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Externalidades

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Externalidades
Quase todos os processos de produção e consumo geram efeitos previsíveis e imprevisíveis. Tome-se como exemplo a produção de um livro.
O conhecimento transmitido através do livro pode chegar a milhões de pessoas que o lerem. Se esse conhecimento for aplicado de maneira prática no trabalho dos leitores, a produção de bens e serviços do país pode aumentar, melhorando o padrão de vida da população.
Por outro lado, para se fabricar o papel utilizado na impressão do livro, é utilizado um elemento químico chamado dioxina. Trabalhos científicos associam elevados níveis de dioxina meio ambiente a maiores riscos de câncer na população, aumentos das anomalias no nascimento de bebês e a outros problemas de saúde.
Ao cobrar um determinado preço pelo livro, o vendedor não está captando todos os benefícios que a confecção daquele livro traz par a sociedade. Ele está gerando uma externalidade positiva.
Mas pelo mesmo processo, ao cobrar o mesmo preço, o vendedor está gerando uma externalidade negativa. Entre os seus custos de produção, não estão sendo levados em consideração os danos causados para a sociedade como conseqüência da emissão de dioxina no meio ambiente.
Externalidade:
É um fenômeno que aparece quando uma atividade de produção ou de consumo de um indivíduo, ou de uma firma, afeta o Bem-Estar de outros membros da sociedade, sem que se pague ou receba recursos por esse efeito.
Caso existam externalidades, o Bem-Estar da sociedade se diferencia de forma significativa do Bem-Estar de consumidores e produtores. O resultado de mercado não está expressando todos os aspectos e atores afetados pelas trocas.
Como compradores e vendedores ignoram os efeitos externos provocados pelo processo de trocas, o resultado de mercado é ineficiente. O equilíbrio de mercado não é capaz de maximizar o benefício total para a sociedade.
Exemplos de externalidades:
Poluição causada por automóveis; restauração de prédios históricos; cachorros latindo pela vizinhança ou festas de vizinhos barulhentos; pesquisas em novas tecnologias.
Se a produção de um determinado bem causa poluição, há uma diferença entre o custo de produção privado e o custo de produção para a sociedade. Qual seria a quantidade ótima de produção?
Ao se levar e consideração o custo social de produção, a regulamentação do governo poderia evitar que o produtor produzisse uma quantidade além a quantidade onde a curva de custo social corta a curva de demanda.
Quando a externalidade é negativa, a regulamentação diminui a quantidade produzida pois o custo social é maior que o custo privado. Uma forma de fazer isso é cobrar um imposto que eleve o custo de produção privado, igualando-o ao custo social. Chama-se essa política de internalização dos custos externos.
Quando o poluidor passar a contabilizar em seus custos a estimativa dos custos sociais da poluição, ele diminuirá a quantidade produzida.
Em outros mercados, externalidade positivas podem ser as conseqüências naturais da produção. Os mercados de pesquisa em ciência e tecnologia costumam cobrar por seus produtos e serviços um preço menor que os benefícios sociais que ele causa.
A curva de custo social se encontra abaixo da curva de custo privado. O setor privado tende a produzir uma quantidade menor que o socialmente ótimo.
Para que os produtores internalizem as externalidades positivas existentes nesse mercado e produzam a quantidade ótima de mercadoria, o governo precisa subsidiar a produção no montante equivalente à diferença entre os benefícios sociais e os benefícios privados.
Geralmente as patentes e os direitos de propriedade são as formas de subsídio menos combatidas pelos analistas de políticas públicas. Isso ocorre porque é muito difícil calcular o valor das externalidades, ou seja, a diferença entre o custo social e o custo privado das externalidades.
Por isso, o direito de monopolizar a produção de um bem por um determinado tempo (patentes) ou o direito de explorar a sua invenção (direitos de propriedade) são considerados as formas menos distorcidas de incentivar a produção de externalidades positivas.
Da mesma forma que na produção, as externalidades no consumo podem ser positivas ou negativas. O consumo de um Bem gera uma externalidade negativa quando indivíduos que não consomem o bem também têm que arcar com custos decorrentes do consumo do bem. No caso de uma externalidade positiva, os indivíduos que não consomem o bem se beneficiam com o consumo de outras pessoas.
As externalidades negativas, tanto na produção quanto no consumo, levam o mercado a produzir quantidades maiores que o socialmente desejável. Já as externalidades positivas no consumo e na produção têm efeito contrário: quantidades menores que o socialmente desejável são produzidas.
Soluções privadas para as Externalidades
Se as externalidades representam ineficiências de mercado, há possibilidades de soluções eficientes sem a interferência do Governo? Soluções privadas podem ser eficientes?
Caso uma externalidade afete indivíduos próximos ao fator causador da externalidade, pode haver uma negociação privada, sem a interferência do governo, que leve a uma realocação de recursos que diminua os efeitos da externalidade.
