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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ COMPETENTE NOME COMPLETO DO AUTOR, qualificação completa com estado civil, profissão, número do documento de identidade, CPF e endereço completo, vem à presença de Vossa Excelência, por seu advogado (procuração em anexo, endereço onde recebe intimações no rodapé), com base no art. 319 do Código de Processo Civil, propor a presente AÇÃO – NOMEN IURIS DA AÇÃO ou DESCRIÇÃO DA TUTELA PRETENDIDA, contra NOME COMPLETO DO RÉU, qualificação com os dados disponíveis e endereço completo. FATOS Excelência, nesta data, o Autor procurou o Advogado no Controle pretendendo a obtenção do modelo definitivo de petição inicial para facilitar sua vida de advogado. O site Advogado no Controle lhe ofereceu esse modelo e disse que iria entregá-lo. Entretanto, é este o modelo que estão oferecendo. O autor é advogado e necessita de um modelo de petição inicial para solucionar os seu problemas. Acreditava que encontraria esse modelo no Advogado no Controle. Mas o réu não cumpriu o prometido. Tudo está documentado no site advogadonocontrole.com.br. À vista disso, busca o Poder Judiciário para obrigar o Advogado no Controle a fornecer o modelo prometido. DIREITO Excelência, o Código Civil dispõe que a proposta do contrato obriga o proponente. Como o Advogado no Controle prometeu a entrega do único modelo de petição inicial que o Autor necessitaria, deve cumprir a oferta. PEDIDOS Diante do exposto, requer: 1) a citação da parte ré para, querendo, contestar a ação, sob pena de revelia e presunção de veracidade dos fatos alegados; 2) a condenação da parte ré ao cumprimento da proposta do contrato, entregando o único modelo de petição inicial que o Autor necessitará; 3) a condenação da parte ré ao pagamento de custas e honorários de sucumbência; 4) a produção de provas por todos os meios em direito admitidos. Dá-se à causa o valor de R$1000,00. Pede deferimento, Local, data. NOME DO ADVOGADO OAB-UF Primeiro passo: definir o problema e encontrar a solução. Vamos voltar ao início. O cliente te procurou e ele tem um problema. Como você descobriu a solução para o problema dele? Talvez você sabia a solução porque conhece bem o assunto, ou já estudou e pesquisou o problema e encontrou a solução. O que eu quero saber é: como você sabe que precisa de um modelo de petição inicial? E de um modelo de petição inicial específico? Você descobriu de alguma maneira. O que é “ter uma solução”? O cliente te contou os fatos. Ele te mostrou as provas que possui. E você já sabia ou descobriu o direito que precisa ser aplicado. Aplicar esse direito através de uma ação judicial é a solução. Olhe o modelo lá em cima. Ele tem três capítulos: FATOS, DIREITO e PEDIDOS. A que correspondem cada um desses capítulos? Os fatos são a história do seu cliente e as provas que ele possui. O direito é a regra jurídica que precisa ser aplicada e que você já sabia ou descobriu estudando e pesquisando. O pedido é a solução final – e mais algumas formalidades legais. Você sabe quais são os fatos e as provas? Qual é o direito a ser aplicado e qual a solução final? Então não vai precisar de mais nenhum modelo a não ser daquele ali em cima. A seguir, eu vou conduzir você passo a passo na elaboração de uma petição inicial, conforme o modelo ali em cima. Pegue papel e caneta e vá anotando. FATOS Antes de começar a escrever os fatos, pense o seguinte. Você chegou em casa depois de um dia de trabalho. Teve a reunião com o novo cliente. Agora vai trabalhar na petição inicial do caso. É uma história interessante e você decide contar para a sua esposa ou para o seu marido. Como você contaria essa história? Você consegue fazer isso? Talvez você já faça isso…E é exatamente disso que se trata. De contar por escrito o que você consegue contar falando. Alguns advogados dificultam a narrativa dos fatos porque tentam escrever “com estilo”. Lembre-se que você não está escrevendo uma peça de teatro. Você só quer passar uma mensagem para o juiz. Agora vá aos fatos. Escreva a história do seu cliente. Não complique. Siga uma ordem simples, respondendo essas cinco perguntas: Onde tudo começou?Então o que aconteceu?Quais são as provas?Qual o contexto?O que você quer?Onde tudo começou? Tudo começa introduzindo o juiz na história. Se é um divórcio, tudo começou no casamento. “Desde o ano tal, autor e réu são casados.” Se é um habeas corpus, tudo começou na prisão. “No dia tal, o autor foi preso.” Se é uma ação de indenização, tudo começou no início da relação entre autor e réu. “Desde o ano tal, o autor contratou os serviços da ré”. Palavras-chave: “desde”, “no dia”. Elas facilitam esse início. Então o que aconteceu? Depois, conclua a história. Tudo começou e algo aconteceu. EX:Ele foi preso. Mas a prisão é ilegal. Ele se inscreveu no concurso. Então foi eliminado de forma ilegal. Ele contratou os serviços da empresa. Porém a empresa praticou um ato ilegal… Isso é o resumo do processo. Havia uma relação entre o autor e a ré, então aconteceu algo ilegal. Palavras-chave: “mas”, “porém”, “então”. Adicione a elas “no dia” ou “por diversas vezes”. Essas palavras, combinadas com uma data, vão definir o problema. Quais são as provas? Você já tem uma história. Mas de onde saiu essa história? É preciso provas. Reúna todos os documentos, e-mails, elabore uma declaração. Palavras-chave: “conforme demonstram”, “como comprovado”, “tudo está registrado”. Qual o contexto? Essa história está muito pobre. Está faltando um meio. Está faltando um contexto. Existem outras coisas que o juiz precisa saber. Por que tudo começou?Por que aconteceu algo ilegal?Por que você NÃO possui provas?Os porquês vão enriquecer sua história. Mas lembre-se de ser simples, curto e claro. Para te ajudar a verificar se sua história traz todos os detalhes, veja se foram respondidas todas as perguntas do famoso Hexâmetro de Quintiliano, lembrado por João Mendes de Almeida Júnior: Quem?O quê?Onde?Por que meios?Por qual motivo?Como?Quando?O que você quer? Você tem uma história. Tem provas dessa história. E o que você quer? Esse é o final dos seus fatos. Palavras-chave: “à vista disso”, “por isso”, “por todo o exposto”. DIREITO Vá ao direito. Essa parte pode ser simples. Ou pode ser muito complicada. O segredo aqui é explicar: Por que o que aconteceu é ilegal?Por que a solução que você quer é a adequada? Normalmente, esses porquês são um ou dois dispositivos legais. Mas o direito pode ficar realmente complicado. Se sua tese é inovadora, você pode querer fundamentar melhor o seu direito, citando doutrina e jurisprudência.O importante é responder aquelas duas perguntas. Se você já encontrou uma solução para o problema do seu cliente, você sabe respondê-las.Se for possível manter as coisas simples, mantenha. Lembre-se sempre que o seu processo não será o único do planeta. O juiz e seus assessores leem muitas petições por dia. Facilite o trabalho deles. Seja simples, curto e claro.Mas se for preciso entrar em detalhes, entre em detalhes. Às vezes, não é possível ser simples. O direito é complexo. Nesses casos, normalmente a petição tem que ser “menos curta” para ser “mais clara”.Não existe uma regra absoluta aqui. O importante é saber julgar o seu próprio trabalho. Tenha sua honestidade afiada como uma navalha. Segundo passo: escrever os pedidos Os pedidos são a conclusão da petição. Existem três pedidos padrões: de citação; de condenação em custas e