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isabel d aragao a rainha santa de autor desconhecido

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Prévia do material em texto

The Project Gutenberg EBook of Isabel d'Aragão a Rainha Santa, by 
Anonymous 
 
This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with 
almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or 
re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included 
with this eBook or online at www.gutenberg.net 
 
 
Title: Isabel d'Aragão a Rainha Santa 
 Historia sucinta da sua vida, morte e excelsas virtudes 
 
Author: Anonymous 
 
Release Date: February 19, 2011 [EBook #35324] 
 
Language: Portuguese 
 
Character set encoding: ISO-8859-1 
 
*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ISABEL D'ARAGÃO A RAINHA 
SANTA *** 
 
 
 
 
Produced by Pedro Saborano 
 
 
 
 
 
 
ISABEL D'ARAGÃO 
A 
RAINHA SANTA 
——— 
HISTORIA SUCINTA DA SUA VIDA, MORTE E EXCELSAS 
VIRTUDES 
——— 
DEDICADA AOS FIEIS 
 
 
 
COIMBRA 
GRAFICA CONIMBRICENSE, LIMITADA 
— 
1921 
 
ISABEL D'ARAGÃO 
A 
RAINHA SANTA 
——— 
HISTORIA SUCINTA DA SUA VIDA, MORTE E EXCELSAS 
VIRTUDES 
——— 
DEDICADA AOS FIEIS 
 
 
 