Teorema de Coase:
“Na ausência de custos de transação, a definição dos direitos de propriedade garante que a livre negociação entre os agentes gere um resultado eficiente.”
Entretanto, nem sempre uma solução negociada pode ser encontrada. Se a quantidade de pessoas afetadas por uma externalidade negativa for muito grande, dificilmente haverá acordo entre as partes capaz de estabelecer um ponto que satisfaça todos.
Quando soluções privadas não são possíveis, as políticas públicas são necessárias. Dois tipos de políticas públicas são possíveis: políticas de leis e proibições; e políticas de incentivos ao mercado.
Regulamentação
As regulamentações costumam estabelecer direitos para diferentes agentes públicos. Se a legislação estabelecer que população tem direito a usufruir ar e água livres de poluição, qualquer pessoa ou empresa que poluir a água ou o ar deve ser proibida de fazê-lo e punida se o fizer.
Muitas vezes a regulamentação permite que alguma quantidade de poluição seja feita, pois os custos de se produzir bens e serviços sem nenhuma poluição fariam com que os custos superassem muito mais os benefícios, inviabilizando economicamente a produção.
Taxas Pigouvianas e Subsídios
A imposição de taxas e subsídios para minorar os efeitos de externalidades foi primeiramente proposta pelo economista Arthur Pigou.
A idéia central das taxas pigouvianas e os subsídios são mais eficientes em reduzir as externalidades negativas e em aumentar as externalidades positivas que a regulamentação.
Enquanto que a regulamentação determina um limite de poluição, por exemplo, com a introdução de uma taxa pigouviana, o mercado é que determina a quantidade de poluição que a sociedade deseja suportar, economizando recursos e gerando o máximo de Bem-Estar possível.
O limite estabelecido pela regulamentação é pré-determinado pelo governo, e pode ser próximo ou distante do máximo Bem-Estar para a sociedade. A taxa pigouviana minimiza custos, alcançando o máximo de Bem-Estar para a sociedade.
Caso a regulamentação seja muito rígida, as empresa procurarão subterfúgios legais para desobedecê-la. Com as taxas pigouvianas, se as empresas desejarem produzir mais, o aumento de poluição resultante trará consigo um aumento da arrecadação do governo.
Direitos de Poluição
Como há empresas com custos diferentes, se a sociedade estabelecer um limite máximo de poluição, as diferentes tecnologias utilizadas pelas empresas poderiam mostrar níveis diferentes de poluição para uma mesma produção.
Caso firmas que poluem mais tenham que obedecer aos mesmos limites que as firmas que poluem menos, elas podem não alcançar esse limite e acabar saindo do mercado.
Para que a competitividade dos mercados não seja afetada, foram introduzidas permissões de poluição. Empresas que não são capazes de diminuir o seu nível de poluição compram licenças de poluição de firmas que poluem menos. Com isso, o limite de poluição da sociedade não é alterado, embora haja diferenças entre os níveis de poluição de cada firma.
A análise econômica costuma privilegiar taxas pigouvianas e direitos de poluição à regulamentação porque esses dois instrumentos utilizam os incentivos que indivíduos e empresas tem para se engajar em atividades de consumo e de produção.
Bens Públicos
O mecanismo de mercado nos mostra que bens privados são ofertados e demandados livremente e sua alocação é regulada pelos preços. Bens privados são bens exclusivos e rivais.
Um bem rival é aquele cujo ato de consumo por uma pessoa impede que outra pessoa o consuma.
Um bem exclusivo é um bem cujo consumo pode ser limitado.
A maioria dos bens de consumo são bens privados. Ao se comprar um livro, se impede o acesso de outro consumidor ao mesmo exemplar. Quando se bebe a água de um coco, um consumidor impede que essa água seja bebida por outra pessoa.
Bens Públicos são bens que não são nem rivais, nem exclusivos. Uma música tocada no rádio pode ser ouvida por várias pessoas ao mesmo tempo (não-rivalidade). A defesa do país contra invasores estrangeiros não deixa nenhum morador do país desprotegido da agressão externa (não-exclusividade).
Há outros bens que podem ser rivais, mas são não-exclusivos. Esses bens são chamados de Recursos em Comum. Uma floresta, ou um parque público é um Recurso em Comum. Ninguém pode tirar o acesso de outros consumidores a esse bem, porém, como o espaço é limitado, se muitas pessoas decidem passear por um parque, a possibilidade de outras pessoas também passearem naquele momento é reduzida.
Monopólios Naturais são bens exclusivos porém não rivais. TV a cabo é um Monopólio Natural. Várias pessoas podem assistir ao mesmo canal no mesmo momento, porém a emissora pode limitar o acesso ao sinal de TV quando cobra mensalidades pelo serviço, tornando-o exclusivo.