honorários de sucumbência; de produção de provas. O pedido de citação do réu é obrigatório por lei. Nunca se esqueça dele. Normalmente ele é o primeiro pedido da lista, a não ser que você tenha um pedido de decisão liminar ou de antecipação de tutela. O pedido decondenação em custas e honorários de sucumbência também é padrão – ressalvados alguns ritos, como os do juizado especial (onde não existe custas nem honorários) e de mandado de segurança (onde não há honorários). Também é comum fazer um pedido genérico de produção de provas ao final. Sinceramente, eu o coloco em todas as minhas petições iniciais, mas ao mesmo tempo já junto todas as provas que possuo e indico as que desejo produzir em juízo na petição inicial. Coloque desde a inicial o rol de testemunhas, o pedido de perícia, de inversão do ônus da prova, de exibição de documentos pela parte ré etc. Além desses pedidos padrões, será preciso formular os pedidos específicos. Os pedidos específicos são a solução que você precisa. Então. O que você precisa? São três os tipos de tutela que podem ser dados pelo judiciário: declaratória, constitutiva e condenatória. Ou seja, seus pedidos serão sempre um requerimento para que: seja declarada a existência ou inexistência de um fato real; seja constituída ou anulada uma relação jurídica; seja condenado alguém a pagar uma quantia ou a fazer ou deixar de fazer algo. Se você está com dificuldade de definir seus pedidos, talvez não definiu bem a solução que precisa. Pode ser útil seguir o seguinte raciocínio. Você quer mudar alguma coisa? Não. Se você não quer mudar nada, seu pedido pode ser declaratório. Você só quer declarar que um fato existe ou não existe. Se você concluir que é exatamente isso, repense. Esse tipo de pedido puro é raro. Meu pedido é declaratório. Então, que fato é preciso declarar como existente ou inexistente? A estrutura será: requer seja declarada a existência ou inexistência do fato. Sim. Se você quer mudar alguma coisa, a tutela é constitutiva ou condenatória. Você precisa que o réu faça alguma coisa? Sim. Se você precisa que o réu faça ou deixe de fazer alguma coisa, seu pedido é condenatório. Pagar uma quantia é um fazer. Meu pedido é condenatório. Então, o que você precisa que o réu faça ou deixe de fazer? A estrutura será: requer seja o réu condenado a fazer isso, a deixar de fazer aquilo ou a pagar tanto. Não. Se você não precisa que o réu faça algo, mas que o juiz mude alguma relação jurídica, seu pedido é constitutivo ou anulatório. Meu pedido é constitutivo ou anulatório. Então, o que você precisa que a decisão crie ou anule? A estrutura será: requer seja anulado algo. Os pedidos de ações constitutivas positivas, ou seja, de ações que criam algum direito são os mais complicados. Mas normalmente essas ações possuem um “nome jurídico”. Por exemplo, a ação de investigação de paternidade. Nesses casos, a redação do pedido é mais fácil. O nome jurídico já indica o pedido. Na investigação de paternidade, o pedido é de reconhecimento da paternidade. Terceiro passo: estrutura formal da petição Finalmente, só faltam os requisitos formais da petição. Eles estão indicados no nosso modelo: Qual o juiz competente? A petição será endereçada para o juiz competente. Qual o nome da ação? Algumas ações possuem nome próprio. Outras não possuem. Não se desespere buscando nome certo. Você pode sempre usar o nome da tutela pretendida. Por exemplo, a ação pode se chamar declaratória de inexistência, anulatória e condenatória em danos morais. Qual o fundamento jurídico? As ações cíveis em geral têm fundamento no art. 319 do Código de Processo Civil. Algumas ações têm previsão específica, por exemplo, as ações que estão elencadas na Constituição (mandado de segurança, habeas data, habeas corpus, ação popular). Normalmente, ações com fundamento jurídico específico possuem um nome jurídico. Qual o valor da causa? O valor da causa deve corresponder às consequências patrimoniais da ação. Ou seja, quanto de dinheiro você pretende obter com a ação? Três Dicas Fundamentais de Formatação Para A Sua Petição Inicial Ter A Melhor Primeira Impressão Possível! 1ª DICA FUNDAMENTAL: fonte e tamanho da letra sóbrios Aqui, meu caro, impera a razão minimalista segundo o qual “o menos é mais”. A sua petição não é o local para você experimentar novas fontes, tamanhos ou cores de letras. A sua petição tem o simples, mas importante propósito de ser veículo de uma mensagem, que deve ser lida e compreendida. Para esse fim, quanto menos espalhafatosa e carnavalesca ela for, quanto menos adornos tiver, menos repulsiva e mais convidativa ela será. Lembre-se que, no primeiro encontro da sua petição com seu leitor, uma maquiagem muito forte dará a impressão de que a peça está tentando esconder uma feiura subjacente, da mesma forma que um perfume muito intenso provavelmente objetiva camuflar um mal cheiro indesejado. Portanto, o foco deve ser na mensagem a ser transmitida e não no pacote que ela vem embrulhada, que deve ser o mais simples e preciso disponível.Em vista disso, abandone fontes “descoladas” e “descontraídas”. Atenha-se a uma fonte de uso ordinário, a que todos já estão acostumados e tem facilidade para ler. Use, preferencialmente, Arial ou Times New Roman e se não conseguir controlar seu animus inovandi utilize, no máximo, a fonte Calibri. Use tamanho 11 ou 12. Se sua petição será física, opte pelo tamanho 12, legível para maior parte das pessoas. 2ª DICA FUNDAMENTAL: numerando seus parágrafos Sempre enumere seus parágrafos. Repare na imagem abaixo a beleza de uma petição com parágrafos numerado. Além do mais, isso fará com que o leitor da sua petição tenha muito mais facilidade em lembrar e, posteriormente, localizar os fatos narrados e os argumentos ventilados. Para tanto, bastará apenas anotar o número do parágrafo da sua petição. Se quiser abandonar o número de páginas, tudo bem. Mas jamais deixe de numerar os seus parágrafos!Recomendo a utilização da seguinte numeração como padrão: “1., 2., 3.”, e assim por diante. Para otimizar a numeração dos seus parágrafos, ela deve estar à altura de 2,5 cm na seta de cima da regra de tabulação e, na de seta baixo, exatamente nas margens, conforme ilustra a imagem abaixo). Regra de tabulação - PARAGRAFO 3ª DICA FUNDAMENTAL: faça uso moderado de destaques e grifos Faça uso moderado dos destaques e grifos. Sei que 99,9% da sua peça é importante e merece destaque, mas realce apenas o essencial daquilo que é realmente muito importante. Não use nada colorido (grifo amarelo, laranja, vermelho, roxo, etc), atenha-se ao negrito e sublinhado. Petições muito destacadas e coloridas dão a impressão de desordem e desorganização de ideias, estigmas que não são nem um pouco bem-vindos em uma peça que pretende causar a melhor primeira impressão possível. A Melhor Maneira De Organizar Os Anexos Da Sua Petição Inicial 1ª Etapa: escolha uma expressão de referência Primeiro, padronize uma expressão de referência para referenciar o documento anexo ao longo da sua inicial. A escolha dessa expressão dependerá se o processo é físico ou se ele é eletrônico e, ainda, nesse último caso, de qual processo eletrônico estamos falando (e-saj, e-proc, projudi, etc). 1.1 Processo físico Em um processo físico, use a expressão “DOC.