COIMBRA 
GRAFICA CONIMBRICENSE, LIMITADA 
— 
1921 
 
 {3} 
 
PRÓLOGO 
Muito se tem escrito ácerca da vida da excelsa e virtuosissima D. Isabel d'Aragão, 
Esposa d'el-rei D. Dinís; mas impunha-se ha muito a publicação dum folheto, como 
este, que sendo conciso na sua descrição não deixasse de relatar os factos que mais 
distinguiram Aquela que a cidade de Coimbra escolheu para sua Augusta Padroeira e 
Protectora. 
O que o autor deste folheto teve em vista foi facultar aos fieis, com grande economia de 
preço, um livrinho de leitura facil e corrente, ao alcance de todos, onde a historia 
sagrada da Rainha Santa possa deixar bem arreigada no espirito dos crentes a obra 
sublime, verdadeiramente maravilhosa, que lhe concedeu logar na côrte celestial. 
As notas que colhemos foram, principalmente, extraídas do monumental trabalho de 
investigação historica do Ex.o Sr. Dr. Antonio Garcia Ribeiro de Vasconcelos, na sua 
tão apreciada obra D. Isabel d' Aragão.{4} 
* 
* * 
A fama de santidade da Rainha Santa Isabel estende-se por todo Portugal e por muitas 
terras de Hespanha. Em Coimbra, porém, é tão grande que em parte alguma do nosso 
país se realizam festas tão pomposas em honra dum santo, como nesta cidade, onde 
concorrem para mais de 50:000 pessoas por essa ocasião. 
É nos momentos de luta pela adversidade da vida que os conimbricenses, 
principalmente, recorrem á protecção da Rainha Santa na sua fervorosa suplica, e se 
nem sempre logram alcançar a satisfação das suas preces, é já poderoso linitivo para a 
sua dôr a lembrança de que Ela nunca desamparou os infelizes com a sua divina graça. 
Isabel d'Aragão tendo sido um grande exemplo de virtudes, deu tambem uma prova bem 
frisante do seu amor a Coimbra, determinando em seu testamento que o seu corpo 
sagrado repousasse no mosteiro de Santa Clara desta cidade, onde Ela esteve clausurada 
e donde foi trasladado o seu corpo para o novo mosteiro do mesmo nome. 
É, pois, pouco quanto façam os conimbricenses em honra da memoria sagrada da Sua 
excelsa Padroeira.{5} 
CAPITULO I 
Nascimento da Rainha Santa 
Da côrte de Aragão ao Trono de Portugal 
A Rainha Santa Isabel, que Coimbra se ufana de ter como desvelada Protectora e 
valiosa Padroeira, nasceu na cidade de Saragoça (Espanha), no ano de 1271. 
Filha do Principe real D. Pedro de Aragão e de sua esposa D. Constança, o seu 
nascimento foi desde logo iluminado pela graça divina, pois que seu avô, El-rei D. 
Jaime, que até aí vivia em grande discordia com D. Pedro de Aragão, imediatamente se 
congraçou com este, passando ambos a viver na mais doce harmonia. 
Assim demonstrou Deus aos homens que esta menina estava reservada a ser na terra a 
medianeira da paz, o Anjo predestinado a estabelecer a harmonia e a concordia entre os 
desavindos, facto que mais tarde, quando Rainha de Portugal, se verificou nas diversas 
desavenças entre seu esposo El-rei D. Dinís e seu filho D. Afonso IV. 
A Rainha Santa Isabel foi, como já dissemos, aureolada desde o seu nascimento pela 
graça do Senhor. As suas preciosas virtudes bem cedo se revelaram, crescendo nela com 
a idade a fama que tanto a impôs á consideração de todas as côrtes da Europa, facto que 
despertou em bastantes principes o desejo de possuirem como esposa tão excelsa 
senhora.{6} 
Foi á côrte de Portugal, felizmente, que coube a suprema ventura de ser a preferida entre 
todas as outras, merecendo El-rei D. Dinís a gloria de ter como consorte um tesouro de 
tantas virtudes e de tão preciosos encantos. 
* 
* * 
O casamento de D. Dinís com D. Isabel celebrou-se por procuração na antiga cidade de 
Barcelona, tendo lugar este acto no dia 11 de Fevereiro de 1282 e contando a futura 
Rainha de Portugal apenas 11 anos de idade. Êste auspicioso enlace constituiu um 
motivo de grande regosijo para todos os portugueses, antevendo estes os enormes 
beneficios deste casamento, o qual foi muito festejado e aclamado em todo o país com 
demonstrações de grande alegria e verdadeira satisfação. 
A saída de D. Isabel para Portugal causou a seus pais grandes tristesas, custando-lhes 
imenso essa separação pelas profundas saudades que D. Isabel deixava em todos os 
corações que muito a estremeciam. 
De Espanha até Coimbra foi a excelsa Rainha delirantemente aclamada por todo o povo 
que acorria á sua passagem, salientando-se mais essas carinhosas manifestações na 
antiga vila de Trancoso, onde, no dia 24 de Junho de 1282, no templo de S. Bartolomeu, 
se celebraram com toda a pompa as bençãos nupciais. 
Em Coimbra, onde a esse tempo residia a côrte juntamente com a principal nobresa do 
reino, as manifestações de contentamento e alegria pela chegada dos régios nubentes, 
atingiram o mais delirante entusiasmo, conquistando logo a Rainha D. Isabel a simpatia 
e o amor dum povo que, mais tarde, havia de herdar o seu mais precioso tesouro—o 
sagrado corpo que todos{7} hoje veneramos—e que esta cidade conserva com a mais 
desvelada e respeitosa devoção. 
As manifestações de regosijo com que a cidade recebeu os régios consortes foram, pois, 
verdadeiramente grandiosas, vestindo a cidade as suas melhores galas para bem lhes 
significar o contentamento de que se achava possuida por motivo daquele enlace, cujos 
efeitos tanto se evidenciaram na vida da nação portuguesa, e de que Coimbra 
comparticipou em larga escala pelos benéficos actos de caridade que a Santa Rainha 
espalhou por toda a parte. 
Foi nesta cidade, principalmente, que D. Isabel de Aragão manifestou mais claramente a 
pureza da sua alma. Os actos de caridade que praticou, os socorros por ela prestados á 
indigencia, aos órfãos, ás viúvas e ás donzelas abandonadas, foram os primeiros lavores 
que lhe teceram a sua coroa de gloria; a fundação de asilos, de albergues e de hospitais, 
que a sua magnificencia sustentou e onde se recolhia uma legião de infelizes, originou, 
sem duvida, a fama de santidade que bem cedo a distinguiu e que, mais tarde, a 25 de 
Maio de 1625, dia da Santíssima Trindade, a Igreja confirmou, englobando-a no numero 
dos eleitos do Senhor. 
CAPITULO II 
Actos de Caridade 
Se durante a vida de El-rei D. Dinís a acção da Rainha Santa foi um constante 
manancial de actos virtuosos, a partir do momento da sua viuvês, a sua acção tornou-se 
verdadeiramente exemplar.{8} 
O numero de factos que desde então assinalam tão gloriosa existencia na terra, mais e 
mais fazem arreigar na alma do povo a convicção dos designios de Deus por Ela tão 
santamente interpretados. 
Sem todavia esquecer os deveres de Rainha, que lhe absorviam uma grande parte dos 
seus cuidados, e não poucas vezes foram motivo de profundos desgostos, D. Isabel de 
Aragão cinge livremente o hábito de freira Clarista evolvendo os olhos piedosos para 
um mais largo horisonte, consagra-se completamente a obras de caridade, fundando e 
auxiliando hospicios e asilos, nos quais se albergam, sob a sua protecção, muitas 
infelizes que se regeneraram pelos seus conselhos e alcançaram na terra a felicidade que 
só sabem gosar as almas puras e simples. 
Querendo encaminhar-se pela estrada luminosa que da terra se eleva até Deus, um dos 
seus primeiros cuidados, ao ver-se cingida pela roupagem da viuvês, foi trocar os 
faustos das glorias terrenas pela humildade da clausura a que, como já dissemos, 
livremente se sujeitou. 
* 
* * 
Junto dos seus Paços riais corriam vagarosamente as obras para a fundação do Convento 
de Santa Clara, obras que prometiam eternizar-se por demandas entre os frades Cruzios 
e D. Maior Dias, fundadora daquele convento, e que certamente ficariam incompletas se 
não fosse o auxilio e protecção que a Rainha Santa dispensou para a sua rapida 
