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Serviço Social e realidade regional
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Unidade II
5 ORGANIZAÇÃO REGIONAL PARA A COMUNICAÇÃO: GLOBAL, REGIONAL E 
COMUNITÁRIA
Sociedade da informação é como se denomina a sociedade contemporânea; essa nova classificação 
sucede o que chamavam de sociedade pós-industrial.
Como já vimos no tópico 4.3 Organização regional para a cultura, o desenvolvimento dos meios de 
comunicação se deu mediante os avanços tecnológicos na área, conseguindo, assim, maior alcance no 
que antes representava um sistema de informação regional, como era o caso de jornais e rádios.
O conceito que utilizamos para definir a organização global para a comunicação é de um sistema de 
informação destinado a um grande número de pessoas que se localiza em regiões distintas. Esse sistema 
também pode ser classificado como comunicação de massa.
A comunicação de massa ou sistema de informação global utiliza sua difusão pelo sistema 
de emissão e recepção, no qual os emissores das informações são as pessoas que a desenvolvem 
(geralmente jornalistas e técnicos), e como receptores, as pessoas que a recebem. Outro termo utilizado 
é informação de um para todos, ou seja, um pequeno grupo que desenvolve para todos.
 Saiba mais
O texto Os projetos dos partidos políticos e políticas públicas: uma aposta 
na democracia, da profª. Marilene Maia, traz consigo reflexões pertinentes 
de forma generalista, motivo este que o torna mais interessante. Disponível 
em:
<http://www.diocesedecaxias.org.br/documentos/reflexoes_
introdutorias_ao_tema.doc>. Acesso em: 6 jan. 2012.
Mediante essa referência, temos como organização global de comunicação jornais, revistas, emissoras 
de televisão, emissoras de rádio e internet. A esta última, cabendo uma análise mais específica.
5.1 Jornais, rádios e televisão global
No Brasil, desde seu início, a imprensa escrita estava vinculada aos interesses das classes sociais 
dominantes. Os dois primeiros jornais brasileiros foram o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro.
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O Correio Braziliense foi fundado em Londres para fomentar as ideias comerciais de Hipólito da 
Costa e ali foi editado durante todos os 14 anos de sua existência. A Gazeta do Rio de Janeiro era um 
jornal oficial, que se ocupava, principalmente, de publicar atos do governo e as façanhas da família real.
O surgimento do rádio no Brasil foi marcado com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco, por 
Oscar Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919, mas o momento de sua maior importância foi a 
transmissão do discurso do então presidente Epitácio Pessoa no alto do Corcovado, na cidade do Rio de 
Janeiro, durante a comemoração do centenário da independência. Essa transmissão foi produzida pelo 
antropólogo Roquette Pinto que, posteriormente, seria considerado o pai do rádio no Brasil.
Ao passar do tempo, o rádio se tornou o principal meio de comunicação brasileiro, tendo como suas 
principais atrações as radionovelas e os noticiários. Foi utilizado como meio de comunicação de massa 
para a propagação de ideias políticas, principalmente durante os períodos ditatoriais.
Com a televisão, as emissoras de rádio tiveram que se adaptar e diversificar seu conteúdo. Nesse 
momento, muitos acreditavam no seu desaparecimento, mas as emissoras de rádio seguiram existindo.
A televisão no Brasil teve sua pré-estreia no dia 3 de abril de 1950, trazida por Assis Chateaubriand, 
que fundou a primeira emissora de televisão do país – a TV Tupi – importando e distribuindo pela cidade os 
primeiros aparelhos televisores. Um deles foi enviado ao então presidente Eurico Gaspar Dutra.
Por causa do alto nível de analfabetismo no Brasil, o rádio e a televisão tiveram uma especial aceitação 
por parte da população, tornando-se, cada um em seu tempo, o principal meio de comunicação de 
massa do país com forte apelo comercial, muitas vezes, em detrimento do apelo ideológico.
É importante para esse estudo verificar que hoje, no sistema de comunicação, o espaço dedicado 
às regionalidades aumentou consideravelmente por uma exigência de mercado, aproximando a 
comunicação de massa às realidades regionais que estão representadas nos cadernos adicionais dos 
grandes jornais e nas programações regionais desenvolvidas no rádio e na televisão, demonstrando que 
as grandes propagações de informações globais não substituíram o interesse pela comunicação regional.
5.2 Jornal, rádio e televisão: regionais e locais
No contexto atual de globalização e massificação, vimos um grande aumento desse tipo de jornal: 
regional e local.
Os jornais regionais são os que se comunicam com diversos locais, que possuem características e 
interesses em comum e são considerados jornais de médio porte.
Os jornais locais são os que se comunicam com realidades locais específicas como os jornais de 
bairro ou de pequenas cidades e são considerados jornais de pequeno porte.
Peruzzo (1991) diz que os cidadãos reivindicam o direito à diferença; querem ver as coisas do seu 
lugar, de sua história e de sua cultura expressas nos meios de comunicação ao seu alcance.
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Como vimos anteriormente, não é difícil constatar a crescente incorporação do contexto regional 
nas redes de rádios, televisões e jornais de veiculação nacional. Esse movimento vem para atender às 
expectativas de produtores, patrocinadores e consumidores.
Podemos dizer que as emissoras de rádio e televisão se caracterizam por transmitir uma programação 
a um determinado território. Um sistema que pretende ser regional tem que possuir uma identificação 
com a região, sem a qual se transforma em mera descentralização administrativa e descaracteriza-se 
como veículo de comunicação regional: é o caso de emissoras de televisão em que redes regionais se 
associam com emissoras nacionais apenas para retransmissão de sua programação nacional.
As emissoras de rádio têm grande tradição regional por possuírem um custo estrutural e de produção 
inferior às emissoras de televisão, e muitas são autônomas e independentes de qualquer emissora de 
alcance nacional.
5.3 Jornais e rádios comunitários
Existe uma grande diferença entre os jornais nacionais, regionais e comunitários. Os jornais de 
alcance nacional utilizam mecanismos de informações gerais e a comunicação de massa; os jornais 
regionais utilizam informações regionais, criando uma proximidade com o consumidor, retratando seu 
cotidiano imediato – mas esses dois casos utilizam o sistema de comunicação de um para todos, como 
vimos anteriormente.
No caso dos meios de comunicação comunitários (jornal e rádio), constatamos diferenças 
fundamentais em relação aos seus objetivos e em relação à sua execução: elaboração de pauta, redação, 
diagramação/edição e veiculação. Deixam de ser elaborados por grupos de especialistas e passam a ser 
elaborados por segmentos da comunidade, movidos por interesses religiosos, políticos ou puramente 
comunitários.
Esses veículos têm, entre outros objetivos, a participação ativa da comunidade em que estão inseridos, 
e sua conscientização e organização em nível local.
Uma rádio comunitária, cuja concessão é feita pelo Ministério das Comunicações, precisa preencher 
alguns requisitos para obter sua legalização, quais sejam:
•	 dar	 oportunidade	 à	 difusão	 de	 ideias,	 elementos	 de	 cultura,	 tradições	 e	 hábitos	 sociais	 da	
comunidade;
•	 oferecer	mecanismos	à	formação	e	à	integração	da	comunidade,	estimulando	o	lazer,	a	cultura	e	
o convívio social;•	 prestar	 serviços	 de	 utilidade	 pública,	 integrando-se	 aos	 serviços	 de	 defesa	 civil	 sempre	 que	
necessário;
•	 contribuir	para	o	aperfeiçoamento	profissional	nas	áreas	de	atuação	dos	jornalistas	e	radialistas,	
conforme a legislação profissional vigente;
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•	 permitir	a	capacitação	dos	cidadãos	no	exercício	do	direito	de	expressão	da	forma	mais	acessível	
possível.
No entanto, muitas rádios não obtêm a licença para o seu funcionamento e são consideradas 
“piratas”. Algumas se dizem comunitárias, mas são, na realidade, empresas que buscam lucro pessoal 
para seus administradores por meio de anúncios publicitários, promoções de artistas etc. e, muitas 
vezes, não possuem vínculos com a comunidade. Outras possuem vínculo com a comunidade, 
não geram lucro aos seus participantes, mas por não possuírem a devida licença também são 
consideradas “piratas”.
5.4 Internet
A internet é vista hoje como umas das mais importantes revoluções no que diz respeito à comunicação 
humana e é comparada com o surgimento da comunicação verbal ou com a invenção da escrita que 
permitiu a transmissão de conhecimentos entre gerações.
