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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Instituto De Ciências Humanas Curso De Psicologia Amanda Cristina Barbosa RA: F0034B1 Keren Barros RA: F025365 Thalita Santos RA: T870HI7 Mauricio de Carvalho RA: F0522E2 Washington Luiz RA: 7000882 “PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA” JUNDIAÍ 2021 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Instituto De Ciências Humanas Curso De Psicologia Amanda Cristina Barbosa RA: F0034B1 Keren Barros RA: F025365 Thalita Santos RA: T870HI7 Mauricio De Carvalho RA: F0522E2 Washington Luiz RA: 7000882 “PSICOLOGIA E POLITÍCAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA” Trabalho apresentado à disciplina Políticas Públicas e Psicologia, ministrada pela Professora Dra. Fabiana Maiorino, como parte da nota semestral. JUNDIAÍ 2021 SUMÁRIO 1.0 OBJETIVO ...........................................................................................4 2.0 INTRODUÇÃO .....................................................................................4 1.1 POLITÍCAS PÚBLICAS ........................................................... .........6 1.2 QUAIS AÇÕES AS POLITÍCAS PÚBLICAS TÊM FEITO .................7 1.3 POLITÍCAS SOCIAIS .....................................................................10 2.0 A ARTICULAÇÃO DO PSICOLOGO ..............................................10 2.1COMO ESSAS PESSOAS SÃO VISTAS ............................................13 2.2 ASPECTO DEMOGRÁFICO ..........................................................14 2.3 OBJETIVOS E FINANCIAMENTOS ...............................................15 3.0 CONSIDERAÇÃO FINAL ...................................................................16 4.0 REFERÊNCIAS E ARTIGOS JORNALISTICOS ................................18 1.0 OBJETIVO O objetivo deste trabalho tem como base desenvolver nossas competências que possibilitem interversões nos fenômenos e processos humanos, que se caracterizam pelo estudo da teoria do método, e da aplicabilidade dos conhecimentos psicológicos em diferentes contextos institucionais e sociais. Realizar e praticar ações que permitem uma visão crítica da atuação profissional do psicólogo articulada com a dimensão ética, às políticas públicas e o compromisso social da psicologia dentro desse “mundo”, é fundamental para este momento. Esta pesquisa busca trazer alguns conceitos elementares como política pública, políticas sociais e população em situação de rua. E com isso, pudemos analisar que o tema discutido já é pauta por muito tempo, estando sempre em evidência entre os assuntos em ações sociais para melhoramento das condições vividas por pessoas em situação de rua. 2.0 INTRODUÇÃO As políticas públicas começaram a ganhar espaço no mundo na segunda metade do século XX, após a II Guerra Mundial. A nova conjuntura econômica e política gerou a necessidade de maior intervenção do Estado, na tentativa de garantir o “bem-estar social”. “No contexto da Guerra Fria, os países capitalistas tinham que dar alguma demonstração de que o capitalismo podia atender às necessidades das populações”, Com consequência desse assunto, por mais que, para muitos, o conceito de “políticas públicas” possa parecer abstrato, elas são muito concretas e estão muito presentes na vida dos cidadãos brasileiros. Essas políticas são ações destinadas ao coletivo, ou seja, como o próprio nome sugere: ao público. Elas ocorrem em todas as áreas da gestão pública, como saúde, educação, moradia, transporte, assistência social, cultura etc., Porém, mais do que apenas dirigidas à população, elas também podem e devem ter a participação social em sua elaboração. É pelas altas demandas da sociedade, usuária dessas políticas, que os gestores públicos devem formatá-las. A Constituição Federal de 1988 e as legislações complementares como o Estatuto da criança e do adolescente (ECA) e a Lei 8.080/90, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), definiram a forma que as políticas públicas nacionais deveriam assumir, criando perspectivas de avanços para a área no país. Políticas públicas configuram-se não como ações de um governo, mas políticas do Estado em sua interação com os movimentos do público e voltadas para o atendimento de suas demandas e necessidades. Isso significa que as políticas que apresentarem resultados positivos devem permanecer independentemente da gestão que assumir o governo em determinado momento. Por tanto, não apenas os gestores devem ter compromisso social, como a própria sociedade deve ser conhecedora de seus direitos e cobrar que eles sejam respeitados. Com tudo, a Assistência Social como política de proteção social configura- se como uma nova situação para o