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Hidratação e Microestrutura do Cimento Portland PCC 3222 2017 © Poli USP 2017 Objetivos da aula � Entender a cinética de reação do cimento Portland e pozolanas e como isto afeta a microestrutura da pasta de cimento hidratada � Entender como a hidratação do cimento afeta a porosidade da pasta � Correlacionar a microestrutura da pasta de cimento com o comportamento de concretos © Poli USP 2017 Perguntas importantes... • Como micropartículas isoladas dos ligantes se transformam em um macro- sólido? • Como essa transformação das partículas conferem resistência ao sólido? © Poli USP 2017 De micropartículas para macro sólido dos grãos de ligante de novo sólido continuo com geometria da forma © Poli USP 2017 Endurecimento reação quimica (água, CO2…) aumento do volume por redução de poros , contato “molecular” entre cristiais © Poli USP 2017 O que são ligantes inorgânicos Micropartículas (d<100µm), solúveis em água, reativas (água, CO2... ), que precipitam um sólido de volume maior que o volume dos sólidos em suspensão. © Poli USP 2017 Exemplo de distribuição de particulas de ligantes © Poli USP 2017 Exemplos de ligantes Comuns • Cimento Portland • Gesso (Ca.SO4.(0-1,5).H2O) • Cal hidratada (Ca(OH)2 or CaMg(OH)4 Outros ligantes • Aluminato de Cálcio • Cálcio Sulfo-Aluminato • Cimento belítico • Sorel ( 3MgO.MgCl2) • Solidia (cura por CO2) • ..... © Poli USP 2017 Hidratação – como ocorre? © Poli USP 2017 Hidratação – como ocorre? • C-S-H Silicato de cálcio hidratado • CH Hidróxido de cálcio • Trisulfo- aluminatos (etringita) • Monosulfo- aluminatos.... Alita (C3S) Belita (C2S) Aluminato de cálcio (C3A) Ferro- aluminato de cálcio (C4AF) Ca2+ H2SiO42- Al(OH)4- OH- SO42- CO32- Grãos de cimento Dissolução Precipitação (hidratos) Forma de Ilustração - Profa Karin Scrivener © Poli USP 2017 Liberação de calor em todas estas as reações Hidratação do cimento (fases secundárias) • Sem adição de gipsita: reação imediata • C3A + xH → C3AH6, C3AH6 ou C2AH8 • uso muito difícil • Com gipsita: retardada • C3A + 3C ŠH2 + 26H → C6A Š3H32 (etringita) • C3A + C ŠH2 + 16H → C4A ŠH18 (monosulfato) • C6A Š3H32 + 2 C3A + 22H→ 3C4A ŠH18 (monosulfato) © Poli USP 2017 Hidratação do cimento (fases secundárias) Baixa concentração de íons aluminato e sulfato Alta concentração de íons aluminato e sulfato Alta concentração de íons aluminato e baixo sulfato Pouca ou nenhuma gipsita Mehta & Monteiro (2004) © Poli USP 2017 Hidratação do cimento (fases principais) Rápida 2C3S + 6H → C3S2H3 + 3CH CC--SS--H e cal hidratadaH e cal hidratada Lenta 2C2S + 4H → C3S2H3 + CH CC--SS--H e cal hidratadaH e cal hidratada •C-S-H - principal fase hidratada • silicato de cálcio hidratado • principal produto • estequiometria variável Liberação de calor em todas estas as reações © Poli USP 2017 Hidratação do cimento e calor liberado • As reações de hidratação são exotérmicas • Podem gerar gradientes térmicos importantes no concreto que é mau condutor • Pode ser utilizada para acompanhar a taxa de hidratação e uso de aditivos aceleradores, por exemplo. Renan Salvador, 2016 © Poli USP 2017 Reação pozolânica © Poli USP 2017 Reações pozolânicas Rápida 2C3S + 6H → C3S2H3 + 3CH C-S-H e cal hidratada 3CH + 2S → C3S2H3 C-S-H e menos cal hidratada Lenta 2C2S + 4H → C3S2H3 + CH CC--SS--H e cal hidratadaH e cal hidratada 3CH + 2S → C3S2H3 C-S-H e menos cal hidratada POZOLANA C-S-H - principal fase hidratada obtida numa reação secundária fortalecendo a microestrutura © Poli USP 2017 Reatividade das pozolanas • Além da composição química, as pozolanas devem se caracterizar pela estrutura amorfa para garantir