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Portugues Forense Apostila

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Prévia do material em texto

Professora Eliane Benatti – Gramática, Ortografia e Interpretação de texto
A indiferença da natureza
Eu me lembro do choque e da irritação que sentia, quando criança, ao assistir a documentários sobre a violência do mundo animal; batalhas mortais entre escorpiões e aranhas, centenas de formigas devorando um lagarto ainda vivo, baleias assassinas atacando focas e pingüins, leões atacando antílopes etc. Para finalizar, apareciam as detestáveis hienas, “rindo” enquanto comiam os restos de algum pobre animal.
Como a Natureza pode ser assim tão cruel e insensível, indiferente a tanta dor e sofrimento? (Vou me abster de falar da dor e do sofrimento que a espécie dominante do planeta, supostamente a de maior sofisticação, cria não só para os animais, mas também para si própria.) Certos exemplos são particularmente horríveis: existe uma espécie de vespa cuja fêmea deposita seus ovos dentro de lagartas. Ela paralisa a lagarta com seu veneno, e, quando os ovos chocam, as larvas podem se alimentar das entranhas da lagarta, que assiste viva ao martírio de ser devorada de dentro para fora, sem poder fazer nada a respeito. A resposta é que a Natureza não tem nada a dizer sobre compaixão ou ética de comportamento. Por trás dessas ações assassinas se esconde um motivo simples: a preservação de uma determinada espécie por meio da sobrevivência e da transmissão de seu material genético para as gerações futuras. Portanto, para entendermos as intenções da vespa ou do leão, temos que deixar de lado qualquer tipo de julgamento sobre a “humanidade” desses atos. Aliás, não é à toa que a palavra humano, quando usada como adjetivo, expressa o que chamaríamos de comportamento decente. Parece que isentamos o resto do mundo animal desse tipo de comportamento, embora não faltem exemplos que mostram o quanto é fácil nos juntarmos ao resto dos animais em nossas ações “desumanas”.
A idéia de compaixão é puramente humana. Predadores não sentem a menor culpa quando matam as suas presas, pois sua sobrevivência e a da sua espécie dependem dessa atividade. E dentro da mesma espécie? Para propagar seu DNA, machos podem batalhar até a morte por uma fêmea ou pela liderança do grupo. Mas aqui poderíamos também estar falando da espécie humana, não?
(Marcelo Gleiser, Retalhos cósmicos. S.Paulo: Companhia das Letras, 1999, pp. 75-77)
 
1. TRE-RN - Analista Judiciário - Análise de Sistemas 
Conforme demonstram as afirmações entre parênteses, o autor confere em seu texto estas duas acepções distintas ao termo indiferença, relacionado à Natureza:
(A) crueldade (indiferente a tanta dor e sofrimento) e generosidade (o que chamaríamos de comportamento decente).
(B) hipocrisia (por trás dessa ações assassinas se esconde um motivo simples) e inflexibilidade (predadores não sentem a menor culpa).
(C)) impiedade (indiferente a tanta dor e sofrimento) e alheamento (não tem nada a dizer sobre compaixão ou ética de comportamento).
(D) isenção (isentamos o resto do mundo animal desse tipo de comportamento) e pretexto (para propagar seu DNA).
(E) insensibilidade (sua sobrevivência e a da sua espécie dependem dessa atividade) e determinação (indiferente a tanta dor e sofrimento).
2. TRE-RN - Analista Judiciário - Análise de Sistemas - Julho/2005
Considere as afirmações abaixo.
I. Os atributos relacionados às hienas, no primeiro parágrafo, traduzem nossa visão “humana” do mundo natural.
II. A pergunta que abre o segundo parágrafo é respondida com os exemplos arrolados nesse mesmo parágrafo.
III. A frase A idéia de compaixão é puramente humana é utilizada como comprovação da tese de que a natureza é cruel e insensível.
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em:
(A)) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) I e III.
3. TRE-RN - Analista Judiciário - Análise de Sistemas 
Considerando-se o contexto em que se emprega, o elemento em destaque na frase
 (A) Vou me abster de falar da dor e do sofrimento traduz a indiferença do autor em relação ao fenômeno que está analisando.
(B) Por trás dessas ações assassinas se esconde um motivo simples revela o tom de sarcasmo, perseguido pelo autor.
(C) a Natureza não tem nada a dizer sobre compaixão ou ética de comportamento expõe os motivos ocultos que regem o mundo animal.
(D) Mas aqui poderíamos também estar falando da espécie humana refere-se diretamente ao que se afirmou na frase anterior.
(E) Por trás dessas ações assassinas esconde-se um motivo simples anuncia uma exemplificação que em seguida se dará.
Se os Tubarões fossem Homens (Bertold Brecht)
Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos? 
Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo. 
Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. 
O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências. 
Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói. 
Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões. 
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões. 
Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas etc. 
Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar. 
Estabeleça pontos semelhantes e divergentes entre os textos.A MISÉRIA É DE TODOS NÓS 
Como entender a resistência da miséria no Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios da colonização? No decorrer das últimas décadas, enquanto a miséria se mantinha mais ou menos do mesmo tamanho, todos os indicadores sociais brasileiros melhoraram. Há mais crianças em idade escolar freqüentando aulas atualmente do que em qualquer outro período da nossa história. As taxas de analfabetismo e mortalidade infantil também são as menores desde que se passou a registrá-las nacionalmente. O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do mundo. No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando uma inconteste liderança política regional na América Latina, ao mesmo tempo em que atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte oponente das injustas políticas de comércio dos países ricos. Apesar de todos esses avanços, a miséria resiste.
Embora em algumas de suas ocorrências, especialmente na zona rural, esteja confinada a bolsões invisíveis aos olhos dos brasileiros mais bem posicionados na escala social, a miséria é onipresente. Nas grandes cidades, com aterrorizante freqüência, ela atravessa o fosso social profundo e se manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestações é a criminalidade, que, se não tem na pobreza sua única causa, certamente em razão dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistência da pobreza extrema entre milhões de habitantes não é uma empreitada simples. 
José Carlos Marques, diretor editorial. Veja, ed. 1735. 22/10/2008. Ano 31.
1. ''No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos.''; com essa frase, o que o jornalista quer dizer do Brasil?
2. Justifique o título dado ao texto.
3. A miséria é culpa dos governos recentes, apesar de seu trabalho produtivo em outras áreas? Justifique sua resposta.
4. Segundo o texto, ''A miséria é onipresente'' embora: 
(     ) a. apareça algumas vezes nas grandes cidades; 
(     ) b. se manifeste de formas distintas; 
(     ) c. esteja escondida dos olhos de alguns; 
(     ) d. seja combatida pelas autoridades; 
(     ) e. se torne mais disseminada e cruel.
Por uma sociedade justa e eficiente, por Stephen Kanitz *
 