É o primeiro meio de comunicação a unir interatividade e comunicação de massa e representa ao 
mesmo tempo um veículo global, regional ou, ainda, comunitário. Modificou também o conceito da 
comunicação industrial, que era o de relações entre emissores e receptores, já que o receptor pode ser 
emissor, e o emissor, receptor.
Sobre esse tema, cresce o número de estudos referentes ao seu surgimento como um mecanismo de 
defesa dos Estados Unidos da América, seu desenvolvimento por meio das universidades americanas e 
europeias e de sua difusão mundial, iniciando com os países ditos “desenvolvidos” e alcançando grande 
parte das populações dos países ditos “em desenvolvimento”.
Hoje, o Brasil é um dos países que mais acessam a internet e existe, por parte do poder público, um 
esforço para “democratizar a internet”, levando o seu acesso a todos os setores da população.
6 DESENvOLvIMENTO COMUNITÁRIO
Neste tópico, pretendemos discutir a importância da memória coletiva da região, mesmo quando 
esta não é de conhecimento dos habitantes. Estudar o passado nos ajuda a compreender o presente e 
a planejar o futuro.
A palavra comunitário vem intrinsecamente ligada à palavra comunidade, como vemos a seguir:
adj (lat communita(te)+ário) Designativo da formação dos povos, em 
que prepondera o sentimento de comunidade. sm 1 V comunista. 2 Polít 
Aquele que, à iniciativa individual, prefere a centralização econômica 
estatal1.
1Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavr
a=comunitário>. Acesso em: 18 jan. 2012.
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Portanto, comunitário são pessoas/povos que se unem e em seu meio prevalece o sentimento de 
comunidade, logo, precisamos entender o significado de comunidade para nossos estudos:
sf (lat communitate) 1 Qualidade daquilo que é comum; comunhão. 2 
Participação em comum; sociedade. 3 Sociol Agremiação de indivíduos que 
vivem em comum ou têm os mesmos interesses e ideais políticos, religiosos 
etc. 4 Lugar onde residem esses indivíduos. 5 Comuna. 6 Totalidade dos 
cidadãos de um país, o Estado2.
Comunidade se refere à ação das pessoas envolvidas em comunhão, visto que possuem os 
mesmos interesses e ideais em diferentes áreas. Assim, a ação comunitária quer dizer pessoas 
envolvidas, nas quais participam de uma comunidade, já que as ações são comuns ao buscarem os 
mesmos objetivos.
 Lembrete
Ao se falar em desenvolvimento, não entenda somente como algo 
positivo para algum dos envolvidos, mas que houve determinada mudança 
na situação ou fato apresentado/estudado.
6.1 Formação da comunidade
A inserção de qualquer profissional numa comunidade deverá sempre partir do conhecimento 
de sua história e das questões que envolveram a sua formação, privilegiando os seguintes 
aspectos:
•	 contexto	político	da	época	de	sua	formação,	em	nível	nacional,	estadual,	municipal	e	local;
•	 a	quem	pertencia	esse	território,	ou	o	que	existia	no	local;
•	 como	as	pessoas	chegaram	até	este	local;
•	 de	onde	vieram	as	pessoas;
•	 como	se	deu	o	processo	de	transformação	até	se	tornar	uma	comunidade;
•	 como	surgiu	o	nome	da	comunidade,	os	nomes	das	ruas;
•	 a	etnia	predominante	dos	primeiros	habitantes.
A pesquisa histórica referente a essas características, às quais estão presentes na memória coletiva, 
seja ela rural ou urbana, estreita os laços entre os habitantes e sua região e, consequentemente, entre 
os habitantes e o profissional que chega à comunidade.
2Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavr
a=comunidade>. Acesso em: 18 jan. 2012.
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Um exemplo interessante é o trabalho desenvolvido pelo grupo de teatro de Catalina Sur, em Buenos 
Aires, na Argentina, que tem como objetivo encenar a história do bairro a partir dos fatos narrados 
por seus moradores. Para tanto, desenvolvem uma pesquisa entre os moradores denominada Teatro 
Comunitário entre Vizinhos.
Idealizado pelo profissional Adhemar Bianche e iniciado no bairro La Boca, consiste em envolver os 
moradores em uma pesquisa da história do bairro, seleção de aspectos e fatos importantes, elaboração 
do texto e encenação das histórias relacionadas ao bairro. Essa pesquisa utiliza, principalmente, as 
histórias contadas pelas pessoas mais velhas da comunidade e, segundo seu idealizador, mesmo as 
pessoas que não participam nem interagem diretamente com o grupo se orgulham de sua existência e 
se sentem representadas por ele.
Hoje, o grupo de Catalina Sur é reconhecido internacionalmente e tem sido usado como exemplo na 
formação de outros grupos na Argentina e outros países.
Usamos esse exemplo para demonstrar que mesmo quando não existem registros oficiais, a 
historicidade da comunidade não está perdida e não deixa de ser importante para seus moradores, visto 
que são estes que a constroem.
6.2 Características políticas e sociais da comunidade
Conhecer a comunidade envolve, além dos aspectos históricos já citados, a compreensão dos 
processos de desenvolvimento da mesma, até a situação atual. Dessa forma, o profissional pode conhecer 
a maneira como a comunidade se organiza e suas lideranças, identificando possíveis parcerias.
Podemos elencar como características sociais da comunidade:
•	 realidade	ambiental	da	área;
•	 realidade	econômica;
•	 existência	 de	 associações,	 cooperativas,	 clubes	 desportivos,	 partidos	 políticos,	 festas	
populares, agremiações, meios de comunicação, associações de bairro, centros comerciais, 
indústrias de pequeno, médio e grande porte, mercado de trabalho, religiosidade, existência 
de igrejas etc.
Reportando-se às características políticas, cabe identificar quem são os representantes legais da 
região; se essa região ou comunidade possui vereadores e deputados estaduais ligados a ela; que tipo de 
relação essa força política estabelece com a população, podendo ser uma relação clientelista na qual o 
representante cria uma relação de troca de favores pessoais ou, de fato, representativa.
De acordo com o Código de Ética do Assistente Social, quando desenvolvermos algum trabalho com 
a comunidade/usuário devemos seguir alguns preceitos estabelecidos nos artigos 5º, 12 e 13:
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Art. 5º – São deveres do assistente social nas suas relações com os usuários:
[...]
b) garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e 
consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente 
as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e às crenças 
individuais dos profissionais, resguardados os princípios deste Código;
[...]
d) devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, 
no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus 
interesses;
[...]
f) fornecer à população usuária, quando solicitado, informações 
concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas 
conclusões, resguardado o sigilo profissional;
g) contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar 
a relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços 
prestados;
h) esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a 
amplitude de sua atuação profissional.
[...]
Art.12 - Constituem direitos do assistente social:
[...]
b) apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organizações 
populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação da democracia e 
dos direitos de cidadania.
[...]
Art. 13 - São deveres do assistente social:
[...]
c) respeitar a autonomia dos movimentos populares e das organizações 
das classes trabalhadoras.
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Quando colocamos a política comunitária, não estamos mensurando a partidária, mas sim ações 
mobilizatórias com o intuito da busca de objetivos coletivos pelo qual somos respaldados no Código de 
Ética, desde que as organizações populares estejam vinculadas à democracia e aos direitos de cidadania.
Ao desenvolver o trabalho em qualquer comunidade, o profissional deve ter clara a sua história, 
identificar os movimentos sociais e políticos existentes, respeitando a sua autonomia.
6.3 Evolução da comunidade
Como vimos, precisamos conhecer a história e a realidade atual da comunidade, mas tal informação 
precisa ser decodificada e isso é feito a partir de indicadores objetivos, por exemplo, o índice de 
analfabetismo. Qual era o índice quando a comunidade se formou e qual é o índice hoje? Somente 
dessa forma os próprios moradores poderão avaliar se houve melhoria das condições e de que forma 
tais melhorias ocorreram.
Outro exemplo é uma comunidade que possuía características de favela em sua formação e hoje 
possui características e infraestrutura de bairro.
Um dos objetivos dessas análises é demonstrar para os moradores que as melhorias, em geral, 
representam conquistas da comunidade e que outras podem ser obtidas; só depende da capacidade de 
organização.
A evolução da comunidade só pode ser identificada com propriedade por quem pertence a ela, visto 
que são eles que a formam. No entanto, não existe estudo dessa evolução para haver a comparação 
entre o que se tinha com o que se tem, sem a sua construção histórica. O profissional envolvido deve 
entender que a comunidade pode caracterizar evolução de uma maneira diferenciada da dele, por esse 
motivo é importante o respeito à opinião.
