrigado a aplicar esta norma quando ocorrer a existência de pelo menos uma das duas alternativas estipuladas.
Cláusulas contratuais abusivas
A legislação consumerista, relativamente à relação de consumo, destaca dois momentos distintos para a proteção do consumidor. Primeiramente, ampara o consumidor na fase pré-contratual e nomomento da formação do vínculo com o fornecedor, estabelecendo direitos àquele e deveres a este. Posteriormente, assegura ao consumidor o controle judicial da matéria vertida no contrato, criando, expressamente, normas que proíbem as cláusulas abusivas nos contratos de consumo[6]. A proteção do consumidor contra cláusulas abusivas, dessa maneira, ocorre em momento posterior ao da contratação, ou seja, por ocasião da execução do pacto firmado, quando o instrumento passa a gerar os efeitos declinados pelas partes nas cláusulas firmadas.
 A propósito, depreende-se dos termos do artigo 1º[7] do Código de Defesa do Consumidor que as normas que objetivam a proteção e a defesa do consumidor são consideradas de ordem pública e de interesse social. Desse modo, para Marques[8], as normas são consideradas imperativas e inafastáveis pela vontade dos contratantes, consubstanciando-se em “instrumentos do direito para restabelecer o equilíbrio, para restabelecer a força da ‘vontade’, das expectativas legítimas, do consumidor, compensando, assim, sua vulnerabilidade fática”. Então, “a proibição das cláusulas abusivas é uma das formas de intervenção do Estado nos negócios privados para impedir o abuso na faculdade de predispor unilateralmente as cláusulas contratuais, antes deixadas sob o exclusivo domínio da autonomia da vontade”.
Assim, considerando que as normas proibitivas de cláusulas abusivas são imperativas e visam o equilíbrio na relação de consumo, bem como ciente de que é na fase de execução do contrato que as cláusulas abusivas são percebidas, gerando efeitos desfavoráveis ao consumidor, importante abordar o conceito e as características gerais destas cláusulas.
A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
A relação de consumo é marcada pelo desequilíbrio entre seus integrantes: consumidores e fornecedores. O consumidor, parte reconhecidamente vulnerável, que não tem acesso aos meios de produção e muitas vezes aos termos dos contratos firmados, não raro, por adesão, encontra-se em situação menos privilegiada em relação ao fornecedor que, por seu turno, detém toda tecnologia e controle da atividade produtiva.
Fácil perceber que a vulnerabilidade é o marco caracterizador da relação de consumo, o que justifica a criação de regras de proteção ao ente reconhecidamente mais frágil. A vulnerabilidade, segundo o sempre preciso magistério de Cláudia Lima Marques[1]
é “o estado da pessoa, um estado inerente de risco ou um sinal de confrontação excessiva de interesses identificado no mercado, é uma situação permanente ou provisória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação”.
Nas palavras de Sérgio Cavalieri Filho, o consumidor, parte mais fraca da relação de consumo, é “afetado em sua liberdade pela ignorância, pela dispersão, pela desvantagem técnica ou econômica, pela pressão das necessidades, ou pela influência da propaganda”.
Todos os países do mundo ocidental capitalista reconhecem a vulnerabilidade do consumidor, havendo, inclusive, previsão neste sentido no artigo 1o da Resolução 39/248 da ONUsobre os direitos do consumidor.
A vulnerabilidade pode ser técnica, jurídica, fática ou informacional. Por vulnerabilidade técnica entende-se o desconhecimento específico do consumidor em relação ao objeto adquirido, o que contribui para que seja mais facilmente enganado quanto às verdadeiras características do bem ou de sua real utilidade. A vulnerabilidade técnica é presumida para o consumidor não profissional, podendo, entretanto, atingir excepcionalmente o profissional, destinatário final fático do bem. A vulnerabilidade jurídica consiste na falta de conhecimentos jurídicos específicos. A vulnerabilidade fática, também chamada de vulnerabilidade socioeconômica, deve ser entendida como a superioridade do fornecedor, que pode decorrer de seu poder econômico, ou, ainda, da essencialidade do serviço que presta. Por vulnerabilidade informacional entende-se o déficit informacional, que não decorre da falta de informação, mas sim da informação desqualificada que, embora abundante, pode não informar de forma precisa e adequada.