No primeiro ano de faculdade aprendi um truque que muito me auxiliou na hora de obter notas melhores. Descobri que, numa prova na qual cai um tema que você não estudou, que o pegou de surpresa, sobre um assunto de que você não sabe absolutamente nada, o melhor é não entregá-la em branco, que seria a coisa mais lógica e correta a fazer. Nessas horas, escreva sempre alguma coisa, preencha o papel com abobrinhas, pois, quanto maior o número de páginas, melhor. Isso porque existem dois tipos de professor no Brasil: um deles é formado pelos que corrigem de acordo com o que é certo e errado. São geralmente professores de engenharia, produção, direito, matemática, recursos humanos e administração. Escrever que dois mais dois podem ser três ou doze, dependendo "da interpretação lógica do seu contexto histórico desconstruído das forças inerentes", não comove esse tipo de professor. Ele dá nota dependendo do resultado, e fim de papo.
Mas, para a minha alegria, e agora também para a sua, existe outro tipo de professor, mais humano e mais socialmente engajado, que dá nota segundo o critério de esforço despendido pelo aluno e não apenas pelo resultado. Se você escreveu dez páginas e disse coisas interessantes, mesmo que não pertinentes ao tema, ficou as duas horas da prova até o fim, mostrou esforço, ganhará uns pontinhos, digamos uma nota 3 ou até um 3,5. O que pode ser a sua salvação. Na próxima prova você só precisará tirar um 6,5 para compensar, e não uma impossível nota 10. Se você estudar um mínimo e usar esse truque, vai tirar um 5. 
Uma vez formados, os alunos desse tipo de professor são muito fáceis de identificar. Seus textos são permeados de abobrinhas e mais abobrinhas, cheios de platitudes e chavões. Defendem que a renda deve ser distribuída pelo esforço, e não pelo resultado, e que toda criança que compete deve ganhar uma medalha. Defendem que todo professor de universidade deve ganhar o mesmo salário, independentemente da qualidade das aulas, e que a solução para a educação é mais e mais verbas do governo, sem nenhuma avaliação de desempenho.
Esses dois tipos de professor obviamente não se bicam. É a famosa briga da turma da filosofia contra a turma da engenharia. São as duas grandes visões políticas do mundo, é a diferença entre administração pública e privada. O que é mais justo, remunerar pelo esforço de cada um ou pelos resultados alcançados? O que é mais correto, remunerar pela obediência e cumprimento de horário ou pelas realizações efetivas com que cada um contribuiu para a sociedade? 
Como o Brasil ainda não resolveu essa questão, não podemos discutir o próximo passo, que são as injustiças da opção feita. É justo só remunerar pelo resultado? É justo remunerar somente pelo esforço? Podemos até escolher um meio-termo, mas qual será a ênfase que daremos na educação dos nossos filhos e na avaliação de nossos trabalhadores? Ao esforço ou ao resultado? 
Quem tentou ser útil à sociedade mas fracassou teria direito a uma "renda mínima"? É justo dar 3,5 àqueles cujo esforço foi justamente enganar seus professores e o "sistema"? Não seria justo dar-lhes um sonoro zero? Precisamos optar por uma sociedade justa ou por uma sociedade eficiente, ou podemos ter ambas? 
Como aluno, eu tive de me esforçar muito mais para as provas daqueles professores carrascos, que avaliavam resultados, do que para as provas dos professores mais bonzinhos. Quero agradecer publicamente aos professores "carrascos" pela postura ética que adotaram, apesar das nossas amargas críticas na época. Agora entendo por que tantos de nossos cientistas e professores pertencem à Academia de Letras, por que somos o último país do mundo em termos de patentes, por que tantos brasileiros recebem sem contribuir absolutamente nada para a sociedade e por que nossos políticos falam e falam e não realizam nada. 
Que sociedade é mais justa, aquela que valoriza as boas intenções e o esforço ou aquela que valoriza os resultados? Uma boa pergunta para começar a discutir no retorno às aulas. 
 
*Stephen Kanitz é administrador (www.kanitz.com.br)
Fonte: VEJA, ed. 2073, 13 ago. 2008
Faça um resumo de 5 linhas a respeito do texto.
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Responda: 
De acordo com o SEU ponto de vista, o que é mais justo, remunerar pelo esforço de cada um ou pelos resultados alcançados? Justifique sua opinião (de 3 a 5 linhas).
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A única frase redigida de modo impessoal é:
a) Na semana que vem, os animais nascidos em cativeiro começarão a ser transferidos para a área de reserva permanente localizada aqui perto.
b) Que grande brutalidade essa, querer impedi-los de veicular livremente suas idéias a respeito dos novos cursos!
c) Entre tantos casos emocionantes ocorridos na semana, deu-se aquele do menino que reencontrou os verdadeiros pais depois de anos de separação.d) Podemos reconhecer em suas atitudes a educação primorosa que ele recebeu dos pais, pessoas profundamente envolvidas com atividades artísticas.
e) Mais de 70% das três mil espécies de plantas medicinais investigadas em laboratórios para o tratamento de câncer provêm das matas tropicais.
 “O segredo não é fazer tudo bem feito. É fazer o que se deve ser feito. Não é apenas
fazer as coisas do modo certo, e sim fazer as coisas certas.”
Exercícios de interpretação de texto
 
 O bom selvagem e a sociedade cruel
 Roberto Campos
 
 1º Parágrafo:
 Uma das perguntas mais intratáveis da vida moderna é sobre se o indivíduo tem precedência sobre o ente coletivo, ou o contrário? Prevalecerá a preferência pessoal de cada um, ou a vocação altruísta de se sacrificar pelos demais? Nas sociedades primitivas, o problema era menos complicado porque a sobrevivência individual estava estreitamente ligada à do grupo. Mas por outro lado, o egoísmo grupal era implacável. Na era moderna, o indivíduo adquiriu autonomia, tornou-se cidadão votante e consumidor soberano. Os conflitos entre egoísmo e altruísmo foram complicados pelo anonimato, pela burocracia, e pelo gigantismo das sociedades. Fora do círculo íntimo da família nuclear, os laços de solidariedade tornaram-se indiretos e difusos. 
 
 01) O primeiro período do texto diz que:
 a) Há dúvidas quanto a se o indivíduo proveio do ente coletivo ou se foi o contrário.
 b) Não se trata de elaborar perguntas na vida moderna, pois o indivíduo tem preferência sobre o ente coletivo.
 c) Há dúvidas, na vida moderna, quanto a quem é mais importante: o indivíduo ou a sociedade?
 d) Há dúvidas, na vida moderna, quanto ao que surgiu antes: o indivíduo ou o ente coletivo?
 e) Há dúvidas quanto à possibilidade de se sacrificar o indivíduo, para melhorar a sociedade.
 
 02) Indique a afirmação correta em relação ao texto:
 a) Era mais fácil viver na sociedade primitiva, pois todos se ajudavam mutuamente.
 b) Os grupos que se formavam, na sociedade primitiva, não eram isolados uns dos outros.
 c) A burocracia existente na vida moderna arrefeceu os conflitos entre o egoísmo e o altruísmo.
 d) Em toda família nuclear, há laços de solidariedade.
 e) A vida moderna fortaleceu os conflitos entre o individualismo e o altruísmo.
 
 2º Parágrafo:
 Mas há sempre algum altruísmo nas pessoas. Serão valores embutidos em nossa cultura por um legado religioso? Ou um impulso inato, recebido da natureza ao nascer? Sangue, e rios de tinta, ainda não responderam a essa pergunta. No século 18, J. J. Rousseau, invertendo muitos séculos da visão pessimista do homem naturalmente pecador e mau, embutida na tradição cristã, substituiu-a por uma idéia oposta: a do homem que nasce virtuoso, e degenera na sociedade. É o "bom selvagem", uma das contribuições iniciais da descoberta do Brasil ao pensamento europeu.
 
 03) Segundo o texto, J. J. Rousseau:
 a) Afirmou que o homem é naturalmente pecador e mau, mas, devido à tradição cristã, quando nasce virtuoso, degenera na sociedade.
 b) É o bom selvagem que contribuiu para a descoberta do Brasil.
 c) Errou, ao inverter a visão da Igreja, que sempre acreditou ser o homem virtuoso, mas degenerador da sociedade.
 d) Contradisse a tradição cristã, ao afirmar que o homem nasce virtuoso, e a sociedade o corrompe.
 e) Contribuiu para a descoberta do Brasil, ao afirmar que o selvagem que aqui habitava era naturalmente bom.
 04) O autor do texto:
 a) Afirma que as pessoas, de alguma maneira, são solidárias com as demais.
 b) Explica que existe nas pessoas algum conceito que as levam a praticar atos estranhos.
 c) Discute a validade de se levarem em consideração os ensinamentos da Igreja.
 d) Mostra o pensamento de um ateu, que escreveu obras contra a Igreja.
 e) Revela que nossa cultura tem valores embutidos por um cidadão, considerados legado religioso.
 