6.4 Infraestrutura da comunidade
Assim como temos apontado as diferenças sociais no Brasil, podemos afirmar que tais diferenças se 
reproduzem nas condições estruturais das comunidades. Certamente, em comunidades vulneráveis, tais 
condições estruturais tendem a ser menos frequentes que nas comunidades onde residem segmentos 
da população de maior poder aquisitivo.
O poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, tem a obrigação de fornecer a infraestrutura 
básica para as comunidades, mas, em muitos casos, essa estrutura é precária ou inexistente.
Classificaremos como elementos de estrutura básica de uma região:
•	 água	encanada	e	potável;
•	 rede	de	esgoto;
•	 transporte	público;
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•	 segurança;
•	 educação;
•	 saúde.
Consideramos elementos de desenvolvimento humano:
•	 rede	elétrica	urbana	e	residencial;
•	 serviço	de	limpeza	pública;
•	 bibliotecas;
•	 lazer;
•	 cultura.
Há outros fatores que influenciam o fortalecimento comunitário, como os já citados, pois, para que 
exista, a comunidade também depende de uma infraestrutura adequada à condição humana.
7 REALIDADE REGIONAL E SERvIÇO SOCIAL
Vamos debater agora o trabalho do assistente social na comunidade, buscando identificar formas de 
abordagem e a importância da aproximação de organizações já existentes.
 Observação
A realidade deve ser analisada com um olhar “puro”, ou seja, despoluído 
de preconceitos e questões pessoais, já que somos técnicos e assim devemos 
agir. É fundamental a abstração da realidade sem que o examinador a 
influencie, pois pode comprometer o trabalho e/ou a intervenção a ser 
realizado.
7.1 A importância dos pontos de encontro da comunidade
O ser humano é um animal gregário, isto é, sente necessidade de se agrupar, unir-se ao semelhante 
para atingir suas metas e satisfazer suas necessidades culturais e materiais, mantendo relações de 
colaboração e dependência. Sendo assim, unem-se por motivos políticos, de lazer, econômicos, familiares, 
religiosos etc.
Tais agrupamentos determinam as relações sociais na comunidade e conhecê-los pode ser 
fundamental para a realização de qualquer trabalho, inclusive pelo estabelecimento de parcerias 
com suas lideranças o que, certamente, torna-se um elemento facilitador da aproximação com a 
comunidade.
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7.1.1 Igrejas
O processo de formação do povo brasileiro, que envolveu povos europeus e africanos além das 
populações indígenas nativas, faz do Brasil uma nação de grande diversidade cultural e religiosa.
Embora seja considerado um dos maiores países católicos do mundo, e o poder e a força da Igreja 
Católica sejam inquestionáveis, percebemos ainda a existência de religiões de origem africana; candomblé 
e umbanda, e também de origem europeia; as religiões evangélicas, em franco crescimento nas últimas 
décadas. Além dessas, o forte fluxo imigratório trouxe para o país religiões de origem asiática, judaica, 
islâmica etc.
Assim, podemos afirmar que as igrejas se constituem em associações culturais e, independentemente 
de sua orientação, representam para a comunidade uma organização estruturada que envolve pessoas 
com um referencial e uma crença compartilhada.
Logo, a Igreja se torna um espaço importante na comunidade, na realidade regional e local, e a 
inserção do profissional pode ser profundamente facilitada pelo seu líder, padre, pastor, pai de santo 
etc., como também pode ser um espaço para abordar seus frequentadores.
No Brasil, as organizações religiosas sempre estiveram presentes na vida da população e já prestaram 
grandes contribuições na área de assistência social às populações carentes, na área da organização 
popular e na prestação e serviços de combate à dependência química.
Ainda, a grande religiosidade de nossos antepassados faz com que sejamos um povo bastante 
religioso, que encontra nas igrejas espaços de satisfação de necessidades físicas e emocionais.
7.1.2 Associações desportivas formais e informais
O esporte é considerado hoje um aliado importante no desenvolvimento social, seja por seu caráter 
de saúde, seja por sua característica coletiva. Conhecer em cada comunidadeas tendências esportivas 
predominantes, associações desportivas voltadas para as diferentes faixas etárias e os ambientes onde 
se desenvolvem pode ajudar o profissional a atingir seus objetivos.
Podemos afirmar que existem diferentes motivações para a prática de esportes:
•	 preservação	de	uma	boa	condição	de	saúde;
•	 estética	corporal;
•	 lazer;
•	 ambições	profissionais.
Como exemplo de associações desportivas formais, podemos verificar clubes de pequeno, médio e 
grande porte, escolas e academias de desporte (futebol, artes marciais, voleibol etc.).
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Apesar de essa prática se realizar em espaços inadequados, por falta de estrutura em muitas 
comunidades, são incontestáveis os benefícios que trazem para a população na melhoria da condição 
de saúde, no combate à violência ou no estímulo à participação social.
7.1.3 Festas populares, bares e encontro culturais
As festas populares, os bares e os encontros culturais representam um papel importante na 
comunidade, que deve ser levado em consideração por parte do profissional em serviço social, como 
oportunidade de colher informações para um diagnóstico social.
7.1.3.1 Bares
Os bares representam um dos pontos de encontro da comunidade e de integração entre os habitantes, 
que marca, a convivência social. Em muitas comunidades, esse encontro está relacionado ao consumo 
de bebidas alcoólicas e pode representar locais de grande violência – reflexo da sociedade em questão – 
motivando políticas das quais se limitam os horários de funcionamento dos estabelecimentos.
Mas em alguns casos, bares em comunidades foram utilizados para o desenvolvimento cultural e 
político, graças ao seu potencial de local de encontro.
No bar do Zé Batidão (conhecido por suas boas batidas), na periferia da zona sul de São Paulo, 
por exemplo, organizou-se um encontro de poetas denominado de Cooperativa Cultural da Periferia 
(Cooperifa); o encontro chega a reunir 200 pessoas, entre donas de casa, empregadas domésticas, 
seguranças, músicos, professores etc.
Nesse caso, o bar, que muitas vezes é considerado um dos vilões da violência urbana, tornou-se um 
encontro social e cultural onde se desenvolvem discussões comunitárias relacionadas às dificuldades da 
comunidade. Esse modelo está sendo seguido por outros bares que desenvolvem atividades parecidas 
em outros bairros periféricos da cidade de São Paulo.
7.1.3.2 Festas populares
Nesse aspecto, gostaríamos de discutir sobre festas que podem ter alcance nacional como o carnaval 
e o natal, mas que, em muitas situações, envolvem a comunidade local em sua preparação, seja por 
meio da confecção de adereços e fantasias, seja mediante arrecadação de brinquedos para distribuição 
às crianças carentes.
No entanto, essas são festas anuais das quais envolvem a comunidade por alguns meses e, nos 
subsequentes, não demandam qualquer atividade comunitária, até que se comece a trabalhar na do 
próximo ano. Assim, não é exatamente de tais festas que queremos ampliar a discussão, embora sua 
importância seja inegável. Queremos, sim, falar sobre as festas que se desenvolvem na comunidade com 
periodicidade pré-estabelecida, por exemplo, os bailes semanais, onde a população jovem se reúne para 
dançar, ou aquelas de cunho beneficente, com vistas à arrecadação de recursos para igrejas, APMs etc. 
como quermesses e bingos ou, ainda, festivais culturais e encontros musicais.
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 Observação
Festas ou encontros populares, quando realizados por membros da 
comunidade, exaltam o sentimento de coletividade e podem desenvolver 
elementos históricos e culturais daquela população.
Sem dúvida, são espaços preciosos para se conhecer a comunidade e estabelecer processos de 
aproximação. Por isso, ao chegar a uma comunidade, é sempre interessante que o assistente social 
procure conhecer o calendário de festas locais, os objetivos de suas realizações, quem são seus líderes 
ou idealizadores e qual o grau de envolvimento dos moradores em sua organização.
7.2 Identificação das necessidades reais da comunidade
Para a identificação das necessidades reais da comunidade, existe um elemento fundamental: a 
própria comunidade, mas também todos os membros que possam favorecer o seu desenvolvimento. 
Por exemplo, se você pretende desenvolver um projeto em um bairro onde exista a escassez de alimentos, 
ao consultar a comunidade sobre suas necessidades, provavelmente a resposta será “alimento”.
Nesse caso, a alimentação representa uma necessidade básica e uma comunidade que sofre com sua 
escassez talvez não compreenda que tal situação decorra de questões sociopolíticas mais amplas. Cabem 
aos profissionais que pretendem atuar naquela área e aos agentes sociais contribuírem como parceiros, 
tanto para resolver a urgência imediata da situação quanto para a compreensão da abrangência e da 
busca por uma solução efetiva e duradoura do problema.