Brasil. Ela significa garantir a todos, que dela necessitam, e sem contribuição prévia a provisão dessa proteção. Esta perspectiva significaria aportar quem, quantos, quais e onde estão os brasileiros demandatários de serviços e atenções de assistência social. Numa nova situação, não dispõe de imediato e pronto a análise de sua incidência. A opção que se construiu para exame da política de assistência social na realidade brasileira parte então da defesa de um certo modo de olhar e quantificar a realidade, a partir de: • Uma visão social de proteção, o que supõe conhecer os riscos, as vulnerabilidades sociais a que estão sujeitos, bem como os recursos com que conta para enfrentar tais situações com menor dano pessoal e social possível. Isto supõe conhecer os riscos e as possibilidades de enfrentá-los. • Uma visão social capaz de captar as diferenças sociais, entendendo que as circunstâncias e os requisitos sociais circundantes do indivíduo e dele em sua família são determinantes para sua proteção e autonomia. Isto exige confrontar a leitura macro social com a leitura micro social. • Uma visão social capaz de entender que a população tem necessidades, mas também possibilidades ou capacidades que devem e podem ser desenvolvidas. Assim, uma análise de situação não pode ser só das ausências, mas também das presenças até mesmo como desejos em superar a situação atual. • Uma visão social capaz de identificar forças e não fragilidades que as diversas situações de vida possua. A população em situação de rua tem crescido exponencialmente em todas as cidades, podendo ser notada principalmente em grandes centros urbanos. O crescente empobrecimento, a miséria e o desemprego a que está submetida grande parcela da população, ou seja, a perda de papeis sociais relacionados à capacidade produtiva que o indivíduo exercia na sociedade capitalista têm levado a esse movimento de ser, estar e morar na rua, obrigando muitos indivíduos a desenvolver novas estratégias de sobrevivência em situações de violência e a se adaptar a referências de vida social, bem diferentes daquelas vividas anteriormente (Ghirardi et al, 2005). Atualmente, essa condição social está avançando para além dos limites dos grandes centros urbanos, ocorrendo também nas cidades de médio e pequeno porte, principalmente naquelas localizadas nas regiões periféricas aos grandes centros. 1.1 POLITÍCAS PÚBLICAS Até o século XIX, a função do Estado era precipuamente a prestação de segurança pública e a defesa externa, em caso de ataque inimigo. Mas com o aprofundamento e a expansão da democracia, houve uma diversificação das responsabilidades do Estado, tendo que atualmente considera-se sua função principal a promoção do bem-estar da sociedade, através da atuação em diferentes áreas como saúde, educação, meio ambiente, trabalho, transportes, comunicações, etc. Para atingir os resultados esperados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governosse utilizam de Políticas Públicas. Política Pública pode ser definida como o “conjunto de ações desencadeadas pelo Estado, com vistas à solução (ou não) de problemas da sociedade” (SEBRAE-MG, 2008). Podem ser desenvolvidas em parcerias com organizações não governamentais e com a iniciativa privada. Cabe ao Estado propor ações preventivas diante de situações de risco à sociedade por meio de políticas públicas. A implementação de políticas públicas deve obedecer a uma lógica própria, que requer a existência de profissionais especializados, recursos definidos, metas explícitas, mecanismos de tomada de decisão e sistemas de monitoramento e avaliação de resultados. Geraldo Di Giovanni (2009), ao propor uma abordagem integrada para a análise de políticas públicas, avança em relação à ideia de política pública como uma simples intervenção do Estado numa situação social considerada problemática, para considerá-la como “uma forma contemporânea de exercício do poder nas sociedades democráticas, resultante de uma complexa interação entre o Estado e a sociedade” (Di Giovanni, 2009). Na caracterização das estruturas elementares das políticas públicas, ele aponta a estrutura formal (teoria, prática e resultados), a estrutura substantiva (atores, interesses e regras), a estrutura material (financiamento, suportes e custos), e a estrutura simbólica (valores, saberes e linguagens). No âmbito da estrutura formal, ele considera que “toda política pública se baseia numa teoria que dá sustentação às práticas de intervenção, em busca de um determinado resultado”. 