 05) Considerando-se algumas palavras do texto, é errado afirmar que:
 a) Altruísmo está para altruísta assim como escotismo está para escoteiro.
 b) Embutidos está para embutir assim como vindo está para vir.
 c) Impulso está para impelir assim como decurso está para decorrer.
 d) Embutida está para imbutida assim como emigrar está para imigrar.
 e) Contribuições está para contribuir assim como intuições está para intuir.
 
 06) No texto, foram empregadas em sentido conotativo as seguintes palavras:
 a) visão e pecador.
 b) tradição e idéia.
 c) altruísmo e valores.
 d) cultura e legado.
 e) sangue e rios.
 
 3º Parágrafo: 
 A inversão de Rousseau teve conseqüências imprevistas. Se o problema residia na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para voltar ao paraíso. Tentação tanto mais irresistível quanto estava acontecendo a transição do mundo pré-industrial para os horizontes inexplorados da Revolução Industrial. Durante três séculos, a Era da Razão vinha abalando os alicerces intelectuais da cosmovisão religiosa que sustentara a grande unidade espiritual da Idade Média. E a vitória do racionalismo humanista trazia no bojo o liberalismo político e econômico. 
 
 07) A frase que altera a idéia básica do segundo período desse parágrafo é:
 a) Já que o problema residia na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para voltar ao paraíso.
 b) Uma vez que o problema residia na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para voltar ao paraíso.
 c) Como o problema residia na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para voltar ao paraíso.
 d) Embora o problema residisse na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para voltar ao paraíso.
 e) Porquanto o problema residisse na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para voltar ao paraíso.
 
 
08) Segundo o texto:
 a) Três séculos depois de Rousseau, teve início a Idade Média.
 b) O liberalismo político e econômico era uma das caraterísticas do racionalismo humanista.
 c) A vitória do racionalismo humanista extinguiu o liberalismo político e econômico.
 d) A Era da Razão e a Idade Média são nomes para uma mesma época.
 e) O problema realmente residia na sociedade.
 
 9) Não é certa a substituição de elementos do texto em:
 a) "...bastaria ao homem transformá-la, a fim de voltar ao paraíso."
 b) "...bastaria o homem transformá-la, para voltar ao paraíso."
 c) "... a Era da Razão vinha abalando as bases intelectuais da cosmovisão religiosa..."
 d) "...vinha abalando os alicerces intelectuais da concepção religiosa do mundo..."
 e) "...E o triunfo do racionalismo humanista trazia no bojo o liberalismo político e econômico."
 
 6º Parágrafo: 
 Avanços recentes da genética trouxeram um complicador, ao sugerir que muitos traços comportamentais têm base física nos genes. Naturalmente, nenhum cientista respeitável chegou ao ponto de afirmar que o homem seja totalmente determinado pelo seu material genético. Mas certamente ficou enfraquecida a corrente externa que reduzia o indivíduo a meras determinações do contexto social. 
 
 16) Segundo esse parágrafo:
 a) O homem se comporta de acordo com o que aprende no contexto social.
 b) Apesar de não ser totalmente comprovado, acredita-se que o comportamento do homem seja determinado por seus genes.
 c) O homem é totalmente determinado por seu material genético.
 d) Apesar de enfraquecida a idéia, o que se sabe é que o homem é determinado pelo contexto social.
 e) O comportamento do ser humano depende das correntes externas que o reduz a determinante comportamental.
 
 7º Parágrafo:
 Não se está aqui, pretendendo debater a tese do "gene egoísta", conforme a polêmica expressão de Richard Dawkins. Nem se uma eficiente engenharia social é viável. Penso nessas questões porque me preocupo com o simplismo obtuso de inculpar-se a sociedade por todos os males possíveis e imagináveis: da seca do Nordeste à ignorância e às desigualdades. Carências há, sem dúvida. Mas podem ser relativas, criadas pela insaciabilidade das veleidades humanas. Um IKung do deserto de Kalahari contenta-se com muito pouco, ao passo que um americano fica infeliz se tiverum pouco menos do que o vizinho do lado. E em São Paulo, presos condenados tocaram fogo nas celas porque queriam televisão a cabo e ar-condicionado!... 
 
 19) Segundo o autor:
 a) A sociedade é a grande culpada pelos males que assolam a nação brasileira.
 b) É errado atribuir à sociedade a culpa por todos os males que afligem a nação.
 c) A sociedade é insaciável, por isso ocorrem tantos males na nação.
 d) As carências existentes na sociedade são todas relativas, por isso não devem ser levadas a sério.
 e) Há grande preocupação com a simplicidade existente na sociedade, pois é isso que cria a ignorância e as desigualdades.
 
 20) É certo afirmar que:
 a) há, no texto, uma crítica aos americanos, devido à inveja que eles têm de seus vizinhos. 
 b) o autor não acredita que haja carência verdadeira no Nordeste.
 c) Os únicos males possíveis e imagináveis do Brasil são a Seca do Nordeste, a ignorância e as desigualdades.
 d) Todas as penitenciárias de São Paulo deixam de atender aos pedidos dos presos condenados.
 e) Muitas carências são criadas pelo desejo leviano de o homem querer ter mais do é necessário.
  
 24) Em relação à frase "Há dois séculos passados...", retirada do texto, é certo afirmar que:
 a) Está absolutamente certa.
 b) Está errada, pois o verbo haver deveria estar no plural.
 c) Está errada, pois, como o verbo haver já indica tempo decorrido, não se deveria usar o adjetivo passado.
 d) O verbo haver deveria ser substituído pelo verbo fazer, sem qualquer outra mudança na frase.
 e) Está errada, pois, como o verbo haver é impessoal, o adjetivo passado também deveria estar no singular.
 