O processo de envolvimento da comunidade para o desenvolvimento de um projeto pode ser longo, 
principalmente em relação à organização política; por esse motivo, opta-se, muitas vezes, por projetos 
predefinidos, cuja elaboração não envolva a comunidade. Quando muito, a população será envolvida na 
sua execução, o que pode levá-la ao não reconhecimento daquela atividade como sua.
Apesar da demora, acreditamos que os projetos de maior longevidade são aqueles que envolvem a 
comunidade desde o levantamento das necessidades, passando pela elaboração, execução e avaliação 
do mesmo.
Devemos acreditar na capacidade que a população tem para identificar problemas e para a formulação 
de soluções criativas e, muitas vezes, surpreendentes.
7.3 Inserção do assistente social na comunidade
Sem dúvida, o processo de aproximação do profissional da comunidade pode ser lento e nem sempre 
fácil, já que se trata de um elemento estranho às pessoas e, em geral, é recebido com certa desconfiança.
Atualmente, a inserção do profissional na comunidade está em maior evidência por causa da criação 
dos Centros de Referência de Assistência Social – Cras instalados em comunidades vulneráveis em 
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amplos aspectos. Esses Centros são unidades públicas estatais de base territorial, localizadas em áreas de 
maior vulnerabilidade social dos municípios, sendo que a equipe3 de referência destes executa, organiza 
e coordena os serviços de proteção social básica local, bem como:
O principal serviço ofertado pelo Cras é o serviço de Proteção e Atendimento 
Integral à Família – PAIF, cuja execução é obrigatória e exclusiva. Este 
consiste em um trabalho de caráter continuado que visa fortalecer a função 
protetiva das famílias, prevenindo a ruptura de vínculos, promovendo o 
acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade 
de vida4.
Proteção Social Básica – PSB, resumidamente, trabalha com a prevenção de situações de risco por 
intermédio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições, fortalecimento de vínculos familiares 
e comunitários dos usuários. Esse nível de proteção é destinado à população que vive em situação de 
vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo quanto 
ao acesso dos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos, relacionais e de 
pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).
Prevê o desenvolvimento de serviços,programas e projetos locais de acolhimento, convivência 
e socialização de famílias e de indivíduos, conforme identificação da situação de vulnerabilidade 
apresentada e vale destacar que os benefícios tanto de prestação continuada (BPC) como os eventuais 
compõem a Proteção Social Básica – PSB.
São em locais como o Cras que nós, assistentes sociais, colocamos efetivamente em prática os 
conhecimentos inerentes ao trabalho em comunidade, já que estamos instalados nela e a população 
tem contato direto com o setor.
Carlos Matus Romo (1993), economista chileno especialista em planejamento estratégico que 
prestou diversas assessorias no Brasil, introduz o conceito de situação quando afirma:
3 “De acordo com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Suas – NOB-RH/ Suas, a composição da 
equipe mínima de referência que trabalha no Cras para a prestação de serviços e execução das ações no âmbito da Proteção 
Social Básica nos municípios é a seguinte:
1) Municípios de Pequeno Porte I – Até 2.500 famílias referenciadas: 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente 
social e outro, preferencialmente, psicólogo; 2 técnicos de nível médio.
2) Municípios de Pequeno Porte II – Até 3.500 famílias referenciadas: 3 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes 
sociais e, preferencialmente, 1 psicólogo; 3 técnicos de nível médio.
3) Municípios de Médio, Grande, Metrópole e Distrito Federal - a cada 5.000 famílias referenciadas: 4 técnicos de nível 
superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo e 1 profissional que compõe o Suas; 4 técnicos de nível médio. Além de que 
todos os Centros de Referência de Assistência Social devem contar com um coordenador com nível superior, concursado 
e possuir experiência com –trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais. 
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/servicos/fale-conosco/assistencia-social/gestor-tecnico-municipal/servicos/fale-
conosco/assistencia-social/gestor-tecnico-municipal/psb-2013-protecao-social-basica/cras-2013-profissionais>. Acesso 
em: 12 jan. 2012.
4Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/cras>. Acesso em: 12 jan. 2012.
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Meu plano mede forças com o plano do meu oponente e ele é um ator social 
que gera processos criativos. Não é simplesmente um agente social que 
segue comportamentos previsíveis. Se eu quero alcançar minha situação 
objetivo devo vencer a resistência do outro ou obter sua cooperação. Minhas 
estratégias e táticas, assim como as dele, combinam cooperação e conflito. 
Meu plano estará sempre pronto, mas estará sempre em processo de revisão. 
Não haverá tempo para o plano-livro. Devo calcular rapidamente e com 
capacidade de antecipar a mudança situacional real. Esse cálculo deve ser 
um processo incessante e permanente de pré-alimentação do futuro e de 
retroalimentação do passado recente. Assim, meu plano se parece mais com 
a estratégia num jogo que com um desenho normativo. Esse jogo pode ser 
de soma zero ou de soma positiva, mas requer sempre cálculo estratégico.
Podemos concluir que para o processo de aproximação entre o assistente social e a comunidade não 
existe um manual, um único caminho. O profissional deve estar pronto para desenvolver sua atuação de 
acordo com a realidade e as expectativas locais, em relação às diferentes questões a serem abordadas.
Contudo, quanto maior for o conhecimento relacionado à comunidade e à confiança desenvolvida 
entre ambos, maior será o alcance dos objetivos. Carlos Mattos nos indica mais alguns elementos 
facilitadores na inserção do assistente social na comunidade:
•	 adotar	uma	perspectiva	histórica	na	análise,	 isto	é,	especificar	a	sua	dinâmica	no	tempo	e	no	
espaço, correlacionando-a com outros fatores, sem abandonar o seu caráter de universalidade e 
abrangência;
•	 evitar	 uma	 discussão	 de	 viés	 valorativo	 e	 normativo,	 ou	 seja,	 um	discurso	 a	 favor	 ou	 contra,	
que dificulta o entendimento do fenômeno. Assim como todo fenômeno social a violência é um 
desafio para a sociedade e não apenas um mal; ela pode ser elemento de mudanças;
•	 relacionar	o	crime	à	norma;	o	desvio	à	regra;	o	conflito	à	solidariedade;	a	ordem	à	desordem;	
o cinismo à consciência e às ações sociais. Porque o crime e o castigo, a ordem e a desordem, a 
violência e a concórdia revelam, também, as formas de propriedade e de governo, bem como as 
leis do mercado.
7.4 Participação emancipatória
Em muitas comunidades ou regiões, as políticas de cunho assistenciais são necessárias, já que é 
difícil pensar em emancipação social, desenvolvimento regional ou desenvolvimento duradouro quando 
não se tem garantia de acesso às necessidades básicas como alimentação adequada, saneamento básico, 
educação, saúde etc.
Mas a conquista ou a simples concessão de alguns direitos básicos como energia elétrica e água 
encanada nem sempre significam desenvolvimento para a região e seus moradores, levando-os a uma 
descrença nos poderes públicos constituídos.
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Em outros casos, quando a conquista de tais direitos se dá com a participação efetiva da 
comunidade e com o estímulo da consciência de direitos, aliados ao desenvolvimento educativo em 
toda sua abrangência, como defendem muitos pesquisadores, tais direitos são capazes de modificar 
verdadeiramente as estruturas de exclusão social e econômica.
A aplicação de políticas públicas, geralmente, é utilizada como capital político, com o intuito de gerar 
uma dependência de classes excluídas. Nesse cenário, o desenvolvimento humano e social contraria os 
interesses políticos e econômicos dos detentores do poder.
A participação consiste na vivência coletiva e não na vivência de cada indivíduo. A reflexão 
comunitária da prática participativa constitui o momento culminante e desencadeador do processo 
educativo.
Para Gutiérrez (1993, p. 29) “[...] a educação é uma ação transformadora e consciente que supõe 
dois momentos inseparáveis: o da reflexão e o da ação”. Com isso, podemos entender que quando a 
comunidade reflete sobre casos concretos da problemática organizativa e produtiva do seu dia a dia ela 
achará as melhores e mais adequadas soluções para esses problemas. Essa participação conduz à gestão, 
pelos próprios interessados, tanto do processo produtivo quanto do processo organizacional.
Essa abordagem necessita de uma nova forma de atuação descentralizada por parte do Estado, envolvendo 
a participação governamental e comunitária, conseguindo, assim, maior eficiência em seus objetivos.
7.5 Planejamento participativo
Desenvolveremos, neste tópico, exemplos objetivos de participação popular, conhecendo diferentes 
possibilidades existentes na administração pública, que preveem a atuação do cidadão para seu 
aperfeiçoamento como agente fiscalizador dos serviços prestados ou como parceiro na elaboração de 
políticas sociais, praticando, assim, a cidadania ativa.
