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Teoria Geral dos Recursos no Processo Penal

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FUNDAÇÃO ESCOLA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ 
Núcleo de Curitiba 
Professor: Armando Antonio Sobreiro Neto 
 
 1 
RECURSOS NO PROCESSO PENAL 
 
1. DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
1.1 Conceito de Recurso: Corolário do princípio da ampla defesa, 
manifestado através do duplo grau de jurisdição, recurso1 é o pedido voluntário, 
previsto em lei, destinado à obtenção da reforma de uma decisão judicial, 
encaminhado, em regra, a um órgão jurisdicional de grau imediatamente superior, 
dentro do mesmo processo. 
OBS: Para Câmara Leal – “é o meio processual que a lei faculta à parte ou impõe 
ao julgador para provocar a reforma, ou a confirmação de uma decisão judicial”. 
Costuma-se afirmar que a existência do recurso decorre do inconformismo 
inerente ao ser humano em face de decisões desfavoráveis. Convém, no entanto, 
ressaltar que o recurso também tem o objetivo de corrigir decisões falíveis, seja no 
plano da legalidade e regularidade, seja quando injusta (pena exagerada). Sendo 
assim, pode ser objeto do recurso a discussão de uma irregularidade processual, das 
nulidades, questões de mérito, esta no tocante a equívocos de interpretação quanto à 
prova, ao fato, à lei e, inclusive, o próprio pedido. 
(INCONFORMISMO-FALIBILIDADE-COMBATE AO ARBÍTRIO) 
Vale lembrar que o recurso não é o único meio de impugnação das 
decisões judiciais, em virtude de que é possível atacá-las através de ações próprias, 
como o mandado de segurança criminal, a revisão criminal e o “hábeas corpus”. 
 
1.2 Categorias de Recursos no Processo Penal: Dentro do sistema 
processual penal vigente, os recursos compreendidos são os seguintes: a) Recurso 
em sentido estrito (art. 581 a 592 do CPP); b) Apelação (art. 593 a 603 do CPP); c) 
Protesto por novo júri (art. 607 e 608 do CPP); d) Embargos de declaração (art. 619 e 
620 do CPP); e) Carta testemunhável (art. 639 a 646 do CPP); f) Embargos 
Infringentes (art. 609, p.ú. do CPP); g) Agravo de Instrumento (art. 28 da Lei n. º 
8.038/90); h) Recurso inominado (art. 625, § 3º do CPP); i) Recurso ordinário; j) 
Recurso especial (art. 105, III, CF); l) Recurso extraordinário (art. 102, III, CF). 
 
1.3 Características dos recursos: 
 
1.3.1 Princípio da fungibilidade: Consiste na admissão de um recurso ao 
invés de outro, desde que preenchidos os pressupostos legais, a fim de não se 
prejudicar a parte recorrente, pela simples interposição de recurso errado (579). Como 
se sabe, para cada decisão existe um recurso adequado. 
 
Condições para admissão da fungibilidade recursal 
a) Que o erro não seja grosseiro: O recurso não pode ser impertinente, ou 
seja, não se pode interpor outro recurso, quando, de forma escancarada, o cabível 
para a espécie estiver declaradamente previsto na lei. Ex: recurso de apelação contra 
decisão que rejeitou a denúncia. A hipótese, como se sabe, é de combate através de 
RSE, como previsto no art. 581, I, CPP. 
b) Que não haja má-fé: Ocorre quando a parte perde o prazo recursal. 
Neste caso, com clarividente má-fé, interpõe outro recurso, de prazo mais longo, 
apenas para possibilitar a discussão da causa pelo juízo “ad quem”. Ex: embargos 
infringentes (prazo de dez dias – 609, parágrafo único), ao invés de apelação (cinco 
dias – 593). 
 