Simulação da Prova de Português 
TEXTO 1
 Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade - daremos ao mundo o "homem cordial". A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência dos padrões de convívio humano informados no meio rural ancestral e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes possam significar "boas maneiras", civilidade. São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. Na civilidade há qualquer coisa de coercitivo - ela pode exprimir-se em mandamentos e em sentenças. Entre os japoneses, onde, como se sabe, a polidez envolve os aspectos mais ordinários do convívio social, chega a ponto de confundir-se, por vezes, com a reverência religiosa. Já houve quem notasse este fato significativo, de que as formas exteriores de veneração à divindade, no cerimonial xintoísta, não diferem essencialmente das maneiras sociais de demonstrar respeito. 
 Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência - e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que se converteu em fórmula. Além disso, a polidez é, de algum modo, organização de defesa ante a sociedade. Detém-se na parte exterior, epidérmica do indivíduo, podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência. Equivale a um disfarce que permitirá a cada qual preservar intatas sua sensibilidade e suas emoções. Por meio de semelhante padronização das formas exteriores da cordialidade, que não precisam ser legítimas para se manifestarem, revela-se um decisivo triunfo do espírito sobre a vida. Armado dessa máscara, o indivíduo consegue manter sua supremacia ante o social. E, efetivamente, a polidez implica uma presença contínua e soberana do indivíduo. 
 No "homem cordial", a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro - como bom americano - tende a ser a que mais importa. Ela é antes um viver nos outros. Foi a esse tipo humano que se dirigiu Nietzche, quando disse: "Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro."
 Nada mais significativo dessa aversão ao ritualismo social, que exige, por vezes, uma personalidade fortemente homogênea e equilibrada em todas as suas partes, do que a dificuldade em que se sentem, geralmente, os brasileiros, de uma reverência prolongada ante um superior. Nosso temperamento admite fórmulas de reverência, e até de bom grado, mas quase somente enquanto não suprimam de todo a possibilidade de convívio familiar. A manifestação normal do respeito em outros povos tem aqui sua réplica, em regra geral, no desejo de estabelecer intimidade. E isso é tanto mais específico, quanto se sabe do apego freqüente dos portugueses, tão próximos de nós em tantos aspectos, aos títulos e sinais de reverência. 
Adaptado de: Holanda, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. p.146.
1. Assinale a alternativa em que se faz a afirmação que resume mais precisamente o sentido do texto.
O texto trata do fato de que o brasileiro não sabe se portar bem em sociedade. 
O tema do texto é o contraste entre duas culturas - a japonesa e a brasileira. 
O texto procura determinar as propriedades definidoras do conceito de polidez. 
O texto trata do conceito de cordialidade, tido como central na cultura brasileira. 
O tema do texto é a padronização e a hipocrisia das culturas socialmente rígidas. 
2. Nas alternativas abaixo, apresentam-se cinco reordenações da frase destacada em negrito no início do texto. Assinale aquela que mantém o significado da frase original e que não dá margem a qualquer ambigüidade.
São expressões antes de tudo legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. 
São expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante antes de tudo. 
São expressões legítimas de um fundo antes de tudo emotivo extremamente rico e transbordante. 
Antes de tudo, são expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. 
São expressões legítimas de um fundo emotivo antes de tudo extremamente rico e transbordante. 
3. Caso a palavra influência, destacada em negrito no texto, aparecesse no plural, quantas outras palavras na frase deveriam sofrer ajuste obrigatório para fins de concordância?
Uma 
Duas 
Três 
Quatro 
Cinco 
4. Todas as expressões abaixo listadas poderiam substituir as palavras qualquer coisa, destacadas em negrito no texto, sem acarretar alteração no significado da frase em que tal expressão ocorre, à exceção de
tudo. 
algo. 
um quê. 
alguma coisa. 
um tanto. 
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Defender o idioma, como a floresta, por Aldo Rebelo
No ritmo em que a língua portuguesa está sendo chacinada no Brasil, corremos o risco de ter de copiar o advogado Sobral Pinto e invocar as leis de defesa do ecossistema para protegê-la da devastação.
Imagino se os jovens leitores da Folha conhecem o episódio, de 1937, em que o grande advogado Sobral Pinto, designado para defender o preso político Harry Berger, achou que seu cliente estava sendo tão maltratado nas masmorras do Estado Novo que devia ser amparado pela Lei de Proteção dos Animais. Minha reflexão veio a partir do artigo “A lei do rato”, assinado por Fernando Rodrigues na Folha de S. Paulo (edição de 1º de setembro de 2003). O articulista critica meu projeto de defesa da língua portuguesa, já chamado de Lei Aldo Rebelo. A conexão entre os dois episódios se verá adiante, mas convém deixar patente que quem está debaixo de vara é o idioma. 
Legislar acerca da língua não é impróprio nem novo. O Brasil faz isso desde 1931. Está em vigor uma antiga e democrática política lingüística, que nosdiz como escrever, acentuar e pluralizar palavras, como usar o hífen, empregar as maiúsculas e o apóstrofo. Não escrevemos “extranjeiro”, com x e j, porque assim o determina o Formulário ortográfico, de 1943, que estabeleceu as regras para a preparação do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e, neste, adota-se a grafia “estrangeiro”. É lei. Os desordeiros podem não gostar, mas temos normas minuciosas até para os ditongos. 
Se é vedada a ortografia pessoal, não há o que estranhar na iniciativa de impedir a descaracterização ostensiva que corrói a língua portuguesa à vista de todos. O apoio que recebi indica que largas parcelas do povo brasileiro estão irritadas com o vendaval de palavras estrangeiras a desbancar o vernáculo dos letreiros de ruas, dos cartazes de lojas, das instruções de eletrodomésticos. Ou seja, da comunicação direta do dia-a-dia. Conheço gente que viu a inscrição “push” na saída do aeroporto, puxou e bateu com a cara na porta. Que “modernidade” nos conduz a escrever “push” em vez de empurre? 
Tentam nos convencer de que o mundo já não tem fronteiras, mas que se diga isso a quem luta inutilmente por um visto de entrada em determinados países. Argumentam que idioma não é questão de Estado, e sim de mercado, e a lei da oferta e da procura é que deveria reger o vocabulário. A patranha ilude quem acredita na geração espontânea do mercado, que é, em verdade, manejado pelos monopólios. O lingüista americano Steven Fischer já nos advertiu: “O lema hoje é ‘aprenda inglês e prospere, ou ignore e padeça’”. Quem sabe, esconde-se nesse comercial o desejo secreto de nos cobrarem royalties por palavra importada, como já os pagamos por molho de sanduíche. 
O uso de royalty, anglicismo sem similar vernáculo, serve aqui para desarmar os que confundem defesa do idioma com blindagem de dicionário. É um truísmo repetir que incentivamos a atualização da língua, mas segundo nosso breviário. Temos regras para aportuguesar as palavras incorporadas ao acervo nacional, como fizemos em centenas de casos, entre eles truísmo, do inglês “truism”. Se escrevo royalty sem sinal de bastardo, seja entre aspas ou em itálico, é porque a palavra figura, com essa grafia espúria, no nosso vocabulário ortográfico oficial. É bem-vinda, mas tem de se adaptar para entrar. 
Há muitos casos extravagantes, como best-seller, “breakfast”, “browser”, e-mail, “file”, “girl”, “meeting” etc. Até nosso alfabeto de 23 letras (não temos k, w nem y) é desdenhado. 
Um dos objetivos do meu projeto de lei, negligenciado pelas diatribes urdidas contra ele, é a revisão do vocabulário ortográfico para adaptação, ao gênio do idioma, dos monstrengos adventícios que lá foram enfiados. Circulam como se o Brasil fosse terra de ninguém, na qual os estrangeiros, a começar das palavras, podem invocar o arrogante instituto da exterritorialidade, segundo o qual têm o direito de serem regidos pelos usos e costumes de seu país mesmo quando fora dele. 
A tradição léxica do Brasil, que o projeto busca resgatar, é a vernaculização, não a transcrição. Em épocas de maior altivez, adaptávamos até nomes próprios, e por isso ainda hoje chamamos os reis da França de Luís e não Louis, e o herói mítico da Suíça Wilhelm Tell de Guilherme Tell. Quem acha que é zelo de subdesenvolvido, saiba que os americanos o chamam de William e os franceses, de Guillaume Tell. 
Há um excesso de indicações, portanto, de que a defesa da língua portuguesa faz sentido enquanto é oportuna. No ritmo em que está sendo chacinada no Brasil, corremos o risco de ter que copiar o advogado Sobral Pinto e invocar as leis de defesa do ecossistema para protegê-la da devastação. “A Torre de Babel foi uma bênção”, disse o lingüista francês Claude Hagège, ao enaltecer a variedade de idiomas. Um símbolo nacional, o pau-brasil, extinto nas matas desde 1920, sobrevive em parques e reservas. Também muitas palavras e expressões portuguesas, de belo som e suave escrita, só restam nos dicionários, porque os devastadores usam a motosserra da linguagem para ceifar “jovem” e nos impingir “teen”. 
Aldo Rebelo, 47 anos, jornalista e deputado federal pelo PC do B de São Paulo, é líder do governo na Câmara dos Deputados. Artigo originalmente publicado na Folha de S. Paulo de 23 de setembro de 2003. 
Em relação ao texto apresentado, responda:
	
Qual a temática do texto?
Sintetize o posicionamento do autor em relação ao tema tratado.
Qual a relação que o autor estabelece entre o nosso idioma e as florestas?
Por que o autor cita o episódio acontecido em 1937, vivido pelo advogado Sobral Pinto?
“quem está debaixo de vara é o idioma”. Comente a expressão de acordo com o modo em que ela foi usada no texto.
Por que o autor considera não válido o argumento usado por alguns, que dizem “que idioma não é questão de Estado, e sim de mercado, e a lei da oferta e da procura é que deveria reger o vocabulário”?
“Circulam como se o Brasil fosse terra de ninguém”. Que tipo de relação a expressão retirada do texto pode estabelecer com a descoberta do Brasil?
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Questão 1 
As questões 1 e 2 referem-se ao poema:
A DANÇA E A ALMA
A DANÇA? Não é movimento,
súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança – não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.
Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...
Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.)
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é
 
A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência.
B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito.
C) a manifestação do ser humano, formada por uma seqüência de gestos, passos e movimentos desconcertados.
D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc.
E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por conseqüência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
Questão 2 
O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é:
 
A) éter.
B) seiva.
C) chão.
D) paixão.
E) ser.
 