Este desequilíbrio, fruto da vulnerabilidade, se apresenta não apenas na relação jurídica material, firmada quando da aquisição de um produto ou da prestação de um serviço, mas também no âmbito das relações processuais, ou seja, no processo judicial em que se discute a relação material de consumo, sendo, portanto, necessário que se crie regras que propiciem a facilitação da defesa do consumidor em juízo.
É importante destacar questões práticas que envolvem o acesso ao Poder Judiciário para justificar a adoção de regras processuais próprias, quando este é levado a recorrer ao Poder Judiciário. Primeiro, em geral, o aspecto cultural dos consumidores que, em sua grande maioria, desconhece os direitos que lhe são afetos. Também não se pode esquecer dos custos que envolvem o processo, tais como contratação de advogados, custas processuais, despesas com perícia, ônus da sucumbência. Os custos, não raro, superam o valor do direito material que se pretende ver reconhecido. Em segundo lugar, as dificuldades inerentes ao direito processual ordinário, tais como as regras relacionadas à competência jurisdicional ou ao ônus da prova.
O direito de acesso à justiça previsto na norma protetiva do consumidor, representa o desenvolvimento do direito fundamental de acesso à justiça consagrado na Constituição da República, ao estabelecer no artigo 5º, XXXV, que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Sua eficácia é observada tanto com relação ao Estado, que deve promover providências visando assegurar este acesso por intermédio da estrutura de órgãos estatais destinados a esse fim – conforme preconiza o artigo 5º do CDC –, quando nas relações entre consumidores e fornecedores, ao impedir a celebração de ajuste que de qualquer modo impeça ou dificulte a realização deste direito subjetivo.
Em razão desse postulado, o CDC estipulou regras tendentes a concretizar a facilitação da defesa do consumidor em juízo. Importante destacar que não somente o acesso, mas a atuação do consumidor em juízo deve ser facilitada.
O Código em comento, assim, institui tutela especial ao consumidor e prevê̂ instrumentos tendentes à implementação desta tutela. As normas protetivas abarcam a fase pré-contratual, contratual e também o aspecto processual da ação fundada em relação de consumo, considerando que regulam a atuação do consumidor em juízo, em lides individuais e coletivas.
O acesso aos órgãos judiciários passa pela viabilização da efetiva defesa dos direitos do consumidor em juízo, seja no flanco ativo, ou passivo da relação processual.  O caráter cogente das normas da Lei 8.078/90 está estampado em seu art. 1º e sua abrangência percorre todos os dispositivos desse diploma legal.
A criação de regras especiais se justifica, porque a aplicação dos princípios clássicos e de regras ortodoxas do direito processual dito comum poderia inviabilizar o exercício do direito material pelo consumidor.
Mauro Cappelletti relembra que “enquanto o produtor é de ordinário bem organizado, juridicamente bem informado e tipicamente um repeat player, ou seja, um litigante habitual (no sentido de que o confronto judiciário não representará para ele episódio solitário, que o encontre desprovido de informações e experiência), o consumidor, ao contrário, está isolado, é um litigante ocasional e naturalmente relutante em defrontar-se com o poderoso adversário”.
Para tentar reduzir as dificuldades dos consumidores e tornar a relação processual mais igualitária, o legislador inseriu no rol de direitos básicos do consumidor o princípio da facilitação da defesa do consumidor em juízo (art. 6o, VIII, do CDC).