1.2 QUAIS AÇÕES AS POLITÍCAS PÚBLICAS TÊM FEITO Podemos citar como exemplo o Município de São Paulo que realiza, atualmente uma política em relação ao atendimento de grupos que vivem nas ruas, onde houve uma instauração de uma comissão na Câmara dos Vereadores com o tema "Frente para Políticas Públicas na população em situação de rua", cujos objetivos são evidenciar a gravidade do problema e, posteriormente, através dos parlamentares e líderes civis, traçarem um programa de assistência social efetivo na região. A Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas em Situação de Rua da Câmara Municipal de São Paulo tem por objetivo criar Políticas Públicas e avaliar atendimentos direcionados às pessoas deste grupo com o intuito de observar e discutir soluções para o problema. Essa proposta conta com a participação de diversos movimentos que lutam por moradias e inclusão na região central da Capital do Estado de São Paulo de forma a incentivar e ajudar moradores de rua através de melhorias no âmbito social que se encontram. Além disso, podemos citar as ações trazidas junto da psicologia social na tentativa gradual de tentar reinserir e colocar esses indivíduos dentro de uma sociedade mais justa e com maior chance de oportunidades que possam contribuir para o desenvolvimento e mudança definitiva destes dentro da sociedade. Muito antes dessas ações ainda assim, desde o ano 2004, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) propõe um debate a respeito da situação e inclui em sua agenda a formulação de políticas públicas voltadas especificamente, para a população PSR. Regularmente passa a convidar representantes de vários Municípios, além de entidades não governamentais que trabalham com este segmento populacional, no sentido de aprimorar os conceitos envolvidos e traçar Políticas Públicas de âmbito nacional sob o foco da assistência social voltada a situação. No campo da assistência social, o artigo 6º, da LOAS, dispõe que as ações na área são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social, articulando meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas, compostas pelos diversos setores envolvidos na área. O artigo 8º estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, observados os princípios e diretrizes estabelecidas nesta Lei, fixarão suas respectivas políticas de assistência social. A política de assistência social tem sua expressão em cada nível da Federação na condição de comando único, na efetiva implantação e funcionamento de um Conselho de composição paritária entre sociedade civil e governo, do Fundo, que centraliza os recursos na área, controlado pelo órgão gestor e fiscalizado pelo Conselho, do Plano de Assistência Social que expressa a política e suas inter- relações com as demais políticas setoriais e ainda com a rede sócio assistencial. Portanto, Conselho, Plano e Fundo são os elementos fundamentais de gestão da Política Pública de Assistência Social. O artigo 11º da LOAS coloca, ainda, que as ações das três esferas de governo na área da assistência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera Federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Dessa forma, cabe a cada esfera de governo, em seu âmbito de atuação, respeitando os princípios e diretrizes estabelecidos na Política Nacional de Assistência Social, coordenar, formular e co-financiar, além de monitorar, avaliar, capacitar e sistematizar as informações. 1.3 POLITÍCAS SOCIAIS São ações governamentais desenvolvidas em conjunto, por meio de programas e projetos que proporcionam a garantia de direitos e condições dignas de vida aos cidadãos, de forma equânime e justa. São as polícias sociais que asseguram à população o exercício do direito de cidadania nas áreas de educação, saúde, alimentação, trabalho, lazer, segurança, assistência social, previdência social, justiça, agricultura, saneamento, habitação popular e meio ambiente, conforme o estabelecido na Constituição Federal de 1988. 2.0 A ARTICULAÇÃO DO PSICOLOGO Os trabalhos com pessoas em situação rua, inicia-se com a abordagem seja por ações sociais que direcionam os indivíduos aos centros de ajuda, ou por busca da pessoa em vulnerabilidade social. As equipes podem ser de multiprofissionais sendo também formadas por psicólogos, em diversos estudos de caso assim como nas políticas públicas podemos destacar que o objetivo das ações e todo atendimento é voltado para a independência do indivíduo prestando um suporte de terapia, inserção no ambiente familiar e social, moradia e inserção no mercado de trabalho onde é caracterizado a finalização do processo de acompanhamento. Os psicólogos são muitos desafiados no âmbito de trabalho. Nas ações sociais com pessoas em situação de rua, muitos destacam que a defasagem vem da graduação em Psicologia, devido a diferença da realidade na atuação do psicólogo frente às políticas públicas, e um dos problemas encontrados seria a busca com um serviço de