Questão 3 
I - A situação de um trabalhador
Paulo Henrique de Jesus está há quatro meses desempregado. Com o Ensino Médio completo, ou seja, 11 anos de estudo, ele perdeu a vaga que preenchia há oito anos de encarregado numa transportadora de valores, ganhando R$800,00. Desde então, e com 50 currículos já distribuídos, só encontra oferta para ganhar R$300,00, um salário mínimo. Ele aceitou trabalhar por esse valor, sem carteira assinada, como garçom numa casa de festas para fazer frente às despesas. (O Globo, 20/07/2005.)
II - Uma interpretação sobre o acesso ao mercado de trabalho
Atualmente, a baixa qualificação da mão-de-obra é um dos responsáveis pelo desemprego no Brasil. 
A relação que se estabelece entre a situação (I) e a interpretação (II) e a razão para essa relação aparece em:
 
A)  II explica I - Nos níveis de escolaridade mais baixos há dificuldade de acesso ao mercado de trabalho.
B)  I reforça II - Os avanços tecnológicos da Terceira Revolução Industrial garantem somente o acesso ao trabalho para aqueles de formação em nível superior.
C) I desmente II - O mundo globalizado promoveu desemprego especialmente para pessoas entre 10 e 15 anos de estudo.
D) II justifica I - O desemprego estrutural leva a exclusão de trabalhadores com escolaridadede nível médio incompleto.
E) II complementa I - O longo período de baixo crescimento econômico acirrou a competição, e pessoas de maior escolaridade passam a aceitar funções que não correspondem a sua formação.
Questão 4 
Leia com atenção o texto:
[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos — peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola — mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) (Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.)
O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto 
A) ao vocabulário.
B) à derivação.
C) à pronúncia.
D) ao gênero.
E) à sintaxe.
Questão 5 
Zuenir Ventura, em seu livro “Minhas memórias dos outros” (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim da “Era Vargas” e ao suicídio do presidente em 1954, comenta: Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca esse adjetivo foi tão próprio).
Diante daquele contexto histórico, muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a mente de seus inimigos. A afirmação que aparece “entre parênteses” no comentário e uma conseqüência política que atingiu os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em:
 
A) a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos elementos do desfecho trágico e o recuo da ação de políticos conservadores devido ao impacto da reação popular.
B) a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda por apoiar os assessores do presidente que discordavam de suas idéias e o avanço dos conservadores foi intensificado pela ação dos militares.
C) o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos, como Carlos Lacerda, que o pressionavam contra a ditadura e os aliados do presidente teriam que aguardar mais uma década para concretizar a democracia progressista.
D) o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do presidente e este fato veio impedir definitivamente a ação de grupos conservadores.
E) o presidente cometeu o suicídio para garantir uma definitiva e dramática vitória contra seus acusadores e oferecendo a própria vida Vargas facilitou as estratégias de regimes autoritários no país.
Questão 6
As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema de Mário de Andrade:
“(....)
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais?
Que tem se o quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas,
Brasil, nome de vegetal! (....)”
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito
A) étnico e religioso.
B) lingüístico e econômico.
C) racial e folclórico.
D) histórico e geográfico.
E) literário e popular.
Questão 7
A situação abordada na tira torna explícita a contradição entre a
 
A) relações pessoais e o avanço tecnológico.
B) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos.
C) inclusão digital e a modernização das empresas.
D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado.
E) revolução informática e a exclusão digital.
 
Questão 8 
Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros.
Sobre a temática dos “Retirantes”, Portinari também escreveu o seguinte poema:
(....)
Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos
Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos
Doloridos como fagulhas de carvão aceso
Corpos disformes, uns panos sujos,
Rasgados e sem cor, dependurados
Homens de enorme ventre bojudo
Mulheres com trouxas caídas para o lado
Pançudas, carregando ao colo um garoto
Choramingando, remelento
(....)
(Cândido Portinari. Poemas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1964.)
Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é tema do poema.
A) 1 e 2
B) 1 e 3
C) 2 e 3
D) 3 e 4
E) 2 e 4
Questão 9 
 
As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos governantes. Tendo como referência o estado atual dos países periféricos, pode-se afirmar que nessas histórias está contida a seguinte idéia:
A) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e aposentados.
B) Necessidade de atualização crítica de clássicos da literatura.
C) Menosprezo governamental com relação a questões ecologicamente corretas.
D) Exigência da inserção adequada da mulher no mercado de trabalho.
E) Aprofundamento do problema social do desemprego e do subemprego.
 Questão 10 
Há quatro séculos alguns animais domésticos foram introduzidos na Ilha da Trindade como "reserva de alimento". Porcos e cabras soltos davam boa carne aos navegantes de passagem, cansados de tanto peixe no cardápio. Entretanto, as cabras consumiram toda a vegetação rasteira e ainda comeram a casca dos arbustos sobreviventes. Os porcos revolveram raízes e a terra na busca de semente. Depois de consumir todo o verde, de volta ao estado selvagem, os porcos passaram a devorar qualquer coisa: ovos de tartarugas, de aves marinhas, caranguejos e até cabritos pequenos. Com base nos fatos acima, pode-se afirmar que:
A) a introdução desses animais domésticos, trouxe, com o passar dos anos, o equilíbrio ecológico.
B) ecossistema da Ilha da Trindade foi alterado, pois não houve uma interação equilibrada entre os seres vivos.
C) a principal alteração do ecossistema foi a presença dos homens, pois animais nunca geram desequilíbrios no ecossistema.
D) o desequilíbrio só apareceu quando os porcos começaram a comer os cabritos pequenos.
E) o aumento da biodiversidade, a longo prazo, foi favorecido pela introdução de mais dois tipos de animais na ilha.
Questão 11
O termo (ou expressão) destacado que está empregado em seu sentido próprio, denotativo ocorre em:
 
A) 
“(....)
É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida a sol (....)”
(Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos.setembro de 1992.)
B)
 “Protegendo os inocentes
é que Deus, sábio demais,
põe cenários diferentes
nas impressões digitais.”
(Maria N. S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s.n.b.)
C) 	“O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngües são os tipos mais comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas.”
(Maria T. Camargo Biderman. O dicionário-padrão da língua. Alfa (28), 2743, 1974 Supl.)
D) 	
E) 	“Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer.”
(Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br. acessado em julho de 2005.)
  
 Questão 12
Os transgênicos vêm ocupando parte da imprensa com opiniões ora favoráveis ora desfavoráveis. Um organismo ao receber material genético de outra espécie, ou modificado da mesma espécie, passa a apresentar novas características. Assim, por exemplo, já temos bactérias fabricando hormônios humanos, algodão colorido e cabras que produzem fatores de coagulação sangüínea humana. O belga René Magritte (1896 – 1967), um dos pintores surrealistas mais importantes, deixou obras enigmáticas. Caso você fosse escolher uma ilustração para um artigo sobre os transgênicos, qual das obras de Magritte, abaixo, estaria mais de acordo com esse tema tão polêmico?
 