reatividade. • Isto é definido pela temperatura de queima. Zampieri © Poli USP 2017 C-S-H e Portlandita http://www.cementlab.com/images/C3S- 2weeks_os.jpg © Poli USP 2017 Morfologia da pasta de cimento hidratada • A microestrutura é complexa • A quantidade relativa das fases presentes definirá o comportamento do material • Quanto mais CSH mais resistente e durável Monossulfato hidrtadado Etringita © Poli USP 2017 Hidratação ao longo do tempo 10 minutos gel Aft grão anidro C3A C3S C4AF “outer” C-S-H 10 horas Aft 18 horas Afm 1-3 dias “inner” C-S-H 14 dias Scrivener (1989) © Poli USP 2017 Fases Hidratadas (formação) O muda com a adição de pozolana? http://www.theconcreteportal.com/cem_chem.html © Poli USP 2017 Volume das fases hidratadas ao longo do tempo Lothenbach et al. (2008) – http://dx.doi.org/10.1016/j.cemconres.2008.01.002 Redução de volume O volume da água e do cimento anidro é maior que o volume da pasta de cimento hidratado © Poli USP 2017 Evolução de resistência e permeabilidade da pasta de cimento © Poli USP 2017 Hidratação do cimento e a pega e endurecimento do concreto © Poli USP 2017 Velocidade de hidratação (na presença de água) • Composição química –+ C3S + rápido –matérias primas e temperatura no forno • Finura (m2/g) –grau de moagem –área superficial para reação de hidratação –condições de mistura • Temperatura • + alta, + rápido • Uso de vapor garante a umidade • Autoclave é possível © Poli USP 2017 Composição x Resistência (pasta de cimento) Temperatura e área específica constantes © Poli USP 2017 Calor de hidratação: efeito da área específica © Poli USP 2017 Resistência à compressão: efeito da área específica Método padronizado: teor de água constante Área Específica © Poli USP 2017 Interface pasta/agregado © Poli USP 2017 Interface pasta/agregado • Fases macroscópicas • Agregados • Pasta de cimento (ou matriz) • Sólidos • Sólidos hidratados • Cimento anidro • Poros • Água • Zona de transição • Fases microscópicas © Poli USP 2017 Zona de transição: mais porosa e com menos CSH • Mais água produz mais porosidade. • Mais água produz mais CH e etringita. • Região mais porosa e, portanto, menos resistente © Poli USP 2017 Zona de Transição mais Porosa (pasta de cimento endurecida e agregado) Influência da ZT K.L. Scrivener, A.K. Crumbie, P. Laugesen, Interface Science 12 (2004) 411-42 agregado Impregnação de poros com Metal de Woods • Elo mais fraco da corrente • Diminui a resistência por concentração de tensões • Aumenta a permeabilidade por dar caminho preferencial para a água © Poli USP 2017 Estrutura hidratada é porosa © Poli USP 2017 © Poli USP 2017 Como estimar a porosidade da pasta? Apos Mistura 28 dias de hidratação Stroeven, He, Guo, Stroeven, Materials Characterization, Volume 60, Issue 10, October 2009, Pages 1088-1092. © Poli USP 2017 Hidratação da Pasta de Cimento • Vcimento hidratado = Vcimento + 0,75 Vágua reação •Ocorre uma Retração química!!! • Água de reação = ~20% da massa de cimento • Água em excesso � poros • Porosidade • água em excesso • retração química Modelo de Powers © Poli USP 2017 Estimando porosidade da pasta de cimento (exemplo) • Mistura de pasta pura • 1kg de cimento • 0,5 kg de água • 100% de hidratação do cimento © Poli USP 2017 Densidade das fases (temp. ambiente) • Cimento anidro ~3,1g/cm³ • Agregados naturais ~2,6 g/cm³ • Água ~ 1,0 g/cm³ • Volume = massa/densidade © Poli USP 2017 Volume no estado fresco • 1 kg de cimento 1/3,1 0,32dm³ • 0,5kg de água 0,5/1 0,50dm³ • Volume total (mistura) 0,82dm³ • Desprezamos o ar aprisionado. • Como ele poderia ser considerado? © Poli USP 2017 Volume de sólidos 1:0,5 (100% hidratado) • 1 kg de cimento 1/3,1 0,32dm³ • 0,20 kg de água de reação 0,2/1 0,20dm³ • Retração química 25% vol água reação 0,25*0,2 -0,05dm³ • Volume de sólidos hidratados 0,47dm³ • Poros = 0,82 -0,47 = 0,35 dm3 © Poli USP 2017 Volume de poros 1:0,5 (100% hidratação) • H2O em excesso 0,5-0,2 0,30dm³ • Retração química 0,05 0,05dm³ • Poros totais 0,35dm³ • Volume total 0,82 dm³ • Porosidade 0,35/0,82 0,43dm³/dm³ • Esta é a menor porosidade possível p/0,5 (pasta 100% hidratada, 0% de ar incorporado) © Poli USP 2017 Qual a porosidade mínima da pasta 1:0,5 com 50% do cimento hidratado? Por que se está realçando o adjetivo “mínima”? Tempo: 20 minutos © Poli USP 2017 Densidade das fases (temp. ambiente) • Cimento anidro ~3,1g/cm³ • Agregados naturais ~2,6 g/cm³ • Água ~ 1,0 g/cm³ • Volume = massa/densidade © Poli USP 2017 Volume no estado fresco • 1 kg de cimento 1/3,1 0,32dm³ • 0,5 kg de água 0,5/1 0,50dm³ • Volume total (mistura) 0,82dm³ • Desprezamos o ar aprisionado inserido no concreto durante o processo de mistura. • Como ele poderia ser considerado? © Poli USP 2017 Volume de sólidos 1:0,5 (50% hidratado) • 0,5 kg de cimento 0,5/3,1 0,16dm³ • (50%) 0,20 kg de água de reação 0,1/1 0,10dm³ • Retração química 25% volume de água reação 0,25*0,1 -0,025dm³ • Volume de sólidos hidratados 0,235dm³ • Volume de sólidos anidros 0,5/3,1 0,16dm³ • Volume de sólidos totais 0,16dm³+0,235dm³ = 0,395dm³ • Poros = 0,82 -0,395 = 0,425 dm3 © Poli USP 2017 Volume de poros 1:0,5 (50% hidratação) • H2O em excesso 0,5-0,1 0,40dm³ • Retração química 0,025 0,025dm³ • Poros totais 0,425dm³ • Volume total 0,82 dm³ • Porosidade 0,425/0,82 0,52dm³/dm³ © Poli USP 2017 Exercício • Sabendo-se que o consumo de cimento de um concreto é de 360 kg/m3 e que a relação água cimento é 0,5, estime a porosidade mínima de 1 m3 de concreto OBS: não considerar a porosidade dos agregados e o ar aprisionado. Tempo: 20 minutos © Poli USP 2017 Solução • 1 kg de cimento com relação a/c = 0,5 corresponde a 0,35 dm3 de poros. • 360 kg de cimento, para a mesma a/c, resulta em 360 * 0,35 = 126 dm3. • Porosidade total = 126/1000 = 0,126 m3/m3 ou 12,6 % em volume. © Poli USP 2017 Relação entre porosidade e comportamento do concreto • Quanto maior a porosidade menor a resistência e maior a permeabilidade. • Quanto maior a idade e menor a relação a/c menor é a permeabilidade. © Poli USP 2017 Perguntas: • Pastas de mesma porosidade apresentarão a mesma resistência? Explique. • Você acha que há outros fatores, além da porosidade da pasta, que pode afetar o comportamento do mecânico do concreto? Explique. • Como você imagina que a porosidade da pasta afeta a durabilidade do concreto? © Poli USP 2017 Atividade Extra (upload arquivo com memória de cálculo no Moodle) • Faça gráficos mostrando a influência do grau de hidratação (0 a 100%) na porosidade total e da pasta dos concretos. • Compare e discuta os resultados. Densidade (g/cm³) Traço 1 (% Massa) Traço 2 (% Massa) Cimento 3,1 15 10 Areia 2,6 25 31 Brita 2,6 52 52 Água 1 8 7 © Poli USP 2017 Leitura Recomendada • Item 6.3 – Hidratação do Cimento Portland em Mehta; Monteiro. IBRACON. P.216-23 • Item 2.5 – Microestrutura da Pasta de Cimento Hidratada em Mehta; Monteiro. IBRACON. P.26-41 • Item 2.6 – Zona de transição no Concreto em Mehta; Monteiro. IBRACON. P.41-46 © Poli USP 2017 © Poli USP 2017 Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons CC BY-NC. Para ver uma cópia desta licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/legalcode#languages Pode ser reproduzido e alterado, garantindo o devido crédito a Poli USP e não pode ser usado para fins comerciais. © Poli USP 2017
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