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Caderno de Obrigações - Cristina Pasqual

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Direito Civil II – Cristina Pasqual
21/02/2014
	Objetivo do Semestre: Vamos estudar o momento do nascimento da relação obrigacional – a fonte da obrigação, o que faz com que a relação obrigacional nasça e se constitua. A partir daqui, iremos analisar o momento de seu desenvolvimento – conteúdo da obrigação, classificação da obrigação, quais são as suas características – e vamos chegar na fase de extinção. Vamos estudar de forma mas específica duas fontes que são: enriquecimento sem causa e responsabilidade civil.
“A obrigação nasce para morrer.” Pontes de Miranda; ou seja, a obrigação tem sua característica de desenvolvimento, mas sempre chega em um momento, e ela acaba. 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações: existem diferentes sentidos de “obrigação”. Eu posso, por exemplo, ver uma pessoa de idade mais avançada, me sentir na obrigação de ceder o assento pra ela, porque eu acho que é uma questão de cortesia. Essa obrigação não interessa em nada para o direito, não tem qualquer relevância; se quer ingressa no plano da existência, fica no mundo dos fatos. Contudo, posso me deparar com situações que vão me indicar a existência de uma obrigação, que vai ser uma situação que vai ter interesse ao mundo do direito, então vou me deparar com a chamada obrigação jurídica. Só que ao mesmo tempo, no momento em que essa obrigação torna-se uma obrigação jurídica, ela pode estar vinculada à áreas distintas – ex.: o sujeito se casa e ele assume a obrigação de fidelidade, assume diversas obrigações inerentes a essa relação que se estabelece.
A obrigação que nos interessa está situada no âmbito do direito obrigacional. O nosso direito obrigacional ele sempre vai ter como objeto algo que tem conteúdo econômico. Vamos trabalhar com vínculos que tem conteúdo econômico – patrimonialidade da obrigação. 
O direito obrigacional, além dessa característica da patrimonialidade, ele se caracteriza por ser uma relação que se estabelece sempre entre pessoas. Ao nascer uma obrigação, vamos ter uma relação interpessoal: pode ser que se estabelece uma relação entre dois sujeitos, ou entre diversos sujeito. Mas sempre vai se caracterizar por existir uma ligação entre pessoas. E essa obrigação só vai gerar efeitos entre essas pessoas que estão ligadas. Ex.: o sujeito está dirigindo o seu veículo e acaba sendo surpreendido com um outro motorista que, descuidado, acaba batendo no carro do sujeito. Nesse momento, nasce a relação obrigacional, porque imediatamente essa situação ingressa no mundo do direito e vai se estabelecer entre as partes envolvidas, um vinculo. Esse vinculo que nasce estabelece a obrigação de pagar a quantia (conteúdo econômico). 
O conteúdo econômico não é visto, necessariamente, pelo fato de o sujeito ter que pagar. Mas por eu identificar que pelo menos uma das prestações executadas tem valor econômico, e também não significa dizer que seja um valor que eu possa fixar de forma objetiva. Ex.: um sujeito mora em um prédio, existindo um condomínio. Há uma convenção de condomínio que diz que depois das dez horas da noite há obrigação do silencio. No momento em que o sujeito se coloca na posição de condômino, porque ele adquiriu um apartamento naquele prédio, ele se submeteu a essas regras. Se ele, depois das dez horas da noite, não pode fazer barulho, ele obriga-se a se omitir de uma conduta, ou seja, ele não está obrigado a pagar nada, nem a executar nada, mas está obrigado a ficar em silêncio. O conteúdo econômico está no fato de que, se o sujeito não ficar inerte, vai ser possível aplicar a ele uma multa. 
A relação obrigacional caracteriza-se por ser aquela relação jurídica que se estabelece entre dois ou mais sujeitos, criando entre eles, tendo por objeto, o que se chama de prestação, que sempre terá um cunho econômico, um conteúdo patrimonial. Se eu não identificar isso na relação estabelecida, ela não é uma obrigação jurídica que interessa ao direito das obrigações.
Elementos: elementos que compõem a relação obrigacional. Esses elementos se dividem em três categorias (elementos existências – para que eu tenha a relação obrigacional, vou ter que identificar a presença desses elementos):
Subjetivo: como o próprio nome já diz, diz respeito aos sujeitos, sendo no mínimo dois sujeitos, porque, necessariamente, vamos ter na relação obrigacional dois polos: sujeito ativo e sujeito passivo. O sujeito ativo é o que se chama de credor e o sujeito passivo o que se chama de devedor. O credor é assim denominado e reconhecido como sujeito ativo porque ele é aquele sujeito que tem o direito de buscar o cumprimento do objeto da obrigação. Ele é aquele que, por ter o direito de receber a execução, obviamente, ele também vai ter o direito, via de regra, de exigir que a prestação seja cumprida. Por isso, é que se caracteriza como um sujeito ativo. O sujeito passivo é o chamado devedor, que é aquele que tem que executar a prestação; portanto ele fica submetido a esse direito que o credor tem de exigir. Esse credor e esse devedor, podem ser pessoa natural, pessoa jurídica cumprindo todos aqueles requisitos de acordo com a capacidade,...
Objetivo: o elemento objetivo não deve ser compreendido, por ser objeto, como sendo uma coisa; o objeto da obrigação não é uma coisa. O que se reconhece como objeto da obrigação é o que se denomina de prestação. O devedor tem que executar uma determinada prestação. 
Essa prestação divide-se em três grandes categorias, posso dizer que tenho, três grandes espécies de prestações, que vão acabar trazendo três grandes espécies de obrigações, porque a prestação é o objeto. Tenho a prestação de dar, a prestação de fazer e a de não fazer. 
prestação de dar também acaba se dividindo. Quando eu falo em prestação de dar é porque o devedor tem que dar alguma coisa, só que, apesar de facilmente se entender que o dar sempre vai estar vinculado a uma coisa, a um bem (móvel, imóvel, fungível, infungível, divisível, indivisível, ...). Essa prestação de dar pode ser: 
a) dar coisa certa: pode ser entregar uma coisa certa (obrigação de entregar) ou pode ser restituir uma coisa certa (obrigação de restituir). Se eu tenho a obrigação de entregar é porque eu sou titular da coisa, a coisa é minha e tenho que entregar para alguém. Entretanto, se tenho a obrigação de restituir, a coisa não é minha, eu só estou na posse da coisa, então tenho a obrigação de devolver ao dono. “Coisa certa” significa o bem ser determinado, ser determinado quanto ao gênero, a espécie e a quantidade. Ex.: se o sujeito se obriga a entregar o seu livro de direito das obrigações, ele se obriga a entregar uma coisa certa. 
b) dar coisa incerta: quando se fala em coisa incerta o que nós temos é a prestação como uma prestação vinculada a entrega de um bem determinável, é aquele bem no qual eu identifico o gênero e a quantidade, a espécie não é identificada quando a obrigação se constitui. Quando a minha prestação é de dar coisa incerta, ela nasce como coisa incerta, mas quando executada, necessariamente, se torna uma coisa certa, porque há o conhecimento da espécie. 
c) prestação pecuniária: posso ter um devedor que obriga-se a dar algo que não é uma coisa, propriamente dita, mas que se obriga a entregar dinheiro. Tem suas características próprias por envolver, especificamente, dinheiro. Quando eu tenho uma prestação pecuniária eu não me obrigo a entregar nem uma coisa certa, nem coisa incerta, nem restituir coisa certa, é porque nesses casos o objeto sempre é dinheiro. 
prestação de fazer: caracteriza a chamada obrigação de fazer, é aquela que está sempre vinculada a uma atividade, que pode ser: pintar um quadro, construir uma casa, realizar uma cirurgia, acompanhar um processo,... Sempre está vinculada a uma execução de uma atividade. Só que essa execução da atividade ela pode ser analisada por dois prismas:
Ex.: um sujeito busca que seja feita a manutenção em um determinado bem. O que ele quer é que a manutenção seja realizada, sendo que essa manutenção não precisa ser feita por alguém que alguém tem um conhecimento bemespecializado, pois não é tão difícil. Então, o sujeito contrata uma empresa para que mande um funcionário seu realizar essa manutenção. Quando assumiu-se essa obrigação, o que se desejou é que essa prestação fosse executada, não importando quem executasse essa prestação. 
Ex.: um sujeito contrata para cantar no seu casamento o Roberto Carlos, é uma obrigação de fazer. O RC no dia não vai e manda o cover dele, que é muito parecido, porém nessa situação, a prestação não foi cumprida porque o indivíduo queria que aquela ação fosse executada pelo RC verdadeiro.
Prestação de fazer pessoal/personalíssima/infungível: sua característica é que o devedor obriga-se a executar a atividade pessoalmente; Para o credor é imprescindível que a atividade seja executada por determinada pessoal. Um aspecto importante quando falamos em obrigação de fazer pessoal é que, as vezes, nós podemos nos deparar com obrigações de fazer pessoal que são obrigações pessoais inerentes a uma situação em concreto. Posso ter uma situação em que um sujeito realiza uma atividade, assim como outros cinquenta indivíduos também realizam, porém eu quero que seja aquele. Então, contratualmente, transformo aquela obrigação de fazer, em fazer personalíssima. Com isso, a prestação de fazer pessoal pode ser: I. Pessoal por natureza: situações em que não existe a possibilidade de alterar o sujeito, é inerente; II. Pessoal em decorrência de convenção: convenciono o sujeito que quero que execute determinada atividade. 
Prestação de fazer impessoal: não se exige que uma determinada pessoa execute a atividade. O credor apenas buscava a execução da atividade, sem existir um vinculo direto com a pessoa. 