+NÚMERO DO ANEXO.” Por exemplo: O autor adquiriu passagem aérea para Paris no site da companhia VOEBEM, conforme documento anexo ao DOC.01” Ou ainda,Ao chegar em Paris, o autor foi surpreendido com a desagradável notícia de que toda sua bagagem havia sido extraviada. Diante disso, formalizou imediatamente uma reclamação perante a companhia aérea (v. DOC.02)” No processo é eletrônico, utilize a expressão padrão utilizada pelo próprio sistema para se referir à movimentação dos autos. 1.2. E-proc TRF 4ª Região No E-PROC do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, cada movimentação é chamada de “Evento”, que é numerado por ordem cronológica. Assim, a petição inicial, por dar início ao processo, será o Evento1. Os seus anexos, por outro lado, ficarão disponíveis no processo da seguinte forma: Evento 1 – OUTX, sendo X o número do anexo. Em vista disso, você deve referenciar os documentos ao longo da petição da seguinte maneira, por exemplo: O impetrante é candidato no processo seletivo destinado a provimento do cargo de Juiz Federal Substituto, conforme ficha de inscrição anexa (Evento 1 – OUT4).” 1.3 Projudi No PROJUDI, as petições e seus documentos anexos vêm disponíveis da seguinte forma: Evento X.Y, sendo “X” a ordem cronológica da petição/movimentação e “Y” o número do anexo. Assim, a petição inicial será Evento 1.1, a procuração será o Evento 1.2, a cópia da identidade do autor será o Evento 1.3, e assim por diante – veja a imagem a seguir: 1.4. e-SAJ No processo eletrônico do e-SAJ, as petições e seus anexos são numerados. Então para organizar seus documentos, você deverá saber quantas páginas cada um deles tem e, assim, descobrir sua respectiva folha. Escolha a expressão de referência a ser utilizada antes de começar a redigir sua petição. Assim, você já vai colocando no corpo da peça as expressões de referência. Nesse primeiro momento, entretanto, tais expressões devem ser colocadas de forma genérica, por exemplo, “DOC.XX”, “Evento 1.X”, “Evento 1 – OUTXX”, “fls. XX”, etc. Isso porque você só saberá exatamente qual será a referência de determinado anexo no final do seu trabalho. Assim que você concluir a primeira versão da sua inicial e já souber quais documentos a acompanharão, você estará pronto para a segunda etapa da melhor forma de organizar os documentos anexos de uma inicial. 2ª Etapa: numere as expressões de referência utilizadas Nesta etapa, você passará a numerar as expressões de referência que deverão obedecer uma ordem lógica para facilitar o trabalho daqueles que lerão sua peça. Por isso, a numeração deve ser colocada de modo que respeite e se harmonize ao máximo com a ordem de citação dos documentos na inicial. Por exemplo, se estamos tratando de um caso de extravio de bagagem em voo internacional, ao numerar suas expressões de referência, coloque primeiro o bilhete eletrônico do voo, em seguida o cartão de embarque e, por último, o documento que informa o extravio da bagagem. Essa é, provavelmente, a lógica dos acontecimentos e da narrativa da sua inicial. Ao contrário, se você colocar primeiro o documento que informa o extravio da bagagem, depois o cartão de embarque e, por último, o bilhete eletrônico, você obrigará que o leitor avance e regrida, vá e volte, inúmeras vezes na sua petição e documentos anexos. Isso fulmina significativamente as chances de você produzir um trabalho de alto impacto, cuja leitura não seja penosa. Lembre-se, então, de prezar pela linearidade e pela sequência lógica na hora de organizar seus anexos. Vamos a outro exemplo, se você está apresentando um caso relativo a um concurso público, ao numerar suas expressões de referência, sugiro que coloque primeiro o edital do certame, depois a ficha de inscrição do seu candidato e assim por diante. Essa é, na maioria das vezes, a lógica dos acontecimentos, da sua causa de pedir. Não tem segredo algum. Não custa repetir que, ao organizar seus anexos, tenha em mente que você deve facilitar a análise deles pelo leitor da petição, de modo que ele possa concentrar-se nos seus argumentos. 3ª Etapa: coloque um rol de documentos anexos Por último, coloque um rol de documentos anexos disponível para consulta no final da petição, que é um verdadeiro sumário dos documentos anexos e suas respectivas expressões de referência. Isso evita que o leitor tenha que retomar o corpo da petição toda vez que estiver à procura de um anexo. O melhor rol de documentos é aquele que traz informações claras e objetivas do conteúdo do documento anexo, associando-o à respectiva expressão de referência. Para facilitar a compreensão deste passo-a-passo, veja um exemplo de rol de documento para um processo físico: ROL DE DOCUMENTOS 1. Inicial 2. Procuração (DOC.02) 3. Identidade (DOC.03) 4. Residência (DOC.04) 5. Declaração de hipossuficiência (DOC.05) 6. Declaração de isenção de IRPF (DOC.06) 7. Edital do concurso (DOC.07) 8. Comprovante de inscrição (DOC.08) 9. […] ATENÇÃO!!! Para otimizar a organização dos documentos anexos da sua petição inicial de um processo físico, utilize (i) folhas coloridas, devidamente discriminadas, com orelhas identificadoras ou (ii) divisórias de fichário para separar cada anexo. Para processos eletrônicos, faça o seguinte: • Processo eletrônico no SAJ: ROL DE DOCUMENTOS: 1) Inicial (fls. 1 a 10) 2) Procuração (fl. 11) 3) Identidade (fls. 12 e 13) 4) Residência (fl. 14) 5) Declaração de hipossuficiência (fl. 15) 6) […] • Processo no E-PROC TRF 4º Região 1. (Evento 1 – INIC1) – Inicial 2. (Evento 1 – PROC2) – Procuração 3. (Evento 1 – RG3) – Identidade 4. (Evento 1 – END4) – Comprovante de Residência 5. (Evento 1 – OUT5) – Ficha de inscrição do candidato 6. (Evento 1 – EDITAL6) – Edital do certame 7. (Evento 1 – OUT7) – Resposta-padrão da prova escrita 8. (Evento 1 – OUT8) – Espelho de avaliação e a prova escrita do impetrante 9. (Evento 1 – OUT9) – Resultado da prova escrita 10. […] • Processo eletrônico no PROJUDI 1) Inicial (Evento 1.1) 2) Procuração (Evento 1.2) 3) Identididade (Evento 1.3) 4) Residência (Evento 1.4) 5) Bilhete eletrônico do voo (Evento 1.5) 6) Cartão de Embarque (Evento 1.6) 7) Documento de extravio de bagagem (Evento 1.7) ATENÇÃO!!! Vale lembrar que nos processos eletrônicos, geralmente a numeração dos anexos deve levar em consideração a petição como anexo n. 1, o que não ocorre no processo físico. ATENÇÃO!!! Para facilitar o protocolo de sua petição eletrônica, numere os arquivos da sua pasta na forma do ROL DE DOCUMENTOS. Veja um exemplo: Resumindo tudo o que se disse, você deve seguir os seguinte passo-a-passo: 1ª: escolha uma expressão de referência 2ª: numere as expressões de referência utilizadas 3ª: coloque um rol de documentos anexos Modelo de petições Alimentos EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE CAMPO GRANDE - MS. RAIMUNDO DE LIMA, menor impúbere, representado por sua genitora RAIMUNDA DE LIMA, brasileira, do lar, portadora da cédula de identidade RG n___________ e do CPF ______________, residente e domiciliada à rua ______________________, nesta capital, neste ato representada por seu advogado infra-assinado, conforme procuração em anexo, vem com o devido respeito e acatamento perante V. Exa., propor: AÇÃO DE ALIMENTOS em face de _________________, brasileiro, solteiro, mecânico, portador da cédula de identidade RG nº ___________ SSP/MS, residente e domiciliado na rua _____________________________, nesta capital, pelos fatos e motivos que passa a expor: DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA: Inicialmente, requerem a V. Exª. sejam deferidos os benefícios da Gratuidade de Justiça, com fulcro na lei 1060/50, com as alterações introduzidas pela Lei 7.510/86, por não terem condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de suas famílias, conforme atestado de pobreza que instrui a exordial. DOS FATOS 1. O Requerente RAIMUNDO DE LIMA, nascido em 08 de maio de 1995, atualmente com 02 (dois) anos de idade, é filho do Requerido, conforme faz prova certidão de nascimento em anexo. 