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Dir Amb N Aula nº 3 PNMA

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DIREITO AMBIENTAL 
 
NOTA DE AULA Nº 3 
 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
 
1. Lei nº 6.938 de 31/08/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente 
 Esta Lei define o conteúdo geral, os objetivos, os fins, os mecanismos, o 
sistema e os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. 
 A Lei 6.938/1981 é anterior à CF/88, mas foi recepcionada. 
2. Conceito Legal de Meio Ambiente 
 Art. 3º, I, Lei 6.938 – "entende-se por: meio ambiente, o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas." 
3. Objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) 
 3.1. "Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da 
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...]" 
 - É o objetivo último da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). 
 3.2. "Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
 I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; 
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à 
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e 
de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; 
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais 
orientadas para o uso racional de recursos ambientais; 
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação 
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a 
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à 
sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção 
do equilíbrio ecológico propício à vida; 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de 
recursos ambientais com fins econômicos." 
- Para a PNMA, as boas condições ambientais constituem-se em um 
importante elemento indutor do desenvolvimento socioeconômico. Servem, também, 
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como meio indispensável para a segurança nacional e proteção da dignidade humana. 
Isso somente pode ser compreendido sob a ótica do "desenvolvimento sustentado". 
- A PNMA não aceita a tese de que o país deve limitar o acesso ao estágio de 
sociedade industrializada sob o pretexto de conter o avanço da poluição, mas também 
não admite o desenvolvimento com sacrifício da qualidade do meio ambiente e do 
equilíbrio ecológico. Assume a política do equilíbrio, que consiste em conciliar o 
desenvolvimento econômico-social com preservação da qualidade ambiental. 
- A PNMA, portanto, destina-se ao desenvolvimento sustentado da sociedade 
e economia brasileiras. 
4. O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) 
 "Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder 
Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o 
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: 
 I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o 
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes 
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; 
 II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, 
diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e 
deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o 
meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; 
 III - órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de 
planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e 
as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; 
 * Na Lei 6.938, consta ainda antiga Secretaria do Meio Ambiente. 
 IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar 
a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com 
as respectivas competências; 
 V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela 
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de 
provocar a degradação ambiental; 
 VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo 
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;" 
 
 4.1. Conselho de Governo (órgão superior) - presidido pelo Presidente da 
República ou, por sua determinação, pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, é 
integrado pelos Ministros de Estado e pelo titular do Gabinete Pessoal do Presidente da 
República. Ao Conselho de Governo compete assessorar o Presidente da República na 
formulação de diretrizes da ação governamental (Art. 7º, I, da Lei 10.683/2003). 
 4.2. CONAMA (órgão consultivo e deliberativo) 
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 - Tem dupla função: 
• Consultiva: assessora e propõe ao Conselho de Governo diretrizes 
e políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais. 
• Deliberativa: delibera sobre normas e padrões compatíveis com o 
meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida (tem 
poder regulamentar). 
* "Art. 8º (Lei 6.938) Compete ao CONAMA: 
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o 
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos 
Estados e supervisionado pelo IBAMA; 
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das 
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, 
requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades 
privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto 
ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa 
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. 
III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, 
mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; 
(revogado pela Lei 11.941/2009) 
IV - (VETADO); 
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição 
de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e 
a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos 
oficiais de crédito; 
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle 
da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência 
dos Ministérios competentes; 
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à 
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos 
ambientais, principalmente os hídricos. 
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas 
funções, o Presidente do Conama."4.3. Ministério do Meio Ambiente (órgão central) 
- o Ministério do Meio Ambiente resultou da transformação da Secretaria 
do Meio Ambiente em Ministério, por força da Lei 8.490/1992. 
 