Quando eu tenho uma prestação de dar ou de fazer, tenho o que se chama de obrigação positiva, porque ambas estão vinculadas a uma ação (entregar, restituir, entregar dinheiro, executar uma atividade). Diferentemente da prestação de não fazer, porque aqui vamos ter uma obrigação negativa, porque o que o devedor se obriga é de se abster de uma determinada conduta. Como há o dever de abstenção eu tenho uma obrigação negativa. Sempre que o sujeito assume a obrigação de não executar alguma coisa, de manter-se inerte de abster-se de uma determinada conduta, tenho uma obrigação de não fazer. Ex.: não fazer barulho.
Se eu tenho uma prestação de dar, de fazer ou de não fazer e é o que caracteriza a prestação e o objeto, necessariamente, se a obrigação ou a prestação existe ela precisa ser válida. Portanto a prestação tem que ser lícita, determinada ou determinável, porque se não gera a nulidade.
Vínculo jurídico: é o liame que se estabelece entre as partes. Tenho o credor, o devedor e, como objeto dessa relação, a prestação. No entanto, há que existir um vínculo jurídico entre as partes envolvidas. Em virtude desse vinculo jurídico é que, efetivamente, o credor pode exigir que o devedor cumpra a prestação, assim como, em virtude desse vinculo jurídico que o devedor tem que cumprir essa prestação.
Esse vínculo jurídico estabelece entre as partes a necessidade de que um objeto seja cumprido. De forma que, se não for cumprido, poderá o credor exigir o seu cumprimento. O vinculo jurídico, no que a gente denomina de obrigação perfeita, é o que estabelece a chamada tutela jurisdicional, porque é evidente que se o devedor não cumprir, o credor não vai poder faze-lo escravo. Então, vem a característica essencial do direito obrigacional que é a patrimonialidade. Se o devedor não cumpre, ele não responde pessoalmente, fisicamente; ele responde mediante o seu patrimônio. Se ele não tem patrimônio, o credor não ganha nada. Essa analise tem o seu início no que chamamos de vínculo jurídico. 
A partir dessa existência do vínculo, de imediato, a doutrina identificou que a grande maioria das obrigações vai se caracterizar como uma obrigação perfeita.
Obrigação perfeita: a obrigação perfeita não é aquela obrigação na qual o credor tenha certeza que vai conseguir o pagamento. Mas ela é aquela na qual o credor, caso o devedor se negue a cumprir a prestação conforme devido, espontaneamente, proporcionará ao credor buscar a tutela jurisdicional para que o Judiciário busque no patrimônio do devedor o necessário para o pagamento da dívida. 
Contudo, a doutrina também identificou que existem situações que não se enquadram na obrigação perfeita, situações que são especiais, mas que não deixam de ser relações obrigacionais. Situações nas quais existem vínculo jurídico, só que um vinculo jurídico que apresenta um conteúdo diferente, porque percebemos que a lei trás um efeito jurídico diferente.
Ex.: um sujeito vai em uma loja e compra um aparelho de celular que tem inúmeras funcionalidades, só que depois do sujeito utiliza-lo durante quatro meses o aparelho não funciona mais. Ele vai até a loja, e a loja diz que só tinha “setes dias” para trocar e que, agora, a garantia é só levando à assistência técnica. O sujeito vai até a assistência técnica, e lá dizem que não há o que fazer. O indivíduo pode ingressar com uma demanda judicial. Ela vai entrar com uma ação contra quem ela quiser, inclusive contra todas, como determina a lei, ou seja, ela pode entrar contra a loja, contra a fábrica do aparelho de celular ou, também, contra quem distribui o aparelho de celular (transporte). O indivíduo entrou, então, com uma ação contra todos, e o juiz vê que realmente ele tem razão, ele condena todos. O problema é solucionado perante o credor, ele tem seu aparelho ou dinheiro restituído. Mas o vendedor, o distribuidor e o fabricante tiveram que pagar alguma coisa, então começa um conflito entre eles. Fazendo uma análise do produtos, eles descobrem que foi no momento da fabricação o problema. De acordo com a lei, os outros que demonstram que não têm responsabilidade podem cobrar daquele que tem, nesse vinculo jurídico não há uma obrigação perfeita.
Ex.: o sujeito faz um seguro total de seu carro. Enquanto dirige com todo o cuidado o carro, um sujeito, que acabou de sair de uma festa, bate no carro. Portanto foi causado o dano por um terceiro. Só que esse que causou o dano estava em um carro velho, e que não possui dinheiro pra nada. Portanto o dono do veiculo sabe que se tentar cobrar desse sujeito não receberá nada, então decide acionar o seguro. Não foi a seguradora que causou o dano, mas ela tem o dever de indenizar. 
Ex.: existe o contrato de fiança, o fiador paga o que o devedor não pagar para o credor. O credor, se não receber a prestação tem o direito de cobrar do fiador, que tem a obrigação de pagar se o devedor não pagar. Por tanto, o vínculo do credor com o fiador não é o mesmo vínculo do locatório com o locador.
De acordo com esses exemplos, mostra-se que a lei traz a previsão de diversas relações obrigacionais, devidamente positivadas, que não se enquadram na realidade da chamada obrigação perfeita. 
Segundo a doutrina, a regra é nós termos a obrigação perfeita. Na obrigação perfeita, além de nós termos o devedor e o credor, e a prestação como objeto, há um vinculo jurídico entre credor e devedor. Para que essa obrigação seja perfeita, esse vínculo jurídico devera ser constituído por dois elementos: (só existirá obrigação perfeita quando, ao analisarmos uma relação obrigacional identificarmos que esses dois elementos do vinculo estão presentes)
débito: representa a prestação propriamente dita, aquilo que o devedor comprometeu-se em executar (o dar, o fazer ou o não fazer). A prestação, portanto, vai compor o vínculo.
responsabilidade: o elemento responsabilidade, é aquele que retrata o que chamamos de exigibilidade, que significa dizer: caso o devedor se negue a cumprir a prestação da qual ele é titular, o credor, por existir o elemento responsabilidade no vínculo, terá o direito de exigir do devedor o pagamento, inclusive se for necessário, buscando a tutela jurisdicional. Isso caracteriza as obrigações perfeitas, que são a grande maioria. 
Entretanto, essas outras situações que não se enquadram nessa estrutura, elas são situações que existem, que estão positivadase podem ser agrupadas em duas espécies de obrigações em decorrência do vínculo jurídico:
Obrigação Natural ou Obrigação Imperfeita: é aquela obrigação na qual há um vínculo, só que ao analisarmos esse vínculo, apesar de ele verdadeiramente existir, no seu conteúdo percebemos que o elemento débito existe, ou seja, o devedor tem prestação a cumprir. Mas quando vamos buscar o elemento responsabilidade, não o encontramos. O vinculo jurídico, é composto, nesses casos, somente pelo elemento débito.
Ex.: casos em que ocorrem a prescrição, ou seja, não apresenta mais a exigibilidade da prestação. Contudo, o devedor não deixa de ser devedor, o que não existe mais é a exigibilidade, não deixando de existir um vínculo entre o credor e o devedor, pois ainda existe um débito, sendo um débito inexigível. As obrigações prescritas são obrigações naturais ou imperfeitas porque são inexigíveis. Porém, se o devedor pagar essa prestação ele não irá ter a oportunidade de pedir a restituição do pagamento, ao descobrir, se não o soubesse, que o credor não mais tinha o direito de exigir-lhe a prestação, porque no momento em que ele pagou o débito, o credor foi satisfeito e a relação se extinguiu. Era inexigível, mas ele não deixou de ser titular do débito, ou seja, essa obrigação existia, só não existia esses dois elementos compondo o vinculo jurídico. A obrigação nasce perfeita, porém a prescrição a torna imperfeita.
Ex.: art. 814, CC. Exemplo de obrigação que nasce imperfeita: dívida de jogo ou aposta, ou seja, são aquelas que não são ilícitas, mas também não são reguladas. Quando existe esse tipo de relação a própria lei diz que elas são inexigíveis, mas se, ao mesmo tempo o sujeito paga, ele não tem direito a receber de volta.
Obrigação sem débito e exigível/com responsabilidade: vamos ter nessas obrigações um credor, um devedor e um vínculo jurídico, só que ao analisarmos esse vinculo jurídico vamos ver que não existe débito, mas existe a responsabilidade. Isso significa dizer que apesar de o sujeito não dever, não ser titular perante o credor de uma prestação de ter que executar aquela prestação, ele tem um vinculo com o credor, o qual lhe impõe a responsabilidade pelo pagamento, o que significa dizer o credor pode exigir dele. 
Ex.: quando há um fiador.
07/03/2014
RESPOSTA DAS QUESTÕES:
	Questão 1:
Os princípios da socialidade, da concretude e da eticidade que estão presentes no nosso Código de 2002, destacam que saímos de uma sociedade iminentemente individualista para uma sociedade mais social. Então, quando se fala nesse principio ou vetor da socialidade o que se busca destacar é que o Código, e para nós em específico as relações obrigacionais, elas devem ser analisadas como relações que querem uma proteção do individuo, mas com uma visão mais social, e esse social tem que ser analisado por uma questão de uma solidariedade social, não um socialismo. No sentido de que fique bem destacado que um dos objetivos do Código é a proteção dos sujeitos nas relações sempre visando essa relação mais solidária. 
	Além dele, há o princípio da eticidade, que em matéria de obrigações tem uma relevância indiscutível, o legislador teve um a preocupação em estabelecer que as relações deverão se desenvolver seguindo padrões éticos de comportamento. Aos se estabelecer uma relação obrigacional, as partes envolvidas nesta relação tem que agir pensando na outra parte com quem estão vinculadas, elas devem ter um comportamento cooperativo, um comportamento que deixe bem evidenciado uma maior transparência, maior segurança. Então, sempre que tivermos uma relação obrigacional devemos analisar se esse padrão de comportamento que se espera está sendo respeitado, sendo esse padrão um padrão ético que impera naquele momento social. Nesse sentido, um princípio que sustenta e que identifica muito claramente a exigência de eticidade, é o principio da boa-fé objetiva, vai impor não só à relação obrigacional o cumprimento de obrigação principal e acessória, mas também de deveres anexos ou laterais.