	  
	  
	  
	  
	  
Questão 13 
Entre 1975 e 1999, apenas 15 novos produtos foram desenvolvidos para o tratamento da tuberculose e de doenças tropicais, as chamadasdoenças negligenciadas. No mesmo período, 179 novas drogas surgiram para atender portadores de doenças cardiovasculares. Desde 2003, um grande programa articula esforços em pesquisa e desenvolvimento tecnológico de instituições científicas,  governamentais e privadas de vários países para reverter esse quadro de modo duradouro e profissional. Sobre as doenças negligenciadas e o programa internacional, considere as seguintes afirmativas: 
I- As doenças negligenciadas, típicas das regiões subdesenvolvidas do planeta, são geralmente associadas à subnutrição e à falta de saneamento básico.
II- As pesquisas sobre as doenças negligenciadas não interessam à indústria farmacêutica porque atingem países em desenvolvimento sendo economicamente pouco atrativas.
III- O programa de combate às doenças negligenciadas endêmicas não interessa ao Brasil porque atende a uma parcela muito pequena da população.
 
A) 	I.
B) 	II.
C) 	III.
D) 	I e II.
E) 	II e III.
Questão 14 
Leia estes textos.
Texto 1
 Texto 2
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.
(J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)
A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os dois textos
A) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
B) concordam que o desarmamento é inatingível.
C) julgam que o sonho é um desafio invencível.
D) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
E) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.
 
 Questão 15 
Leia estes poemas.
Texto 1 - Auto-retrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico* profissional.
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.)
Texto 2 - Poema de sete faces
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
(....)
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.)
(*) tísico=tuberculoso
Esses poemas têm em comum o fato de
A) descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
B) 	refletirem um sentimento pessimista.
C) terem a doença como tema.
D) narrarem a vida dos autores desde o nascimento.
E) 	defenderem crenças religiosas.
Leia o texto abaixo.
Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudante brasiliense Rui Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mês passado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou 419 competidores de todo o mundo na 39ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe na bagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dos problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos.
Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissional meteórica?
Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concorrência por um emprego é cada vez mais selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será minha profissão. Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que esse conceito de carreira mudou muito.
(Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 05/08/1998, n.31, p. 9-10)
Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do estudante no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada. O estudante
(A) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamental para sua entrada no mercado.
(B) discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre o mercado de trabalho.
(C) discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe de dedicação aos estudos.
(D) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher uma profissão relacionada à matemática.
(E) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsões sobre o mercado de trabalho.
Considere os textos abaixo.
(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da filosofia para que iluminem os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé.
(Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica sobre as relações entre fé e razão, 1998)
As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã.
(São Tomás de Aquino-pensador medieval)
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que
(A) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São Tomás de Aquino, refletindo a diferença de épocas.
(B) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino, pois este colocava a razão natural acima da fé.
(C) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II.
(D) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação com o pensamento filosófico.
(E) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino procuram conciliar os pensamentos sobre fé e razão.
Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única européia. Leia a notícia destacada abaixo.
O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1o de janeiro, é possivelmente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade Européia. A “Euroland”, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.
(Gazeta Mercantil, 30/12/1998)
A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do passado” que pode ser entendida como
(A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
(B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no mundo.
(C) a crise do capitalismo, do liberalismo e dademocracia levando à polarização ideológica da antiga URSS.
(D) a confrontação dos modelos socialista e capitalista para deter o processo de unificação das duas Alemanhas.
(E) a prosperidade das economias capitalista e socialista, com o conseqüente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.
4- Considere o seguinte diálogo:
I. Por que você está triste?
II. Porque ela me deixou.
III. E ela fez isso por quê?
IV. Não sei o porquê. Tentei acabar com as causas da crise por que passávamos.
V. Ah! Você se perdeu nos porquês.
Do ponto de vista gramatical, os termos sublinhados estão corretamente empregados em:
a) IV somente.
b) I, III e V somente.
c) II e IV somente.
d) I, II, III, IV e V.
e) II e V somente.
5- Considere as seguintes sentenças:
I. Ele sempre falou por meias palavras.
II. É meio-dia e meio.
III. Estava meia nervosa por causa da mãe.
IV. Quero meia maçã para a sobremesa.
V. Ficaram meio revoltados com a situação.
Do ponto de vista da gramática normativa, estão corretas as sentenças:
a) III e IV somente.
b) II e V somente.
c) I, II e III somente.
d) II e IV somente.
e) I, IV e V somente.
6- _____________ fábricas _________ produtos são _________ feitos.
Assinale a alternativa cujos termos completam as lacunas de acordo com a norma culta.
a) Existe, aonde, mal.
b) Existem, onde, mau.
c) Há, aonde, mau.
d) Há, onde, mal.
e) Há, onde, mau.
7- Enquanto na fala muitas vezes nem todos os verbos e substantivos são flexionados, na escrita isso pode ser considerado um erro. Considere as seguintes sentenças:
I. Saíram os resultados.
II. Foi inaugurado as usina.
III. Apareceu cinquenta pessoas na festa.
IV. O time apresentou os jogadores.
V. Saiu os nomes dos jogadores.
VI. Também vieram os juízes.
Seguem as normas da escrita padrão as sentenças:
a) I, IV e VI apenas.
b) II, III e V apenas.
c) I, II e III apenas.
d) IV, V e VI apenas.
e)I, III e V apenas.
8- Das alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO está de acordo com a norma culta.
a) Foi ele quem comprou o carro.
b) Alguns de nós seremos vitoriosos.
c) A maior parte das pessoas faltou ao encontro.
d) Os Estados Unidos importa muitos produtos brasileiros.
e) Cada um de nós fez o que pôde.
Palavras homônimas e parônimas 
      Homônimas: escrita: igual
	Pronúncia: igual
	Significado: diferente
	Parônimas: escrita: parecida
	Pronúncia: igual
	Significado: diferente
Exercícios 
      Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses: 
      1. Em tempos de crise, é necessário.......................a despensa de alimentos. (sortir - surtir) 
      2. Os direitos de cidadania do rapaz foram....... ..................pelo governo. (caçados - cassados) 
      3. O..........................dos senadores é de oito anos. (mandado- mandato) 
      4. A Marechal Rondon estava coberta pela...............................(cerração - serração) 
      5. César não teve..........................de justiça. (censo - senso) 
      6. Todos os....................................haviam sido ocupados. (acentos - assentos) 
      7. Devemos uma......................quantia ao banco. (vultosa - vultuosa) 
      8. A próxima..............................começará atrasada. (seção - sessão) 
      9. ..................................-.se, mas havia hostilidade entre eles. (cumprimentaram - comprimentaram) 
      10. Na........................das avenidas, houve uma colisão. (intersecção - intercessão) 
      11. O.....................................no final do dia estava insuportável. (tráfego - tráfico) 
      12. O marido entrou vagarosamente e passou......... .............................(despercebido - desapercebido) 
      13. Não costume .......................................as leis. (infligir - infringir) 
      14. Após o bombardeio, o navio atingido............ .................. (emergiu- imergiu) 
      15. Vários....................................japoneses chegaram a São Paulo nas primeiras décadas do século. (emigrantes - imigrantes) 
      16. Não há.......................................de raças naquele país. (discriminação - descriminação) 
      17. Após anos de luta, consegui a ........................... (dispensa - despensa) 
      18. A chegada do....................................... diplomata era........................ ( eminente - iminente). 
      19. O corpo..................................... era formado por doutores. (docente- discente) 
      20. Houve alguns.......................................no Congresso. (acidentes - incidentes) 
      21. Fomos...................................pelos anfitriões. (destratados - distratados) 
      22. A..................................... dos direitos da emissora foi uma das tarefas do governo. (seção - cessão) 
      23. Ali, na...................................... de eletrodomésticos, há uma grande liquidação. (seção - cessão) 
      24. É um senhor......................................(distinto - destinto) 
      25. Dei o .......................................mate ao gerente, por causa do................ sem fundos. (cheque - xeque) 
      26. A nuvem de gafanhotos ..................................a plantação. (infestou - enfestou) 
      27. Quando Joana toca piano é mais um.............que um.................. (conserto - concerto) 
      28. Todos eles.............................o prazer da bela melodia. (fruem - fluem) 
      29. Estava muito..................para.................quanto custava aquele aparelho. (apreçar - apressar) 
      30. Nas festas de São João é comum ............balões e vê-los.............. (ascender - acender) 
      31. As pessoas foram recolhidas a suas..........(celas - selas) 
      32. Segui a...............................médica, mas não obtive resultados. (proscrição - prescrição) 
      33. Alguns modelos.................................serão vendidos. (recreados - recriados) 
      34. A bandeira de São Paulo tem...................pretas. (listas - listras) 
      35. Para passar, precisava ..............................mais das lições. ( apreender -aprender) 
      36. O réu..............................suas culpas. (expiará - espiará) 
      37. Encontrei uma carteira com .........................de cem dólares. (cédulas - sédulas) 
      38. Iremos à..............para lermos deliciosa....... ................medieval. (xácara - chácara) 
      39. Na hora da................................., os mexicanos dormem. (cesta-sesta) 
      40. Percebe-se que ele ainda é meio...................., pois não tem prática de comércio. (incipiente - insipiente) 
A universidade e a ética
SÉRGIO DE AZEVEDO E SOUZA – Advogado
 
