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América II - Revolução Mexicana O Porfiriato (1876/1910) Em termos políticos Porfírio Diaz tem como intenção a continuação das reformas iniciadas por Benito Juarez. Contudo, o acusa de traidor desses mesmos princípios, devido à aproximação de Juarez com os EUA, em tentativas de entendimentos políticos e econômicos. Diaz, eivado dos princípios positivistas, estabelecerá um governo baseado no autoritarismo progressista que, no dizer de Donghi, se traduz numa “tirania honesta”. A divisa positivista da ordem e do progresso, tão bem conhecida por nós brasileiros, vai basear uma espécie de reforma social (incluindo aí a questão campesina), mas sem alterar sua estrutura fundamental. Porfírio Diaz vai governar o México por 34 anos, o que dá uma estabilidade ao país jamais vista. Com isso, pôde construir boa parte da malha ferroviária, implantar melhorias na indústria da mineração (prata), o sisal em Yucatan e a renovação agrária da cana. Diaz mantém com habilidade o controle sobre todos os segmentos sociais. Reconcilia-se com o conservadorismo e com a Igreja, sobretudo com o beneplácito da distribuição de grandes propriedades de terra (a despeito dos índios, é claro...). O preço da prosperidade é a obediência ao regime. O Padrão Ouro é adotado em 1905. A política de substituição de importações prospera. Os juros internos são baixos e estáveis. O lado perverso se manifesta pela concentração excessiva das terras e pelo uso da mão de obra indígena em relações praticamente escravocratas. O progresso é para os brancos. Índios e mestiços são vistos como indolentes (“os mexicanos absorvem a liberdade como uma esponja pode comer um bife...”). A educação passa longe dessas classes, o mesmo vale para as artes e culturas populares, completamente desprezadas. A polícia afasta das ruas da capital que tivesse feições indígenas. O México de Porfírio Diaz era europeizado. E o próprio Diaz, esquecido de sua mestiçagem. Sob o argumento de que o México era incapaz de gerar divisas e acumulação de capitais, a economia foi aberta aos Estados Unidos e a países da Europa. Quase tudo no México estava nas mãos estrangeiras. O entreguismo era flagrante. De início, Diaz respeita o príncípio de não-reeleição fazendo sucessor em 1880. Mas a ditadura disfarçada tinha na compra das elites e dos opositores um eficiente método. Seu parlamento é chamado por ele de “caballada” (estrebaria de cavalos). Às portas das eleições de 1910, Porfírio Diaz tenta, aos 80 anos, uma nova vitória. Começa afirmando ao México que era chegada a hora de uma oposição, e que estaria em favor e daria assistência à mesma. Mal sabia que seu adversário não era manipulável como os que até então se apresentavam. Francisco Madero cresce e tem de ser rapidamente preso e deportado para os Estados Unidos. As eleições acontecem e Diaz é eleito com milhões de votos. Madero nem chega a duzentos. Mas os ataques de Pancho Villa no norte e por Zapata no sul, possibilitaram o retorno de Madero. Diaz renuncia em 25 de maio de 1911 e exila-se na França. São célebres duas frases suas: Sobre o novo governo: “Madero libertou um tigre. Vamos ver se consegue domá-lo.” Sobre o México: “Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.” A Revolução O “Plano de São Luís Potosi” primava pela não-reeleição e pela reforma agrária baseada numa visão legalista. Os indígenas e despossuídos deveriam comprovar que a terra outrora fora de sua propriedade. Essa visão legalista desperta a resistência de Zapata, que ao ver que não há como influenciar Madero, libera uma nova onda revolucionária no sul. Madero tem problemas. É bombardeado pelas elites, desejosas dos antigos privilégios, e pela esquerda, que vem suas reformas com desconfiança, sobretudo pela burocratização e letargia. Madero é obrigado aliar-se com Huerta e com o General Félix Diaz. O acordo com as bênçãos dos Estados Unidos, tinha por objetivo a derrota de Zapata. Era um pacto entre cobras. Madero é morto por seus aliados. Insurreição Pancho Villa ao norte e Zapata ao sul. A rebelião eclode novamente e vai ganhando terreno consideravelmente. Além dos dois, destacam-se Caranza e Obregón. O primeiro, responsável pelo “Programa de Guadalupe”, plano para derrotar Huerta. O segundo, um carismático pequeno empresário, que se consagraria como líder popular. Mas a luta, na verdade, se dava de modo praticamente desarticulado e independente. Mas a insistência no anti-constitucionalismo de Huerta e o medo do avanço revolucionário, trouxeram um novo componente ao campo de batalhas. O presidente americano Wilson, cioso em “ensinar os povos da América a eleger homens bons”, começa uma intervenção armada no país, com laços tangenciais aos rebeldes, mas protegendo os poços de petróleo com afinco. A invasão é vista com repúdio pela população. Um pacto consensual é firmado, inclusive com a intermediação do Brasil, Argentina e Chile (Conferência de Niagara Falls). Huerta renuncia em 1914. Os revoltosos constitucionalistas tomam a capital. Contudo, o movimento ainda é dividido por demais, com Carranza liderando a bandeira do legalismo, Zapata com suas aspirações localizadas no sul e Villa, ao norte, ainda popular e carismático, contando com certa simpatia dos EUA. Carranza e Villa se aliam, e Zapata cai. Futuramente, o “diamante rude” ou “jovem honesto”, como os EUA se referiam a Villa, se transforma na figura do bandido. Villa é derrotado pelos EUA, que dão leve sustentação a Carranza retomar as reformas. Uma constituição é elaborada em 1917, retomando os princípios da Carta de 1857. Destaques são a onda de nacionalizações, o anticlericalismo e a autorização para ao funcionamento dos sindicatos e reconhecimento da necessidade de uma reforma agrária.
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