	O princípio da concretude busca destacar que o nosso Código não é um código que pode ser identificado como um Código que reflete um sistema fechado. O Código identifica um sistema jurídico com certas aberturas e essas aberturas são proporcionadas a partir de cláusulas gerais, que são dispositivos, pertencentes ao Código, que estabelecem comandos mas abertos, comandos que vão exigir do intérprete analisar as peculiaridades do caso concreto, analisar as características dos sujeitos que compõem a relação, do momento no qual a relação foi estabelecida e, ao interpretar, preencher esses espaços a partir de valores constitucionais, que poderão ser todos esses valores que advém da nossa Constituição, que vão ser utilizados para preencher esses espaços e aplicar a regra ao caso concreto. 
O intuito que se teve com isso foi permitir que o Código fosse uma lei capaz de acompanhar as mudanças da sociedade, para que não se torne, rapidamente, um Código ultrapassado. Mas que ele seja mais maleável e possa acompanhar todas essas mudanças, porque essa questão de comportamento ético e de solidariedade social vai exigir sempre uma analise das características do caso concreto. Esses três grandes princípios são fundamentais, também, em matéria obrigacional, sempre teremos que analisar toda e qualquer relação obrigacional a partir dos mesmos.
Questão 2: 
Quando se fala na autonomia privada a gente parte da ideia de que se trata de um principio que destaca que, as partes em uma relação obrigacional, tem o poder de autodeterminar o conteúdo do vínculo, do negócio. Mas, evidentemente, esse poder de autodeterminação não é um poder ilimitado, mesmo que na Constituição no seu art.70 deixar bem destacado a importância da proteção à inciativa privada, o próprio art.70 também identifica que esse iniciativa sofre limitações. Esse principio, é um princípio que rege as relações, mas sofre limitações, seja pela ordem pública, seja pelos bons costumes, como por outros princípios, que pode ser o da boa-fé, como também, um outro princípio importante que é limitador, que é o da função social que vai trazer em destaque a importância da tutela da dignidade da pessoa humana.
Questão 3:
Quando estabelecemos uma relação obrigacional, essa relação sempre vai estar pautada pelo princípio da boa-fé. Esse principio sempre existiu, mas que, indiscutivelmente, não possuiu a importância que lhe deveria ser dada. Esse principio vinha positivado desde o Código Comercial hoje revogado.
Com o Código Civil de 2002, esse princípio foi referido de forma mais incisiva, em três dispositivos legais. 
Muitas vezes, a menção à boa-fé que vamos encontrar no Código, não será necessariamente da boa fé principio. Quando falamos em boa-fé ele pode ser identificada em dois sentidos:
Boa-fé subjetiva: ela não é a boa-fé princípio, mas não quer dizer que ela não tenha relevância no âmbito obrigacional, porém ela tem mais relevância no âmbito do direito das coisas. A boa-fé subjetiva é aquela chamada boa-fé crença, é o antônimo de má fé. Ela é vista como a visão, ou a compreensão, que a parte tem ao se deparar com uma determinada situação jurídica. Por isso que se diz que a boa-fé subjetiva se presume. Presume-se que as parte em uma relação jurídica estão de boa-fé. A pessoa acredita que aquela realidade é verdadeira.
Boa-fé objetiva: é a boa-fé princípio. Esse principio da boa fé é compreendido como um modelo de comportamento que se deve seguir ao se estabelecer relações jurídicas. As relações obrigacionais são pautadas pelo principio da boa-fé, o que significa dizer que, toda vez que se estabelece uma relação obrigacional, as partes devem observar pautas de comportamento esperado em sociedade, um padrão de comportamento ético, ou seja, devem se comportar de forma honesta, cooperativa, leal,... porque esse princípio ele impõe que a parte, em uma ralação obrigacional, assuma posição não só de buscar seus próprios interesses, mas um agir refletido no outro, ou seja, buscando um melhor desenvolvimentodo vínculo obrigacional. Esse principio impõe aos sujeitos que compõe o vínculo o que se chama de deveres anexos ou deveres laterais. Quando há uma relação obrigacional, o objeto dessa relação sempre vai ser uma prestação, seja ela de dar, de fazer ou de não fazer. Essa prestação vai estar estabelecida ou na própria lei, ou as partes vão convencionar essa prestação. A incidência da boa –fé que sempre vai existir em todo e qualquer vinculo obrigacional, vai impor o que chamamos de deveres anexos que são deveres que não vão estar nem estabelecidos expressamente na lei, nem estabelecidos convencionalmente entre as partes, são deveres implícitos. Deveres que vão estar presentes em razão do tipo de vinculo. 
O Código Civil, ao tratar do princípio da boa-fé, trouxe a positivação desse princípio em três dispositivos legais: arts.113, 187 e 422. O objetivo do legislador foi evidenciar essa tripla função desempenhada pelo principio da boa-fé:
função criadora de deveres: está expressa no art.422, onde o legislador expressa que, não adianta no contrato, seja no momento da formação como o da execução, as partes simplesmente cumprirem com as obrigações estabelecidas nesse contrato, ou que se aplicam nesse contrato por determinação legal. Mas elas devem seguir os ditames da boa-fé, elas devem ser leais, ter uma conduta ética, e portanto, se não tiverem, estarão descumprindo o que determina aquele vínculo, existira o que chamamos de inadimplemento contratual e consequentemente existirá o dever de indenizar.
função de controle: controle contra exercícios abusivos na conduta do sujeito. O sujeito pode ter determinados direitos, em virtude da posição jurídica que ele ocupa, mas ele não pode exceder no exercício desse direito. Art.187.
função interpretativa e integrativa: vou interpretar a luz da boa-fé e integrar esses espaços a partir dos deveres anexos. Art.113.
Questão 4:
Quando se fala no princípio da equidade, acaba também sendo ressaltado no nosso Código Civil, é um principio que busca identificar a importância do equilíbrio, da necessidade de que o vinculo obrigacional se desenvolva de forma equilibrada. Não se pode admitir desiquilíbrio na relação, por exemplo, não se pode admitir que o negócio estabeleça uma cláusula penal que seja muito elevada, porque isso pode configurar um excesso, pode fazer com que a função indenizatória se torne em uma função punitiva.
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E SEUS EFEITOS
	Temos no nosso Código a disciplina do direito obrigacional que parte não da definição da obrigação nem da identificação dos elementos, ele parte da disciplina que denomina modalidade das obrigações, ou seja, ele parte da classificação das obrigações e seus diversos efeitos. O código não traz uma classificação taxativa, porque o legislador preocupou-se em classificar aquelas hipóteses que exigem uma regulamentação para demonstrar as peculiaridades dos efeitos jurídicos que surgem de cada uma delas.
Obrigação de dar coisa certa: vimos que a obrigação de dar coisa certa ela se caracteriza pelo fato do sujeito ou obrigar-se a entregar um bem determinado ou restituir um bem determinado, de forma que esse bem determinado tem que ser compreendido como aquele bem no qual identifica-se o seu gênero, a sua quantidade e a sua espécie. 
As regras que encontramos a partir do art.233 são regras que tratam dos efeitos que podem decorrer quando se tem uma obrigação de dar coisa certa, sendo que não são efeitos relacionados ao momento da entrega ou ao momento da restituição, porque o efeito nesses casos é evidente: se ele tinha que entregar e entregou, cumpriu; se ele tinha que restituir e restituiu, cumpriu. Mas o legislador se preocupou em estabelecer efeitos decorrentes do não cumprimento. O legislador preocupou-se em identificar que opções surgem por ser uma coisa certa.
Teoria dos Riscos: ideia que fundamenta os efeitos. Segundo essa teoria, toda vez que se tem uma obrigação de dar coisa certa o dono coisa, titular da coisa certa, é o titular de todo e qualquer risco que possa atingir essa coisa. Esse risco pode ser da coisa perecer ou risco da coisa se deteriorar. 
Ex.: sou proprietária de um veiculo, sem analisar se fui eu que causei, mas meu veiculo acaba sendo danificado. No momento que analiso isso percebo que é uma coisa certa. Antes ele estava em perfeitas condições, agora ele esta danificado, então há um diminuição patrimonial. Quem sofreu a diminuição é a proprietária do veiculo, a dona do veiculo. 
Ex.: eu loquei um veiculo, e esse veiculo acaba sofrendo um dano, e portanto eu devolvo o veiculo para a pessoa de quem eu loquei, e nessa situação, quem é o titular do risco, quem sofreu a diminuição foi o dono do veiculo.
Entregar coisa certa: se eu tenho a obrigação de entregar uma coisa certa, e esta coisa, antes de eu entregar, sofre uma perda, quem perde diretamente é o devedor. Portanto, quando eu tenho uma obrigação de entregar coisa certa, segundo a teoria dos riscos, quem vai arcar com os efeitos de um perecimento ou de uma deterioração, antes da entrega, é o devedor.
A análise que o legislador faz seja para hipótese de perecimento, seja para hipótese de deterioração, sempre é dividida em duas hipóteses. O perecimento e a deterioração podem decorrer de: fato não imputável ao devedor/fato não culpável e fato imputável ao devedor/fato culpável.