conclusão. 
Uma vez concluido, cuidou logo a Rainha Santa em fundar junto deste convento um 
asilo para órfãos e para a pobresa envergonhada, chamando para junto de{9} si algumas 
amas de leite com o encargo de alimentarem as crianças desvalidas! 
A maior parte do seu tempo tinha-o a Rainha Santa distribuido por forma a satisfazer os 
seus deveres de Rainha e cristã; o restante empregava-o no ministerio da caridade 
visitando os asilados, a quem não só consolava com a sua palavra, mas muitas vezes 
servia de carinhosa enfermeira curando as chagas que lhes corroiam o corpo. 
Nesta e em muitas outras obras de verdadeira abnegação dispendia a Rainha Santa quasi 
toda a sua fortuna. Com o auxilio de Deus, a quem firmemente procurava engrandecer 
com os merecimentos das suas preciosas virtudes, nunca a Rainha Santa lutou com 
dificuldades para se desempenhar da sua nobre missão. Os proventos de que dispunha 
parece que tinham o condão de se multiplicar e, se algumas vezes houve em que o seu 
socorro tinha de fazer face a maiores calamidades, então eram as Rosas que, adquirindo 
a forma de oiro reluzente, premiavam os seus actos de caridade e satisfaziam os 
encargos adquiridos para garantir o pão aos famintos! 
Da sua vida, tão brilhantemente documentada na preciosa obra de S. Ex.ª o sr. Dr. 
Antonio Garcia Ribeiro de Vasconcelos, erudito professor da Universidade de 
Coimbra[1], constam muitos e importantes factos da vida gloriosa da Rainha Santa, 
traduzidos todos eles nos mais altos beneficios em favor dos desprotegidos.{10} 
CAPITULO III 
Morte da Rainha Santa 
Em Junho de 1336 teve a Rainha Santa conhecimento de que seu filho D. Afonso IV e 
seu neto D. Afonso XI, rei de Castela, se haviam indisposto por motivo de graves 
acontecimentos, tendo-se declarado a guerra entre aqueles dois poderosos monarcas. 
Quando a Rainha Santa soube de tal resolução imediatamente se resolveu a partir para 
Estremoz, lugar onde a esse tempo estava seu filho acompanhado de toda a Côrte. 
Êste propósito foi prudentemente combatido pelos medicos da Rainha Santa, os quais, 
temendo mais o excesso do calor e a fadiga dessa longa viagem do que a idade da 
virtuosa Senhora, se apressaram a demovê-la dessa resolução. Inuteis rogos e 
infrutiferas tentativas! A Rainha Santa, despresando esses bons conselhos e animada 
sómente em restabelecer a paz entre os reis desavindos—filho e neto—, parte 
apressadamente de Coimbra, caminhando sob um sol abrasador, e chega finalmente 
junto das fortalezas de Estremoz, abatida e fatigada, mas cheia de animo para cumprir a 
sua carinhosa missão. 
Logo que a sua chegada é conhecida no acampamento de D. Afonso IV, imediatamente 
se suspendem as hostilidades e todos se abeiram do leito da Rainha Santa para lhe 
prodigalizarem os cuidados que a sua melindrosa saude exigia. 
Baldados esforços porque o mal agravava-se de momento para momento. Uma pústula 
que rapidamente{11} lhe apareceu num braço tornou mais melindroso o seu estado e, 
no dia 4 de Julho, manhã cedo, a Rainha Santa declarou que queria receber os ultimos 
Sacramentos. Na tarde desse mesmo dia as forças principiaram a faltar-lhe, a Rainha 
Santa vê que é chegada a sua ultima hora, e erguendo o pensamento até ao Ceu, 
encarrega a Mãe de Deus de lhe receber a alma, pronunciando com toda a suavidade 
estes versos do hino eclesiastico: 
Mãe de graças e Misericordia 
Maria piedosa e forte: 
Livra a minha alma, recebe-a 
Na hora da minha morte. 
A seguir recita com visivel comoção algumas orações; os olhos fecham-se lentamente, o 
peito deixa de arfar, e todos os presentes, estupefactos ante aquele quadro tão 
emocionante, compreendem que a alma pura da Rainha Santa, solta do seu veneravel 
corpo, subia aos céus a receber o premio das suas virtudes, descançando para sempre na 
paz do Senhor, onde eternamente gosará a bemaventurança com que Deus premeia os 
seus eleitos. 
* 
* * 
É, pois, no reino celestial que a nossa Santa Protectora está recebendo o premio das suas 
boas acções e dos seus constantes trabalhos. Ali, no seio de Deus, junto da Virgem 
Santissima, intercede pelo seu povo, por aqueles que a ela recorrem com a alma 
angustiada pelas dôres humanas, e que jamais esquecem o seu nome para lhe tributar as 
homenagens do seu reconhecimento. Essas homenagens concretizam-se no culto{12} 
fervoroso de todos os portugueses pela Santa Rainha e, mui especialmente, do povo de 
Coimbra que por Ela nutre o maior respeito e a mais significativa devoção. 
CAPITULO IV 
Trasladações 
I 
Logo que a Rainha Santa entregou a sua alma a Deus, o primeiro cuidado da côrte foi 
escolher local para depositar o corpo de tão excelsa Senhora, opinando uns para que 
fôsse sepultado no Convento dos Franciscanos, em Estremoz, e outros para que fôsse 
trasladado para a Sé de Evora, a cidade mais proxima daquela terra. Por conselho de El-
rei procurou-se o testamento de D. Isabel e vendo-se por ele que a Rainha Santa queria 
ser sepultada em Coimbra, na Igreja de Santa Clara, foi respeitada esta vontade, dando-
se logo ordens para se pôr em pratica o desejo ali expresso. 
Apezar das opiniões em contrario, prevaleceram as determinações de El-rei. 
O prestito funebre saiu de Estremoz na tarde do dia 5 de julho e, em marchas 
apressadas, chegou a Coimbra no dia 11 do mesmo mês, tendo atravessado tão longo 
percurso debaixo dum sol abrazador. 
As inumeras pessoas que constituiam o prestito funebre foram tomadas de verdadeiro 
espanto quando, ao 3.º dia de viagem, notaram que o ataúde onde vinha o corpo de 
Santa Isabel principiava de abrir algumas fendas, escorrendo por entre elas um liquido 
que todos supozeram ser proveniente da decomposição do cadaver.{13} 
Mas, feliz engano! Esse liquido, longe de exalar qualquer cheiro desagradavel, antes era 
ameno e consolador, espalhando no espaço um tal aroma que aqueles que a principio se 
sentiam inquietos e desconfiados, logo se aproximaram do ataúde, louvando o Senhor 
por esta manifestação da sua omnipotencia. 
Quando o cortejo chegou a Coimbra deram-se então scenas comovedoras e lancinantes 
entre a população citadina. Todos á porfia queriam beijar o ataúde onde vinha a sua 
Protectora, a sua desvelada Bemfeitora, ouvindo-se choros de verdadeiro 
compungimento pela morte da virtuosa Rainha, cujo passado tinha sido um manancial 
de graças e bondade! 
Quando o ataúde deu entrada na igreja de Santa Clara muita gente supôs que o corpo da 
Rainha Santa seria exposto à veneração do publico. Tal se não deu; no dia seguinte, 12 
de Julho, é que se celebraram os oficios divinos por alma de D. Isabel, sendo estes actos 
revestidos de toda a solenidade e com a assistencia de alguns Prelados, Professores da 
Universidade, Rei, Cabido e muitos religiosos das diversas ordens. 
Logo que eles terminaram, foi o ataúde transportado para uma capela que a Rainha 
Santa havia mandado edificar ao fundo daIgreja e na qual estava o tumulo de pedra que 
em sua vida também mandara construir (fig. 1). 
Foi dentro dêste precioso moimento de pedra, ricamente cinzelado, que se colocou o 
ataúde tal qual veiu de Estremoz, envolvido numa pele de boi e com um pano de 
brocado repregado por cima. 
Sobre o ataúde colocaram o bordão de peregrina e uma bolsa que o arcebispo de S. 
Tiago de Galiza ofereceu à Rainha Santa quando ela visitou esta cidade,{14} sendo em 
seguida fechado o tumulo com a pesada pedra que ainda hoje o cobre e na qual vemos 
representada a figura da Rainha Santa com habito de freira. 
Assim se conservou até ao dia 26 de Março de 1612, 276 anos depois da sua morte, dia 
em que foi aberto por consentimento do Sumo Pontifice. 
 
