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Cultura Brasileira 5

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Cultura Brasileira / Aula 5 - Formação Étnica do Povo Brasileiro
Introdução
Nesta aula, diferenciaremos os conceitos de etnia e raça, a fim de evidenciar a formação étnica de um povo.
Formação Étnica do Povo Brasileiro
Para se falar da formação étnica de um povo, é necessário que comecemos por diferenciar o conceito de “etnia” do conceito de “raça”.
 
 
O conceito de raça é uma construção social forjada Quanto à etnia, o termo marca as relações tensas 
nas tensas relações entre brancos, negros e indígenas. por causa das diferenças na cor da pele e nos traços
Não tinha relação com o conceito biológico de raça  fisionômicos que caracterizam a raiz cultural plantada
cunhado no século XIX e que hoje está superado. na ancestralidade dos mais diversos grupos, que dife-
Tem uma conotação política e é utilizado com frequência re em visão de mundo, valores e princípios de origem 
nas relações sociais brasileiras, para informar como indígena, europeia ou asiática.
determinadas características físicas, como cor da pele, O termo étnico é fundamental para demarcar que 
tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e indivíduo pode ter a mesma cor da pele que o outro ,
até mesmo determinam o destino e o lugar social dos o mesmo tipo de cabelo e traços culturais e sociais 
 sujeitos no interior da sociedade brasileira. que os distingue, caracterizando assim etnias 
 diferentes.
Miscigenação e sincretismo
A heterogeneidade presente na formação (étnica, cultural, social) da população brasileira gerou discussões historicamente marcadas pela diversidade de enfoques desde os primeiros trabalhos, a partir do século XIX.
Esta visão da formação do povo brasileiro começa com a explicação biologizante da mescla de três raças: a branca, a indígena e a africana.
Foi a chegada de imigrantes europeus que instigou a busca por uma visão biológica, salientando nossa capacidade singular de absorção do "outro".
 Saiba Mais
A fábula de três raças surgiu ainda no Brasil Império, entre os pesquisadores naturalistas e ganhou a adesão de cronistas e escritores, em meio às teorias da época que relacionavam os saberes biológicos com os sociais.
Os autores que formularam as impressões do que viam se consolidar por aqui inclinavam-se por caminhos divergentes, mantendo, porém, uma matriz comum: a constatação da mestiçagem racial. Esta foi vista ou como uma elaboração biocultural inusitada e sublime ou como algo perigoso e lamentável.
O Mito da Democracia Racial
A sociedade brasileira se identifica com o traço multiétnico e cultural que lhe é constitutivo, mas vive este de forma tensa.
Na prática, o Brasil branco e europeizado, mais tarde branco e americanizado, não soube como fazer com a diversidade cultural que a nossa formação configurou; não a integrou de fato, quando muito de direito. O conceito de “nação” pode ser utilizado como um dispositivo discursivo que apazigua elementos diversos em uma aparente unidade. Dessa forma, os vários grupos étnicos, classes sociais e gêneros que constituem a sociedade são representados como pertencentes à mesma identidade nacional, suprimindo as múltiplas identidades culturais que perpassam os membros de uma nação.
A Construção da Identidade Cultural
Se o imaginário nacional instaura uma suposta igualdade entre esses membros, isso não se confirma no espaço real, onde as desigualdades entre as classes sociais não permitem que todos usufruam dos mesmos recursos; assim, esse conceito é construído ao longo do tempo de acordo com as representações, nessa cultura nacional, de sua nacionalidade.
Uma nação constitui-se não apenas de uma organização política, mas, principalmente, de um sistema de significação cultural.
Neste sistema, os discursos que narram a nação serão ambivalentes ideologicamente por serem o produto de um processo histórico contínuo. A identidade cultural, como sabemos, é algo que se constrói ao longo do tempo e se manifesta de muitas maneiras.
Não há nação sem identidade nacional, porém, tais identidades são construídas permanentemente e nunca completadas, e nesta construção estão envolvidos intelectuais, artistas, povo e Estado.
Discursos Fundadores
No Brasil, foram várias as tentativas de se pensar uma identidade cultural para a nação brasileira. Entre essas tentativas, destacamos alguns momentos:
Silvio Romero (1851-1914) e a identidade brasileira
Para Silvio Romero, o passado colonial foi um problema central. Os fundamentos essenciais da nacionalidade remontariam aos tempos coloniais, mas ali também estaria a origem do atraso brasileiro. Em última estância, a tradição colonial era um fardo, pois de lá provinham as “raças inferiores” e a pesada herança escravocrata.
Euclides da Cunha (1866 – 1909) e o Brasil de Canudos
Autor de Os Sertões, de 1902, obra em que apresenta a realidade social do interior do país, em grande parte desconhecida pela consciência intelectual brasileira, republicana, racista e positivista.
Ao relatar a guerra de Canudos no sertão da Bahia em 1897, apresenta o sertanejo como homem antes de tudo forte no contexto de um meio ambiente natural e político-social gravemente hostil, quando esta era uma surpreendente novidade para uma intelectualidade que a época justificava o atraso cultural do país pelos maus costumes coloniais da mestiçagem.
Os intérpretes do Brasil do Século XX
Resumo do conteúdo
A heterogeneidade presente na formação (étnica, cultural, social);
Conceito de “nação”;
As várias tentativas de se pensar uma identidade cultural para a nação brasileira;
Principais intérpretes do Brasil no século XX.
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