Art.234 do CC: inicialmente, ele deixa destacado que, se o perecimento se operar antes da tradição ou pendente a condição suspensiva. Tradição é sinônimo de entrega. Se eu tenho uma condição suspensiva que ainda não implementou-se, ou se ainda não ocorreu a tradição, o risco é do devedor. Ele diz que se a coisa perecer em decorrência de fato não imputável ao devedor a obrigação se resolve. Se perecer em decorrência de fato imputável ao devedor a obrigação se resolve e ainda o credor terá direito a perdas e danos. Resolver significa extinguir, romper-se o vinculo, e, por tanto, as partes retornarem ao estado anterior. O efeito é a resolução em qualquer das hipóteses, a diferença é: se decorrer de fato não imputável é só resolução, se decorrer de fato imputável é resolução + perdas e danos.
Ex.: o sujeito vendeu o seu veículo, ele tem que entregar o veiculo, um dia antes ele tem o veiculo roubado, ele é vítima de um assalto a mão armada. Posso dizer que isso de corre de fato não imputável, por tanto, ele não vai ter o carro para entregar na data fixada. A lei determina que o vinculo obrigacional vai ser extinguido, portanto ele não vai ter que entregar o carro, mas também não vai ter o direito de receber o preço. Agora, se ele fosse entregar o carro e resolveu dar uma grande despedida de seu carro, e acelerou ao máximo o veículo e, em razão disso, perdeu a direção, o carro capotou e deu perda total. O carro pereceu, decorre de fato imputável e o efeito é a resolução mais perdas e danos. Nos dois casos, a pesar de na segunda hipótese existir ainda o dever de indenizar, quem sofre com o risco é o devedor, ele que sofre a diminuição patrimonial.
Arts.235 e 236 do CC: se houve deterioração é porque o bem ainda existe, mas ele tem uma diminuição. Em face da realidade ser uma mera deterioração, o legislador apesar de também dividir entre fato não imputável e fato imputável, ele diz que se a coisa deteriorar-se antes da tradição, mas em decorrência de fato não imputável ao devedor, o credor terá a possibilidade de optar: ou aceitar a coisa no estado em que se acha, ou pedir a extinção, porque pra ele não interessa o bem deteriorado. Nos dois casos o efeito é o mesmo, a diferença é somente o acréscimo de perdas e danos.
Restituir coisa certa: se eu tenho uma obrigação de restituir coisa certa, segundo a teoria dos riscos, quem é titular dos riscos de uma perda ou de uma deterioração do bem, antes da restituição, é o seu dono, ou seja, o credor.
Arts.238 e 239 do CC: o legislador trata das hipóteses de perecimento e de deterioração e divide em fato não imputável ao devedor ou em decorrência imputável ao devedor. Trata inicialmente da hipótese de perecimento,e deixa bem destacado a teoria dos riscos: se a obrigação for de restituir e a coisa perecer antes da restituição, sofrerá a perda o credor, porque é ele o dono da coisa. Se decorrer de fato não imputável, a obrigação se resolve e ainda, ressalta o legislador, fica garantido os efeitos até o dia da perda (ex.: sujeito locou uma casa por um período de doze meses, no final do ultimo mês ele tem que restituir. Em razão de uma enchente, a casa fica totalmente danifica sem a possibilidade de aproveitamento, portanto o negócio vai ser resolvido, só que, se ele locou o imóvel, ele tem que mensalmente pagar o aluguel, e vamos imaginar que isso ocorreu quando já tinham passado oito meses, só que ele pagou o aluguel dos seis primeiros meses, não tinha pago dos dois últimos meses antes de ocorrer a enchente. O negócio resolve-se, mas o pagamento desses dois meses de aluguel, obviamente, o credor vai poder exigir). Se decorrer de fato imputável ao devedor, a obrigação se resolve mas vai ter direito há perdas e danos.
Art.240 do CC: deterioração. O efeito é a extinção da coisa restituível. O credor não poderá escolher caso seja de decorrência de fato imputável ao devedor. Se formos comparar a regra do art.240 com aquela que vimos do art.235 e 236, vamos observar uma diferença, porque vimos que se ocorrer deterioração não importando se decorrer de fato não imputável ou imputável, a parte vai pode escolher se ela quer ficar com a coisa ou se ela quer a resolução. Se a obrigação for de restituir e ocorrer a deterioração, não há possibilidade de escolher, o efeito é a extinção, com ou sem perdas e danos. A critica que surge é: porque que não se estabelece a possibilidade de escolha para o credor? Porque o credor não poderá escolher caso resulta de fato imputável ao devedor em manter-se ou resolver-se? Quem deu causa foi o devedor, então pode ser que ele tenha dado causa ao bem ter sido danificado, quem teria a obrigação de restituir foi quem causou a deterioração. E ele vai consertar, vai levar um tempo, portanto o credor quer que o contrato seja mantido, até o final do período, ele que concerte e continue pagando o mesmo valor até o final do contrato, seria algo equilibrado. Só que, para que isso seja aplicado, as partes terão que ter convencionado, porque se não tiverem convencionado aplica-se o efeito da lei que é sempre a resolução, se decorrer de fato imputável, com perdas e danos; se decorrer de fato não imputável, sem perdas e danos. Se não decorrer de fato imputável, até é compreensível não existir o direito de escolha, porque o devedor não deu causa. Agora, se ele deu causa, e existir pro credor o direito de escolha, seria um efeito sensato. 
Perecimento: quando se fala em perecimento é sinônimo de perda, quando a coisa deixa de existir ou torna-se imprestável.
Deterioração: é quando a coisa sofre uma pequena perda ou uma perda parcial, mas ela não deixa de existir, tem somente uma diminuição.
Obrigação de dar coisa incerta: vimos que a característica da obrigação de dar coisa incerta, está no fato de que o devedor obriga-se a entregar um bem determinável, se identifica o gênero e se identifica a quantidade, mas não se identifica, quando a obrigação, nasce a espécie do bem. Nesse sentido, para que a obrigação seja cumprida, previamente, a espécie vai ter que ser escolhida, por que se não for escolhida não tem como se cumprir. 
1ª regra: se nada tiver sido estabelecido previamente, a regra é que o devedor é quem terá o direito de escolher a espécie. Ex.: vence no dia 10, é uma obrigação de dar coisa incerta, portanto a regra geral é que, no dia 10 o devedor vai poder entregar a espécie que ele quiser. 
2ª regra: as hipóteses de obrigação de dar coisa certa, não se aplicam para obrigação de dar coisa incerta, porque não tem como se falar em perecimento ou deterioração de uma coisa incerta. 
Arts. 243, 244, 245 e 246.
Obrigação de fazer: se caracteriza quando o devedor se obriga a realizar uma determinada atividade, ou seja, ela sempre está vinculada ao exercício de um serviço. Vimos também a obrigação de fazer se subdivide em duas categorias: (o fato de a obrigação de fazer ser pessoal ou ser impessoal é extremamente importante porque os efeitos vão ser diferentes em virtude de ser de uma ou de outra categoria)
Obrigação de fazer pessoal: se eu tenho uma obrigação de fazer pessoal, a característica está no fato de que só aquele sujeito pode executa-la, há a vinculação a pessoa do devedor. Ele jamais poderá delegar a execução a um terceiro. 
Em razão disso podemos sem se quer ler o que a lei estabelece chegarmos a uma conclusão: se eu tenho uma obrigação de fazer pessoal, e o sujeito não executa, em decorrência de um fato não imputável ao devedor, o efeito jurídico nesse caso vai ser a resolução, não sendo possível exigir penas e danos. Se decorrer de fato imputável ao devedor, o efeito é a resolução + perdas e danos. 
Obrigação de fazer impessoal: na obrigação de fazer impessoal, o sujeito pode delegar a execução a um terceiro, o que importa é que na data prazada a atividade seja executada, seja essa execução realizada pelo próprio devedor ou por um terceiro designado por ele. 
Se for uma hipótese de fazer impessoal, em decorrência de um fato não imputável ao devedor, o efeito aqui é a resolução. Já se for em decorrência de uma fato imputável, o efeito nessa hipótese o credor vai poder escolher, vai poder resolver ou vai querer que aquilo seja executado naquele momento, ele chama outra pessoa, e se for um valor superior, a quantia superior vai poder ser cobrada do devedor que não foi, além de outros possíveis danos. 
Art.247: obrigação de fazer pessoal, fato imputável ao devedor.
Art.248 e 249 e seu parágrafo único: o nosso ordenamento não admite a autotutela. Por vezes, o descumprimento da obrigação de fazer pode estar vinculado a um fazer que seja urgente, no sentido de estar vinculado diretamente a integridade do sujeito. Ex.: o sujeito foi contratado para fazer a instalação de um equipamento em qual o sujeito pode morrer. Nesses casos, a lei autoriza que a parte já busque a execução sem autorização judicial, porque depois, caso o pagamento não ocorra, ele vai poder demonstrar que mandou executar porque era uma hipóteses de urgência. 
Obrigação de não fazer: vimos que a obrigação de não fazer está diretamente vinculada a uma obrigação de abstenção, é uma obrigação negativa. O devedor obriga-se a se abster de uma determinada conduta. Apesar de essa ser a característica exclusiva da obrigação de não fazer, podemos observar dois tipos de manifestação dessa obrigação de não fazer: 
Ex.: tenho a hipótese na qual o sujeito não pode fazer barulho depois de certo horário. Se o sujeito não tem a permissão de fazer barulho depois de um determinado horário, e ele reside em um condomínio de casas, no qual todas possuem um sistema de alarme, controlado por um segurança do próprio condomínio. Em um determinado dia, às 2h da manha, um gato entra na área da casa e acaba acionando o alarme, porém os donos da casa estão viajando e até que a segurança chegue para desativar o alarme, ele fica tocando por quarenta minutos. O dever de silêncio foi descumprido, assim como seria o caso se os vizinhos estivessem realizando uma festa. Só que no caso do alarme é um fato não imputável, e no caso da festa é um fato imputável. Se imputável, tem direito a perdas e danos, se não imputável não tem direito. Mas salvo essa questão das perdas e danos, o efeito vai ser a resolução.