Urge que as cadeiras de ética e moral tenham suas cargas horárias aumentadas significativamente 
A universidade é a cabeça da nação, é o seu cérebro, é a sua oficina pensante, é a responsável pelo seu progresso, em suma geradora de líderes tanto na área pública como na privada. É a formadora de futuros governantes, legisladores, juristas, industriais, comerciantes, profissionais liberais etc. Pelo lançamento destes na vida social ela, a universidade, não deixa de ter certa responsabilidade tanto na geração de líderes honrados como corruptos. 
A formação final destas pessoas começa com o seu ingresso na universidade, pois antes elas tiveram a orientação escolar e familiar, mas somente ao entrar na universidade elas terão que optar pela sua profissão. Geralmente, a que lhe propiciar melhor rendimento pecuniário, sem atentar pela sua real vocação que no final das contas lhe renderá também bons rendimentos, mas dependerão naturalmente da sua qualidade de serviço. 
Dos primeiros advém a falta de respeito pelos contribuintes e pelos clientes, na área pública e privada respectivamente. Começamos então a perceber a grande lacuna na ética e na moral dos cidadãos que nos lideram, nas duas áreas, ressalvadas algumas exceções, mas cada vez mais escassas. A nação assiste estarrecida dianteda corrupção generalizada. 
Onde se originou tanta falta de respeito pelo bem alheio? Na família, na escola primária? Até pode ser, mas onde a cidadã ou o cidadão recebe orientação e resolve seguir seus caminhos é na universidade. Jovens ainda, ali eles são forjados, cheios de esperanças no futuro, recebem ávidos os ensinamentos básicos de seus mestres para tomar as rédeas da sociedade. Assim a universidade é responsável pela formação de cidadãos honrados, respeitados, verdadeiros líderes de grande moral, tomados como verdadeiros arquétipos da cidadania, dignos de serem seguidos. Não é menos responsável a universidade por lançar na sociedade cidadãos de fácil envolvimento, atraídos pela corrupção desenfreada, surgem os ladrões, mentirosos de alta estirpe, formadores de quadrilhas, vampiros do erário público, modernos gângsteres, enfim pessoas sem caráter e sem a mínima piedade para com os demais, surrupiando-lhes as suas esperanças e seus parcos rendimentos. 
Já não bastam os pobres e marginais deste país e agora já surgem outras castas menos favorecidas emergidas dos efeitos da corrupção, tais como os excluídos e os desvalidos, vítimas incontestes desta maldita máfia que se formou nos altos escalões da república assim compreendido, a União, os Estados e os municípios, inclusive as estatais e na área privada os grandes conglomerados. Como poderemos pedir a estes menos favorecidos que se comportem como cidadãos dignos, honrados e respeitadores se seus chefes e seus patrões assim não se conduzem? Urge que as cadeiras de ética e moral tenham suas cargas horárias aumentadas significativamente e sua didática revista nas universidades, pois só assim poderemos esperar dias melhores para esta nação. 
O Ministério da Educação, o corpo docente e discente das universidades, inclusive os centros acadêmicos, deveriam estabelecer profundos debates a respeito, procurando o melhor caminho para que a sociedade brasileira sinta que os futuros formandos serão cidadãos bem-intencionados e não uma nova turma de ameaça à sociedade. Se o grupo de jovens universitários é imbuído de se comportar na vida futura como cidadãos de respeito como tal, germina aí uma certa fiscalização solidária não só durante a vida universitária como também como colegas no exercício de suas futuras profissões. O repto oferecido é contundente, mas não no sentido de penalizar e sim de conscientizar.
Zero Hora – 08.06.2001
 