psicologia que não ocorrem pela população de rua, o que demanda do psicólogo uma busca ativa para identificar e realizar intervenção nos casos necessários. Tais dificuldades advêm da própria forma de funcionamento da política pública, que define a mesma função para diferentes profissionais e não propõe ações específicas para a atuação tanto do psicólogo quanto do assistente social. Os psicólogos hoje atuam nos Sistema Único da Assistência Social (SUAS) que bordam adultos, crianças, adolescentes ● CRAS – Centro de Referência de Assistência Social; ● CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social; ● Centro POP – Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua; ● Centro-Dia de Referência para Pessoa com Deficiência, Pessoa Idosa e suas Famílias; ● Unidades de Acolhimento – Casa Lar, Abrigo Institucional, República, Residência Inclusiva, Casa de Passagem e Família Acolhedora. Assim como o Sistema Único de Saúde (SUS) no projeto em que foi implantado 152 equipes de Consultório na Rua, que atuam em vários municípiosbrasileiros prestando atendimento que contam com psicólogos também em equipes multiprofissionais. Muitos psicólogos agem com a busca ativa, e nos centros de atendimento atuam como terapias individuais e em grupo, na busca do desenvolvimento da singularidade do indivíduo. Em resultado de pesquisa nos centros que atuam com pessoas de rua com uma equipe multiprofissional foi revelado que a atuação do psicólogo tem grande relevância na criação de vínculo entre usuários e agentes. Majoritariamente os psicólogos usam a psicoterapia breve no atendimento aos usuários em busca de promover acesso do usuário aos direitos sócio assistenciais. A criação de vínculo causa segurança no usuário e confiança na busca de melhores condições. À medida que você estabelece esse vínculo você passa a testemunhar, e isso é importante para essa pessoa. Tem que estar regendo uma série de tarefas, desde a questão da autoestima que se está ali sustentando e fortalecendo, até que a pessoa perceba que está acontecendo para ela exercer esse processo de mudança. (Roberta, ETS) Para escolha das informações que estariam contidas no perfil da população em situação de rua na cidade de São Paulo, tomou-se como referência os questionários aplicados nos anos anteriores, que foram atualizados e submetidos as secretarias responsáveis pelas áreas de interesse de cada conjunto de informações. Ao referirmos nosso estudo para as pessoas em situação de rua, é recomendável levar em conta diversos fatores que predominam para a estadia continua dos indivíduos em tal situação, tais como por exemplo as condições ambientais, sócio econômicas, e grupais em que pessoas expostas a rua se encontram, mesmo assim não devemos generalizar e aplicar tais fatores como a única causa da situação. Dessa forma, as pessoas passam a utilizar de logradouros públicos como espaço de moradia e sustento, e partindo desse ponto de vista podemos começar a entender que a pobreza extrema e a falta de recursos são um dos aspectos que mais caracterizam essa população, mesmo que não seja o único motivo. Segundo Silva (2009 apud FRAGA, 2011, p. 12), a situação de rua constitui-se como um fenômeno complexo fruto de múltiplos fatores tanto estruturais (ausência de trabalho e renda, ausência de moradia, etc.), quanto biográficos (doenças mentais, consumo de álcool e ou outras drogas, ruptura com os vínculos familiares, etc.) ou ainda, fatores como os desastres em massas (terremotos, inundações e outros). Ao voltarmos o tema para as políticas públicas, vemos as condições apresentadas a moradores de rua como causa da situação vivenciada no dia a dia, onde se tornam e fazem parte de um processo de exclusão dos indivíduos dentro da sociedade que por sua vez, os colocam como marginalizados. Desse ponto, o principal papel do psicólogo é tentar reintegrá-los à sociedade e agir junto à política pública social, a fim de compreender que, a reinserção dos indivíduos a sociedade mais “justa” não se trata apenas de ações políticas, mas os incluam dando oportunidades de moradia, ou alimentação por exemplo, mas muito além disso, se trata de uma política que respeite as singularidades dessas pessoas e lhes ofereçam a possibilidade de viver de forma digna apesar de suas escolhas, ou seja, mesmo aqueles que desejarem permanecer na rua possam ser envoltos de mais proteção e boas condições de vida. O papel desempenhado pela psicologia junto à assistência Social e políticas públicas pode trazer importância frente as singularidades de cada um, de forma que a atuação do psicólogo com essa população existir em uma relação horizontal, trazendo total cuidado e entendimento de que pode haver mudança para melhor condição de vida. É importante ressaltar que moradores de rua expostos diariamente a situação precária, há ainda a condição de saúde que acabam submetidos, dessa forma se cria um ponto que também dificulta a criação de políticas públicas no âmbito da saúde mental adequadas as necessidades dessa população. 