Ex.: o sujeito locou um imóvel, e no contrato foi estabelecido que ele não poderia mudar a cor da fachada, mas ele muda. Ele descumpriu uma obrigação de não fazer. Se for fato não imputável, não tem perdas e danos; se for imputável tem perdas e danos. 
Em um caso, eu não tenho como desfazer o que foi feito, no outro caso, tenho como desfazer. No primeiro caso, a resolução se opera pelo mero cessar. No segundo caso, a resolução se opera desfazendo. Nos dois casos tem um descumprimento de uma obrigação de não fazer, só que os efeitosdecorrentes é que são distintos. 
Sempre o efeito vai ser a resolução, com ou sem perdas e danos. Só que nos casos em que é possível desfazer, vamos ter uma característica especial: o credor poderá determinar que o devedor desfaça, ou buscar um terceiro que desfaça a custa dele.
Arts. 250 e 251.
Obrigação alternativa: quando analisamos a obrigação alternativa é importante que se faça, também, menção a outras duas categorias de obrigação que, apesar de não estarem incluídas nessas modalidades tipificadas, dizem respeito a uma característica da obrigação, que é a mesma que se analisa quando se fala em obrigação alternativa. Sempre que eu tenho uma obrigação, essa obrigação vai ser de dar, de fazer ou de não fazer. Além disso, essa obrigação também poderá ser analisada por outro enfoque: a obrigação, seja ela de dar, de fazer ou de não fazer também poderá ser ou alternativa ou facultativa ou cumulativa ou simples. O legislador tratou de forma especial, tão somente a obrigação alternativa, mas não retira de forma alguma a importância das demais. 
A obrigação alternativa é aquela obrigação na qual existe o direito de escolha, vou executar apenas uma das alternativas existentes. Os aspecto que o legislador se preocupou em disciplinar foram:
1º aspecto: se há direito de escolha, via de regra, o devedor tem o direito de escolher.
2º aspecto: a escolha é da totalidade de uma prestação ou da totalidade da outra, jamais pode ser um pouco de uma ou um pouco da outra. Não pode existir mistura.
3º aspecto: essa obrigação pode ser uma obrigação periódica: a cada novo período nasce novo direito de escolha.
Arts.252, 253, 254, 255 e 256: a partir do art.253 o legislador trás regras que estarão vinculadas ao que estudamos na obrigação de dar, de fazer e de não fazer, porque se existe direito de escolha também pode acontecer impossibilidade ou perecimento. Em face dessas situações, nós temos as regras desses outros artigos. 
Obrigação facultativa: não confundir obrigação alternativa com obrigação facultativa, porque na facultativa eu não tenho direito de escolha, eu tenho aquela obrigação principal, aquela que tem que ser cumprida. Mas, já fica estabelecido uma obrigação substitutiva da principal, se a principal não puder ser executada, mas não é por não ser executada em qualquer hipótese, as hipóteses também estarão estabelecidas. 
Ex.: o sujeito comprou um imóvel. Ficou estabelecido o valor do imóvel de R$300.000. Na data de vencimento, entregará o comprador o valor em dinheiro ao vendedor. Tendo em vista que parte do valor representado por R$50.000, será pago a partir da venda do veiculo do comprador que encontra-se na loja tal... fica estabelecido que se o veiculo não for vendido, o comprador poderá entregar R$50.000 mais o carro. Ele não tem o direito de escolher, ele tem que entregar os R$300.000, mas já fica estabelecido que R$50.000 ele vai conseguir se o carro for vendido.
Obrigação cumulativa: a obrigação cumulativa é aquela obrigação que traz a ideia de adição, o que significa dizer que sempre existirão duas ou mais prestações e todas terão que ser cumpridas em sua integralidade.
Ex.: o sujeito obrigou-se a entregar o equipamento e instala-lo; ele obrigou-se a entregar o carro e a moto. Não vai poder entrega só um.
Obrigação simples: quando o sujeito tem que cumprir uma única prestação. Não tem alternativa, não tem facultativa e nem cumulativa; é aquela única prestação, seja de dar, de fazer ou de não fazer.
14/03/2014
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
6. Obrigação principal e obrigação acessória: a prestação principal (principal porque é aquilo que o devedor de imediato terá que cumprir) identifica a essência da relação obrigacional. Vai estar estabelecida na própria lei, ou ainda, pode também, no caso de uma convenção, estar descrita na própria convenção. Trata-se de uma obrigação principal.
A obrigação acessória sempre, ou vai estar na dependência da obrigação principal, mas também, pode, por vezes, decorrer da obrigação principal, ou seja, posso ter em um contrato a obrigação de um sujeito entregar determinado bem (obrigação principal/dar coisa certa), e caso não entregue deverá indenizar um valor x. Esta indenização é a obrigação acessória e só vai ser executada se a obrigação principal não for cumprida ou pontualmente cumprida (acessória + principal). A obrigação acessória vai estar prevista em lei ou vai decorrer de convenção.
Se tenho uma relação obrigacional sempre vou ter uma obrigação principal, mas nem sempre vou ter uma obrigação acessória.
Posso ter, também, a imposição de deveres comportamentais que são deveres anexos advindos da boa-fé. Como eles são implícitos, não se caracterizam nem por obrigação principal e nem por acessória. 
7. Obrigação de meio e de resultado: essa classificação está ligada as obrigações de fazer.
a) obrigação de meio: nesse caso, o devedor não se obriga a obter um determinado resultado útil ao credor, tem que usar todos os meios adequados para a obtenção do resultado útil. Se ele não obtiver o resultado, apesar de ter utilizado todos os meios, não significa que ele deixou de cumprir a obrigação. Analisa-se, então, se o devedor foi diligente na execução. 
Ex.: a obrigação do advogado de patrocinar uma ação. O advogado, ao representar seu cliente em um processo judicial, assume uma obrigação de meio: ele tem que apresentar um defesa condizente, tem que cumprir com todos os prazos processuais. Mas ele não se obriga a obter uma decisão de procedência ou de improcedência, porque isso depende da interpretação do juiz. 
b) obrigação de resultado: o devedor obriga-se a assumir o resultado útil, seja pela natureza da obrigação, seja por ele comprometer-se como tal, mas ele tem que atingir determinado resultado.
Ex.: médicos profissionais de cirurgia plástica. O médico se obriga a execução daquele resultado.
8. Obrigação de execução imediata, de execução diferida e de execução continuada: essa classificação está direcionada ao momento em que a obrigação deverá ser cumprida.
	a) Obrigação de execução imediata: uma vez estabelecido o vínculo obrigacional, tem que o devedor, imediatamente, cumprir com a sua prestação. É um ato contínuo da formação do vínculo. Se não cumprir, o devedor ficará inadimplente. 
	Ex.: contrato de compra e venda: pagamento à vista.
b) Obrigação de execução diferida: o cumprimento se dá no futuro. Será em um único momento futuro (ex.: cumprir a prestação em um determinado dia estabelecido), só que não necessariamente em um único ato, podendo ser aquele pagamento em parcelas (ex.: pagar uma das parcelas de imediato e a outra só daqui a trinta dias).
Obrigação de execução continuada: é uma relação obrigacional na qual vou ter a existência de uma obrigação que deve ser cumprida de forma repetida. É uma obrigação una que é renovada com o tempo. Existe um termo inicial e existe um termo final, ou ele não é expressamente pactuado. A doutrina também chama de obrigação de duração. 
Ex.: um sujeito reside em um apartamento e, por isso, tem que pagar o condomínio mensalmente, no dia dez de cada mês, sendo o valor de R$500,00. No dia 10/03, ele paga R$500,00. A sua obrigação de pagar o condomínio se extinguiu, mas ela se renova para o próximo mês.
9. Obrigação divisível e indivisível: essa obrigação é expressa em lei. A obrigação divisível e indivisível diz respeito a divisibilidade do objeto da obrigação: a prestação.
A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico, como estabelece o art. 258 do CC. Por outro lado, se a prestação for passível de divisão, estaremos diante de uma obrigação divisível. Essa análise de divisibilidade e indivisibilidade da prestação é feita quando a obrigação nasce. 
Ex.: o sujeito precisa pagar o valor de R$10.000,00 e fica estabelecido que pagará esse valor em cinco parcelas de R$2.000,00, vencendo cada uma no dia 5 de cada mês,ou seja, esse valor é passível de divisão. Agora, se for à vista, a obrigação continua sendo passível de divisão, porque a coisa (dinheiro) é suscetível de divisão.
Em caso de uma obrigação divisível, posso ter dois ou mais credores e um devedor ou, ao contrário, uma pluralidade de devedores e um único credor. Essa pluralidade de credores ou devedores é chamada de pluralidade de sujeitos. Nesse caso, ou vai estar estabelecido o percentual de cada um, ou a divisão deverá ser proporcional. Isso se encontra no art. 257 do CC. Via de regra, a divisão será proporcional. Entretanto, nada impede que fique estabelecido que, por exemplo, um sujeito arcar com 1/3 e o outro com 2/3, mas deve ser previamente determinado.
Já em casos de obrigação indivisível, a lei vai estabelecer a forma de solucionar a prestação. Existem dois casos: 
Quando existir uma pluralidade de devedores, cada um dos devedores é obrigado pelo todo, ou seja, o credor pode exigir de qualquer um deles. Quando um dos devedores executa a sua ação perante o credor, esse devedor subroga o lugar do credor, extinguindo, assim, seu vínculo com o credor. Desse modo, essa obrigação indivisível, torna-se divisível, podendo o devedor, que agora é credor, pedir a execução da obrigação dos outros devedores, é o que estabelece o art. 259 do CC.