1
 “É a providência legal imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, consistente em meio de se 
obter nova apreciação da decisão ou situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-
la. Trata-se do meio pelo qual se obtém o reexame de uma decisão” (Fernando Capez). 
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Núcleo de Curitiba 
Professor: Armando Antonio Sobreiro Neto 
 
 2 
O erro seria quanto ao meio processual admitido, desde que não ferido o 
prazo do recurso legal cabível. 
Na prática, dificilmente não se admite o outro recurso, desde que presente 
a tempestividade. Ex: apelação em lugar de RSE (ambos têm o mesmo prazo de cinco 
dias – 586 e 593). 
 
1.3.2 Princípio da unicidade: Existe um recurso para cada caso. Não 
podem coexistir dois recursos, de forma simultânea, interpostos com o mesmo objeto 
e envolvendo as mesmas partes. 
 
Esse princípio pode sofrer restrições. É que, em casos especiais, a parte 
poderá interpor dois recursos criminais em paralelo. (p. ex: quando havia o protesto 
por novo júri, admitia-se a concomitante apelação por crime conexo; apelação e 
habeas corpus etc. De qualquer forma, é bom lembrar que o habeas corpus não é 
considerado recurso propriamente dito). 
 
1.3.3 Princípio da sucumbência: É o gravame imposto a quem perde a 
causa, constituindo-se na imposição do pagamento das despesas do processo, custas 
e honorários advocatícios. A sucumbência é que caracteriza o interesse em recorrer. 
 
1.3.4 Princípio da Pluralidade dos graus de Jurisdição – havendo 
dúvida quanto à tempestividade – resolve-se em favor do recorrente – STJ. 
 
1.4 Pressupostos recursais: São requisitos indispensáveis, exigidos pela lei, 
para que um recurso seja conhecido para julgamento. É o juízo de admissibilidade 
(juízo de prelibação). Podem ser objetivos e subjetivos. 
 
1.4.1 Dos pressupostos objetivos: 
 
a) Cabimento: É o pressuposto em que a possibilidade de recorrer está 
jungida a prévia previsão legal permissiva. P. ex: despachos de mero expediente são 
irrecorríveis, além de decisões não contidas no rol do art. 581 do CPP ou aquelas que 
tenham força definitiva; 
 
b) Adequação: Relacionado com o anterior. O recurso interposto deve 
guardar estreita correlação (legal) com a decisão a ser recorrida. É mitigado pelo 
princípio da fungibilidade (art. 579 do CPP). O abrandamento é condicionado, 
entretanto, à ausência de má-fé e que o erro não seja grosseiro, consoante já 
debatido. Esse pressuposto também é afetado pelo princípio da unirrecorribilidade, em 
que para cada situação só um recurso é cabível, sendo excepcionado no caso de 
recurso especial e extraordinário, além da situação do art. 608 do CPP; 
 
c) Tempestividade: É imperioso que o recurso seja interposto dentro do 
prazo legal, sob pena de preclusão, adquirindo a decisão o lacre da intocabilidade, 
formando-se a “res judicata” (coisa julgada). Quando o atraso decorrer por falha 
funcional do Cartório, o recurso deve ser admitido (art. 575 do CPP). A regra é o prazo 
de 05 dias2; 
 
 
2
 O prazo para o MP: 1ª corrente do STJ e STF = é o da data da aposição do ciente nos autos, e não da 
data constante no livro carga do cartório ; 2ª Corrente STJ/STF + recente – entrega dos autos com vista 
(entrave burocrático da administração do MP – o ônus da entrega imediata dos autos à pessoa física do 
representante do MP é da Instituição) Não se admite o controle do Prazo pelo Poder Público e afronta o 
contraditório. 
FUNDAÇÃO ESCOLA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ 
Núcleo de Curitiba 
Professor: Armando Antonio Sobreiro Neto 
 
 3 
d) Regularidade processual: O recurso deve ser interposto consoante a 
forma definida pela lei, por conseguinte, impetrado por petição ou termo nos autos, 
devidamente assinado, sob pena de inexistência do recurso (art. 578 do CPP). Assim, 
se o advogado, ao ser intimado, escrever nos autos que quer apelar, impõe-se seja 
admitida manifestação como recurso de apelação. 
 