4.4. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA (órgão executivo) 
- É o principal órgão executor do SISNAMA. 
- Conforme a Lei 11.516/2007, o IBAMA é uma autarquia federal dotada 
de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, 
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de: 
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I - exercer o poder de polícia ambiental; 
II - executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às 
atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade 
ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e 
controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente; 
III - executar as ações supletivas de competência da União, de 
conformidade com a legislação ambiental vigente. 
* O poder de polícia exercido pelo Instituto Chico Mendes para a 
proteção das unidades de conservação não exclui o exercício supletivo do poder de 
polícia ambiental pelo IBAMA em tais unidades (§ único, art. 1º, Lei 11.516/2007). 
4.5. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto 
Chico Mendes (órgão executor) 
- De acordo com a Lei 11.516/2007, o Instituto Chico Mendes é uma 
autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia 
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com a 
finalidade de: 
I - executar ações da política nacional de unidades de conservação da 
natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão, 
proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela 
União; 
II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais 
renováveis e ao apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de 
conservação de uso sustentável instituídas pela União; 
III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e 
conservação da biodiversidade e de educação ambiental; 
IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de 
conservação instituídas pela União; e 
V - promover e executar, em articulação com os demais órgãos e 
entidades envolvidos, programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas 
unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas. 
4.6. Órgãos Seccionais 
- São os órgãos ou entidades estaduais do SISNAMA. 
- Secretarias de Meio Ambiente, Conselhos Estaduais do Meio Ambiente 
e empresas de meio ambiente, como a CETESB de São Paulo. 
4.7. Órgãos Locais- são os órgãos municipais do SISNAMA. 
5. Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) 
 "Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: 
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
II - o zoneamento ambiental; 
III - a avaliação de impactos ambientais; 
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IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; 
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder 
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de 
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental; 
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. 
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser 
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA; 
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; 
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras 
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão 
ambiental, seguro ambiental e outros." 
 5.1. Conforme José Afonso da Silva, esses instrumentos são medidas, meios e 
procedimentos pelos quais o Poder Público executa a Política Ambiental. 
 Os instrumentos podem ser agrupados em: 
• Instrumentos de intervenção – com base nos quais o Poder 
Público intervém no meio ambiente para condicionar a atividade particular ou pública 
ao fim da PNMA. São eles: 
✓ Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
✓ Zoneamento ambiental; 
✓ A avaliação de impacto ambiental; 
✓ A criação de espaços territoriais especialmente protegidos 
pelo Poder Público federal, estadual e municipal; 
✓ Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a 
criação ou absorção de tecnologia na área ambiental. 
• Instrumentos de controle ambiental – os atos e medidas 
destinados a verificar a observância das normas e planos ambientais. Esse controle 
ocorrerá em três momentos: 
 - antes da ação suscetível de dano ao meio ambiente: 
✓ Avaliação de impacto ambiental; 
✓ Licenciamento prévio. 
- durante a ação potencialmente danosa ao meio ambiente: 
✓ Relatório de qualidade do meio ambiente; 
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✓ Garantia da prestação de informações relativas ao Meio 
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, 
quando inexistentes; 
✓ Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de 
Defesa Ambiental; 
✓ Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente 
poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. 
- depois da ação potencialmente prejudicial ao meio ambiente: 
✓ Vistorias e exames 
• Instrumentos de controle repressivos – visam corrigir os desvios 
da legalidade ambiental pela aplicação de sanções administrativas, civis ou penais: 
✓ Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não 
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou 
correção da degradação ambiental. 
6. Princípios da PNMA (art. 2º, Lei 6.938/1981) 
 "I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando 
o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e 
protegido, tendo em vista o uso coletivo;" 
 *significa que a proteção não é mera faculdade da ação governamental, 
mas um imperativo imposto pela lei. 
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
 *o poder público pode interferir no uso, para propiciar o manejo 
sustentado. 
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; 
 * o princípio da fiscalização é inerente ao poder de polícia. 
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; 
 * é um princípio-instrumento exigido pelo art. 225, § 1º, I da CF/88. 
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente 
poluidoras; 
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso 
racional e a proteção dos recursos ambientais; 
 
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
VIII - recuperação de áreas degradadas; 
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da 
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio 
ambiente. 
 * também é uma condição constitucional (art. 225, § 1º, VI). 
 - Nem todos os tópicos do art. 2º são verdadeirosprincípios. A maioria representa 
uma orientação prática à ação governamental. 
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- O princípio do meio ambiente como Direito Humano Fundamental deve ser 
considerado implícito na PNMA, pois é um princípio constitucional. 
- O princípio democrático encontra-se presente através da norma do inciso X 
(educação ambiental em todos os níveis do ensino). 
7. Diretrizes da PNMA (art. 5º, Lei 6.938/1981) 
 *Art. 5º - "As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão 
formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona 
com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, 
observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei." 
 - José Afonso da Silva considera louvável que A PNMA não se funde em 
diretrizes rígidas, sendo formuladas em normas e planos. O governo federal deve 
formular as diretrizes da Política Ambiental em consonância com as diretrizes e 
objetivos do planejamento nacional.

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