Quando tenho uma pluralidade de credores, o devedor deverá pagar para todos conjuntamente. Ao mesmo tempo, pode acontecer que, um dos credores cobre do devedor. Para o devedor pagar para somente um credor ou mais credores, mas não todos, ele deverá exigir caução de ratificação, que é uma garantia. Por tanto, o devedor paga, mas o credor irá lhe dar uma garantia, porque os outros credores podem vir a cobrar do devedor. Essa garantia só vai se desfazer no momento em que o credor receber a quitação de todos. É uma forma de impor para aquele credor que recebeu todo o pagamento, o dever de ir atrás da quitação dos outros, porque só quando os outros apresentarem a quitação, a garantia irá se extinguir, é o que estabelece o art. 260 do CC.
Importante destacar ainda os arts. 261 e 263 do CC.
10. Obrigação solidária: a solidariedade vai estar presente se dois requisitos estiverem presente na obrigação: a pluralidade de sujeitos e a não existência de presunção de solidariedade. Analisar-se-á as características do caso concreto. O nosso Código Civil se detém na solidariedade perfeita.
a) Solidariedade perfeita: só irá existir solidariedade perfeita se houver, concomitantemente dois pressupostos: a pluralidade de sujeitos e a regra de que a solidariedade advém da lei ou da vontade das partes, como está disposto nos arts. 264 e 265.
Referente ao sujeito, temos a solidariedade ativa (pluralidade de credores) e a solidariedade passiva (pluralidade de devedores). Há a possibilidade de uma solidariedade mista (pluralidade de ambos – credores e devedores). Essa é uma estrutura que está disposta no art. 264 e que estará presente sempre que falarmos em solidariedade perfeita. 
Se a solidariedade é perfeita, ligando os dois polos da relação, terei um único vínculo jurídico. Mas como há pluralidade de sujeitos, existirá deles para com o credor, diversas obrigações, tantas quantas forem os sujeitos, só que estabelecendo a responsabilidade do cumprimento de cada uma dessas obrigações, vou ter um único vínculo jurídico. Por isso, no art. 264 do CC se diz que, se houver mais de um credor, cada um deles terá o direito à dívida toda; se a pluralidade for de devedores, cada um deles será obrigado pela dívida toda. 
Se tenho um único vínculo jurídico, vou ter um único débito e uma única responsabilidade. Em razão disso, se tiver pluralidade de credores, cada um deles, isoladamente, vai poder exigir até 100% da dívida. Se eu tiver pluralidade de devedores, o credor vai poder exigir de, de alguns ou de todos, até a integralidade da dívida. 
Se tenho uma obrigação solidária, as regras da solidariedade vão preponderar, mas isso não significa que eu deixe de ter uma obrigação divisível ou indivisível. Ela poderá ser solidária e divisível, assim como, poderá ser solidária e indivisível. 
Outra característica importante: se tenho uma obrigação solidária perfeita, tenho uma relação dois em um, ou seja, como tenho um único vínculo jurídico, em razão desse vínculo, identifico uma relação externa: dois ou mais credores estão ligados a um único devedor, ou dois ou mais devedores estão ligados a um único credor. Mas, tenho tantas obrigações quanto são os credores ou devedores, tendo assim uma segunda relação: tenho uma relação entre codevedores e outra entre cocredores, estabelecendo-se assim uma relação interna entre eles, que não vai interessar o credor ou devedor, que só se interessam pelo fato de existir um único vínculo jurídico.
solidariedade ativa: arts. 267, 268 e 269 do CC. Na solidariedade ativa tenho uma pluralidade de credores. Cada um dos credores, individual ou conjuntamente, poderá exigir do devedor até a integralidade. Até a integralidade porque, pode esta obrigação ser uma obrigação divisível, mas pode ser indivisível. 
Exemplo de obrigação divisível: se a dívida for de R$3.000, um dos credores pode exigir do devedor, isoladamente, até R$3.000, estabelecendo-se essa regra para os outros dois credores. Se fosse puramente divisível, um dos credores poderia pedir ao devedor apenas R$1.000. Como é uma obrigação solidária, cada um dos credores têm direito de exigir do devedor até a totalidade da dívida. O devedor pode pagar a dívida toda para um único credor, porque o que importa pro devedor é pagar, não interessa quanto e nem pra quem, porque para ele não vai interessar como os credores irão dividir entre si. 
Exemplo de obrigação indivisível: não é possível um dos credores cobrar um pedaço de uma máquina de lavar, então, quem for exigir, vai exigir tudo. Não é necessário caução de ratificação porque as regras da solidariedade preponderam. 
Uma vez o devedor pagando, o vínculo de extingue. A quitação de um, vale para todos. Nesse momento, a relação externa acabou. Então, partimos para a análise da relação interna. Internamente, cada um dos credores tem direito a sua fração, a qual, se não for pactuada, irá ser proporcional.
Art. 270 do CC: pode acontecer que antes da obrigação ser cumprida, um dos credores venha a falecer e deixa herdeiros. Assim, cada herdeiro só vai poder exigir a fração que teria direito na relação interna. Por tanto: se eram R$3.000 e fosse divisão proporcional, o credor falecido tinha o direito de cobrar R$1.000, então seus herdeiro poderá exigir 1/6 desse valor que seria R$500. Os herdeiros, isoladamente, só poderão cobrar a fração que eles teriam o direito no final, se a obrigação for divisível. Essa regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Mesmo existindo herdeiros, cada um pode exigir integralmente.
Art. 271 do CC: se acontecer de a obrigação não se cumprida ou ser cumprida tardiamente, por tanto, incidir a existência de perdas e danos, isso não exclui a solidariedade. O que teremos é a mudança de uma obrigação indivisível para o surgimento de uma obrigação divisível. 
Art. 272 do CC: remitir significa perdoar. O vínculo é um só, que liga o polo ativo ao polo passivo, de forma que, para que esse vínculo fosse rompido por remissão, todos teriam que remitir. Isso não vai excluir a solidariedade, só vai gerar uma redução no valor da obrigação.
Da mesma forma se a relação externa independe da relação interna, pode o devedor pagar 100% a um só credor. No momento em que isso acontece, o vínculo se extingue e o devedor está liberado. Aí surge para o credor, em razão da relação interna, a obrigação de distribuir as frações aos demais.
solidariedade passiva: na solidariedade passiva tenho uma pluralidade de devedores. Toda vez que eu tiver uma obrigação solidária passiva, o credor, em razão do único vínculo jurídico, poderá exigir de qualquer um dos devedores, individual ou conjuntamente, até a totalidade. Se o pagamento da dívida tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigadossolidariamente pelo resto, isso está disposto no art. 275 do CC. Assim como vimos que na solidariedade ativa, quem recebeu distribui para os demais, na solidariedade passiva, quem pagou além da sua fração na relação interna, tem, perante aos demais, direito de regresso (esse direito não faz com que o sujeito vá para o outro polo da obrigação. É o mesmo polo e ele só cobra a parte que compete a cada um).
Art. 276 do CC: se um dos devedores falecer, cada um dos herdeiros, individualmente, só vai responder pela sua quota. Mas em conjunto serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
Art. 277 do CC: pode acontecer de que o credor perdoe um dos devedores; se ele remitir esse devedor, isso significa dizer que, por exemplo, a prestação que era de R$3.000, passa a ser R$2.000, podendo o credor cobrar esse dinheiro dos outros dois devedores.
Art. 278 do CC: qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
Art. 279 do CC: permanece a solidariedade no que diz respeito ao valor da prestação, mas no que diz respeito as perdas e danos, só quem deu causa responde. 
Art. 282 do CC: o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. 
Art. 283 do CC: o devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. 
Art. 284 do CC: toda vez que tenho uma obrigação solidária, o credor pode exigir até a totalidade de qualquer um. Pode ser que só um dos três devedores tenha patrimônio. O credor irá cobrar do primeiro devedor, porém ele não tem patrimônio, assim como o segundo devedor. Porém o terceiro devedor, como têm patrimônio, deverá pagar a totalidade (100%). Quanto este for exercer o seu direito de regresso, ao invés de pagar 1/3 da dívida, pagará 100%.
Ex.: o devedor 1 e 3 têm patrimônio, porém o devedor 2 é insolvente. O credor cobra do devedor 3 a totalidade da prestação que é de R$3.000. O devedor 3 vai exigir seu direito de regresso de 1/3 do devedor 2, mas este é insolvente. Então o devedor 3 cobra 1/3 do devedor 1. Só que daí ele ficou com todo o prejuízo da insolvência do devedor 2, porém na relação interna ele não pode arcar sozinha com o prejuízo. Os R$1.000 do devedor 2 deverão ser rateado entre os solventes, ou seja, dividem os prejuízos. 
28/03/2014
	1. Solidariedade Imperfeita: é uma outra categoria de solidariedade que, para alguns autores, não traz uma distinção significativa se for analisada em comparação com a solidariedade perfeita. Mas na verdade, quando passamos a analisar com mais profundidade o conteúdo da solidariedade imperfeita, vamos identificar que existem muitas diferenças dela se comparada com a solidariedade perfeita. 
	Vimos que a solidariedade perfeita advém da lei ou da vontade das partes, ela não é presumida. A solidariedade imperfeita, também não é passível de presunção, mas ela sempre vai resultar de determinação legal. Solidariedade imperfeita decorre de lei.
	Um outro aspecto importante é que enquanto a solidariedade perfeita pode ser identificada e dividida entre solidariedade ativa, passiva ou até mista, a solidariedade imperfeita não tem essa divisão, porque a pluralidade que vai trazer a configuração da solidariedade, sempre estará no polo passivo; sempre, portanto, a pluralidade será de devedores.