2. O Requerido desde o nascimento do Requerente nunca ajudou com nada para o sustento do mesmo, sendo este única e exclusivamente sustentado por sua genitora. 3. Tornou-se difícil o sustento da mãe dorequerente, bem como também manter e sustentar seu filho menor, sendo que atualmente encontra-se desempregada. 4. O Requerido é mecânico, auferindo uma renda aproximada de R$ 600,00 (seiscentos reais) mensais. DO DIREITO A Lei nº 5478/68, em seu artigo 2º, embasa a sua pretensão. Artigo 2º- "O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-à ao juiz competente, qualificando-se , e exporá suas necessidades, provando, apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe." Com base no artigo 400 do Código Civil Brasileiro, a obrigação de alimentar estabelece parâmetro nas necessidades do Requerente. Artigo 400 - "Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do Reclamante e dos recursos da pessoa obrigada." Da mesma forma, o fato do Requerido não participar com a manutenção necessária do Requerente, comete o crime de abandono material previsto no artigo 244 do Código Penal. Artigo 244- "Deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do cônjuge, ou do filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou valentudinário, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente, gravemente enfermo." ISTO POSTO, REQUER A fixação de alimentos provisórios no valor de 1,5 (um e meio) salário mínimo, com base no disposto no art. 4º da Lei 5478 de 25 de julho de 1978, que deverá ser depositado em C/C a ser aberta em nome da Representante legal do Requerente RAIMUNDA DE LIMA. A citação do Requerido no endereço supra-mencionado, para responder aos fatos e pedidos apresentados nesta ação, sob pena de revelia (Lei de Alimentos, art. 7º) além de confissão sob a matéria de fato segundo procedimento da Lei nº 5478/78. A condenação do Requerido ao pagamento definitivo da pensão alimentícia ao seu filho menor, no valor de 1,5 salário mínimo. A condenação do requerido também ao pagamento das custas processuais, bem como honorários advocatícios, pelo princípio da sucumbência. A intervenção do Ministério Público. Todos os fatos levantados sejam provados através de todos os tipos de provas em Direito admitidas, especialmente testemunhal e documentais, requerendo-se desde já o depoimento pessoal do Requerido. Atribui-se a causa o valor de R$ 2.160,00 (dois mil cento e sessenta reais) de acordo com o art. 259 incido VI do CPC, para efeitos fiscais. Nestes Termos. Pede Deferimento. Cidade, Data. NOME DO ADVOGADO Nº OAB E SEÇÃO Reparação de danos por acidente de Trânsito (NCC) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) da de Direito do Juizado Especial Cível Porto Alegre (RS)xxxxxxxxxxxxx, brasileiro, estudante, solteiro, residente e domiciliado em Porto Alegre - RS, sssssss, bairro Rio Branco, portador do CPF/MF nº (doc. 01), por seus procuradores signatários, conforme instrumento de mandato incluso (doc. 02), vem a presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS contra RÉ, brasileira, solteira, residente e domiciliado nesta capital, na Rua pelas razões de fato e de direito que a seguir passa a expor. 1. SÍNTESE DOS FATOS 1.1 Em data de 21 de outubro de 2003, por volta das 21h40min, o Autor conduzia seu veículo xxxxxx, placas xxxxxxx, pela Rua Carazinho em direção a Rua Carlos Trein Filho a uma velocidade aproximada de 30km/h. No momento em que cruzava a rótula que separa tais ruas (conhecida como "Rotatória da Encol"), estando na preferencial, teve seu veículo abalroado pelo automóvel xxxxxxt, de placas xxxxxx, de propriedade de xxxxxxxxxxxx e, na ocasião, conduzido por xxxxxxxxx que, de forma irresponsável, atravessou a rotatória sem respeitar o sinal de "pare" que indicava para este cruzamento. Conforme consta na Comunicação de Danos Materiais, registrada na Policia Civil, documento em anexo (doc. 03), o Autor vinha pela rua Carazinho e parou na entrada da rotatória que separa as ruas Nilo Peçanha, Carlos Trein Filho e Nilópolis. Após aguardar a possibilidade de cruzá-la, em momento que não vinha carro algum, adentrou na rotatória em sentido á Rua Carlos Trein Filho, quando inopinadamente, teve o seu veículo abalroado pelo automóvel Peugeot, conduzido por Adriana, que se dirigia no sentido Nilo Peçanha - Nilópolis. 1.2 Esta colisão resultou em danos ao veículo do autor que ficou com o pára-choque dianteiro, a porta dianteira direita, o vidro dianteiro direito, a porta traseira direita e a sinaleira dianteira totalmente danificados, conforme demonstram as fotos em anexo (doc.04). 1.3 Por sorte, o Autor tinha seguro em seu veículo, mas, mesmo assim, teve com arcar com as custas da franquia, a qual a Ré, apesar de ser totalmente culpada pelo acidente, recusou-se a pagar. 2. DO DESRESPEITO À SINALIZAÇÃO 2.1 Conforme resta demonstrado pelas fotografias anexas, a Ré atravessou a rótula, irresponsavelmente, passando pelo sinal de "Pare", sem sequer reduzir a velocidade do veículo. É notório que a Ré ao cruzar a rótula sem reduzir a velocidade ou até mesmo sem parar o seu automóvel agiu com imprudência e imperícia, desobedecendo regras primárias de trânsito, colocando em risco a vida de quem passasse pelo local naquele momento. Felizmente, os danos foram somente materiais e são recuperáveis. 2.2 O Código de Trânsito Brasileiro reza que tem a preferência àquele que estiver circulando pela rotatória: "Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas: I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas; II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas; III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem: (omissis) b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;" "Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem: I - em interseção não sinalizada: a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou rotatória; b) a veículo que vier da direita; II - nas interseções com sinalização de regulamentação de Dê a Preferência: Infração - grave; Penalidade - multa." No presente caso, o veículo do Autor estava circulado pela rotatória quando foi abruptamente abalroado pelo automóvel da Ré. Os estragos que ocorreram no veículo demonstram que quando houve o a abalroamento o Autor já estava circulando a rotatória e por isso os danos causados em seu veículo foram na lateral direita. 2.3 A culpa pela produção dos danos decorrentes do evento é única e exclusivamente da Ré, que agiu com imprudência e imperícia, dirigindo seu automóvel sem atenção necessária, aventurando-se na travessia da rotatória e vindo a colidir com o veículo do Autor, carreando para si a culpa e o dever de indenizar. 2.4 Do acontecimento resultaram danos que foram cobertos pelo seguro. Contudo o Autor, apesar de não ter tido culpa alguma no acidente, teve de arcar com o valor da franquia de R$ xxxxxxxx, conforme o comprovante em anexo, o qual deverá ser ressarcido pela Ré, acrescido de correção monetária pelo IGPM, desde a sua emissão até a data do efetivo pagamento, e juros moratórios, a partir da citação. 