 Rivalidade
	Exclusividade
	Sim
	Não
	Sim
	Bens Privados
Comida
Roupas
Estradas engarrafadas com pedágio
	Monopólio Natural
Proteção contra Incêndio
TV a Cabo
Estradas livres com pedágio
	Não
	Recursos em Comum
Peixes no Oceano
Meio Ambiente
Estradas engarrafadas sem pedágio
	Bens Públicos
Defesa Nacional
Conhecimento
Estradas livres sem pedágio
O Problema do Carona
Como determinados bens geram externalidades positivas, os fornecedores desses bens não têm a capacidade de cobrar pelo consumo desses bens. Por que o setor privado produziria e forneceria um bem a consumidores que não pagam pelo seu consumo? Se os Benefícios totais para a Sociedade superam os Custos totais, a tendência é que esses bens sejam produzidos pelo Setor Público e não pelo Setor Privado.
Mesmo que muitos consumidores paguem pela utilização de um bem que gera externalidades, haverá um enorme incentivo para que parcela dos consumidores não pague por ele. O consumidor que consomem o bem sem financiar o seu fornecimento estão tomando uma carona.
Assim como o Setor Privado, o Setor Público não consegue medir a utilização de cada um dos consumidores do bem que gera externalidades. Entretanto, o Governo pode cobrar impostos para impedir que alguém “pegue carona” no consumo do Bem. Quem quiser continuar tomando carona terá que sonegar os impostos.
Bens Públicos que geram grandes externalidades:
Segurança Pública e Nacional.
Pesquisa Básica.
Combate à Pobreza.
A análise de Custo-Benefício
O que custa à Sociedade fornecer Bens Públicos? Qual a quantidade de Bens Públicos que a Sociedade deseja consumir? Como a Sociedade financia o fornecimento desses Bens Públicos?
No momento em que o governo decide fazer um investimento para fornecer um Bem Público, a decisão sofre uma restrição: o Setor Privado decidiu não fornecer esse Bem Público por não ser capaz de classificar a quantidade de consumo de cada unidade desse bem.
Ao saber que determinado Bem será fornecido sem a cobrança de uma taxa, os consumidores tenderão a não revelar o valor estão dispostos a pagar para consumir determinada quantidade do Bem, ou tenderão a declarar um valor muito abaixo do que realmente pagariam.
A análise de Custo e Benefício do fornecimento de um Bem Público se depara com um problema: os fornecedores de um Serviço ou Bem Público tendem a superestimar os Benefícios desse bem, enquanto que os consumidores tendem a subestimar os custos de seu fornecimento.
A análise de eficiência do Fornecimento de um Bem Público é portanto muito mais complexa que a análise da eficiência da produção e consumo de um bem privado. Por mais bem feita que seja, a tendência é que os analistas consigam apenas estimar, mas nunca calcular com precisão o seu custo.
Recursos em Comum
Recursos em Comum são não-exclusivos mas rivais. Isso significa que o consumo de uma pessoa impede o consumo desse mesmo Bem por outra pessoa. A Tragédia dos Comuns é a descrição do que pode ocorrer com Recursos em Comum caso não haja uma regulamentação de seu consumo.
A tragédia dos Comuns
“Commons” era como eram chamadas as terras em comum na Inglaterra medieval. Essas terras eram de propriedade comum e ninguém podia ser impedido de utilizá-las.
Como uma das atividades econômicas que mais utilizavam essas terras era a o pastoreio, os animais de todos os pastores das redondezas passavam o dia pastando nessas terras. Ao comer a grama os animais tiravam nutrientes das terras que, por serem de propriedade comum, ninguém se preocupava em repor.
Com o passar do tempo, as terras foram se deteriorando, sofrendo erosão e perdendo nutrientes. Ao usar terras em comum, os pastores se depararam com o perecimento de seus animais por falta de pasto. Os Recursos em Comum foram consumidos até a exaustão.
A Tragédia dos Comuns ocorreu por causa das externalidades. Os Recursos em Comum geram incentivos ao consumo muito acima dos custos individuais. Os Custos Sociais são equivalentes aos Benefícios. Entretanto, os Custos e Benefícios Privados geram incentivos que tornam o consumo muito alto, gerando um resultado ineficiente.
Recursos em Comum que geram grandes Externalidades:
Ar e Água despoluídos.
Reservas de Petróleo.
Estradas engarrafadas.
Peixes, Baleias e Diversidade
Os direitos de Propriedade
O problema da Tragédia dos Comuns seria resolvido caso as famílias tivessem a possibilidade de cultivar seus próprios pastos. Como os animais que pastassem naquelas terras seriam os pertencentes à família, haveria o interesse em repor os nutrientes nas terras com certa freqüência.
O estabelecimento de Direitos de Propriedade não apenas internalizaria os Custos da manutenção das terras, como aumentaria o Benefício potencial para a Sociedade.
A clara determinação dos Direitos de Propriedade pode resolver os conflitos gerados pelas externalidades, como a Poluição, assim como indicar o nível ótimo de provisão de Bens Públicos.

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