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ANDERSON, Perry – Balanço do neoliberalismo

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Universidade de Brasília
Departamento de Economia
Disciplina: História Econômica Geral – HEG
Docente: Michele Cristina Silva Melo
Discente: Verônica Louzeiro Castro Pereira
Matrícula: 15/0150652
Resenha: ANDERSON, Perry – Balanço do neoliberalismo (In SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.) Pós-neoliberalismo:as políticas sociais e o Estado Democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 9-23.)
	
	O mencionado artigo de Anderson tem por objetivo fazer uma análise do fenômeno econômico e político que dominou o sistema capitalista a partir dos anos 70, o chamado neoliberalismo. Partindo de uma reconstrução histórica da sua base teórica, o autor também conceitua seus princípios e objetivos, a fim de realizar um exame das experiências em que o neoliberalismo foi aplicado, para constatar se na prática os postulados teóricos do economista austríaco Friedrich Hayek e de seus simpatizantes se cumpriram com sucesso nas economias em que foram aplicados. 
	É importante ressaltar que o neoliberalismo é portanto, um fenômeno diferenciado do liberalismo clássico e nasce como uma reação as políticas até então aplicadas nos países centrais do capitalismo. Assim o conceitua Anderson:
Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar. Seu texto de origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayek, escrito já em 1944. Trata-se de um ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciada como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política. (p. 1). 
	Hayek era contra o Estado de bem-estar e o keynesianismo até então vigentes no pós Segunda Guerra por crer que este destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, via na desigualdade um valor positivo e inevitável. Com a crise mundial de 1973, estes ideários passam então a adquirir importância. A crise é explicada pelos neoliberais como conseqüência do poder excessivo adquirido pelos sindicatos e pelo movimento operário que haviam dificultado a acumulação de capital nos últimos anos com reivindicações sobre salários e pressões sobre o Estado para que aumentassem gastos sociais. 
	Para os neoliberais portanto se via necessário sim um Estado forte, mas apenas para controlar os sindicatos e as mobilizações sociais, porém mínimo em gastos sociais e nas intervenções econômicas. A meta dos governos deveria ser a estabilidade monetária, através de reformas fiscais, aplicando-se então uma disciplina orçamentária que significava na prática contenção de gastos com bem-estar e a restauração da taxa "natural" de desemprego e reduzindo os impostos sobre os rendimentos mais altos e sobre rendas. (ANDERSON, p.2). A perspectiva era de retomada do crescimento econômico quando a estabilidade monetária e os incentivos estivessem restituídos. 
	O autor então trás um panorama das experiências de governos neoliberais que se seguiram a partir de 1979 com o governo de Margareth Thatcher na Inglaterra, dividindo-os em três ondas, temporais e territoriais, a primeira nos países centrais do capitalismo, com Thatcher, Regan em 1980 nos Estados Unidos e Kohl na Alemanha em 1982. A partir da década de 90, frente a nova recessão , o neoliberalismo se espalha por outras localidades, principalmente pelos países que formavam o antigo bloco soviético. A terceira onda que é referida é a que vai atingir os países da América Latina.
	Analisando o que fizeram na prática os governos neoliberais , desde os mais puristas e duros como o de Thatcher:
[...] que contraíram a emissão monetária, elevaram as taxas de juros, baixaram drasticamente os impostos sobre os rendimentos altos, aboliram controles sobre os fluxos financeiros, criaram níveis de desemprego massivos, aplastaram greves, impuseram uma nova legislação anti-sindical e cortaram gastos sociais. E, finalmente – esta foi uma medida surpreendentemente tardia –, se lançaram num amplo programa de privatização, começando por habitação pública e passando em seguida a indústrias básicas. (p. 3).
	O autor analisa se o neoliberalismo atingiu seus alvos e com dados e pesquisa embasada conclui que, o principal objetivo da década de 70, que era diminuir as taxas de inflação obteve êxito, assim como as taxas de lucros que durante certo período cresceram. Da mesma forma, as taxas de desemprego aumentaram e o poder dos sindicatos foi minado. E é inegável também que o neoliberalismo obteve um ganho maior ainda no campo ideológico, sendo difundido e praticado no mundo todo até por governos ditos de esquerda.
	Porém, as taxas de crescimento e investimento das economias não atingiram resultados tão satisfatórios. Além disso, o programa neoliberal criou condições para um advento gigantesco das inversões especulativas, desde a década de 80 aconteceu uma verdadeira explosão dos mercados de câmbio internacionais, cujas transações, puramente monetárias, acabaram por diminuir o comércio mundial de mercadorias reais. O peso de operações puramente parasitárias teve um incremento vertiginoso nestes anos. (ANDERSON, p.7). 
	O artigo portanto cumpre bem sua proposta de fazer um balanço do que foi o neoliberalismo durante seus primeiros anos, pois apesar de declaradamente marxista, Anderson exerce seu papel de teórico e analista, diante de uma pesquisa embasada e um texto coerente, sem demonstrações de preferências ideológicas e apesar de haver uma restrição temporal, pois se trata de um texto da década de 90 e é sabido que o neoliberalismo seguiu e segue com grande fôlego, o texto não é datado e constitui um material completo e de fácil acesso para todos, não só os acostumados com linguagem econômica, para entender este fenômeno político-ideológico que persiste e tem influência direta tanto no sentido estrutural de toda a sociedade capitalista como na vida dos indivíduos, chamando a atenção também que a constitui tarefa para os seus opositores oferecer outras possibilidades.

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