3. DO DIREITO 3.1 O direito do Autor em obter a reparação dos danos materiais causados pelo requerido encontrasubstrato legal nos artigos 186 "caput" e 927, ambos Código Civil, e com o rito procedimental prescrito pelo artigo 275, inciso II, alínea "e", do Código de Processo Civil. "Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito." -000- "Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará- lo." -000- "Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumaríssimo: II - nas causas, qualquer que seja o valor: e) de reparação de dano causado em acidente de veículo; " 3.2 Por todo exposto, conforme ficou devidamente demonstrado, a Ré agiu com imprudência e imperícia, violando o direito da Autor e causando-lhe danos que devem ser reparados. Assim, amparado legalmente não restam dúvidas que o ato praticado pela Ré configura uma ilicitude e por tal deverá ser responsabilizado. 4. PEDIDO 4.1 Ante o exposto, requer a Vossa Excelência: a) A citação da Ré, no endereço indicado no preâmbulo, para comparecer à audiência de conciliação, a ser designada, sob pena de revelia; b) Inexitosa a conciliação, seja julgada procedente a presente ação, com a condenação da Ré ao pagamento da quantia de R$ 684,00 (seiscentos e oitenta e quatro reais), com os acréscimos legais; c) Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitido. Dá-se a causa o valor de R$ 684,00 (seiscentos e oitenta e quatro reais). Termos em que pede e espera deferimento. Porto Alegre, 26 de dezembro de 2003. Advogado Indenização por danos morais (celular) EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA COMARCA DE ...... , , , , titular da Cédula de Identidade RG nº e inscrito no CPF sob nº , domiciliado na rua , , na comarca de ....., por meio de sua advogada subscritora, conforme instrumento de mandato em anexo, comparece respeitosamente perante VOSSA EXCELÊNCIA para propor ação de AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS com fundamento no art. 6º, VI do Código de Defesa do Consumidor e art. 186 do Código Civil, contra ---------, localizada na , CEP , pelas seguintes razões: DOS FATOS: Durante o mês de julho de 2008 o Requerente comprou um aparelho de telefone celular modelo ---- ------, aparelho desbloqueado para receber mais de uma operadora), nas lojas --------, localizada na Avenida -------, em -------- no valor de R$ ------- ( ). Ocorre que, em menos de 60 (sessenta) dias de uso o referido aparelho de telefone celular começou a apresentar defeitos, consistente no teclado absolutamente desconfigurado, inviabilizando completamente a realização e recebimentos de chamadas. Surpreso com o ocorrido, já que se tratava de aparelho novo, fabricado por empresa conceituada no ramo de telefonia celular, o requerente se viu obrigado a procurar a empresa --------, na cidade de -- ------/, prestadora de assistência técnica dos aparelhos celulares da --------, ocasião em que solicitaram e seguraram a nota fiscal do produto, sob a alegação de que somente ficariam com o aparelho para análise técnica caso a nota fiscal também ficasse. Objetivando evitar maiores transtornos e resolver rapidamente a situação e agindo sempre de boa fé o requerente concordou e deixou seu aparelho juntamente com a nota fiscal, sendo gerada a ordem de serviço nº -------, datada de --------- (doc. 01 em anexo). Retirado o produto no dia 13/09/2008 após os supostos reparos, a nota técnica constava: “unidade foi enviada para a fábrica onde foi constatado que o aparelho não apresentou defeito”. No entanto, o aparelho voltou com os mesmos defeitos. Absolutamente insatisfeito, o requerente retornou à Assistência Técnica Credenciada no dia 24/09/2008, entregando seu aparelho e gerando a segunda ordem de serviço nº (doc. 02). Após o suposto reparo mecânico efetivado somente em 10/10/2008, os defeitos persistiram. Novamente, na data de 13/10/2008, o requerente entregou o aparelho, gerando a ordem de serviço nº , sendo concluído o reparo e ficando disponível para retirada somente em 27/10/2008 (doc. 03); Neste ínterim, o requerente entrou em contato com a --------- pela central de atendimento via telefone, que após inúmeras tentativas, informaram que estaria sendo trocada uma peça essencial do aparelho de telefone celular e após alguns dias já estaria à disposição para retirada na --------- em perfeita situação de uso. Dias depois, também foi enviada ao requerente uma mensagem via e- mail com um texto padrão, (doc. 04), possivelmente utilizado pela empresa para protelar seus atendimentos na resolução dos problemas e reclamações de seus consumidores. Recebido novamente o aparelho em 01/11/2008 e permanecendo da mesma forma, o requerente o devolveu por mais uma vez em 03/11/2008 (doc. 05), sendo, no momento, informado pela atendente da ---------- que Requerente poderia desistir, porque o problema apresentado estava tendo muita incidência nos celulares ----- fabricados ultimamente e que a ------- (empresa fabricante) não estava efetuando a troca do produto. Assim, uma vez que com menos de 60 dias de uso o aparelho de telefone celular apresentou problemas de configuração no teclado e fora entregue pela assistência técnica, que a devolveu por três vezes sem solucionar o problema, sempre pelo mesmo vício, isto é, somando-se os prazos em que o aparelho esteve em poder da assistência técnica (nas três primeiras vezes), já faz mais de 30 dias, para ser mais exato, 48 dias até a quarta entrega pelo requerente que ocorreu no dia 03/11/2008 (vide doc. 05). Diante de tamanho desrespeito, desprezo e descaso demonstrado por meio de todas as informações relatadas acima, agora trazidas a esse E. Juízo, cenário comum em situações semelhantes nas relações de consumo, não vê o Requerente outra alternativa a não ser socorrer-se da Justiça para ver o seu caso solucionado e reparar os danos sofridos em virtude da ausência de seu aparelho de telefone celular. Estes, em resumo, os fatos. DO FUNDAMENTO JURÍDICO Quando um consumidor efetua uma compra, inconscientemente ele exige do fornecedor que o produto esteja pronto para uso, e que este não possua nenhuma avaria ou algum vício que lhe diminua o valor ou que o impossibilite de utilizá-lo normalmente. É sabido que a responsabilidade por qualquer vício no produto refere-se a qualquer defeito no próprio produto, seja ele de quantidade ou qualidade. Desta forma, sempre que o produto adquirido se torne impróprio ou inadequado ao consumo à que se destina, ou tenha o seu valor diminuído em virtude de eventual defeito, caberá a exigência de substituição das partes viciadas, em 30 (TRINTA) dias. Não sendo sanado tal defeito pelo fornecedor, nos termos do art. 18, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor, ao consumidor será possível optar por qualquer das três alternativas que a lei lhe assegura, a saber: 1) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 2) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 3) o abatimento proporcional no preço. Deste modo, diante do que estabelece a lei, o consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas mencionadas, a seu exclusivo critério, sempre que o vício apresentado pelo produto não for sanado no período de 30 (trinta) dias. No caso em tela, a assistência técnica, agindo no intuito de descaracterizar o direito do consumidor previsto no artigo acima, devolveu, pela primeira vez, o aparelho após 11 dias sem efetuar o conserto, ou seja, não consumandoo prazo legal, porém, o aparelho foi novamente entregue mais 