A partir da Constituição de 1988, a obrigatoriedade da criação de órgãos de controle social e a 
participação da sociedade civil organizada abrem o espaço para a efetiva participação da população na 
gestão dos serviços públicos, na elaboração e na execução de projetos sociais. Embora essa participação 
ainda não seja exercida por grande parte dos cidadãos, acreditamos que é bastante importante para o 
exercício da democracia plena e para a conscientização comunitária.
A parceria entre administração pública e sociedade civil vem para modificar as estruturas de 
poderes verticais, tornando-os horizontais por meio da correlação entre as partes.Tal parceria é resultado 
de um longo processo de consciência institucional, e sua reformulação jurídica e administrativa necessita 
ainda da ocupação e do fortalecimento dos espaços de negociação entre Estado e sociedade.
7.5.1 Associação de Pais e Mestres – APM
Como já vimos no tópico 4.4 Organização regional para a educação, a Associação de Pais e Mestres 
– APM é o mecanismo desenvolvido para a articulação entre comunidade-escola, existente em todas as 
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unidades de educação pública, mas, em muitos casos, sua constituição visa apenas ao cumprimento de 
uma obrigatoriedade legal, transformando-a apenas numa instância burocrática, o que é lamentável, já 
que, dessa forma, a população permanece alijada do processo de decisão quanto à política educacional 
e à aplicação de verbas públicas nos projetos voltados para a melhoria da qualidade do ensino prestado.
Sabemos que as escolas que acreditaram na participação popular constituíram APMs fortes e atuantes, 
e os resultados divulgados demonstram a integração entre pais e professores no enfrentamento das 
dificuldades estruturais e das mazelas sociais que, muitas vezes, eclodem no ambiente escolar, como o 
envolvimento de crianças na criminalidade.
7.5.2 Conselhos gestores de saúde
Esta talvez seja a área na qual a população mais se organizou nas últimas décadas, e não por acaso, 
pois a luta de muitas donas de casa, iniciada no final dos anos 1970, tinha por objetivo a criação de 
unidades em muitos bairros que não contavam com qualquer atenção à saúde, nem mesmo os postos 
de saúde.
À medida que as unidades foram construídas, fruto da reivindicação popular, era comum vermos, 
juntamente com a placa oficial de inauguração, a instalação de uma placa providenciada pelas donas de 
casa com os seguintes dizeres: “Esta unidade de saúde é uma conquista da população organizada”.
O significado dessa ousadia era a afirmação de que tinham o propósito de cuidar do bem conquistado 
e, assim, passaram a exigir espaços para apresentação de suas queixas e propostas.
No início dos anos 1980, já havia uma grande quantidade de unidades de saúde, às quais funcionavam 
conselhos populares de saúde, espaços onde a comunidade se reunia com a direção e com os funcionários, 
propondo mudanças no seu funcionamento. Inicialmente, foi motivo de preocupação dos funcionários, 
que começaram a se sentir fiscalizados.
No entanto, com o passar dos anos, foram se firmando alianças importantíssimas entre esses dois 
segmentos e todos tiveram conquistas significativas, ocorrendo a melhora da qualidade dos serviços 
prestados.
A previsão constitucional dos conselhos gestores de saúde, na maioria dos casos, ocasionou a 
formalização do conselho popular já existente.
7.5.3 Orçamento participativo
O orçamento participativo é um dos projetos pelo qual se articula a democracia representativa e a 
democracia participativa.
A democracia representativa é a que se realiza no Brasil, segundo a qual pessoas eleitas 
democraticamente são responsáveis por formular as políticas públicas e definir a aplicação de seus 
recursos.
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A democracia participativa é quando os eleitos buscam a participação dos cidadãos e das 
comunidades na formulação das políticas públicas e no exercício do controle social.
O município que se dispõe a promover o orçamento participativo abre espaço para a participação 
da população nos destinos de sua principal ferramenta política: o orçamento. No Brasil, cerca de 100 
municípios aplicam o orçamento participativo atualmente.
As principais experiências do orçamento participativo no Brasil são os das cidades de Porto Alegre, 
Belo Horizonte, São Paulo e Recife. Nessas cidades, o governo municipal delega às organizações civis 
o direito de decidir onde aplicar parte das verbas públicas destinadas à região em que vivem. Essas 
deliberações são realizadas por meio de assembleias públicas, das quais todos os cidadãos interessados 
podem participar com o mesmo poder de decisão.
Em Porto Alegre, por exemplo, o orçamento participativo realiza um extenso processo de consulta 
popular, realizado mediante assembleias regionais, intercaladas por uma assembleia local. Desse processo, 
constitui-se o conselho do orçamento participativo, eleito também em assembleia. Esse órgão estará 
ligado ao Gabinete de Planejamento da Prefeitura (Gaplan), que está ligado ao gabinete do prefeito.
Os defensores do orçamento participativo acreditam no seu feito sociopedagógico mesmo em 
cidades onde os recursos destinados são mínimos, trazendo um novo conceito de cidadania, já que a 
comunidade sabe melhor do que ninguém de suas necessidades cotidianas.
O orçamento participativo também tem a função de minimizar a descontinuidade de políticas 
públicas resultante das mudanças de governo que, muitas vezes, não pretendem dar continuidade em 
projetos de seus antecessores, desmobilizando recursos financeiros e humanos. Tal comportamento 
é dificultado nos municípios que desenvolvem o orçamento participativo, pois os governantes se 
alternam, mas os habitantes não, estabelecendo-se um ponto de continuidade no desenvolvimento 
das políticas públicas.
A consciência cidadã da prática participativa constitui um momento de grande importância no 
processo de desenvolvimento social regional. Podemos entender, com isso, que uma comunidade que 
conhece seus problemas e participa da resolução dos mesmos está caminhando para o desenvolvimento 
regional.
7.6 Formação de agentes sociais na comunidade
Em muitos segmentos da sociedade encontramos o sentimento de afirmação por parte da população. 
Adjetivos raciais direcionados principalmente a negros e migrantes nordestinos, antes utilizados de 
forma pejorativa, hoje estão sendo realçados com orgulho. Podemos verificar essa tendência também 
em regiões periféricas, antes marginalizadas.
Isso demonstra que as pessoas estão valorizando suas histórias e seu ambiente, o que, para 
o profissional de serviço social, pode significar o estabelecimento de parcerias com membros da 
comunidade, garantindo maior alcance da população e dos objetivos dos projetos empreendidos.
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A execução de um projeto que proporcionasse melhores condições econômicas ou sociais para 
parte da comunidade, muitas vezes, levava seus participantes a deixar a comunidade. No entanto, o 
que vemos hoje é que os próprios beneficiados têm interesse em permanecer e reproduzir o projeto, 
atingindo, assim, outros grupos. Naturalmente, essa conduta demonstra o efeito multiplicador de ações 
afirmativas e lança a semente da formação de agentes sociais na comunidade, cabendo ao poder público 
fornecer ferramentas para esse desenvolvimento.
7.7 Preconceitos do assistente social na realidade regional
O profissional em serviço social possui formação acadêmica em nível superior, assim, ele já estudou 
mais do que 85% da população brasileira. Levantamos esse dado para que o profissional compreenda 
que o seu conhecimento deve servir como ferramenta de trabalho e não como um elemento de 
distanciamento da comunidade.
Começamos este tópico com uma provocação ao profissional, pois é perceptível que muitas pessoas, 
ao concluírem o ensino universitário, sentem-se especiais, mais inteligentes, mais capacitadas do que o 
restante da população.
Por outro lado, não pretendemos defender que o profissional deva se sentir “culpado”. O que esperamos 
é que ele se sinta como parte de um todoem que todos têm sua participação e sua importância.
Os profissionais com formação universitária desenvolvem seu trabalho em regiões com pouca tradição 
escolástica e são detentores de um conhecimento técnico que deve ser valorizado e compartilhado, 
mas a vivência da população também é detentora de um conhecimento importantíssimo, que deve ser 
apreendido.
 Lembrete
Lembro aqui as palavras do mestre Paulo Freire, grande educador 
brasileiro: “Ninguém sabe tudo, e ninguém sabe nada”.
Algumas vezes, práticas religiosas e culturais desenvolvidas na comunidade dificultam a aproximação 
do profissional, principalmente se este realiza um julgamento de valores referentes a elas como, por 
exemplo, rotular um grupo de jovens que desenvolve o gosto musical pelo que hoje se denomina funk 
(tende à exploração da sexualidade, considerado por muitos acadêmicos um movimento musical menor). 