São interpostos por petição: embargos infringentes; embargos 
declaratórios; carta testemunhável; recurso extraordinário; recurso especial; correição 
parcial; “hábeas corpus”; e revisão criminal. 
São interpostos por petição ou por termo nos autos: apelação, Recurso em 
Sentido Estrito (RSE), e protesto por novo júri. 
 
e) Fundamentação: Para constatar o desejo de reforma e as razões que a 
justificam, evidente a necessidade de fundamentaçãodo recurso. Em que pese 
constituir pressuposto recursal, corresponde, de fato, em uma formalidade. Também 
se inserem nas contra-razões do recurso. 
 
f) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo: São hipóteses que não 
permitem o conhecimento do recurso. Eram considerados fatos impeditivos a 
renúncia e o não recolhimento à prisão (art. 594 do CPP). Todavia, houve a revogação 
do art. 594 (Lei 11.719/08) e, por força da Súmula 347-STJ3 e precedentes do STF, 
entende-se que os artigos 594 e 595 do CPP contrariam as garantias constitucionais 
do devido processo legal, da isonomia e da ampla defesa. Resta, pois, a renúncia. 
Consideravam-se fatos extintivos a desistência, a deserção e fuga do réu 
(art. 595 do CPP). Remanesce, então, a desistência. Importante lembrar que o 
princípio da variabilidade, em que a desistência de um recurso não impede, desde que 
no prazo legal, a interposição de outro (P. ex: desiste dos embargos de declaração e 
oferece apelação). 
Sobre a renúncia, ela sucede quando o réu, antes de interpor, renuncia ao 
direito de recorrer. A renúncia é irrevogável. Uma vez manifestada a renúncia ao 
direito de recorrer, torna-se irretratável. 
Se o réu tiver mais de 18 e menos de 21 anos, sua renúncia não se efetiva 
diante da vontade de recorrer, seja de seu curador, seja de seu defensor. 
O réu pode, mesmo assim, ser beneficiado por recurso interposto por co-
réu, se não se tratar de motivo pessoal (art. 580 do CPP). 
Há na doutrina entendimento de que, se o réu renunciar, seu advogado não 
poderá recorrer, pois, se o réu pode destituir seu defensor (o mais), então pode 
desautorizá-lo a recorrer (o menos). 
De outro modo, na jurisprudência é pacífico o entendimento no sentido de 
que a renúncia não prevalece em caso de recurso do defensor, pois nem sempre o réu 
tem conhecimento técnico dos efeitos do recurso. Só vigora a renúncia se assinada 
pelo réu e por seu defensor (STF e STJ). 
 Lembrar que não se pode prejudicar a situação do réu, quando só ele 
recorre ou quando não se acolhe recurso da acusação (art. 617 do CPP). 
Em suma, deve sempre prevalecer à vontade de quem quer recorrer, seja 
do réu, seja do defensor. 
Oportuno frisar que o Ministério Público não pode desistir de recurso já 
interposto (art. 576 do CPP), devido ao princípio da indisponibilidade da ação penal 
pública, previsto no art. 42 do CPP. Quanto à defesa, a desistência cabe somente 
quando o defensor possuir poderes especiais. 
Outrossim, com o objetivo de afastar a deserção (desistência tácita), no 
caso da defesa tem sido entendido que o oferecimento de razões é obrigatório, tanto 
 
3
 Súmula STJ 47 - O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão. 
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que as razões tardias constituem mera irregularidade (RT 545/382 e 641/324). Mesmo 
no caso de apelação, em que o artigo 601 determina a subida dos autos com ou sem 
as razões recursais, impõe-se o oferecimento de razões, em atenção ao princípio da 
ampla defesa. Se o defensor não apresentar razões, nomeia-se outro defensor para o 
ato, salvo quando haja desistência explícita do recurso; 
 