02 (duas) vezes para a assistência técnica pelo mesmo defeito, e o problema não foi resolvido. Assim, somam-se os prazos em que o produto está sob a posse da assistência técnica para fins de caracterização do direito previsto no art. 18. O texto da lei é bastante claro ao dispor que caberá ao CONSUMIDOR, e somente a ele a escolha alternativamente das possibilidades abertas pelos incisos do art. 18, § 1° não cabendo ao fornecedor opor a este. Ora, no caso em tela, até a última entrega do aparelho na assistência técnica, já se passaram 48 dias sem que o vício fosse sanado, de modo que a única medida legal cabível é facultar-se ao Requerente a opção por uma das alternativas retrocitadas, previstas no dispositivo supra mencionado. A doutrina é tranqüila nesse sentido: “Não pode o fornecedor se opor à escolha pelo consumidor das alternativas postas. É fato que ele, o fornecedor, tem 30 dias. E, sendo longo ou não, dentro desse tempo, a única coisa que o consumidor pode fazer é sofrer e esperar. Porém, superado o prazo sem que o vício tenha sido sanado, o consumidor adquire, no dia seguinte, integralmente, as prerrogativas do § 1º ora em comento. E, como diz a norma, cabe a escolha das alternativas ao consumidor. este pode optar por qualquer delas, sem ter de apresentar qualquer justificativa ou fundamento. Basta a manifestação de vontade, apenas sua exteriorização objetiva. É um querer pelo simples querer manifestado. (NUNES, Rizzatto. Curso de direito do Consumidor, Ed. Saraiva. 2005, p. 186)” (Grifo nosso) Esse é o entendimento da jurisprudência pátria no tocante ao tema: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO COM DEFEITO DE FÁBRICA. REPARAÇÃO DO VÍCIO. ART. 18, § 1º, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NOTIFICAÇÃO FORMAL DOS RESPONSÁVEIS. DESNECESSIDADE. I - Constatado o vício de qualidade ou quantidade no produto, que o torne impróprio ou inadequado para o consumo, o § 1º do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor concede ao fornecedor a oportunidade de saná-lo, no prazo de 30 dias, sendo facultado ao consumidor, em caso de não reparação do defeito, optar por uma dentre três alternativas: a substituição do produto por outro da mesma espécie em perfeitas condições de uso, a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou o abatimento proporcional do preço. II - O objetivo do dispositivo legal em comento é dar conhecimento ao fornecedor do vício detectado no produto, oportunizando-lhe a iniciativa de saná- lo, fato que prescinde da notificação formal do responsável, quando este, por outros meios, venha a ter ciência da existência do defeito. III - É o que se verifica na hipótese dos autos, em que, a despeito de não ter sido dirigida nenhuma notificação formal às rés, por força dos documentos comprobatórios das revisões realizadas no veículo, tiveram elas conhecimento dos problemas detectados, sem que os tivessem solucionado de modo definitivo. Recurso especial a que se nega conhecimento. (STJ–REsp. 435.852/MG, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 23.08.2007, DJ 10.09.2007 p. 224). Com o intuito de se afastar qualquer dúvida quanto ao prazo supra citado, a forma de se contar tal prazo não gera nenhuma celeuma, pois a cada vez que o produto vai à Assistência, deve ser somada a quantidade de dias pelo qual este permaneceu por lá até que tenha sido de fato reparado, ficando, ainda, suspenso o prazo decadencial para o consumidor reclamar do produto (CDC, art. 26, §2º, I). Se a soma der mais de 30 dias e o vício for o mesmo, gera-se o direito do consumidor. Fato que está plenamente evidenciado na presente. Nesta situação específica, o esclarecedor ensinamento do ilustre Rizzatto Nunes que expõe: “O fornecedor não pode beneficiar-se da recontagem do prazo de 30 dias toda vez que o produto retorna com o mesmo vício. Se isso fosse permitido o fornecedor poderia na prática, manipulando o serviço de conserto, sempre prolongar indefinidamente a resposta efetiva de saneamento. Bastaria fazer um conserto ‘cosmético’, superficial, que levasse o consumidor a acreditar na solução do problema, e aguardar sua volta, quando, então, mais 30 dias ter-se-iam para pensar e tentar solução (...) Quando muito e essa é também nossa opinião, o prazo de 30 dias é o limite máximo que pode ser atingido pela soma dos períodos mais curtos utilizados. Explicamos: se o produto foi devolvido a primeira vez no décimo dia, depois retornou com o mesmo vício e se gastaram nessa segunda tentativa de conserto mais 15 dias , na terceira vez em que o produto voltar o fornecedor somente terá mais 5 dias para solucionar definitivamente o problema, pois anteriormente despendeu 25 dias, sem ter levado o produto à adequação esperada. (NUNES, Rizzatto. Curso de direito do Consumidor, Ed. Saraiva. 2005, p.184-185). – gf. nosso. “Ressalte-se que uma vez iniciado o curso do prazo para o saneamento do vício, ele não se interrompe nem suspende – tem natureza decadencial. Mesmo que devolvido ao consumidor antes do término do prazo, não solucionado o vício, não há que se falar em novo prazo; pelo contrário, aquele prazo já iniciado segue até o seu exaurimento – Rizzatto entende que o prazo, sendo um direito do fornecedor, deve ser contado como a soma dos períodos em que o produto viciado esteve à sua guarda. É claro que surgindo um novo vício, não relacionado, abre-se novo prazo para que seja remediado esse vício, tão somente.” (Chamone, Marcelo Azevedo, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9069) Ora, se um produto permanece por mais de 30 dias longe de seu proprietário por apresentar um determinado vício, este já não corresponde as expectativas depositadas pelo consumidor, que perdeu a sua confiança no bem e ainda se frustrou ao ter adquirido um produto novo que apresentou tantos problemas. Vale frisar, que o Requerente estando todo esse tempo sem seu parelho de telefone celular – que, aliás, é essencial para o deslinde positivo de seu trabalho e contato com seus clientes – não houve alternativa senão adquirir outro aparelho até que a requerida resolva honrar com a sua obrigação, conforme demonstra a nota fiscal de pagamento em anexo (doc. 06 em anexo). A relação entre fornecedor e consumidor, que antigamente caracterizava-se por uma relação igualitária, com a sociedade de consumo torna-se cada vez mais discrepante, com grandes fornecedores – possuindo sólidos escritórios jurídicos e grande poder de barganha – e consumidores, vulneráveis nas relações de consumo, seja por práticas comerciais abusivas ou por odiosos recursos de propagandas enganosas ou distorcidas da realidade. Desta forma, para qualquer estudo na seara de defesa do consumidor, devemos possuir em mente sempre a vulnerabilidade do consumidor nas relações de consumo, característica essencial consagrada pelo Código de Defesa do Consumidor, estando no atual CDC, elencado como princípio básico, ex vi do art. 4º, I, da Lei 8.078/90. DO DANO MORAL Cumpre-nos esposar em breves linhas a respeito do dano moral: A personalidade é um bem extra-patrimonial resguardado, acima de tudo, pela Constituição Federal, dentre os direitos fundamentais e princípios da República Federativa do Brasil, essencialmente por meio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). A dignidade da pessoa humana abarca toda e qualquer proteção à pessoa, seja física, seja psicológica. Tanto que dela decorrem os direitos individuais e dentre eles