2.1 COMO ESSAS PESSOAS SÃO VISTAS Essa população é definida como: o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. (BRASIL, 2009a, p.16) As pessoas em situação de rua sofrem muitas discriminações, sendo impedidas de entrar em diversos locais e de realizar as atividades que necessitam ou desejam. Muitas nem tentam entrar em certos locais, para evitar o constrangimento decorrente da provável expulsão. Para avaliar tais discriminações, foram feitas perguntas sobre os impedimentos sofridos, sem considerar os casos de pessoas que optaram por nem sequer tentar. Castel (1998) questiona o conceito de exclusão que traz a ideia comum de uma margem de indivíduos ou de coletivos fora do tecido social, separados dos laços de sociabilidade comuns e dos códigos de reciprocidade nos quais se articulam as relações sociais, pois este nos traz uma ideia imprecisa para o entendimento dos enigmas da questão social. Ao afirmar-se que os vagabundos, os estrangeiros, os desempregados e os desfiliados de toda espécie estão muitas vezes situados na margem da sociedade, deve-se levar em conta que os processos que levaram à sua constituição não são assim tão marginais. A onda de desfiliação e exclusão social não é periférica à sociedade salarial: ela faz parte do seu centro e é desta forma que deve ser entendida. A exclusão não é uma ausência de relação social, mas um conjunto de relações sociais particulares da sociedade como um todo. Assim como o problema dos vagabundos nas sociedades tutelares, não dizia respeito somente a estes indivíduos sem lugar no mundo, muitos dos desempregados de hoje não são excluídos desde sempre, mas fazem parte de um contingente significativo de trabalhadores vulneráveis às oscilações do mercado (os precarizados, terceirizados, jovens, trabalhadores com baixa qualificação, mulheres, etc.). Os desempregados de hoje não são resquícios daqueles que ficaram para trás e não conseguiram ser integrados. Eles fazem parte do processo central que originou e definiu os parâmetros das nossas sociedades. 2.2 ASPECTO DEMOGRÁFICO Conforme o relatório do primeiro Encontro Nacional Sobre População em Situação de Rua, realizado em 2005 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social, o censo da população em situação de rua da cidade de São Paulo, realizado em outubro de 2019, contou 24.344 pessoas em situação de rua, das quais, 12.651 foram contadas em ruas, praças e outros espaços públicos da cidade e 11.693 foram contadas nos Centros de Acolhimento. As pesquisam apontam que 96,7% das pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo são naturais do Brasil. Dentre esses, 55,0% são nascidos do estado de São Paulo sendo 30% são nascidos no município de São Paulo. Nesta estatística contam 3,4% de imigrantes, 38,8% são de venezuelanos. Entre os que não nasceram na cidade de São Paulo, 63,9% estão na cidade há mais 5 anos. E 60,4% não mudam de a região da cidade que iniciaram sua trajetória a ficar em situação de rua. Os entrevistados afirmam que estão nas ruas por conta de,conflitos familiares, com 40,3%, a dependência química com 33,3% (somados o uso de drogas lícitas e ilícitas), a perda de trabalho, com 23,1%, e a perda da moradia, com 12,9%. 85,5% das pessoas em situação de rua na cidade são do sexo masculino. Pelo menos 89,0% está em idade produtiva, entre os 18 e os 59 anos. A soma de pretos e pardos, equivale a 68,6% das pessoas em situaçãode rua. 2.3 OBJETIVOS E FINANCIAMENTOS A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, considerando as desigualdades sócio territoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Sob essa perspectiva, objetiva: • Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem. • Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços sócio assistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural. • Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária. Já na questão do financiamento da Seguridade Social, está previsto no art. 195, da Constituição Federal de 1988, instituindo que, através de orçamento próprio, as fontes de custeio das políticas que compõem o tripé devem ser financiadas por toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais. Tendo sido a assistência social inserida constitucionalmente no tripé da Seguridade Social, é o financiamento desta a base para o financiamento da política de assistência social, uma vez que este se dá com: • A participação de toda a sociedade. • De forma direta e indireta. • Nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. • Mediante contribuições sociais: o Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; a receita ou o faturamento; o lucro do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social. • Sobre a receita de concursos de prognósticos. • Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele equiparar. 