O profissional pode não gostar do ritmo ou das músicas, mas se tentar abordar o grupo de forma 
preconceituosa, muito provavelmente será recebido com desconfiança e distanciamento, inviabilizando 
qualquer trabalho.
Um questionamento cultural é um questionamento válido e deve ser fruto de uma discussão 
coletiva, sendo necessário que o profissional esteja aberto a ouvir opiniões contrárias à sua e disposto 
a compreender por que tal manifestação se dá de determinada maneira e em determinado contexto.
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O mesmo acontece com a religião. O profissional pode acreditar que determinada igreja ou grupo 
religioso é prejudicial, ou que explora a população, mas essa conclusão deve ser resultado da opinião de 
todo o grupo, e não das conclusões pessoais do profissional.
8 PEqUENAS ORGANIZAÇõES
Pretendemos discutir aqui a importância e as formas possíveis de organização da comunidade para 
o desenvolvimento econômico, social e cultural de seu meio.
 Saiba mais
Os filmes a seguir podem propiciar uma inter-relação com os conteúdos 
da unidade:
Olga. Dir. Jayme Monjardim, 141 min. Brasil, 2004.
A rede social. Dir. David Fincher, 190 min. EUA, 2010.
8.1 Cooperativas e economia solidária
8.1.1 Cooperativas
O cooperativismo surgiu da experiência vitoriosa dos tecelões de Rochdale, Inglaterra, no ano de 
1884, e, desde então, é considerado uma alternativa aos modelos socioeconômicos do capitalismo. 
Nasceu de um movimento popular autônomo e conserva essa característica na maioria dos casos.
Existem várias definições de cooperativas, mas a que nos parece mais adequada é:
Uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, 
para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais 
comuns, por meio de um empreendimento de propriedade coletiva e 
democraticamente gerido (SEBRAE, 2009, p. 8).
As aspirações econômicas podem ser desenvolvidas acima dos interesses pessoais, priorizando os 
interesses coletivos ou comunitários e abrangendo atividades nas áreas de cultura, educação, bem-estar 
social etc.
O que se procura ao organizar uma cooperativa é satisfazer necessidades comuns para melhorar o 
nível econômico do grupo e da comunidade. Em geral, as necessidades estão relacionadas ao desemprego, 
à falta de oportunidades e à desigualdade social.
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Para ilustrar o tema com maior propriedade, respaldamo-nos no estudo feito pelo Sebrae (Serviço 
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) referente ao cooperativismo5:
Cooperativa, o que é?
O termo cooperativa possui várias definições na literatura especializada, que 
variam conforme a época e o viés doutrinário em que foram elaboradas. Considerando 
a multiplicidade de aspectos que tal definição deve incorporar, fica difícil encontrar 
um conceito que expresse em uma única frase essa multiplicidade. O que se busca é 
uma aproximação que relaciona os principais elementos encontrados na maioria das 
definições:
“Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, 
para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio 
de um empreendimento de propriedade coletiva e democraticamente gerido”.
Basicamente, o que se procura ao organizar uma Cooperativa é melhorar a situação 
econômica de determinado grupo de indivíduos, solucionando problemas ou satisfazendo 
necessidades comuns, que excedam a capacidade de cada indivíduo satisfazer isoladamente.
A Cooperativa é, então, um meio para que um determinado grupo de indivíduos atinja 
objetivos específicos através de um acordo voluntário para cooperação recíproca.
Esquematicamente, podemos representar essa relação como:
Mercado
Cooperativa
Agrega valor
Fortalece o poder de barganha
Necessidades 
comuns
Benefícios
Indivíduos
Figura 15
Uma Cooperativa se diferencia de outros tipos de associações de pessoas por seu 
caráter essencialmente econômico. A sua finalidade é colocar os produtos e ou serviços 
de seus cooperados no mercado, em condições mais vantajosas do que os mesmos teriam 
isoladamente. Desse modo, a Cooperativa pode ser entendida como uma “empresa” que 
presta serviços aos seus cooperados.
5Disponível em: <http://www.sebraemg.com.br/culturadacooperacao/cooperativismo/cooperativa%20o%20
que%20e.htm>. Acesso em: 13 jan. 2012.
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Essa “empresa comunitária”, chamada cooperativa, é regida por uma série de normas 
que regulamentam o seu funcionamento e cujas origens remontam o ano de 1844, quando 
foi criada a primeira cooperativa nos moldes que conhecemos hoje, em Rochdale na 
Inglaterra. Essas normas, que orientam como será o relacionamento entre a cooperativa e 
os cooperados e desses entre si, no âmbito da cooperativa, são conhecidas como Princípios 
do Cooperativismo.
Embora sobre vários aspectos uma Cooperativa seja similar a outros tipos de empresas 
e associações, ela se diferencia daquelas na sua finalidade, na forma de propriedade e 
de controle, e na distribuição dos benefícios por ela gerados. Essas diferenças definem 
uma Cooperativa e explicam seu funcionamento. Para organizar essas características e 
possibilitar uma formulação única para o sistema, foram estabelecidos os princípios do 
cooperativismo, pelos quais todas as cooperativas devem balizar seu funcionamento e 
sua relação com os cooperados e com o mercado. Aceitos no mundo inteiro como a 
base para o sistema, sua formulação mais recente estabelecida pela Aliança Cooperativa 
Internacional data de 1995:
1º Princípio: Adesão Voluntária e livre
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a 
utilizar os seus serviços e dispostas a assumir as responsabilidades como membros, sem 
discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas ou religiosas.
2º Princípio: Gestão Democrática Pelos Membros
As cooperativas são organizações democráticas controladas pelos seus membros, que 
participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os 
homens e as mulheres eleitos como representantes dos outros membros são responsáveis 
perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau, os membros têm igual direito de voto (um 
membro, um voto) e as cooperativas de grau superior (federações, centrais, confederações) 
são também organizadas de forma democrática.
3º Princípio: Participação Econômica dos Membros
Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e 
controlam-no democraticamente. Pelo menos, parte desse capitalé, normalmente, 
propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem habitualmente e, se 
a houver, uma remuneração limitada ao capital subscrito como condição da sua 
adesão. Os membros afetam os excedentes a um ou mais dos seguintes objetivos: 
desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, 
parte das quais, pelo menos, será indivisível; benefício dos membros na proporção 
das suas transações com a cooperativa; apoio a outras atividades aprovadas pelos 
membros.
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4º Princípio: Autonomia e Independência
As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus 
membros. Se estas firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições 
públicas, ou recorrerem à capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o 
controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia das cooperativas.
5º Princípio: Educação, formação e informação
As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos 
representantes eleitos, dos dirigentes e dos trabalhadores de forma a que estes possam 
contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público 
em geral – particularmente os jovens e os formadores de opinião – sobre a natureza e as 
vantagens da cooperação.
6º Princípio: Intercooperação
As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus membros e dão mais força ao 
movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, 
nacionais e internacionais.
7º Princípio: Interesse pela Comunidade
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades 
através de políticas aprovadas pelos membros.
8.1.2 Economia solidária
Economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza que utiliza como 
principal referência o ser humano – e não o capital. Busca gerenciar as necessidades de consumo e 
produção de forma a suprir as necessidades, fazendo do trabalho um elemento libertador e criando 
uma alternativa ao que se entende por relação de trabalho. Caracteriza-se pela autogestão, ou seja, pela 
autonomia de cada unidade ou empreendimento e pela igualdade entre os seus membros.
Dentro dessa economia, estimula-se a criação de empreendimentos alternativos aos padrões 
capitalistas; tais empreendimentos encontram no trabalho coletivo e na motivação dos trabalhadores 
que os compõem, uma forma de competitividade reconhecida no capitalismo contemporâneo. 
Elimina-se a competitividade entre os trabalhadores, que assumem seu trabalho como parte de um 
todo.
Para conceituar a economia solidária, extraímos um texto elaborado pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego6:
6 Disponível em: <http://www.mte.gov.br/ecosolidaria/ecosolidaria_oque.asp>. Acesso em: 13 jan. 2012.
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O que é Economia Solidária
Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que 
é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o 
ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no 
próprio bem.
A economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa 
de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende 
uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, 
associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, 
que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, 
trocas, comércio justo e consumo solidário.