encontra-se a proteção à personalidade, cabendo indenização em caso de dano, conforme estabelece o art. 5º, inc. V: Art. 5º (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Privilegiando os aludidos dispositivosestá o Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará- lo. Consoante a este diploma legal encontra-se o Código de Defesa do Consumidor: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Todos estes dispositivos vêm demonstrar que a proteção à personalidade está plenamente presente em nosso ordenamento jurídico pátrio, privilegiando o Estado Democrático de Direito e o indivíduo como sujeito principal da proteção estatal. Ante todo aparato legal de proteção à personalidade dos indivíduos, necessário se faz tecer algumas poucas linhas sobre o dano moral. O ilustre professor Carlos Alberto Bittar, ao se referir aos danos morais acentua que: Diz-se, então, morais os danos experimentados por algum titular de direito, seja em sua esfera de consideração pessoal (intimidade, honra, afeição, segredo), seja na social (reputação, conceito, consideração, identificação), por força de ações ou omissões, injustas de outrem, tais como agressões infamantes ou humilhantes, discriminações atentatórias, divulgação indevida de fato íntimo, cobrança vexatória de dívida e outras tantas manifestações desairosas que podem surgir no relacionamento social.” No caso vertente, é cristalino o grande abalo moral que sofreu o demandante diante dos fatos narrados, haja vista que, como é cediço por todos, o aparelho de telefone celular, constitui bem indispensável ao deslinde positivo das atividades profissionais, mormente em se tratando de profissional liberal na área da advocacia, que necessita fazer uso diário do referido aparelho para contatar com os seus clientes. Ora, a recusa no conserto satisfatório do bem, ou no fornecimento de outro ou na restituição do valor pago para aquisição de outro bem, como é o caso, privou o demandante de usufruir de seu telefone celular recém adquirido, notadamente ficando impedido de receber algumas informações úteis e necessárias seja relativa ao seu trabalho, seja relativas a sua vida privada. Até porque, o requerente constantemente está viajando a trabalho, não possuindo outro meio de comunicação próximo. É certo também, que os aparelhos eletro-eletrônicos são passíveis de vícios e defeitos. Entretanto, o aparato consumerista prevê de forma expressa que, em ocorrendo o vício, o produto deve ser consertado dentro de 30 dias, sob pena de o consumidor optar por uma das soluções legais, como já bem explanado. Entretanto, apesar de toda proteção que recai sobre o autor, o mesmo se vê, até a presente data, de mãos atadas, necessitando, pois, a propositura da demanda a fim de ter o seu direito restaurado, tanto que, se viu obrigado a adquirir outro aparelho de telefone celular na data de 05/11/2008 (vide nota fiscal em anexo), a fim de evitar maiores prejuízos, já que o pleno exercício de seu trabalho de forma satisfatória estava se tornando inviável. Agrava ainda mais a situação, o fato de uma empresa taxada de “idônea, preocupada com os consumidores, com responsabilidade social”, fez do CDC tabula rasa não reconhecendo a sua vigência e eficácia, pois passado o prazo de 30 dias para sanar o problema do vício do produto não restituiu o valor ao autor ou entregou-lhe aparelho novo, tendo a audácia de informar que a garantia adotada pela empresa não engloba tais opções, mas tão somente a substituição de peças danificadas. Além disso, o requerente demandou grande empenho para conseguir entrar em contato com a central de atendimentos da empresa-ré que, apesar de já estar no período de adaptações das rigorosas regras trazidas pelo Decreto nº 6.523/2008, de 31 de julho de 2008, seu Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC nada resolveu. Toda essa situação de frustração, somada ao período já transcorrido, causou grave abalo emocional no autor da demanda. Os motivos geradores de tamanho transtorno são inúmeros: a) o autor pagou por um produto que usara por tempo ínfimo até que começasse a apresentar defeitos; b) o fato de o aparelho ter ido para a Assistência Técnica e lá permanecer por mais de 30 dias, intercaladamente, e ao retornar, necessitando novamente ser enviado para conserto outras vezes face a apresentação do mesmo vício, sem que até a presente data (decorridos mais de dois meses), o problema tenha sido resolvido, é causa de enorme prejuízo para o autor; c) experimenta o autor uma atitude insuportável de desídia e descaso que o assola, pois mesmo após inúmeras insistências para ver o seu problema resolvido administrativamente, sempre fora tratado de forma inferiorizada e com total descaso pela empresa-Ré; d) nos dias atuais, é inconcebível que um advogado fique sem aparelho de telefone celular,pois dele necessita para ser encontrado por seus clientes, ser contatado por sua secretária, familiares, dentre outras pessoas, e também o pleno exercício de outros atos de sua vida privada; como de fato ocorreu e será demonstrado no curso da instrução processual. Isto, por si só, induvidosamente, enseja danos morais ao autor, colocando-o em condições de merecer uma reparação moral. É sabido, Excelência, que o mero aborrecimento não causa qualquer dano moral. Porém, no caso, longe está de se configurar um mero aborrecimento o sentimento de impotência, raiva e descaso que aflige o Requerente, pois, é certo que, quando alguém adquire um aparelho de telefone celular novo, o faz confiando de que o mesmo funcionará adequadamente, atendendo aos fins mínimos a que se destina, sem apresentar qualquer problema. Entretanto, caso ocorra qualquer evento danoso ou defeito no referido bem, espera que o mesmo seja solucionado, seja da forma que for, dentro do prazo legal, o que, em hipótese alguma ocorreu na presente situação. Além disso, após a frustração de ver que o bem apresentara vício, o qual decorreu por culpa exclusiva da Ré, o demandante depositou sua confiança nos serviços de manutenção prestados pela empresa, o qual se demonstrou totalmente ineficaz, pois não sanou o problema, mas, longe de tal solução, tampouco se apresentou propícia a restituir-lhe um novo aparelho ou o respectivo valor pago. Ora, o autor, ficou por certo tempo sem poder usufruir os benefícios trazidos por seu aparelho de telefone celular que, aliás, possui uma conta com “plano fixo” e, por isso, teve substanciais prejuízos por ter ficado todo o período demonstrado sem ter como utilizar do aparelho e, ao mesmo tempo, pagando a conta no tocante a sua parcela fixa, já que possuí contrato de 01 (um) ano a cumprir com a operadora --------. Somando-se a todos esses percalços que frustram o demandante, está o sentimento de impunidade que a empresa aparenta demonstrar, tendo em vista que, mesmo diante dos avisos do autor em procurar os meios judiciais para sanar o problema, e mesmo diante do conhecimento inequívoco da legislação pátria, a Requerida queda-se inerte em não cumprir com a sua obrigação de fornecedora, o que vem gerando, como já dito, grave dano à moral do demandante. Se, se tratasse Excelência, de empresa de pequeno porte, sem estrutura econômico-financeira para, de imediato dar solução ao problema, seria, a certo ponto, até compreensível a mora em saná-lo. Entretanto, trata-se de multinacional, manifestamente bem equipada e com um sistema administrativo organizado, cujo lucro mensal, com toda certeza, exorbita a casa