Francisco Carlos Távora de Albuquerque Caixeta ( * )
Édipo, rei lendário de Tebas, sem saber matou o pai e desposou a mãe, Jocasta. Dessa relação incestuosa nasceram Antígona, Ismene, Etéocles e Polinices. Ao saber que era mãe de Édipo, Jocasta se enforcou. A dramática história de Édipo inspirou Sófocles na que é tida a sua mais bela peça teatral, Édipo Rei. A trilogia de Édipo é composta por Édipo-rei; Édipo em Colono e Antígona. Todas escritas por Sófocles.
Em Antígona, a narrativa de Sófocles segue a tradição mitológica. Antígona é a tragédia de Sófocles mais reconhecida após Édipo-rei, sua magnum opus, tendo sido representada pela primeira vez em 441 a.C..
Na trama, depois da desgraça de Édipo, seus dois filhos, Etéocles e Polinice disputam a posse do trono. Polinices cerca a cidade para tomar o trono que está em poder de Etéocles, travando uma luta, vindo a falecer no mesmo dia os dois irmãos, ambos mortalmente feridos no duelo que travaram. Com a morte dos irmãos, quem assume o trono é Creonte, irmão de Jocasta - mãe e esposa de Édipo, e, portanto tio de Antígona. O novo monarca de Tebas manda enterrar Etéocles com todas as honras que lhe eram devidas e acusa Polinices de detrator, proclamando um edito (decreto) proibindo, sob pena de morte, aquele que desse sepultura ao corpo de Polinice, para que insepulto ficasse exposto às aves carniceiras o corpo daquele que recorreu à aliança com os Argivos (povo inimigo) com o intuito de conquistar o poder em sua terra. Pelo fato de ser um irmão, Antígona se rebela contra a lei positiva de Creonte e contrariando o decreto do tirano, enterra o cadáver, prestando, assim, a Polinice o serviço das honras e dos rituais funerários, sendo condenada à morte pela transgressão. A partir desse ponto, desenrolam-se os conflitos objetos da peça.
Todo o orbe jurídico sabe que a temática principal da peça em análise é a oposição direito natural x direito positivo. Assunto esse que consistindo numa lídima deusa Eris (a deusa da discórdia) já colocou em lados opostos grandes nomes da cultura jurídica como Bobbio e Hans Kelsen (defensores do juspositivismo) e Ylves Guimarães e Javier Hervada (defensores do jusnaturalismo).
Em Antígona, os poetas começaram a questionar o mitho, sendo o direito natural igual ao direito divino. Senão vejamos:
Segundo o emérito professor Reinério Luiz Moreira Simões em seu percuciente artigo intitulado "Filosofia do Direito - Lição Introdutória: A Tragédia Antígone", in verbis:
"A tragédia Antígone discute o conflito entre o Direito Natural - o Direito considerado 'pelos antigos como sendo de origem divina e aceito ipso facto como costumeiro ou consuetudinário - e o Direito que toma forma jurídica nas leis estabelecidas pelo governante, tradicionalmente denominado Direito Positivo(...).
Em diversas passagens, Creonte representa a tese do juspositivismo referente à identidade entre Direito e mandatos, como no positivismo jurídico normativo e legalista: os termos Lei e Direito são essencialmente equivalentes; em consequência, a lei que se manifesta injusta constitui Direito formal e não carece de validade(...). 
O crime de Antígone foi obedecer aos ditames da "lei divina", que prescreve o sepultamento digno ao cadáver, principalmente quando se trata de um irmão de sangue. Mas ao cumprir a "lei natural" (jus naturae), desobedeceu à norma legal instituída pelos homens, ao Direito posto (jus positum) - ou melhor, imposto - pelo governante. 
A questão não é, neste momento, discutir os fundamentos do Direito, quer em seus princípios jusnaturalistas, quer em suas bases juspositivistas. A tragédia Antígone já antevê, através do gênio de Sófocles, o antagonismo entre Lei e Justiça e o problema da vigência das leis injustas. Os adeptos do positivismo jurídico mais radical não aceitam o problema, pois o valor não é objeto da pesquisa jurídica. O ato de justiça consiste na aplicação da regra ao caso concreto. Não pode haver influência de elementos extra legem na definição do Direito Objetivo. Daí o puro legalismo ou o codicismo. Já os partidários do Direito se identificam com os imperativos do justo, quando, sem desprezar o sistema de legalidade, refletem na instância ética que transcende a ordem positiva e ocupam-se com juízos de valor. O jusnaturalismo refere-se a uma ordem jurídica ideal, no sentido de relacionar Moral e Direito e de buscar nos princípios éticos e/ou antropológicos a fundamentação do Direito. 
O princípio do Direito Natural é jus quia justum: o direito é o que é justo. Como lema, prefere-se até mesmo a desordem ou a ilegalidade do que a injustiça: Pereat mundus, fiat justitia! Para o defensores do positivismo jurídico, o princípio é jus quia jussum: o direito é o que é ordenado enquanto direito. Como lema, os juspositivistas preferem a injustiça à desordem ou ilegalidade: Dura lex, sed lex!"
Isto é, na tragédia em pauta, o direito natural era o fruto das crenças, deuses e costumes enquanto o direito positivo era o imposto pelo representante do Estado.
Em relação ao conflito direito natural x direito positivo, há que se pontuar ainda:
· Antígona se defende dizendo que o edito está em desacordo com a vontade dos deuses e com os costumes;
· A peça grega é um drama não só individual, mas também sobretudo social;
· Creonte se considera duplamente afrontado pelo desrespeito a uma lei em vigor e pela atitude criminosa vir de uma mulher;
· Antígona justifica o seu "santo delito" com um argumento irrefutável: as leis divinas estão acima das leis humanas;(1)
· A tragédia demonstra a tangibilidade do edito real,uma legitima autoconsciência do poder e a atemporalidade do dever familiar-religioso de sepultar os parentes (soerguido ao patamar de norma social enquanto direito individual de um cidadão);
· Conflito de significados diferentes para a palavra nómos, não pacificado até os dias de hoje;
· Antígona é a mãe da individualização do Direito.
Todavia, isto posto, faz-se mister salientar que o embate entre direito natural e direito positivo não é o único tema abordado na peça.
A democracia é outro tema presente, consoante se depreende das decisões assembleares, a liberdade de participar das decisões do Estado enquanto sociedade, e até mesmo pela revolta do o Corifeu contra a lei do governante.
Nesse sentido, a posição democrática de Hémon é o aspecto mais forte da democracia na tragédia grega em estudo, conforme se infere do diálogo entre Hémon, filho de Creonte e noivo de Antígona, e seu pai Creonte:
"Hémon - Ouve: não há Estado algum que pertença a um único homem!
Creonte - Não pertence a cidade, então, a seu governante?"
Como se vê, quando Sófocles apresenta Hémon tentando se impor perante Creonte, sem submissão, pode-se simbolizar um debate entre Democracia e Tirania. A postura democrática de Hémon é evidente. Ele percebe que o poder não faz sentido isoladamente ou em desacordo com aqueles em função de quem é exercido. A Cidade (o Estado) é bem de todos e não daquele que exerce o poder de mando. Destarte, Hémon nada mais quer que Tebas não seja governada por uma Tirania, quer que Creonte escute o que o povo tem a falar, quer que seja acatada a decisão do povo no que tange ao destino de Antígona, quer que a escolha do povo se sobreponha à lei outorgada pelo monarca. 
Quer dizer, a relevância e necessidade da Democracia no panorama político vivenciado por Antígona e Creonte evidenciam a importância da Democracia na Grécia Antiga. 
Alfim, impõe-se mencionar, mesmo que perfunctoriamente, outros assuntos tratados na peça, a saber: Principio da Isonomia (Creonte sustenta a sua decisão asseverando que não poderia deixar de matar Antígona pelo fato dela ser sua sobrinha, pois as leis deveriam ser para todos. Ademais, em outra passagem, Antígona quis dizer que os mortos tem os seus direitos, porque a morte iguala a todos)(2), Direito Penal (o decreto de Creonte previa a pena de lapidação para aquele que ousasse sepultar Polinices. Pena essa que implicava em derramamento de sangue e era um ato ímpio, um sacrilégio, caso aplicada a uma mulher virgem(3)), além de machismo, autoritarismo e alienação política. 
BIBLIOGRAFIA.
BOAVENTURA, Bruno José Ricci. Antígona: a mãe da individualização do Direito. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1308, 30 jan. 2007. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9440. Acesso em: 04 dez. 2007.
SIMÕES. Reinério L. M. Filosofia do direito - lição introdutória: a tragédia Antígone. Disponível em: http://www.Reinerio.Kit.net/testos/antígone.htm. Acesso em: 03 dez. 2007.
SIMON, Henrique Smidt. Sófocles e a Democracia em "Antígona". Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 63, mar. 2003. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3855. Acesso em: 04 dez. 2007.
SÓFOCLES. Antígona; traduzido diretamente do grego por Domingos Paschoal Cegalla - Rio de Janeiro: DIFEL, 2001.
Notas: 
* Francisco Carlos Távora de Albuquerque Caixeta, Advogado/PA. Artigo elaborado em dezembro de 2007.[ 
Junte as duas sentenças, subordinando a segunda à(s) palavras (s) em negrito na primeira. (Use o conectivo CUJO e flexões.) 
      (Oração subordinada adjetiva.) 
      Exemplo: 
      O homem dirigiu-se ao posto policial. Seu carro fora roubado. 
      O homem, cujo carro fora roubado, dirigiu-se ao posto policial. 
      1 O técnico criticou a jogadora. A atuação dela foi abaixo do normal. 
      2. O cliente, imediatamente, se queixou ao guardador. Seu carro havia sido danificado no estacionamento.
 
      3. Ele é um velho. Sua lucidez nos causa espanto. 
      4. Drummond é um poeta. Seus versos a todos comovem. 
      5. A casa parecia ser nova. Seu muro caiu. 
      6. Lá está o médico. Suas filhas foram minhas colegas. 
      7. Vivemos em um mundo conturbado. Seu fim pouco a pouco se aproxima. 
      8. Gostaria de que todos reconhecessem o escritor. Considero sua obra um verdadeiro artesanato de palavras. 
      9. Um dia hei de encontrar a mulher. Beijei seus lábios com muito amor. 
      10. Assisti, comovido, ao enterro de um político. Seu espírito público empolgava a quem com ele convivia. 
      11. Apresentou-se ontem o ator. Sua companhia de teatro teve sucesso nacional. 
      12. Paramos, admirados, a contemplar o guindaste. Sua ponta parecia tocar o céu. 
      13. Este é o livro. Eu li as suas páginas atentamente. 
      14. Cristo foi um inimitável pregador. Suas palavras se fizeram sentir em toda parte.
 
      15. Vivemos em um país. Seu futebol é mundialmente consagrado. 
A estruturação do parágrafo 
(Parágrafo-padrão )
      O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. 
      O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. 
      O tamanho do parágrafo 
      Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou diminuídos, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso. 
      Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos curtos. 
      Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores, seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma idéia. 
      Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios. 
      
Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los. 
      Tópico frasal 
      A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a ideia central com o potencial de gerar ideias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação

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