1.4.2 Dos pressupostos subjetivos: 
 
a) Interesse em recorrer: Ligado umbilicalmente com o prejuízo ocasionado 
pela sucumbência (princípio da sucumbência), a qual gera, em função do 
inconformismo, o desejo de reforma da decisão judicial (art. 577, p.ú., do CPP). 
A sucumbência poderá ser única (afeta uma parte) ou plúrima (atinge várias 
partes). Esta poderá ser, ainda, paralela (fere mais de um réu ou querelantes) ou 
recíproca (fere interesses de partes opostas). Além disso, a sucumbência poderá ser 
direta (fere as partes) ou reflexa (fere interesse de terceiros, como por exemplo, o art. 
598 do CPP). A sucumbência também poderá ser total (toda a pretensão é rejeitada) 
ou parcial (apenas parte do pedido é rejeitada). 
O réu pode recorrer da sentença absolutória? Entendemos que não, pois a 
sucumbência só existe na disposição da sentença, não na motivação. Ora, o recurso 
contra sentença absolutória não mudaria a disposição, apenas a fundamentação, 
estando a faltar o legítimo interesse processual; 
 
b) Legitimidade para recorrer: Somente quem possui interesse terá 
legitimidade para recorrer. Em regra, são as pessoas indicadas no art. 577 do CPP, 
mas é possível o recurso do assistente de acusação, como por exemplo, o recurso em 
face de sentença absolutória, de impronúncia e extintiva da punibilidade do agente. O 
Ministério Público não poderá recorrer em ação penal exclusivamente privada quando 
a sentença for absolutória. Desde que tenha requerido a absolvição em sede de 
memoriais, o Ministério Público tem legitimidade para recorrer em favor do réu 
condenado. 
O réu pode recorrer, assim como seu defensor, de forma independente. O 
defensor dativo, mesmo sem a anuência do réu, pode recorrer. 
O assistente de acusação também pode recorrer (584, § 1º, e 598 do CPP). 
Todavia, seu recurso é supletivo, ou seja, só deve ser admitido se o MP não recorrer, 
ou se recorrer apenas de parte da sentença. Neste último caso, o assistente pode 
recorrer da parte não atacada pelo MP. 
Qualquer do povo pode recorrer, por meio de reclamação à Instância 
Superior, para alterar lista geral de jurados (art. 439, p. ú. do CPP). 
1.5 Procedimento Recursal: Em conformidade com o pressuposto da 
regularidade processual (art. 578 CPP), o recurso pode ser interposto por petição 
(escrito) ou por termo nos autos (redução a termo do recurso interposto oralmente). A 
assinatura do recurso pelo recorrente ou por seu representante é indispensável, já que 
sua ausência importa em considerar o ato inexistente4 juridicamente. Admite-se 
recurso por telex e fax (analogia ao art. 374 do CPC). 
Se o réu não souber ou não puder assinar, o termo deve ser assinado a 
seu rogo, por alguém, na presença de duas testemunhas (§ 1º, 578, CPP). 
Na petição ou termo é desnecessária a fundamentação do recurso. Apenas 
nas razões é que devem ser declinados os motivos determinantes do recurso, em 
obediência ao pressuposto da fundamentação. 
Relevante consignar que na Lei dos Juizados Especiais Criminais, exige-se 
a motivação no ato da interposição, pois a apelação deve ser apresentada 
acompanhada das respectivas razões (Lei 9.099/95, art. 82, § 1º). 
 
4
 “O recurso que não porta assinatura é de ser considerado inexistente. Recurso não conhecido”. (STJ, 5ª 
Turma, Rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini, DJU 23.11.92, p. 21.898). 
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1.6 Efeitos do recurso: Correspondem a três modalidades: devolutivo, 
suspensivo e extensivo. 
 