dos seis dígitos. Em virtude disso, inadmissível aceitar os atos, pode se dizer, ilícitos que ela vem causando ao demandante. Após todo esse desabafo, colaciona jurisprudênciaa fim de demonstrar a existência do direito pleiteado: EMENTA: COMPRA E VENDA – EQUIPAMENTO ODONTOLÓGICO - AQUISIÇÃO DE REPRESENTANTE AUTÔNOMO – LOJA MULTIMARCAS – INDENIZAÇÃO AJUIZADA CONTRA O REVENDEDOR E O FABRICANTE - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA, NA ESPÉCIE - APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - TEORIA DA APARÊNCIA LEGITIMIDADE AD CAUSAM TAMBÉM DO FABRICANTE - INDENIZATÓRIA PROCEDENTE, INCLUSIVE NO QUE DIZ RESPEITO À LESÃO MORAL - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO PARA REDUZIR O VALOR INDENIZATÓRIO REFERENTE AO DANO MORAL (APELAÇÃO COM REVISÃO N° 1.113.949-0/4; APTE : OLSEN INDUSTRIA DE EQUIMENTOS ODONTOMÉDICOS LTDA. APDA : SIMONE MAGALHÃES MENENDEZ SILVA; PARTE: PRODUTOS ODONTOLÓGICOS STARKAN COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA). Em decisão recentíssima, o E. TJ/SP decidiu caso semelhante, porém mais brando do que o narrado nos autos e, acertadamente fixou o dano moral em prol do consumidor: EMENTA: Ação de obrigação de fazer c.c. indenização por danos morais – Bem móvel - Máquina de lavar roupas - Vícios no produto que não funcionou adequadamente desde o início - Diversas visitas da assistência técnica - Injusta frustração da consumidora que não pôde usufruir do bem por pouco mais de um mês sem que apresentasse defeito - Troca efetuada um ano e quatro meses após a aquisição em razão de ordem judicial - Constrangimento ilegal à esfera moral da consumidora - Danos morais devidos - Fixação em 10 vezes o valor do produto - Recurso provido (Apelação com Revisão n. 971.312-0/0; Apelante: Eva Neta Alves; Apeladas: Companhia Brasileira de Distribuição - Grupo Pão de Açúcar, BSH Continental Eletrodomésticos Ltda e Competence Comércio e Serviços Técnicos de Eletrodomésticos Ltda; Comarca: São Paulo; Voto n. 11.743). Especificamente no caso de aparelho de aparelho de telefone celular a revista e o site Consultor Jurídico publicaram na data de 08 de julho de 2007 a seguinte notícia: Dor do silêncio Defeito em telefone celular gera dano moral Comprar um celular e ficar quase dois meses sem poder usá-lo, devido a problemas no aparelho, não é um mero aborrecimento. O entendimento é do Juizado Especial do Planalto, em Cuiabá, que condenou a Claro e a Motorola a pagarem, solidariamente, R$ 3,8 mil de indenização por danos morais a um cliente. Além disso, as empresas deverão arcar com cerca de R$ 1 mil por danos materiais. Para o juiz Yale Sabo Mendes, a alegação das empresas de que não houve ato ilícito e, portanto, não há danos morais para ser indenizado, não se sustenta. “É pacífico na nossa jurisprudência que o dano moral não depende de prova, bastando comprovação do fato que o causou, mesmo porque, o dano moral apenas é presumido, uma vez que é impossível adentrar na subjetividade do outro para aferir a sua dor e a sua mágoa”, afirmou. O juiz considerou, ainda, que as empresas deveriam ter dado toda assistência necessária para resolver, imediatamente, o problema. (...). Cumpre esclarecer que, no CDC, a garantia de segurança do produto ou serviço deve ser interpretada enquanto reflexo do princípio geral do mesmo diploma legal, de proteção da confiança (§ 1º, do art. 12), o qual possui estreita relação com a boa-fé objetiva do CCB. Desse modo, ao adquirir um aparelho de telefone celular, põe-se o fabricante submisso às conseqüências jurídicas, quando, na concretude do uso, frustrar-se aquela perspectiva de maneira sucessiva/sequêncial. egundo o Prof. Zelmo Denari (Cód. Bras. De Proteção do Consumidor, Forense Universitária, 95, p. 103): “entende-se por defeito ou vício de qualidade, a qualificação de desvalor atribuída a um produto ou serviço por não corresponder à legítima expectativa do consumidor, quanto à sua utilização ou fruição (falta de adequação), bem como por adicionar riscos à integridade física (periculosidade) ou patrimonial (insegurança) do consumidor ou de terceiro”. Esclareça-se, também, que os constrangimentos de que foi vítima o Autor, não representam aborrecimentos naturais do cotidiano, posto que, conforme vastamente demonstrado, a Requerida vem agindo de forma irresponsável, desrespeitosa, inconseqüente, recusando-se a cumprir o dever imposto pelo ordenamento jurídico consistente em reparar o aparelho televisor, bem como, em ressarcir o Autor pelo valor pago pelo aparelho. Assim, não se pode admitir que um consumidor, vendo-se privado do seu patrimônio, não mereça ser ressarcido pelo constrangimento sofrido, em que pese o caráter punitivo da condenação por danos morais, visando-se, assim, a evitar que as Requeridas reeditem o desrespeito observado no caso dos autos, pelo que, o valor da condenação deve ser suficiente para esse fim específico. A indenização consiste numa compensação, numa tentativa de substituir o sofrimento por uma satisfação, além do aspecto retributivo e verdadeiramente punitivo no tocante ao causador do dano que, vendo-se obrigado a indenizar os danos causados, certamente entenderá que ainda se faz valer as normas editadas e vigentes em nosso ordenamento jurídico. Isto tudo revela que o ser humano tem uma esfera de valores próprios que são postos em sua conduta não apenas em relação ao Estado, mas, também, na convivência com os seus semelhantes. Respeitam-se, por isso mesmo, não apenas aqueles direitos que repercutem no seu patrimônio material, de pronto aferível, mas aqueles direitos relativos aos seus valores pessoais, que repercutem nos seus sentimentos, postos à luz diante dos outros homens. Assim sendo, restam fartamente configurados os danos morais sofridos pelo Autor, razão ante a qual requer-se a condenação da empresa-Ré. Presentes os requisitos ensejadores do dano moral, quais sejam, o dano sofrido, a culpa exclusiva da ré e o nexo causal e a culpa, hão de ser arbitrados, a bem do demandante e como forma de fazer valer o Estado Democrático de Direito, ressarcimento por danos morais no importe de 08 (oito) salários mínimos, ou no importe que V. Exa. entender por bem estipular. DO PEDIDO Diante do exposto, requer a VOSSA EXCELÊNCIA: a) a citação da requerida, a ser efetivada na pessoa do seu representante legal para que, querendo, responda aos termos da presente, sob pena de revelia e confissão ficta; b) seja determinada a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, pela vulnerabilidade técnica do requerente. c) seja julgada PROCEDENTE a presente demanda, a fim de que condenar a empresa requerida na devolução da quantia paga de R$ 349,00 (trezentos e quarenta e nove reais), monetariamente corrigida, bem como a fixação de danos morais no valor equivalente a 08 (oito) salários-mínimos. d) a condenação da requerida no pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios; e) a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, por ser o requerente pessoa pobre na acepção jurídica do termo, nos termos da Lei nº 1.060/50. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, em especial pelo depoimento pessoal do representante legal da requerida, oitiva de testemunhas, prova documental e pericial e outras cabíveis a espécie.Nestes termos, dando-se à causa o valor de R$ 3.669,00 (três mil seiscentos e sessenta e nove reais). P. deferimento. Cidade,
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