	No que diz respeito a estrutura, vamos ter, quando nos depararmos com a solidariedade imperfeita, não a unidade do vinculo jurídico e a existência da relação interna e da relação externa, mas vamos ter tantos vínculos quantos forem os sujeitos que compõem o polo passivo. Entretanto, a regra aplicada não vai ser a regra da divisibilidade ou da indivisibilidade, claro que, no caso de indivisibilidade, não vai ser possível o credor dividir. Mas, aqui, a análise não está na prestação, mas no vinculo jurídico, no vinculo que liga o credor a cada um dos seus devedores. 
	Ocorre que, esses sujeitos que ocupam o polo passivo, não são todos, verdadeiramente, devedores. Pelo menos, um deles poderá ser tido por devedor e poderá um outro ou os outros ser somente responsáveis pela dívida. Então, pelo menos um dos sujeitos será devedor, portanto, não só responsável, mas titular do débito, assim como, pelo menos um dos sujeitos será somente responsável. É aquela situação que analisamos quando tratamos do vinculo jurídico de obrigação sem débito e com responsabilidade, aqui vamos ter aquelas situações em que todos são responsáveis pelo pagamento da divida, por isso o credor pode acionar qualquer um. Entretanto, nem todos são titulares do débito, e isso significa dizer que, o credor não vai precisar se preocupar quanto a quem acionar, em determinadas situações ele vai ter que escolher um para acionar, em outras ele poderá acionar todos. Mas a questão é: se ele acionar aquele sujeito que no seu vinculo só tem responsabilidade, esse sujeito não vai poder negar-se ao pagamento e, em determinadas situações, ele vai subroga e, em outras, ele vai ter direito de regresso, isso a lei sempre vai dizer. Mas a questão é seja ele se subrogando, seja ele tendo direito de regresso, ao ocupar essa posição de pedir o crédito, esse direito só poderá ser direcionado ao titular do débito, não poderá ser direcionado se existirem outros responsáveis.
2. Solidariedade na causalidade alternativa/Responsabilidade civil dos grupos: a causalidade alternativa é um tipo de solidariedade bastante especial porque a sua aplicação é excepcional, e é um tipo de solidariedade que foi recepcionada pelo direito brasileiro em virtude de um movimento doutrinário e jurisprudencial, porque não tinhamos nenhum dispositivo legal que fizesse menção a essa solidariedade.
A solidariedade na causalidade alternativa é um tipo de solidariedade que só surge nas hipóteses em que a fonte obrigacional é a responsabilidade civil. Não quero dizer com isso que, toda vez que a fonte for de responsabilidade civil, a hipótese será de solidariedade na causalidade alternativa. Posso ter solidariedade perfeita e também imperfeita. 
Uma outra característica é que à semelhança da solidariedade imperfeita, a causalidade alternativa só tem sentido quando a análise e, portanto, a presença, é de pluralidade de devedores. Não se divide em ativa e passiva, porque a análise é sempre direcionada ao polo passivo.
No âmbito da responsabilidade civil, antigamente se tinha como análise da responsabilidade civil identificar quem causou o dano e estabelecer para ele uma indenização a titulo de punição pela sua conduta. Segundo essa orientação, a identificação do efetivo causador do dano seria imprescindível, porque não se poderia admitir condenar alguém a indenizar, sem isso estar devidamente comprovado, principalmente porque indenização teria uma função punitiva. No decorrer dos anos, essa visão foi sendo alterada, tanto é que hoje nos temos na CF a indicação de que a função punitiva é um função direcionada exclusivamente ao direito penal, que no âmbito da responsabilidade civil, o objetivo será a reparação dos danos sofridos pelo lesado ou a compensação dos danos sofridos pelo lesado, ou seja, tivemos uma evolução tanto substancial que a analise da responsabilidade civil é agora direcionada na figura do lesado. O que se dá importância é que o lesado tenha o seu dano reparado, tenha o seu dano compensado.
Essa mudança de visão, trouxe no Brasil, uma nova reflexão a cerca dessa doutrina da causalidade alternativa. Há uma regra no Código Civil que determina que o autor e o coautor do dano respondem solidariamente pelos danos causados ao lesado (art.942). É uma hipótese indiscutível de solidariedade perfeita, a lei esta determinando que existindo pluralidade de devedores e eles todos sendo autoresda causação do dano, eles todos serão tidos por solidários. 
Passou se a identificar que em determinadas situações, o sujeito sofria um dano, esse dano partia não de um ato com a participação ativa de pluralidade de sujeitos, mas sim, de uma conduta advinda, até mesmo, de um único sujeito, mas sem que se pudesse identificar quem, mas podendo somente se afirmar que, não foram todos, porque se fosse seria solidariedade perfeita. E essa indeterminação da autoria, como o próprio nome identifica, era só da autoria, mas não uma impossibilidade de identificação do grupo. Situações nas quais se identificavam o grupo, mas não se identificava um membro ou os membros do grupo que teriam causado o dano. Mas ao mesmo tempo se identificava, indiscutivelmente, que não foram todos.
Para esse tipo de situação, pela teoria da responsabilidade civil no Direito brasileiro, o lesado ficaria sem indenização, porque pela impossibilidade de comprovação da autoria do dano, mesmo depois de ser alterado esse entendimento, de que o objetivo é reparar ou compensar o dano, o Código Civil não recepcionava a possibilidade de, nesses casos, acionar todos os membros do grupo. Mas em outros diversos dispositivos de outros países, já havia previsão legal nesse sentido.
Tivemos nas década de 70 duas decisões que acabaram tornando-se o verdadeiro paradigma da solidariedade na causalidade alternativa. Foi a partir dai que surgiu esse movimento de recepção da causalidade alternativa.
Hoje não há dúvidas quanto a sua recepção, mas como uma situação excepcional que vai exigir uma análise muito cautelosa do caso concreto e exigir que o aplicador identifique os requisitos essenciais, que são:
Exista a causação de um dano;
Que esse dano advenha de uma conduta de algum ou de alguns sujeitos que compõem um grupo determinado;
Que seja impossível identificar qual sujeito ou quais sujeitos daquele grupo causaram o dano, mas ao mesmo tempo, sendo possível identificar que não foram todos, o que afasta a regra do art.942.
Mas, sendo necessário, nesse tipo de solidariedade, em decorrência da impossibilidade de identificação da autoria, aqui sim o credor acione todos os membros do grupo, ele não pode escolher, exatamente porque não há como identificar quem tenha sido o causador do dano.
Há uma peculiaridade nesse tipo de solidariedade: normalmente o credor pode escolher quem vai acionar, na causalidade alternativa ele tem que acionar todos.
Hoje, podemos dizer, no âmbito do direito privado, apesar de o Código Civil não apresentar qualquer dispositivo que trate da causalidade alternativa, que o Código de Defesa do Consumidor, acabou recepcionando essa modalidade de solidariedade, não de uma forma expressa, no que diz respeito a menção ao nome. Ele fala, no art.7º em solidariedade, assim como em outros dispositivos legais. O interessante é que, de uma análise do CDC, vamos observar que por vezes há a recepção da solidariedade perfeita, outras vezes da solidariedade imperfeita e, ainda, outras vezes a recepção da causalidade alternativa. Como o CDC é voltado a proteção do consumidor, há essa orientação pelo Código de imposição de solidariedade, tudo no sentido de proporcionar a tutela do consumidor. 
Ex.: um sujeito é hemofílico e é atendido em um hospital. Ao fazer a transfusão de sangue ele adquiriu HIV, só que, em decorrência de sua patologia ele já tinha passado por diversos hospitais. E por isso não se conseguia saber em qual deles ele tinha contraído o vírus. Temos uma regra no CDC que diz que quando há a prestação de um serviço por parte de fornecedores, e dessa prestação surge um dano ao consumidor, todos os fornecedores são solidariamente responsáveis. Então, a regra não é uma regra que exige que todos tenham causado, portanto ela também recepciona a causalidade alternativa. 
Solidariedade x subsidiariedade: quando a gente fala de solidariedade, impendentemente da modalidade, a questão é: em sendo a pluralidade no polo passivo é a de que o credor vai poder exigir de qualquer um dos devedores, de forma imediata, não precisa acionar um e depois os outros. Pode ser até que ele acabe, no caso da solidariedade perfeita, passando por uma situação de acionar um, depois o outro, porque, algum dos devedores são insolventes. Mas pode acionar todos, porque todos são diretamente responsáveis pelo pagamento da dívida. 
Existem casos, em que vamos ter uma responsabilidade subsidiaria. A subsidiariedade se aproxima da solidariedade em algumas características, mas elas são, ao mesmo tempo, totalmente diferentes. Quando se fala em subsidiariedade, as hipóteses decorrem de determinação legal, a lei determina quando há subsidiariedade. Também, não se pode falar em presunção de subsidiariedade. 
Como a questão é voltada a responsabilidade, quando há subsidiariedade a questão é voltada ao polo passivo, a análise é feita da relação do credor perante os sujeitos que compõe o polo passivo.
A grande peculiaridade da subsidiariedade é que sempre quando ela estiver configurada, vamos ter um sujeito que será visto como obrigado principal e outro ou outros que serão obrigados de forma subsidiária. E na realidade o mais correto seria dizer: são responsáveis de forma subsidiaria, porque esses sujeitos não são titulares da divida, são somente responsáveis por ela, porque a lei impõe a eles responsabilidade, só que não é uma responsabilidade direta como há na solidariedade. Ou seja, o credor perante essa obrigação subsidiaria, ele, obrigatoriamente, terá que primeiro acionar o obrigado principal, utilizar-se de todos os meios legítimos para acionar o obrigado principal, só que ao mesmo tempo isso não retira dele, no caso de uma demanda judicial, de, também, promove-la contra o responsável subsidiário, que poderá a vir a ser condenado subsidiariamente, o que significa dizer que, o juiz vai determinar que primeiro sejam discutidos os bens do principal e só depois se permita atingir o patrimônio do responsável subsidiário. Ele só terá uma diminuição patrimonial se o obrigado principal não tiver patrimônio. É muito comum no âmbito do direito empresarial, tributário, trabalhista,...