(Fig. 1) 
Esta cerimonia, que se tornou necessaria para se proceder ao processo de canonização 
de D. Isabel, foi presidida pelo Bispo de Coimbra D. Afonso de Castelo Branco, e tendo 
como assistentes D. Martim Afonso, Bispo de Leiria, Dr. Francisco Vaz Pinto, dois 
medicos, um cirurgião e algumas testemunhas a quem foi confiado o encargo de 
examinarem os restos mortais da Rainha Santa. 
Pedimos licença para trasladar para aqui o relato que sobre esta cerimónia encontramos 
no autorizado{15} livrinho—Historia Popular da Rainha Santa Isabel—Protectora de 
Coimbra......... 
«Subindo à capela superior, onde estava o tumulo, e analisando-o com todo o cuidado 
por fóra, acharam-no exactamente como havia ficado 276 anos antes, quando sobre ele 
se colocara a tampa, depois de introduzido o ataúde que encerrava o corpo. Apenas a 
piedade dos fieis o havia rodeado de demonstrações da fé e amor que os prendia Áquela 
cujos restos ali estavam encerrados. 
«Ninguem sabia se o tumulo continha sómente os ossos da santa Esposa de D. Dinís, se 
mais alguma cousa que ainda restasse do corpo e mortalhas; por isso todos estavam 
anciosos por que o tumulo se abrisse. 
«Retirada a pedra, encontrou-se a bolsa e o bordão de peregrina, que foram pelo bispo-
conde entregues à guarda das religiosas. 
«O ataúde ainda se achava envolvido em restos da pele de boi e da tela vermelha que 
havia sido repregada por cima. 
«Com dificuldade se despregou a taboa superior do ataúde, cortaram-se à tesoura os 
numerosos envoltorios em que a santa Rainha fora amortalhada em Extremoz, antes de 
ser metida no caixão, os quais, se encontraram com admiração de todos, em perfeito 
estado de conservação, como se ali tivessem sido colocados pouco antes. 
«Por fim descobriu-se o rosto, peito e braço direito da nossa excelsa Protectora. Todos 
cairam de joelhos, estupefactos pelo grande milagre que viam! 
«O corpo achava-se inteiro e incorrupto, branco como se fosse de cera, a cabeça coberta 
de louros cabelos,{16} perfeitamente seguros na pele, a boca e olhos fechados e bem 
compostos, tendo impresso na fisionomia o cunho da bondade e majestade que haviam 
sido apanagio da Rainha Santa. Vestia o habito de estamenha das freiras de santa Clara, 
e um pano branco de linho envolvia-lhe a cabeça. Do ataúde saia aroma suave. 
«Á vista de tal milagre as religiosas cantaram o hino do velho Simeão, dizendo: Agora, 
Senhor, já podeis deixar-nos morrer em paz, porque os nossos olhos viram as grandes 
maravilhas do vosso poder. 
«Feito pelos medicos e cirurgião o exame minucioso que se lhes pedia, concertaram-se 
de novo as mortalhas, o tumulo fechou-se, e de tudo se lavrou o auto competente». 
II 
Com o decorrer do tempo e as sucessivas enchentes do rio Mondego muito grave se 
tornou a vida monástica no convento fundado pela Rainha Santa. Como as invernias 
ameaçassem sepultar nas areias daquele rio as paredes do convento, as religiosas 
reciavam, e com razão, ficar sepultadas sob os seus escombros, perdendo-se neles todas 
as preciosidades que enriqueciam a Igreja e entre as quais devemos destacar o precioso 
corpo da Rainha Santa. 
Em vista, pois, dos graves e constantes perigos a que estava sujeita a comunidade do 
velho mosteiro, dignou-se El-rei D. João IV ouvir os rogos das religiosas claristas e 
mandou erigir no monte da Senhora da Esperança um novo convento para sua 
habitação. 
As obras deste grandioso edificio, que se prolongaram durante muito tempo, foram 
iniciadas no dia 5 de julho de 1649 e só no dia 29 de Outubro de 1677,{17} 28 anos 
depois, êle estava apto a receber as referidas religiosas. 
Por ordem do Principe regente D. Pedro, 2.º filho de D. João IV, procedeu-se no dia 27 
de Outubro daquele ano á abertura do túmulo da Rainha Santa, assistindo a este acto 
alguns representantes da Côrte, 8 Bispos. Professores da Universidade e muitos 
religiosos das diversas ordens de Coimbra. Como se verificasse que o caixão que 
guardava o corpo da Rainha Santa estava um tanto deteriorado, logo se procedeu á 
construção dum outro que o substituisse e para o qual foi mudado o corpo da veneranda 
Padroeira de Coimbra. Durante esta operação quiz o acaso que se soltassem algumas 
pregas das roupagens que envolviam os despojos de Santa Isabel, podendo assim todos 
os presentes ver a mão direita desta virtuosa Rainha, alva como a neve, e em tão perfeito 
estado de conservação que logo provocou o natural e piedoso desejo de ser osculada, 
como o foi com efeito, por todos aqueles que tiveram a suprema felicidade de ali estar 
reunidos. 
Duraram os preparativos da trasladação para o novo convento ainda 2 dias e, em 29 de 
Outubro, foi a Rainha Santa para ali conduzida procissionalmente, acompanhada de 
muitos milhares de pessoas, e tendo de atravessar por entre duas alas compactas de povo 
que se estendiam até ao novo convento. 
Como a essa data não estivesse ainda concluida a Igreja que hoje admiramos, foi o 
corpo da Rainha Santa conduzido para uma pequena sala existente ao fundo do côro, 
colocando-se então no precioso e riquíssimo túmulo de prata (fig. 2) que D. Afonso de 
Castelo Branco, um dos mais notaveis Prelados desta diocese, mandara fabricar, e no 
qual ainda hoje se guarda o{18} precioso tesouro que Coimbra venera com o maior 
respeito e o mais devotado amor! 
* 
* * 
Concluida que foi a Igreja de Santa Clara, procedeu-se no dia 3 de julho de 1696 a nova 
trasladação da Rainha Santa para a tribuna da Capela-mór, lugar em que esteve durante 
muitos anos e donde teve de mudar-se por causa da invasão dos francêses. 
 