Mas não é apenas em juízo que a defesa deve ser facilitada. No art. 6o do CDC existe uma lógica no elenco de indicação dos direitos básicos do consumidor que deve ser interpretada de forma sistemática. Nesta medida, seo legislador indicou, ao lado do princípio da facilitação da defesa do consumidor em juízo (inciso VIII), o acesso aos órgãos judiciários ou administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados (inciso VII), não seria coerente concluir que a garantia de facilitação da defesa do consumidor aplica-se apenas em relação aos órgãos judiciais, ficando sem amparo o seu acesso e atuação no âmbito extrajudicial.
Na esteira desse princípio e, portanto, visando facilitar o exercício, pelo consumidor, de seus direitos, o CDC, no artigo 5o, indicou como instrumentos necessários à execução da política nacional das relações de consumo: (i) a manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita, para o consumidor carente; (ii) a instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; (iii) a criação de Delegacias de Polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; (iv) a criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e de varas especializadas para a solução de litígios de consumo, e (v) a concessão de estímulo à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
No âmbito das lides individuais, o CDC trouxe importantes mecanismos tendentes a dotar o consumidor de melhores armas para a disputa judicial e, assim, garantir a paridade de forças entre os litigantes, em cumprimento ao princípio constitucional da igualdade real (art. 5o, capute inciso I, da CF).
Nesse aspecto, criou nova regra de competência para ações fundadas em responsabilidade civil do fornecedor, determinada pelo local do domicílio do consumidor (art. 101, I); vedou expressamente a denunciação da lide e criou nova espécie de chamamento ao processo (arts. 88 e 101, II); previu o cabimento de todas as espécies de ações para a tutela dos direitos do consumidor (art. 83), conferindo especial relevância à tutela especifica das obrigações de fazer e de não fazer e criou mecanismos tendentes à sua efetivação ou, na impossibilidade, à obtenção do resultado prático equivalente ao cumprimento da obrigação (art. 84); previu a extensão subjetiva da coisa julgada apenas para beneficiar pretensões individuais (art. 103); estabeleceu a possibilidade de inversão do ônus da prova em favor do consumidor (art. 6o, VIII); determinou a criação de Juizados Especiais Cíveis para a solução ágil das lides de consumo e, por fim, criou requisitos menos rígidos – em relação aos requisitos estabelecidos pelo art. 50 do Código Civil – para a desconsideração da personalidade jurídica do fornecedor (art. 28), temas que, por sua importância, serão tratados em textos em separados.
O importante, por ora, é identificar a presença de uma relação de consumo e a presença de alguma espécie de vulnerabilidade, o que justifica a facilitação da defesa do consumidor em juízo.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS SOBRE A FACILITAÇÃO DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO:
Com as breves considerações acima, a fim de ilustrar o tema, alguns precedentes jurisprudenciais sobre “a facilitação da defesa do consumidor em juízo”:
JUIZADO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL. VERBETE 385 DO STJ. HIPÓTESE RESTRITA ÀS EMPRESAS MANTENEDORAS DOS CADASTROS. RECURSO PROVIDO. 1. A jurisprudência pátria consolidou-se no sentido de não ser devida a reparação por danos morais, por conta da inscrição do nome em cadastro de proteção ao crédito, quando já existe anotação legítima anterior (verbete 385/STJ). Esse entendimento sumular somente é aplicável quando a demanda é dirigida as empresas mantenedoras dos respectivos cadastros. Precedentes do STJ (AGRG no aresp 521.997/SP, AGRG no aresp 364.115/MG, RCL 4.574/MG). Tal entendimento mostra-se condizente com os princípios do Código de Defesa do Consumidor, no tocante a facilitação da defesa do consumidor em juízo, inclusive com a possiblidade de inversão do ônus da prova, além de ser impossível exigir dele a prova do fato negativo ou “diabólica”. 