Há uma semelhança com a solidariedade imperfeita nos casos em que o sujeito pode buscar posteriormente bens no patrimônio do obrigado principal. Existindo patrimônio, esse subsidiário vai ser satisfeito.
FONTES DAS OBRIGAÇÕES
	Quando a gente fala em fontes das obrigações, essa é a pergunta que deverá ser respondida: o que é capaz de criar uma relação obrigacional? Tudo que é capaz de criar um obrigação, é uma fonte de obrigação. 
	
Evolução:
A discussão a respeito das fontes é uma discussão universal e trouxe uma evolução bastante expressiva, porque já na época do direito romano se discutia que situações poderiam ser consideradas fontes obrigacionais. Inicialmente, falava-se que fonte de obrigação seria a lei ao reconhecer determinadas situações e, falava-se no direito romano, na vontade, mediante o consenso. Essa ideia ela perdurou por um determinado período dentro do direito romano, e mesmo no direito romano passou a se identificar que ela não era uma classificação suficiente para as hipóteses que se identificavam no cotidiano. Então, se incluiu uma outra situação como fonte, que eles denominavam de delito. O delito para eles configurava-se naquelas hipóteses em que um sujeito, intencionalmente, causava dano a outro.
	Em uma última fase do direito romano, novamente surgiu uma mudança nessa compreensão a cerca das fontes, porque começaram a identificar outras situações que não podiam ser incluídas nem na classificação, a qual chamavam de contratos, e nem na vontade que eles chamavam de delito, porque eram situações nas quais havia a conduta humana, mas não se identificava um verdadeiro contrato. As partes não manifestavam a sua vontade no intuito de criar um vinculo obrigacional. As partes se manifestavam no intuito de participar de uma determinada relação, mas não necessariamente mediante a manifestação de vontade expressa, mas sim, por envolverem-se em uma relação obrigacional.Que é o que hoje se denomina de enriquecimento sem causa. Surgiam situações nas quais o sujeito, quem sabe, em decorrência de um contrato, efetuava um pagamento e depois identificava que aquela pagamento realizado era de um valor maior do que o devido, ou era de um valor já pago anteriormente. Então, o pagamento teria ocorrido, só que como esse pagamento não é devido, aquele que recebeu deveria restituir, fosse o excesso ou fosse a quantia total. E isso, não se enquadrava nem como contrato nem como delito. Então, eles criaram uma terceira categoria, que na época eles denominavam de quase contrato, entendiam que, não eram um verdadeiro contrato, mas como existia essa aproximação que decorria da vontade da parte de envolver-se naquela relação e acabar se equivocando.
	E ainda, criaram uma quarta categoria, que eles chamaram de quase delito, que eram aquelas situações que, também, observava-se a causação de um dano, mas sem a existência do elemento intencional, não havia a intenção de causar o delito.
	Essa classificação, que foi chamada de classificação quadripartida, ela teve uma relevância tão significativa que o código de napoleão acabou incorporando-a em dispositivo especifico no Código francês. Essa previsão no Código napoleônico teve uma repercussão muito expressiva, e passou a ser adotada pelos mais diversos ordenamentos jurídicos, mesmo aqueles que não tinham uma previsão legal especifica. Mas essa ideia acabou se consagrando e perdurando por muitos anos.
	Só em 1942 que essa classificação acabou sendo questionada. Nesse ano, se aprovou um novo código civil italiano, e nesse código civil foi incluído um dispositivo que provocou uma reanalise na questão das fontes, porque o dispositivo trouxe referência, mas sem trazer essa classificação adotada no código civil francês, dizendo que: além da lei, a fonte obrigacional deve ser identificada como toda e qualquer situação jurídica capaz de criar uma relação obrigacional. Trouxe uma referência muito mais ampla, abarcando situações já reconhecidas naquele momento e abrindo espaço para novas situações que pudessem surgir com a evolução da sociedade. 
	No Brasil, passou a se identificar que: primeiro, o Código de 16, isso repetiu-se no Código de 2002, optou por não definir fonte em lei, a doutrina que ficou com a tarefa de conceituar, de sistematizar. 
A doutrina diz que a lei deve ser vista como fonte imediata de obrigação, mas reconheceu outras fontes mediatas. E essas fontes mediatas são aquelas que têm previsão legal, mas isso não significa dizer que poderão evoluir no decorrer dos anos. Porém, podemos dizer, de uma forma geral, que o doutrinador optou por identificar três grandes categorias de fontes imediatas: além da lei, incluiu o negócio jurídico, a responsabilidade civil e o enriquecimento sem causa. 
A referência é bastante genérica, propositalmente, porque com a evolução da sociedade, com o conhecimento de novos institutos, eles vão acabar sendo inseridos ou como negocio jurídico, ou como uma hipótese de responsabilidade civil, ou como uma hipótese de enriquecimento sem causa. Defende-se essa classificação porque as novas fontes poderão ser inseridas em cada uma delas. 
Classificação:
Negócio jurídico unilateral ou bilateral: os negócios jurídicos unilaterais caracterizam-se por ser aquelas situações nas quais há a manifestação de vontade de um único sujeito, um único polo da manifestação. Sendo que, com essa manifestação, o sujeito acaba tendo o poder de determinar o conteúdo dessa sua manifestação. A partir desse momento, ele acaba vinculando-se a vontade expressada, e criando para ele uma obrigação que poderá ser de diversas espécies, mas que gerará efeito jurídico e esse efeito será obrigacional. 
O negócio jurídico bilateral se consubstancia nos contratos. Vamos ter a existência do consenso, a manifestação de vontade de, pelo menos, dois sujeitos, e esse consenso vai criar obrigação ou obrigações. Aqui, fazemos uma referencia, porque o estudo dos contratos vamos estudar no próximo semestre. 
Responsabilidade Civil (em qualquer de suas modalidades): essa responsabilidade civil, para que se configure, ela vai exigir a presença de certos pressupostos essenciais à configuração da responsabilidade civil. Podendo essa reponsabilidade civil ser extracontratual, podendo ser contratual, podendo ser précontratual, podendo ser pós contratual. Mas em qualquer das suas diversas modalidades, vamos ter a exigência de determinados pressupostos para a sua configuração. Se os pressupostos estiverem presentes, surgirá o que chamamos de obrigação de indenizar os danos causados, e é por isso que se diz que a responsabilidade civil é uma das fontes de obrigação. 
Enriquecimento sem causa: essa fonte é extremamente importante no âmbito do direito obrigacional, é uma fonte que durante muito tempo se questionava se ela deveria ser tratada como uma fonte autônoma. No direito brasileiro, só passou a ser disciplinada, identificando o que é enriquecimento seu causa, com o Código de 2002. No Código de 16, ele era conhecido a partir de um princípio, que era chamado de princípio da atribuição dos bens. Segundo esse principio, cada sujeito é titular do seu patrimônio, não podendo esse seu patrimônio ser transferido a terceiro, sem que exista um fundamento jurídico que o legitime, sem que exista por tanto, uma norma jurídica que considere que aquela apropriação seja considerada legitima. A única novidade do enriquecimento sem causa no Código de 2002, foi a sua positivação. 
Enriquecimento sem causa:
Conceito:
Art.884 do CC: esse dispositivo, nos apresenta uma definição de enriquecimento sem causa, afirmando que há enriquecimento sem causa, toda vez que um sujeito tem a diminuição no seu patrimônio, mediante o aumento no patrimônio de um terceiro, sem que exista um fundamento jurídico que o legitime. Por isso que é enriquecimento sem causa.
Pressupostos: quando surge uma situação e nos deparamos com uma dúvida se há enriquecimento sem causa, para que se possa responder a essa pergunta é necessário que a situação concreta seja analisada a partir de pressupostos indispensáveis para a configuração da fonte. Existem quatro pressupostos fundamentais, sem os quais não se fala em enriquecimento sem causa: 
enriquecimento de uma parte: um sujeito teve um ganho patrimonial, que é o que chamamos de enriquecimento. Este ganho patrimonial, tem que ser analisado com cautela, não necessariamente é um ganho direito, pode ser um ganho indireto. Ex.: o sujeito firmou um contrato, estabeleceu-se um preço x a ser pago em 10 parcelas, vencendo cada uma no dia 10, e o apagamento a ser feito em depósito na conta corrente do credor. O devedor começa a fazer o pagamento, só que ele se perde no tempo e, ao invés de pagar as 10 parcelas, ele paga 12 parcelas, não se dá conta. Vamos ter aqui um pagamento indevido e isso vai gerar um aumento patrimonial do sujeito que recebeu as 12 parcelas. Ao mesmo tempo pode acontecer que esse enriquecimento não seja direto, ele seja indireto, que vai surgir naquelas hipóteses em que um sujeito assume uma determinada conduta, que vai beneficiá-lo, não com um aumento patrimonial imediato, mas mediato.
empobrecimento de outra parte: esse empobrecimento pode ser direito ou indireto. Não há a causação de um dano, porque não há lesão.
existência de nexo causal entre o enriquecimento e o empobrecimento: o enriquecimento tem que ser causa do empobrecimento, e vice-versa. Há um vínculo entre eles.
inexistência de fundamento jurídico: não há uma causa jurídica que legitime.
subsidiariedade da fonte: é um pressuposto que deve ser analisado com muito cautela. No âmbito jurisprudencial, o enriquecimento sem causa muitas vezes é mencionado de forma totalmente inadequada, e essa inadequação é observada justamente porque muitos julgados esquecem dessa outras característica. Então, quando se fala nessa subsidiariedade, o que o legislador quer destacar é, se existir outra fonte que justifique o nascimento daquela obrigação, não se pode falar na incidência

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