(Fig. 2) 
No dia 1 de Outubro de 1810 tiveram as freiras conhecimento de que os soldados de 
Massena, enfurecidos com a derrota que tiveram no Bussaco dias antes, vinham a 
caminho de Coimbra. Sabedoras do pouco respeito que aos soldados franceses 
mereciam as preciosidades do nosso país, apressaram-se elas em esconder as melhores 
alfaias do Convento e, apressadamente, retiraram tambem do seu lugar o tumulo da 
Rainha Santa, o objecto da sua mais estremecida estima, indo ocultá-lo numa cela do 
dormitorio, a última do lado esquerdo, onde dois pedreiros de absoluta confiança o{19} 
entaiparam sob um arco que engenhosamente foi disfarçado com uma cortina de 
alvenaria. 
Aí se conservou o tumulo da Rainha Santa até ao ano de 1814, data em que se 
estabeleceu a paz geral, sendo então novamente mudado para o seu lugar com grande 
regosijo das freiras claristas e ainda mais do povo de Coimbra que anciosamente 
desejava acercar-se do tumulo da sua desvelada Protectora, da sua excelsa Padroeira. 
* 
* * 
Infelizmente não pararam aqui as mudanças a que esteve sujeito o túmulo da Rainha 
Santa. 
Quando em 1852 D. Miguel visitou esta cidade, resolveram as freiras, certamente no 
proposito de ver tambem a Rainha Santa, mudar o seu tumulo para o côro superior da 
Igreja. Com efeito, no dia 21 de Outubro daquele ano, foi D. Miguel a Santa Clara e aí, 
na presença das pessoas do seu séquito, foi aberto o caixão onde está o corpo da excelsa 
Rainha, esposa de D. Dinís. 
Para o mesmo efeito foi ainda o tumulo daRainha Santa mudado no ano de 1852, por 
ocasião da visita de D. Maria II a Coimbra, e em 1860 quando aqui esteve El-rei D. 
Pedro V. De então até 1912 conservou-se sempre o tumulo da Rainha Santa no referido 
côro. 
Como a esta data o convento de Santa Clara não tivesse já quem zelosamente pudesse 
cuidar do tumulo da Rainha Santa, e porque o local onde êle estava não oferecia as 
necessarias condições de segurança, podendo facilmente ser violado por aqueles que 
vieram estabelecer residencia neste convento, praticando talvez um desacato que ferisse 
profundamente as crenças dos devotos da Rainha Santa, conseguiu a Mesa desta 
Confraria que o{20} tumulo fôsse mudado para o lugar que lhe era mais proprio, a 
tribuna da Capela-mór da Igreja, lugar onde agora se conserva e, segundo cremos, se 
conservará definitivamente. Porque esta mudança se deu em nossos dias, podemos aqui 
reproduzir com toda a fidelidade a forma como ela decorreu, louvando nós o Senhor por 
nos dar ocasião de presenciar tão emocionante como piedoso acto, cuja descrição 
respigamos dum jornal desta terra[2]. 
«Do côro superior da Igreja de Santa Clara, foi no domingo trasladado para a tribuna da 
Capela-mor da mesma Igreja, o riquíssimo túmulo de prata e a respectiva urna que 
encerram o venerando corpo da Rainha Santa. 
«Esta trasladação, sem dúvida motivada pelos rumores que corriam nesta cidade, 
rumores estes em que se salientavam até actos menos respeitosos, fez-se com a possível 
reserva afim de evitar aglomerações nada convenientes ao bom êxito da trasladação. 
«Ainda assim, o número de pessoas que se reuniu no templo de Santa Clara, na ância de 
assistir a tão piedoso acto, foi elevado, vendo-se ali representadas muitas das principais 
famílias de Coimbra. 
«Perto das 5 horas da tarde, quando estavam concluídos os preparativos para a 
deslocação do túmulo, a entrada no côro foi rigorosamente interceptada, ficando ali 
apenas, além do pessoal necessário para a trasladação, os srs. Francisco José da Costa e 
Antonio Augusto Lourenço, da Mesa da Rainha Santa; Francisco Nazaré,{21} Joaquim 
Rasteiro Fontes, Custódio José da Costa, Adriano Ferreira Rocha e João Ribeiro 
Arrobas, os quais foram convidados a examinar as fitas lacradas que ligavam a tampa 
do túmulo. 
«Verificada a sua inviolabilidade, foram quebradas as fitas e retirada de dentro do 
túmulo a urna em que repousa Santa Isabel. Esta operação, é bom frisá-la, foi feita com 
o maior respeito e o seu bom exito, deve-se, sem duvida, aos srs. Antonio Augusto 
Gonçalves e Antonio Viana que, mui sensatamente, dirigiram os trabalhos da 
trasladação. 
«No momento em que ia conduzir-se para a tribuna da Igreja o caixão em que se encerra 
o corpo da Rainha Santa, uma comissão de senhoras obteve do sr. Antonio Augusto 
Gonçalves permissão para conduzir a urna, sendo pois esta transportada pelas seguintes: 
D. Maria do Carmo Joice Dinís, D. Maria de Gusmão Galvão, D. Elvira Refoios de 
Matos, D. Maria José Joice Dinís, D. Maria Amelia Carneiro de Sousa Pires, D. Isabel 
de Sousa Coutinho (Linhares), D. Tafones Roxanes de Carvalho, D. Maria do Carmo 
Forjaz, D. Maria do Ceu Pinto e D. Matilde de Matos Mancelos Aragão. 
«Logo que a urna deu entrada na Capela-mór, as inúmeras pessoas que ali a aguardavam 
prostraram-se respeitosamente na mais viva e sincera contemplação, vendo-se em 
muitos olhos o deslisar de lagrimas constantes. É que dentro daquele ataúde está em 
repouso não só o corpo duma Mulher nobre por excelência e virtuosa e santa pelos 
rasgos generosos da sua candida alma, mas, o que é mais, por estar ali concentrada a fé 
ardente e sincera de milhares de crentes que nos transes dolorosos da sua atribulada 
existencia envolvem nas suas fervorosas preces o nome da Rainha Santa{22} como um 
balsamo consolador para as suas misérias e para as suas desditas. 
«Por isso as pessoas que ali se reuniram para assistir à passagem da Rainha Santa, 
viveram bem felizes aquele rapido momento da existencia. A noite, porém, ia 
avançando e era forçoso pôr termo aos trabalhos da trasladação, colocando-se no local 
designado o ataúde da Rainha Santa. 
«Feito este serviço o povo começou a retirar-se, louvando a nobre ideia de trasladar para 
a Igreja a santa querida que passou a vida na senda do bem, espalhando por toda a parte 
o perfume das suas rosas, que são aquelas que lhe engrinaldam o nome querido e ainda 
hoje digno de todo o respeito.» 
CAPITULO V 
Aberturas do túmulo e caixão da Rainha Santa 
Por ser muito curiosa, damos neste lugar a noticia das vezes que tem sido aberto o 
túmulo e caixão da Rainha Santa. 
A notícia descritiva dêsses actos tão solenes, extraímo-la da notável obra do Exmo. Sr. 
Dr. Antonio Ribeiro de Vasconcelos—D. Isabel de Aragão—, primoroso trabalho que 
S. Ex.ª publicou em 1894, e que é bem um autentico testemunho das suas altas 
qualidades de escritor erudito e consciencioso. 
I.—Segunda feira, 26 de março de 1612. 
II.—Quarta feira, 27 de outubro de 1677. 
III.—Domingo, 11 de janeiro de 1695, na capela que provisoriamente serviu de Igreja 
em o novo Mosteiro.{23} 
IV.—Segunda-feira, 2 de julho de 1696, ás 8 horas-da manhã. 
V.—No mesmo dia, horas depois, nova abertura pelas freiras do convento, por estas não 
terem assistido como desejavam à primeira cerimónia. 