1.6.1 Efeito devolutivo: É a essência de qualquer recurso. Trata-se da 
remessa do que foi decidido para reexame pelo juízo ou tribunal “ad quem”. É 
classificado em: a) Iterativo: a devolução é para o próprio juízo “a quo” (p. ex: 
embargos de declaração); b) Reiterativo: devolução é perante o juízo “ad quem” (p. ex: 
apelação); c) Misto: tanto o juízo “a quo” quanto o “ad quem” apreciam a matéria 
impugnada (p.ex: Recurso em sentido estrito – juízo de retratação). 
 
1.6.2 Efeito suspensivo: É a qualidade do recurso em suspender a eficácia 
da decisão até o julgamento da nova decisão. A lei determina expressamente quando 
um recurso possui esse efeito (p.ex: art. 584 do CPP). Alguns dos efeitos de uma 
sentença absolutória não podem ser suspensos por um recurso (art. 596 do CPP). 
 
1.6.3 Efeito extensivo: É a hipótese de em um concurso de agentes, um 
dos acusados condenados recorre, sendo queé possível a extensão de eventuais 
benefícios àqueles que não recorreram, desde que não sejam de caráter 
exclusivamente pessoal (art. 580 do CPP). 
 
1.7 Juízo de Retratação: Fenômeno recursal em que o juiz pode 
reapreciar sua decisão, reformando-a, total ou parcialmente. Impede, assim, que os 
autos subam ao juízo ad quem, a menos que a outra parte então requeira. Ex: 
Recurso em Sentido Estrito (RSE). 
O novo requerimento, formulado em cima da retratação judicial, só deve 
ocorrer se a nova decisão comportar recurso. Ex: se a nova decisão não acolher 
exceção de litispendência, não cabe o requerimento, pois só cabe RSE da decisão 
que acolher exceção, não da que não a acolhe (arts. 581, III e 589). 
 
1.8 Extinção do recurso: Acontece com a incidência de fato extintivo, 
como a desistência. 
 
2. DO RECURSO DE OFÍCIO (art. 574 do CPP) 
2.1 Natureza jurídica: Também conhecido como recurso anômalo ou 
necessário, não corresponde propriamente a um recurso, já que não está presente o 
elemento da voluntariedade. Trata-se, na realidade, de condição de eficácia de uma 
sentença que concede “hábeas corpus”, na que concede reabilitação criminal (art. 746 
do CPP) e nos casos previstos em leis especiais (p.ex: art. 7º da Lei n. º 1.521/515), 
condicionando o trânsito em julgado da decisão ao duplo grau de jurisdição (Súmula 
423 do STF). (Não cabe mais na que absolve sumariamente o réu-nova redação do 
art. 411 do CPP, Júri) 
Tourinho Filho sustenta que ainda persiste o recurso de ofício no caso de 
absolvição sumária, dado o deslocamento do art. 411 para o art. 415 e a não 
revogação expressa do art. 574,II, do CPP. 
 Alguns tribunais, como o TJRS e o TJMG, têm entendido que a 
Constituição Federal, ao estabelecer o Ministério Público como titular exclusivo da 
ação penal pública (art. 129, I, CF), revogou todos os dispositivos infraconstitucionais 
sobre o recurso de ofício. Entretanto, autores como Tourinho Filho e Ada Pellegrini 
continuam entendendo que não houve revogação, pois os recursos não se confundem 
com ação penal. 
 
5
 Art. 7º - Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime 
contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos 
do respectivo inquérito policial. 
FUNDAÇÃO ESCOLA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ 
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Professor: Armando Antonio Sobreiro Neto 
 
 6 
 
2.2 Procedimento: Dada a sua peculiaridade, não se exige do juiz que 
venha a arrazoar o recurso de ofício, bem como não está sujeito à preclusão, pois o 
Tribunal deve conhecer o recurso a qualquer tempo e, inclusive, pode avocá-lo. 
Súmula 423 
NÃO TRANSITA EM JULGADO A SENTENÇA POR HAVER OMITIDO O RECURSO 
"EX OFFICIO", QUE SE CONSIDERA INTERPOSTO "EX LEGE".

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