Nesse sentido, compreende-se por economia solidária o conjunto de atividades 
econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizado sob 
a forma de autogestão. Considerando essa concepção, a Economia Solidária possui as 
seguintes características:
Cooperação: existência de interesses e objetivos comuns, a união dos esforços e 
capacidades, a propriedade coletiva de bens, a partilha dos resultados e a responsabilidade 
solidária. Envolve diversos tipos de organização coletiva: empresas autogestionárias ou 
recuperadas (assumida por trabalhadores); associações comunitárias de produção; redes 
de produção, comercialização e consumo; grupos informais produtivos de segmentos 
específicos (mulheres, jovens etc.); clubes de trocas etc. Na maioria dos casos, essas 
organizações coletivas agregam um conjunto grande de atividades individuais e familiares.
Autogestão: os/as participantes das organizações exercitam as práticas participativas 
de autogestão dos processos de trabalho, das definições estratégicas e cotidianas dos 
empreendimentos, da direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses 
etc. Os apoios externos, de assistência técnica e gerencial, de capacitação e assessoria não 
devem substituir nem impedir o protagonismo dos verdadeiros sujeitos da ação.
Dimensão Econômica: é uma das bases de motivação da agregação de esforços 
e recursos pessoais e de outras organizações para produção, beneficiamento, crédito, 
comercialização e consumo. Envolve o conjunto de elementos de viabilidade econômica, 
permeados por critérios de eficácia e efetividade, ao lado dos aspectos culturais, ambientais 
e sociais.
Solidariedade: O caráter de solidariedade nos empreendimentos é expresso em diferentes 
dimensões: na justa distribuição dos resultados alcançados; nas oportunidades que levam 
ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes; 
no compromisso com um meio ambiente saudável; nas relações que se estabelecem com 
a comunidade local; na participação ativa nos processos de desenvolvimento sustentável 
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de base territorial, regional e nacional; nas relações com os outros movimentos sociais e 
populares de caráter emancipatório; na preocupação com o bem-estar dos trabalhadores e 
consumidores; e no respeito aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Considerando essas características, a economia solidária aponta para uma nova lógica 
de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante 
um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Seus resultados econômicos, 
políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, sem distinção de gênero, idade 
e raça. Implica na reversão da lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e 
dos recursos naturais, considerando o ser humano na sua integralidade como sujeito e 
finalidade da atividade econômica.
Para Singer, a definição da economia solidária está ligada à relação entre os trabalhadores e os meios 
de produção, sendo a empresa solidária basicamente de trabalhadores, que apenas secundariamente são 
seus proprietários; assim, sua finalidade básica não é maximizar o lucro, mas a qualidade de vida e a 
qualidade de trabalho (SINGER, 2000, p. 4).
Um dos conceitos que estão ligados à economia solidária é o desenvolvimento da realidade local 
nos aspectos econômicos e sociais – buscando a transformação da economia e da sociedade local, 
trazendo oportunidades de trabalho e renda com o intuito de melhorar a vida da população local, pondo, 
assim, a produção econômica em prol do bem comunitário. Pode-se dizer também que as práticas de 
solidariedade não são utilizadas como dispositivos compensatórios mas como fatores determinantes na 
realidade da produção.
Naturalmente,a fusão dos dois conceitos: cooperativa e economia solidária tem se mostrado um 
instrumento valioso no desenvolvimento de projetos voltados à minimização do desemprego, que assola 
algumas regiões do país e algumas comunidades periféricas; tem sido estimulada por ONGs e pode ser 
uma ferramenta interessantíssima na atuação do assistente social.
8.2 Associações
Uma associação, no seu sentido mais amplo, representa uma iniciativa que reúne pessoas físicas ou 
jurídicas com objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios a seus associados.
Qualquer que seja seu objetivo, a associação é uma forma jurídica de organizar pessoas em torno de 
interesses para constituir maiores e melhores condições do que as pessoas teriam isoladamente. Sendo 
assim, a associação parte do princípio de que juntos dispomos de mais condições para enfrentar os 
desafios que a vida em sociedade nos apresenta.
O que diferencia cada associação é basicamente o objetivo para o qual ela se forma; uma associação 
de empresários que possui como objetivo um maior poder de negociação com fornecedores de matéria-
prima se diferencia de uma associação de bairro que busca a solução de problemas estruturais da região 
para possuir um maior poder reivindicatório.
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A seguir, apresentamos um comparativo com as principais diferenças e semelhanças entre associações 
e cooperativas, de acordo com o Centro de Capacitação e Apoio ao Pequeno Empreendedor.
Associação Cooperativa
- Sociedade de pessoas físicas ou jurídicas, sem fins 
lucrativos.
- Sociedade de pessoas com fins econômicos, porém 
sem fins lucrativos.
- Não possui capital social, o que dificulta a obtenção 
de financiamentos junto às instituições financeiras.
- Seu patrimônio é formado por taxas pagas pelos 
associados, doações, fundos e reservas.
- Possui capital social, facilitando, assim, a obtenção 
de financiamentos nas instituições financeiras.
- O capital social é formado por quotas-partes, 
podendo a cooperativa receber doações, empréstimos 
e outras formas de capitalização.
- Representa e defende os interesses dos associados.
- Estimula a melhoria técnica, econômica, social e 
profissional dos associados.
- Organiza as atividades de seus associados.
- Viabiliza e desenvolve atividades de consumo, 
produção, prestação de serviços, crédito e 
comercialização, de acordo com os interesses de seus 
sócios.
- Atua no mercado.
- Forma e capacita seus integrantes para o trabalho e 
a vida em comunidade.
- Constituição Federal (art. 5º, incisos XVII a XXI e art. 
174º, §2). Código Civil.
- Lei nº 5.764/71 da Constituição Federal (art. 5º, 
incisos XVII a XXI e art. 174º, §2). Código Civil.
- Mínimo de 2 pessoas. - Mínimo de 20 pessoas físicas.
- Pode representar os associados em ações coletivas 
de seu interesse.
- São representadas por federações e confederações.
- Pode representar os associados em ações coletivas 
de seu interesse.
- São representadas pela OCB em nível nacional e 
pelas OCEs nos estados.
- Auxilia no processo de comercialização dos produtos 
de seus associados.
- Pode realizar operações financeiras e bancárias 
usuais.
- Realiza plena atividade comercial.
- Realiza operações financeiras, bancárias e pode 
candidatar-se a aquisições do governo federal.
- Os dirigentes não são remunerados, mas recebem 
reembolso das despesas realizadas no desempenho 
dos cargos.
- Os dirigentes podem ser remunerados mediante 
pró-labore, sendo o valor definido em assembleia 
geral.
- As sobras das operações entre os associados são 
aplicadas na própria associação.
- Após a decisão em assembleia geral, as sobras 
podem ser divididas entre os associados, de acordo 
com o volume de negócios de cada um. Destinam-se 
os mínimos de 10% para o Fundo de Reserva e de 5% 
para o Fundo de Assistência Técnica, Educacional e 
Social.
- Seu encerramento é definido em assembleia geral 
ou mediante intervenção judicial realizada pelo 
Ministério Público.
- Seu encerramento é definido em assembléia geral 
ou mediante processo judicial.
- A assembleia geral deve nomear um liquidante e um 
conselho fiscal.
Quadro 1
8.3 Identificação dos interesses comuns para o estímulo de associações
Partindo do pressuposto de que o alcance de objetivos é mais rápido e eficaz quando o processo é 
coletivo, podemos questionar os motivos de muitas empreitadas, seja para obtenção de melhorias para 
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o bairro, seja para solucionar um problema de origem social, transformam-se em cruzadas individuais 
e solitárias.
Sem dúvida, um dos motivos é o desconhecimento de que tais problemas afligem também outras 
pessoas, que poderiam somar forças e ideias ao processo. Outro fator é o desconhecimento de como 
constituir uma associação ou uma cooperativa.
Nesse sentido, o assistente social pode desempenhar um papel importante de assessoria, tanto para 
identificar aliados e parceiros quanto para buscar os passos a serem dados para constituir a instituição.
Vamos utilizar como exemplo um grupo de pessoas que se associa para organizar um meio de 
transporte alternativo. Nesse contexto, os passos a serem dados seriam:
I – identificar um grupo de pessoas que possua a necessidade do transporte com um itinerário e um 
horário semelhante;
II – dar às pessoas envolvidas o maior número possível de informações sobre o tema, tentando já 
identificar com o grupo o interesse em avançar com o processo;
III – caso o interesse siga, mas o número de pessoas seja insuficiente para a associação, deve-se criar 
um grupo de divulgação e realizar uma palestra para buscar novos membros;
IV – criado o grupo interessado em formar a associação, aprofundar os conhecimentos referentes 
a ela e ao terceiro setor, explorando, principalmente, os aspectos relativos à responsabilidade de 
cada pessoa na associação;
V – formar comissões responsáveis por levantar toda a documentação e os registros necessários 
para a legalização da associação e para verificação da viabilidade do negócio, no caso, transporte 
alternativo, que necessitaria dos veículos, dos condutores etc.