2. Na fixação da indenização dos danos morais, devem ser considerados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, além da condição financeira de ambas as partes. A indenização tem a finalidade principal de reconfortar o ofendido, mas também deve servir de punição ao ofensor para reprimir e prevenir a reiteração da conduta. 3. Recurso conhecido e provido. (TJDF; Rec 2014.05.1.008436-8; Ac. 850.909; Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz Luis Gustavo B. de Oliveira; DJDFTE 05/03/2015; Pág. 480)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. SEGUROS. COMPETÊNCIA. CONSUMIDOR. O CDC. Nos artigos 6º, VIII, 51, XV e 101, I, trata da facilitação da defesa do consumidor em juízo. Proporcionou ao consumidor, a legislação consumerista, vislumbrando os princípios da facilitação da defesa e de acesso à justiça, como condição pessoal ante sua vulnerabilidade e hipossuficiência na relação de consumo, a prerrogativa exclusiva de ajuizamento da demanda no foro do seu domicílio, regra esta de ordem pública e especial. Por outro lado, a faculdade de o consumidor propor a ação em seu domicílio (art. 101, I, da Lei n. 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor – CDC) não o impede de demandar no foro competente de acordo com as regras gerais de competência. Conflito de competência julgado procedente. (TJRS; CC 0059421-86.2015.8.21.7000; Esteio; Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Luís Augusto Coelho Braga; Julg. 06/03/2015; DJERS 16/03/2015)
CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. Requerente que recebeu cobrança por dívida que não reconhece. Inicial que preencheu todos os requisitos legais. Obrigação legal de exibição dos documentos, quer por ser comum às partes, quer pelo dever de informação e de facilitação da defesa do consumidor em juízo (art. 6º, III e VIII, CDC). Interesse de agir configurado. Exibição que pode ter caráter satisfativo. Sentença anulada. Recurso provido. (TJSP; APL 1015005-54.2014.8.26.0002; Ac. 8170289; São Paulo; Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Milton Carvalho; Julg. 29/01/2015; DJESP 25/02/2015)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: parte geral. v. I. 15 ed.  São Paulo: Saraiva, 2013.
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil: coleção OAB: 2º edição, ed. JusPodivm
BRASIL. Código Civil. In: Vade Mecum. 19. ed. Saraiva, 2015
BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. In: Vade Mecum. 19. ed. Saraiva, 2015
BARROS MONTEIRO, Washington de. Curso de Direito Civil. 38.ed. SP: Saraiva, 2001.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. 20. ed. rev. aum. SP: Saraiva 2003.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil.34. ed. SP: Saraiva, 2003.
Ir para cima↑ GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. Ed. Jus Podivm, 6ª ed. 2012. P. 11 a 42.
Ir para cima↑ GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. Ed. Jus Podivm, 6ª ed. 2012. P. 11 a 42.
Ir para cima↑ GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. Ed. Jus Podivm, 6ª ed. 2012. P. 17 e 27.
Ir para cima↑ CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, comentado pelos autores do anteprojeto, Ada Pellegrini Grinover, Antônio Harman de Vasconcellos e Benjamin,...Editora Forense, Vol. I, 10ª ed., 2011. P. 53.
Ir para cima↑ CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, comentado pelos autores do anteprojeto, Ada Pellegrini Grinover, Antônio Harman de Vasconcellos e Benjamin,...Editora Forense, Vol. I, 10ª ed., 2011. P. 47.
Ir para cima↑ DE LUCCA, Newton. Teoria Geral da Relação de Jurídica de Consumo. São Paulo, 2001, p 98.
Ir para cima↑ OLIVEIRA, José Carlos de. Código de Proteção e Defesa do Consumidor, 2ª ed., LEUD, Leme 1999, p.12-13.
Ir para cima↑ GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. Ed. Jus Podivm, 6ª ed. 2012. P. 26.
Ir para cima↑ DE LUCCA, Newton. Teoria Geral da Relação de Jurídica de Consumo. São Paulo, 2001, p 117.
Ir para cima↑ COELHO, Fabio Ulhoa. Comentários ao Código de Proteção

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