VI.—No dia 4 do mesmo mês e ano foi novamente aberto o tumulo por se desconfiar 
que as freiras, num excesso do seu amor para com a Rainha Santa, se tivessem 
apropriado de algumas reliquias ou mesmo furtado o seu corpo ocultando-o em sítio só 
por elas conhecido. 
VII.—Segunda feira, 9 de agosto, foi o tumulo aberto na presença de D. Pedro II. 
VIII.—Domingo, 29 do mesmo mês e ano, na presença de D. Carlos, Arquiduque da 
Austria. 
IX.—Domingo, 21 de outubro de 1832, na presença de D. Miguel e das Infantas D. 
Isabel Maria e D. Maria de Assunção. 
X.—Domingo, 25 de abril de 1852, na presença de D. Maria II, de El-rei D. Fernando 
seu esposo, do Principe real D. Pedro e do Infante D. Luís. 
XI.—Quinta feira, 17 de junho de 1852, para serem substituidas as vestes que 
amortalhavam a Rainha Santa por outras oferecidas por D. Maria II. 
XII.—Quinta feira, 29 de novembro de 1860, na presença de D. Pedro V e de seus 
irmãos D. Luís e D. João. 
XIII.—Quarta feira, 22 de outubro de 1862, na presença do Principe Humberto, depois 
Rei de Italia, que foi hospede da nossa Universidade. 
XIV.—Quarta feira, 9 de dezembro de 1863, na presença de El-rei D. Luís e de sua 
esposa D. Maria Pia. 
XV.—Quarta feira, 21 de junho de 1865, na presença de D. Isabel Cristina, Princesa 
Imperial do Brasil e de seu esposo o Conde de Eu.{24} 
XVI.—Sabado, 4 de julho de 1868, na presença do Infante D. Augusto. 
XVII.—Segunda feira, 4 de março de 1872, na presença de D. Pedro II, Imperador do 
Brasil. 
XVIII.—Quarta feira, 14 de maio de 1875, na presença de El-rei D. Fernando, do 
Infante D. Augusto e da Condessa de Edla. 
XIX.—Terça feira, 24 de dezembro de 1889, na presença dos Imperadores do Brasil. 
XX.—Sabado, 25 de julho de 1892, na presença de El-rei D. Carlos, D. Amelia e do 
Principe D. Luís Filipe. 
* 
* * 
Finalmente, no dia 28 de março de 1912 procedeu-se a nova e ultima abertura do ataude 
da Rainha Santa. 
Como decorreu este acto di-lo uma das testemunhas que a ele assistiram e que fielmente 
fez reproduzir na Gazeta de Coimbra de 30 de março de 1912. 
Como o número do jornal que publicou esta notícia foi rapidamente esgotado, embora a 
tiragem fosse muito aumentada, entendemos por bem reproduzir aqui o texto desse 
artigo: 
«Noticiámos ha dias a trasladação do túmulo com o corpo da Rainha Santa Isabel, do 
côro de cima do extinto convento de Santa Clara, onde estava indevidamente desde 
Novembro de 1860. Foi na quarta feira, 28 deste mês e ano, que as freiras claristas, a 
pretexto de irem no dia seguinteo rei D. Pedro V com seus irmãos D. Luís e D. João 
àquele mosteiro beijar a mão da Santa Rainha, e mais comodamente o poderem fazer no 
côro do convento de que na tribuna do altar-mór,{25} trasladaram o caixão com o 
corpo, e não mais o deixaram voltar para o seu sítio. 
«Entretanto é indiscutível que muito melhor se acha na bela tribuna, revestida de talha 
dourada, prepositadameníe feita para êle sobre o altar-mór, onde esteve exposto à 
veneração dos fieis durante 146 anos, desde a tarde de 5 de Julho de 1696, em que foi 
para ali transportado em soleníssima procissão pelos Bispos da Guarda, Lamego, 
Portalegre, Vizeu, Leiria e Miranda, sob a presidencia do Bispo-conde D. Fr. Alvaro de 
S. Boaventura, que oito dias antes, a 26 de Junho, havia sagrado a nova Igreja de Santa 
Clara. 
«Hoje damos aos nossos prezados leitores uma outra noticia, ainda respeitante ao 
mesmo assunto. 
«Espalhou-se, ha tempos em Coimbra, com bastante insistencia, o boato de que o 
túmulo da Rainha Santa havia sido violado; e embora se verificasse, quando ha dias se 
fez a trasladação, que os selos que o fechavam permaneciam intactos, é certo que 
recrudesceu depois disto o rumor de que o caixão transportado do côro para a Capela-
mór se encontrava vazio. Em face de tal boato, tornava-se necessária a verificação, 
abrindo-se o túmulo com devidas formalidades, antes da aposição de novos selos. 
«Foi êste acto que se realizou anteontem, quinta-feira, 28 do corrente, pelas 9 horas da 
manhã. 
«Achavam-se presentes apenas os srs.: conego José Dias d'Andrade, representando o sr. 
Bispo Conde; Antonio Augusto Gonçalves, presidente da Camara Municipal e director 
do museu Machado de Castro; dr. Joaquim Mendes dos Remedios, reitor da 
Universidade; dr. Antonio José Gonçalves Guimarães, professor da faculdade de 
sciencias: dr. Antonio Garcia Ribeiro de Vasconcelos,{26} presidente da Confraria da 
Rainha Santa Isabel; Francisco José da Costa, tesoureiro da mesma; Antonio Viana, fiel 
do museu Machado de Castro. 
«Principiou por ser presente um envólucro, devidamente lacrado e selado, no qual 
externamente se lia a declaração de que continha as chaves do caixão da Rainha Santa, 
que ali foram encerradas e seladas a 23 de julho de 1892, em seguida ao acto de ser 
fechado o tumulo, depois da visita que a ele fizeram naquele dia o rei, rainha e principe. 
Verificado que os sêlos estavam intactos, foi aberto o invólucro, e apareceram duas 
chaves, uma de prata e outra de ferro, ligadas por uma cadeia de prata. 
«Depois abriu-se o túmulo de prata, e tirou-se dele o caixão de madeira, forrado de rico 
brocado de seda e ouro, e com quatro belas fechaduras. Todos verificaram 
cuidadosamente que não acusava sinal algum de arrombamento; e em seguida, abertas 
as fechaduras e retirada a tampa, apareceu uma ostentosa colcha de brocado, igual ao 
que veste por dentro e por fora o caixão, sendo guarnecida de galão de ouro, e forrada 
de seda carmezim. Levantada esta cobertura, apareceu outra perfeitamente igual à 
primeira, e por baixo dela um veu transparente, através do qual se via nitidamente a mão 
da Santa Padroeira, e o habito de seda cinzenta que vestia o corpo. Cobrindo-lhe a 
cabeça havia um veu espesso de seda branca, sobre outro de fino linho, que lhe desciam 
até ao peito. 
«Levantaram-se sucessivamente todos estes véus, e observou-se minuciosamente a mão 
direita, o rosto e os dois pés, que estão descalsos e em perfeito estado de conservação. 
Não se levou mais longe o exame, por ser desnecessario.{27} 
«A mão da santa e virtuosíssima Esposa de D. Dinís foi beijada com piedoso fervor por 
aqueles dos presentes que tiveram essa devoção. 
«Terminado o acto de verificação foi fechado o caixão e encerrado no tumulo de prata, 
com aposição de seis sêlos. Depois selaram-se novamente as chaves, e lavrou-se o 
respectivo auto. 
«E assim ficou perfeitamente demonstrada a absoluta falsidade dos boatos que 
correram, e a que muita gente parecia dar crédito.» 
CAPITULO VI 
A Igreja de Santa Clara 
Esta Igreja fica situada numa vistosa colina fronteira á cidade, estando precedida dum 
espaçoso pátio quadrilongo, do qual se disfruta um dos mais belos e ricos panoramas de 
Coimbra. Á entrada deste pátio encontra-se ainda hoje uma forte corrente de ferro que 