3.0 CONSIDERAÇÃO FINAL A dinâmica dessa pesquisa teve como intuito, demonstrar a articulação entre o trabalho social das políticas públicas de saúde e interação do profissional da psicologia e essa temática, pode-se avançar em algumas conclusões sobre a categoria social da população em situação de rua. Considerando sua fase inicial em que sua função era exclusivamente de prestação de segurança pública e defesa contra-ataques externos, até o que se observa hoje como a promoção do bem-estar da sociedade, a política pública pode ser entendida como um conjunto de ações do Estado que têm por finalidade a solução (ou não) de problemas demandados pela sociedade. As políticas sociais podem ser consideradas como sendo aquelas ações governamentais desenvolvidas por meio de programas e projetos, que visam a garantir direitos e condições dignas de vida à sociedade como um todo. São estas políticas que asseguram à população o exercício do direito de cidadania, por intermédio de ações nas áreas da educação, saúde, trabalho, assistência social, etc. Dentre essas ações, destacamos aqui aquelas voltadas para a população em situação de rua, no que se refere ao exercício dos seus direitos de cidadania. As pessoas que vivem em situação de rua constituem uma parcela da população brasileira, que se situa nos limites inferiores da pobreza e da vulnerabilidade social. É uma população que, além de extremamente pobre é muito pouco escolarizada, composta predominantemente por negros, e que, embora estando em idade economicamente ativa, na sua maioria, não conseguem inserção no mercado de trabalho formal. Estas pessoas procuram garantir sua sobrevivência por meio de atividades produtivas desenvolvidas nas ruas, devido ao processo de desfiliação social em que vivem, por força da ausência de trabalho assalariado. É um fenômeno que não pode ser atribuído a uma única causa, e seus integrantes possuem especificidades de gênero, raça/cor, idade e deficiências físicas e mentais. Apesar destas caraterísticas confirmarem uma percepção largamente difundida, os dados disponíveis indicam a provável tendência de alteração do perfil tradicionalmente traçado sobre a população de rua. Os dados permitem afirmar que se trata de uma população formada por trabalhadores com algum nível (precário) de formação, que ocupa, eventualmente, espaços no mercado de trabalho (formal ou informal) para garantirem sua sobrevivência. Porém, essa inserção se torna cada vez mais obstacularizada, considerando-se as características e exigências do mercado de trabalho, o que impele este segmento a se manter nas ruas, como sua única condição de sobrevivência. Apesar de pequena, é significativa a presença de pessoas com nível superior de escolaridades, que compõem o quadro da população em situação de rua. É de extrema importância a colaboração do profissional da psicologia perante a realidade de desigualdade no país, e nós como futuros profissionais devemos tomar consciência dos nossos direitos e deveres perante essa área de atuação. 4.0 REFERÊNCIAS E ARTIGOS JORNALISTICOS BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Ruapara consulta pública. Brasília, 2009. Disponível em: . Acessado em: 09 jan. 2009 CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Rio de Janeiro, Vozes, 1998. Di Giovanni, Geraldo. As Estruturas Elementares das Políticas Públicas, in Caderno de Pesquisa nº 42, NEPP/UNICAMP. Campinas – SP, 2009. Pereira, Camila Potyara. Rua sem Saída. Brasília: Ícone Gráfica e Editora, 2009. FRAGA, Patrícia. A rua de todos: um estudo acerca do fenômeno população em situação de rua e os limites e possibilidades da rede de proteção no município de Florianópolis. 2011. 95 f. Monografia em Serviço Social. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011 SEBRAE-MG, Série Políticas Públicas, Volume7. Belo Horizonte, 2008. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/121199/303705.pdf?s equence=1&isAllowed=y http://www.crprj.org.br/site/wp-content/uploads/2016/05/jornal27-politicas- publicas.pdf file:///C:/Users/Notebook/Downloads/PNAS2004%20(1).pdf http://www.crprj.org.br/site/wp-content/uploads/2016/05/jornal27-politicas-publicas.pdf http://www.crprj.org.br/site/wp-content/uploads/2016/05/jornal27-politicas-publicas.pdf file:///C:/Users/Notebook/Downloads/PNAS2004%20(1).pdf
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