Utilizamos esse exemplo, mas poderíamos utilizar qualquer outro para demonstrar que identificar 
necessidades em comum com a finalidade de formação de associações se torna um processo de 
organização e estímulo, que necessita ser profundamente discutido, assim como as necessidades, 
custos etc., conhecidos, para que o projeto não seja desencadeado e, em seguida, abandonado por não 
verificarem todas as condições necessárias para o seu sucesso.
8.4 Projetos sociais na esfera governamental – federal, estadual e municipal
Um projeto social pode ser idealizado e implementado pelas três esferas governamentais – federal, 
estadual e municipal, e tem por objetivo melhorar aspectos sociais de uma determinada população.
Todavia, as três esferas de poder enfrentam dificuldades na implantação de alguns projetos, ou 
pelo excesso de burocracia, ou por tais projetos ferirem interesses regionais e/ou locais ou, ainda, pela 
aplicação equivocada dos recursos destinados às áreas sociais.
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Em função disso e atendendo ao disposto na Constituição Federal, tanto os projetos federais quanto 
os projetos estaduais são cada vez mais transferidos para a gestão do município que, em última análise, 
é a esfera de poder mais próxima da população e junto à qual o exercíciodo controle social, por parte 
da sociedade civil, torna-se mais acessível.
Assim, o que podemos observar hoje é que os projetos começam a ser mais racionais e 
voltados para a necessidade da população à qual se destinam e tendem a ter continuidade – já 
o seu financiamento envolve verbas das três esferas de poder. Por outro lado, distorções podem 
ser rapidamente identificadas e coibidas, seja pela prestação de contas ou por denúncia da 
população.
8.4.1 Necessidade de adaptação dos projetos às necessidades regionais
A concepção de um projeto social em âmbito federal ou estadual não deve possuir uma estrutura 
fechada que não possa ser adaptada à realidade local, seja ele um projeto público ou privado da sociedade 
civil organizada.
Alguns bons projetos de desenvolvimento estrutural ou humano perdem sua eficácia ou têm seu 
efeito diminuído por falta de conhecimento sobre a comunidade, quando implantados, geralmente por 
desconsiderar que diferentes regiões possuem diferentes necessidades.
Projetos de distribuição de bens, alimentos, roupas, materiais de construção etc., quando desenvolvidos 
para todos, podem contemplar pessoas que não necessitam desse auxílio. Assim, o recurso que poderia 
ser utilizado para atender outras necessidades da comunidade acaba por ser utilizado indevidamente, 
como muitas vezes é denunciado pela imprensa.
Por outro lado, há projetos criados por entidades públicas ou privadas e abertos para 
a adaptação à realidade local, que contêm, com o apoio de agentes sociais da comunidade, 
diagnósticos regionais bem elaborados, assessoria de profissionais capacitados e inseridos nas 
comunidades, buscando, dessa maneira, alcançar às pessoas que realmente necessitam dele, têm 
resultados melhores.
Não podemos dizer que exista uma forma para a elaboração de um projeto, mas tentaremos nortear 
alguns passos para sua realização, visto a grande necessidade do profissional em serviço social trabalhar 
com projetos, bem como na sua elaboração.
Primeiramente, é preciso ter claro qual é a problemática a ser trabalhada, já as ações serão norteadas 
a partir dela. A seguir, traremos um exemplo prático para ilustração.
Exemplo de aplicação
Em uma determinada cidade, havia uma assistente social que atuava na Secretaria Municipal de 
Saúde e constantemente recebia reclamações do atendimento de uma Unidade Básica de Saúde (UBS). 
Após as reclamações, ela foi até a unidade conhecer o cotidiano de trabalho dos funcionários.
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Assim que realizou as devidas observações da Unidade, pôde verificar que o problema não era o 
atendimento ruim e sim a baixa resolutividade, ou seja, se a profissional fosse imediatista iria prejudicar 
as ações a serem desenvolvidas, por pouco conhecimento da realidade.
A assistente social utilizou o modelo “espinha de peixe” para ilustrar a problemática, como vemos:
 Aumento Aumento encaminha/ descontenta/
 mort. infantil mort. materna incorretos usuários absenteísmo
Consequências Baixa
Causas Resolutividade
 Desorg. Horário de Trabalhador Falta de Problemas na
 Serviços atendimento desmotivado funcionários infraestrutura
Como podemos verificar, a “espinha de peixe” desenvolvida pela assistente social do município 
evidenciou as seguintes causas para a baixa resolutividade:
•	 desorganização	dos	serviços;
•	 o	horário	de	atendimento	dessa	UBS	não	condiz	com	a	necessidade	dos	cidadãos;
•	 trabalhadores	desmotivados;
•	 falta	de	funcionários;
•	 problemas	na	infraestrutura	da	unidade.
Evidenciou também que essa baixa resolutividade traz como consequência:
•	 aumento	da	mortalidade	infantil;
•	 aumento	da	mortalidade	materna;
•	 encaminhamentos	incorretos;
•	 descontentamentos	dos	usuários;
•	 absenteísmo.
Uma vez contextualizado o ambiente a ser trabalhado, a assistente social poderá desenvolver seu 
projeto de acordo com a realidade apresentada e a problemática identificada.
O projeto a ser desenvolvido terá como objetivo central melhorar os índices da baixa resolutividade. 
Vale destacar que é preciso saber que, em algumas causas, a assistente não terá autonomia de atuação, 
cabendo a ela encaminhar aos responsáveis.
Como pode perceber, caro aluno, precisamos analisar a situação antes de formular ações, ou seja, 
intervenções. Para provocar sua reflexão, sugiro que pense o que faria como assistente social, em um 
primeiro momento, ao receber as reclamações exemplificadas, pois é na descoberta de nossas fragilidades 
que fortalecemos nosso saber teórico e prático.
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 Observação
O exemplo dado é só para nortearmos de forma prática a complexidade 
de um projeto, principalmente na identificação da problemática, uma vez 
que não devemos desenvolver ações imediatistas.
 Lembrete
Para a construção de um projeto social, é preciso de alguns requisitos:
•	 nome
•	 público-alvo
•	 objetivo	geral
•	 objetivo	específico
•	 metodologia
•	 custo
•	 duração
•	 bibliografia
8.4.2 Projetos sociais na esfera não governamental
Os projetos sociais nascem do desejo de alterar uma dada realidade. Constituem-se em ações de um 
grupo ou organização social que, a partir do diagnóstico da situação, busca contribuir de alguma forma 
para sua alteração e melhoramento da visão dos envolvidos.
Tornam-se espaços permanentes de negociação entre nossos objetivos, ou seja, em que direção 
queremos chegar, qual sociedade queremos construir e as possibilidades concretas que temos para 
realizar as mudanças.
Assim, a elaboração de um projeto implica diagnosticar uma realidade social, identificar contextos 
sócio-históricos, compreender relações institucionais, grupais e comunitárias, buscar parceiros e, 
finalmente, planejar e executar uma intervenção.
A cada dia, é maior a quantidade de projetos que se desenvolvem nas comunidades, em especial nas 
comunidades economicamente vulneráveis, com maior índice de criminalidade ou de violência. Esse 
fato se dá pela preocupação de grupos organizados por cidadãos intranquilos com o futuro de nossos 
jovens e crianças, ou pela tomada de consciência de muitas empresas, que passam a fundar sua atuação 
na responsabilidade social.
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8.4.3 A atuação de ONGs e de organizações sociais na comunidade
As Organizações Não Governamentais – ONGs são associações que se declaram com finalidade 
pública e sem fins lucrativos. Atualmente, estudiosos têm utilizado o termo organizações da sociedade 
civil para designar as mesmas organizações.
As ONGs formam parte do chamado terceiro setor, sendo o primeiro setor representado pelo 
poder público, o segundo setor pela iniciativa privada e o terceiro setor representa o que não é público 
(não é administrado pelo Estado) nem privado, pois não tem fins lucrativos.
As ONGs, muitas vezes, assumem espaços nos quais o Estado não atua e por serem menos burocráticas 
conseguem uma comunicação mais próxima do cidadão. Mesmo representando o terceiro setor, a ONG 
pode utilizar recursos públicos e privados para suas atividades.
O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, definia as ONGs como:
Uma ONG define-se por sua vocação política, por sua positividade 
política: uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental 
é desenvolver uma sociedade democrática, isto é, uma sociedade 
fundada nos valores da democracia, liberdade, igualdade, diversidade, 
participação e solidariedade

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