servia para dar o direito de defesa aos criminosos perseguidos. 
O templo, que é de magnifica construção e de uma só nave, é fabricado no estilo 
romano; os retábulos dos seus altares são dignos de ser admirados, revelando-se neles a 
perfeição e gosto artistico que presidiu á sua execução. 
Ao fundo da Igreja, e aos lados da grade do côro, estão dois túmulos de pedra 
artisticamente ornados, tendo nos tampos figuras de mulheres jacentes. O do lado do 
Evangelho encerra os ossos da Infanta D. Isabel, filha de D. Afonso IV, falecida com 
pouco mais de 2{28} anos e o do lado da Epistola supõe-se conter os restos de D. 
Maria, filha de D. Pedro I e de D. Constança. 
Estes dois túmulos vieram tambem do velho convento de Santa Clara logo após a 
mudança da comunidade. 
Dentro do côro da Igreja, em lugar menos proprio por falta de luz, conserva-se ainda 
hoje o tumulo de pedra onde primitivamente esteve depositado o corpa da Rainha Santa, 
túmulo este que, segundo as melhores opiniões, ela mandara fabricar em vida. As suas 
faces laterais são guarnecidas de várias imagens e de onze estatuetas de freiras metidas 
em nichos de gracioso desenho. 
Sobre este túmulo vê-se estendida a figura da Rainha Santa envolta no hábito de freira 
clarista, sobraçando o bordão de peregrina, uma bolsa e um livro de orações. 
A cabeça da imagem, primorosamente esculturada, repousa num largo almofadão a 
coberto dum elegante baldaquino, sendo este ladeado por dois anjos em atitude de 
turificarem a Rainha Santa. 
Tanto este côro como o que lhe fica superior, eram adornados com riquíssimos altares 
de boa talha, muitos quadros de subido valor e bastantes imagens por quem as religiosas 
nutriam a mais piedosa devoção. 
Muitos destes preciosos objectos estão depositados no Museu Machado Castro, de 
Coimbra. 
Voltando á Igreja, onde se admira a preciosa estatua da Rainha Santa, essa delicada jóia 
que Teixeira Lopes delineou em momentos de feliz inspiração e perante a qual 
instintivamente se teem curvado tantos milhares de pessoas de todas as classes sociais, 
chamamos a atenção do leitor para os quadros que adornam a Capela-mór da Igreja, 
quasi todos referentes à vida da Rainha Santa, e recomendamos-lhe especialmente a 
sua{29} visita ao Museu de alfaias religiosas que a Confraria instituiu junto da Igreja e 
aonde se encontram algumas preciosidades de raro valor artístico. Êsse museu, que fica 
situado ao lado direito da Capela-mór, é precedido dum espaçoso corredor que serve de 
Galeria dos Irmãos Benemeritos. Ao fundo, noutra sala mais espaçosa, estão guardados 
os objectos de maior valor pertencentes á Confraria, figurando entre êles alguns que 
eram do uso da Rainha Santa. Neste precioso museu está exposto um colar de pedras 
preciosas com que a Rainha Santa costumava adornar as donzelas pobres no dia do seu 
casamento, guardando-se tambem ali algumas peças do seu vestuario e a roupa com que 
foi amortalhada. Todos estes objectos devem merecer uma particular atenção ao 
visitante de Santa Clara. 
A respectiva Confraria é digna dos maiores louvores pela dedicação e zelo que tem 
mostrado na conservação deste Museu, procurando enriquecê-lo cada vez mais com a 
adquisição dos objectos que digam respeito á Rainha Santa. Ultimamente foi ali exposto 
o Breve Original, obtido por El-rei D. João III da Curia romana, e pelo qual é extensivo 
a toda a nação o culto de Santa Isabel. Este documento, muito bem conservado ainda, é 
digno de particular atenção pelo fino desenho dos seus ornatos e caracteres. 
O claustro de Santa Clara, situado ao lado esquerdo da Igreja,é tambem digno de ser 
visitado. As suas magestosas proporções, as arcadas, e as graciosas varandas que o 
circundam, formam um conjunto agradavel ao nosso sentimento, transportando-nos á 
vida dum mundo superior, em tudo mais perfeito e harmonioso. 
O nosso espirito banha-se duma clarividente realidade que nos enebria, que nos consola 
e seduz. Na paz{30} daquelas arcadas contemplamos o mundo despido de lutas 
inglorias, de ódios e malquerenças, e a nossa imaginação, livre das contrariedades e dos 
sobresaltos fomentados pela vida presente, embala-se no doce arroio das avesinhas que 
saltitam pelas arvores floridas quasi obrigando os nossos labios a murmurar com elas: 
Bemdito seja o Senhor! 
* 
* * 
O vasto e grandioso edificio de Santa Clara, onde durante alguns séculos se abrigaram 
muitas senhoras da mais pura linhagem e onde se praticaram tantos actos de piedosa 
devoção, serve hoje de quartel ao regimento de Infantaria 35. 
A parte que serviu para hospedaria do Mosteiro e que está situada do lado Sul, é hoje 
ocupada por um grupo do regimento de Artilharia. 
* 
* * 
As festas com que Coimbra rende o seu culto á Rainha Santa são das mais importantes e 
fervorosas que se realizam em Portugal. Nos anos em que são levadas a efeito, a cidade 
veste-se das melhores galas para receber a sua excelsa Padroeira e todos os 
conimbricenses, num amplexo de verdadeiro regosijo e satisfação, cooperam no 
brilhantismo desses festejos esforçando-se para lhe dar o maior luzimento possível. 
A grandiosa procissão em que é conduzida a Imagem da Rainha Santa, compõe-se de 
inumeras confrarias e centenas de crianças vestidas de anjo, fazendo o trajecto{31} de 
Santa Clara para Santa Cruz por entre milhares e milhares de pessoas que de todos os 
pontos do país vêem para assistir a tão emocionante como grandioso espectaculo. As 
festas da Rainha Santa, que se prolongam durante 5 dias, costumam atrair a Coimbra 
perto de 60:000 pessoas, não se registando nunca qualquer desacato que possa ofuscar o 
brilho e a imponencia dessas tão piedosas como emocionantes manifestações. 
Com a procissão da Rainha Santa dá-se até um facto que nos apraz registar: quando a 
preciosa Imagem de Santa Isabel dá entrada na cidade, e ao ter de atravessar por entre a 
multidão que a aguarda desde a Ponte até Santa Cruz, não ha joelho que deixe de se 
dobrar ante a magestade da sua figura! Todo aquele mar humano, que se apinha em tão 
longo trajecto, se curva respeitosamente perante a doce Imagem da Rainha Santa, 
vendo-se muitos olhos marejados de lágrimas devido á comoção que todos 
experimentam. 
É que aquela Imagem é o refúgio de todos os crentes. Nela estão concentradas as preces 
dos que sofrem, os rogos dos infelizes. E se o povo português nutre por Ela a mais terna 
devoção, o povo de Coimbra, que a elegeu sua medianeira junto de Deus, não esquece 
nunca a sua benéfica acção em prol dos desprotegidos, tributando-lhe um amor 
puríssimo e uma veneração a mais sublimada! Continue Ela a amercear-se do seu povo 
junto de Deus e oxalá a sua poderosa influencia consiga tornar felizes na terra aqueles 
que lhe solicitam a sua protecção no Ceu. 
FIM. 
Notas 
[1]
 D. Isabel de Aragão, Coimbra, 1894. 
[2]
 Gazeta de Coimbra, de 20 de março de 1912. 
 
