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Desenvolvimento Infantil: Dinâmica e Estágios

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – FCT
Seminário apresentado por Evelyn C. Gonsalves e Rogério F. Coelho
 à disciplina Psicologia da criança de 0 a 6 anos, curso de Pedagogia 2º ano noturno, FCT Presidente Prudente, ministrado pela Prof.ª Dr.ª Gilza Maria Zauhy Garms
Capítulo III
A COMPLEXA DINÂMICA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
As ideias se fundamentam   em 4 componentes básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade,o movimento, inteligência e formação do eu como pessoa . 
        
O desenvolvimento humano se dá por etapas diferenciadas, necessárias, as quais são preparatórias para às seguintes. Cada idade estabelece uma relação particular entre o sujeito e seu ambiente
Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos próprios de cada cultura contextualizam o desenvolvimento do sujeito.
O meio transforma-se juntamente com a criança. Ela retira recursos do seu contexto para aplicá-los às necessidades que vão surgindo.
A criança tem sempre a escolha do campo sobre o qual aplicar suas condutas .
Há uma determinação recíproca entre a conduta da criança e os recursos do seu meio, o que causa relatividade ao processo de desenvolvimento.
O desenvolvimento tem uma dinâmica e ritmo próprios, resultantes dos princípios funcionais.
FATORES ORGÂNICOS E FATORES SOCIAIS
Cabe aos fatores orgânicos a sequência fixa que se verifica entre os estágios do desenvolvimento. 
Mais determinante no início, o fator biológico, cede espaço de determinação ao social, muito mais decisiva na aquisição de condutas psicológicas superiores, como a inteligência simbólica.
A linguagem e a cultura vão fornecer ao pensamento instrumentos para sua evolução. O sistema nervoso precisa da interação do alimento cultural para seu desenvolvimento, conhecimento e linguagem.
RITMO DO DESENVOLVIMENTO
O RITMO PELO QUAL SE SUCEDEM AS ETAPAS É DESCONTÍNUO. HÁ RUPTURAS, RETROCESSOS E REVIRAVOLTAS.
Para Wallon, a passagem de um a outro estágio não é uma simples ampliação, mas uma reformulação, não há uma linearidade no desenvolvimento.
O desenvolvimento para Wallon, seria pontuado por crises e conflitos , seja provocados no convívio coma estrutura e cultura adulta ( origem exógena) ou pelos efeitos da maturação nervosa ( origem endógena).
Em sua epistemológia, contradição e conflitos são constitutivos do sujeito e do objeto, sendo propulsores do desenvolvimento, como fatores dinamogênicos.
Dinamogênicos: referente à dinamogenia = estimulante
Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva, em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva.
A psicogenética Walloriana propõe 5 estágios:
1- Estágio impulsivo-emocional : 
 primeiro ano de vida
 o colorido peculiar é dado pela emoção
Interação da criança com o meio
A predomina a afetividade, que orienta as reações do bebê, intermediando sua relação com o mundo físico.
 inaptidão para agir diretamente sobre a realidade exterior.
2- Estágio sensório –motor e projetivo:
 
 vai até o terceiro ano
 criança voltada para a exploração sensório-motora do mundo físico
 aquisição da prensa e da marcha
 desenvolvimento da função simbólica e da linguagem
 o ato mental projeta-se em atos motores
3- estágio do personalismo:
 cobre a faixa dos 3-6 anos
 a tarefa central é a formação da personalidade
 retorno da predominância das relações afetivas
4- Estágio categorial:
 por volta dos 6 anos
 consolidação da função simbólica
 avanços no plano da inteligência, o que faz com que busque conquistar e conhecer mais do mundo exterior
 predominância do aspecto cognitivo
5- Estágio da puberdade:
 rompimento da tranquilidade afetiva
 nova definição no contorno da personalidade
 questões morais, existenciais e afetivas numa retomada da predominância da afetividade
Momentos subjetivos e de acúmulo de energia (afetivos) sucedem momentos objetivos e de dispêndio de energia (cognitivos). É o que wallon chama de predominância funcional.
O predomínio do caráter intelectual corresponde à elaboração do real e o conhecimento do mundo físico. A dominância do caráter afetivo (relações humanas) correspondem às etapas que se restam a construção do eu.
Cada nova fase inverte a orientação da atividade e do interesse da criança: do eu para o mundo, das pessoas para as coisas, é o princípio da alternância funcional. Cada função ao reaparecer como predominante, incorpora as conquistas realizadas ela outra. No 1º estágio da psicogênese temos impulsividade, emoção, nutrida pelo olhar e contato físico, expressando-se em mímicas, gestos e posturas.
A atividade do personalismo é diferente, pois incorpora os recursos intelectuais (notadamente a linguagem) desenvolvidos ao longo do estágio sensório-motor e projetivo. É uma atividade simbólica, exprimida por palavras e ações. A atividade torna-se cada vez mais racionalizada – os sentimentos são elaborados no plano mental, os jovens já teorizam sobre suas relações afetivas.
Esta construção recíproca se explica pelo princípio da integração funcional, em que as funções mais evoluídas não suprimem as mais arcaicas , mas controlam-nas . O processo nas funções nervosas é semelhante ao das psíquicas, em que as condutas mais novas passam a exercer o controle sobre as mais novas.
Outra característica das funções psíquicas desintegradas é exercerem-se desajustadamente de objetivos exteriores, entregues a exercícios de si mesmas. Uma criança é capaz re repetir o mesmo percurso ao aprender a andar, apenas explorando a capacidade recém adquirida. É um jogo funcional, o mais primitivo tipo de atividade lúdica.
A integração funcional não é definitiva, mesmo que as capacidades já tenham se subordinado aos centros de controle, podem ser provisoriamente desintegradas, explicando assim os frequentes retrocessos por que é marcado o desenvolvimento. Observamos esses retrocessos em exemplos como:
 nos rabiscos de uma criança que já domina recursos mais sofisticados da grafia.
 no processo de alfabetização, a criança que já construiu a hipótese alfabética, volta a escrever silabicamente.
O ritmo descontínuo que Wallon assimila ao processo de desenvolvimento infantil assemelha-se ao movimento de pêndulo que, oscilando entre pólos opostos, imprime características próprias a cada etapa do desenvolvimento.

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