 
 
 
 
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Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project 
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Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all 
liability to you for damages, costs and expenses, including legal 
fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT 
LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE 
PROVIDED IN PARAGRAPH 1.F.3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE 
TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE 
LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR 
INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH 
DAMAGE. 
 
1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a 
defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can 
receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a 
written explanation to the person you received the work from. If you 
received the work on a physical medium, you must return the medium 
with 
your written explanation. The personor entity that provided you with 
the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of 
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refund. If you received the work electronically, the person or entity 
providing it to you may choose to give you a second opportunity to 
receive the work electronically in lieu of a refund. If the second 
copy 
is also defective, you may demand a refund in writing without further 
opportunities to fix the problem. 
 
1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set 
forth 
in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER 
WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED 
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WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. 
 
1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied 
warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. 
If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates 
the 
law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be 
interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by 
the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any 
provision of this agreement shall not void the remaining provisions. 
 
1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, 
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providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in 
accordance 
with this agreement, and any volunteers associated with the 
production, 
promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, 
harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, 
that arise directly or indirectly from any of the following which you 
do 
or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-
tm 
work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any 
Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. 
 
 
Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm 
 
Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of 
electronic works in formats readable by the widest variety of 
computers 
including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists 
because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from 
people in all walks of life. 
 
Volunteers and financial support to provide volunteers with the 
assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's 
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will 
remain freely available for generations to come. In 2001, the Project 
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure 
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. 
To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation 
and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 
and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. 
 
 
Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive 
Foundation 
 
The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the 
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal 
Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification 
number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at 
http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg 
Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent 
permitted by U.S. federal laws and your state's laws. 
 
The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. 
Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered 
throughout numerous locations. Its business office is located at 
809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email 
business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact 
information can be found at the Foundation's web site and official 
page at http://pglaf.org 
 
For additional contact information: 
 Dr. Gregory B. Newby 
 Chief Executive and Director 
 gbnewby@pglaf.org 
 
 
Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg 
Literary Archive Foundation 
 
Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide 
spread public support and donations to carry out its mission of 
increasing the number of public domain and licensed works that can be 
freely distributed in machine readable form accessible by the widest 
array of equipment including outdated equipment. Many small donations 
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt 
status with the IRS. 
 
The Foundation is committed to complying with the laws regulating 
charities and charitable donations in all 50 states of the United 
States. Compliance requirements are not uniform and it takes a 
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up 
with these requirements. We do not solicit donations in locations 
where we have not received written confirmation of compliance. To 
SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any 
particular state visit http://pglaf.org 
 
While we cannot and do not solicit contributions from states where we 
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition 
against accepting unsolicited donations from donors in such states who 
approach us with offers to donate. 
 
International donations are gratefully accepted, but we cannot make 
any statements concerning tax treatment of donations received from 
outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. 
 
Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation 
methods and addresses. Donations are accepted in a number of other 
ways including including checks, online payments and credit card 
donations. To donate, please visit: http://pglaf.org/donate 
 
 
Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic 
works. 
 
Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-
tm 
concept of a library of electronic works that could be freely shared 
with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project 
Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. 
 
 
Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed 
editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. 
unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily 
keep eBooks in compliance with any particular paper edition. 
 
 
Most people start at our Web site which has the main PG search 
facility: 
 
 http://www.gutenberg.net 
 
This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, 
including how to make donations to the Project Gutenberg Literary 
Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to 
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