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Matéria 2º Bimestre - Processo Penal II

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
PROFESSORA MUNIRAH MUHIEDDINE 
PROCEDIMENTO DO JURI 
 É um procedimento constitucional. A Constituição fala da soberania dos jurados. É um 
procedimento peculiar, diferente de todos. É um procedimento bifásico, dividido em duas fases. 
A primeira fase analisa se existem indícios de autoria e materialidade do crime para submeter 
o acusado ao julgamento popular. O juízo singular verifica se há requisitos para o julgamento 
dos jurados. Os jurados são pessoas escolhidas pela sociedade para julgar um crime. 
 É uma previsão procedimental da constituição. Nos crimes que tem um grau de 
reprovabilidade maior tem que ser levado ao julgamento popular. 
 Os crimes submetidos ao procedimento do júri são os crimes dolosos contra a vida. 
 Crimes dolosos contra a vida 
São crimes que tem como bem jurídico tutelado a vida. Latrocínio não é crime doloso 
contra a vida, pois o bem jurídico tutelado é o patrimônio. Os de tortura em que acaba 
homicídio, por exemplo, tem outros crimes no meio que são tutelados que não é a vida, como, 
por exemplo, o psicológico. 
Então, outros crimes que não forem dolosos contra a vida poderão ser julgados pelo júri, 
desde que sejam conexos. 
Se há concurso de crimes, e um dos crimes segue o procedimento especial do júri, chama 
para sua competência os outros crimes. 
Se tem crime doloso contra a vida, não é procedimento comum e sim especial do júri. 
Artigo 89 da Lei 9099/90 - A suspensão condicional do processo quando a pena mínima do 
crime não exceder a um ano. 
 
1. Homicídio – Art. 121, CP. 
Um homicídio simples não é considerado hediondo, salvo se for praticado por grupo de 
extermínio, mesmo que feito por uma só pessoa. 
É um crime de ação penal pública incondicionada, que não cabe suspensão condicional do 
processo, então vai direto para o procedimento do júri. 
É um crime que se inicia com o oferecimento da denúncia. 
Para qualificar homicídio simples basta não ter nenhum motivo, pois conforme decisão do 
STJ, qualquer homicídio que não tem motivo é considerado simples. 
2. Aborto – Art. 124, 125 e 126, CP. 
Existem três tipos de aborto: o auto aborto, o crime de aborto praticado por terceiro sem 
consentimento da gestante, e o crime de aborto praticado por terceiro com consentimento da 
gestante. 
Cabe suspensão condicional do processo, pois a pena mínima é de um ano. 
3. Infanticídio – Art. 123 do CP 
4. Participação em suicídio – Art. 122 do CP. 
Para acontecer esse crime tem que ter acontecido o suicídio. Juridicamente, o jogo da 
baleia azul é um crime de participação em suicídio. 
 
 Procedimento bifásico 
 
1. Fase “Judicium acusationis” 
Visa apurar e colher indícios de autoria e materialidade do crime doloso contra a vida, para 
na segunda fase submeter o acusado ao júri popular. É uma fase acusação. Havendo isso, o juiz 
submeterá o acusado ao júri. 
A primeira fase, quem decide, é o juiz singular, o juiz de direito, via de regra, estadual, 
salvo se houver interesse da União. O juiz preside sozinho a primeira fase. 
É conhecida como juízo preliminar de acusação, ou primeira fase do procedimento do júri. 
Antecede o plenário. É uma fase de admissibilidade, para verificar se o acusado deverá ou não 
ser submetido ao julgamento. 
E não tem indícios de autoria e materialidade tem que ter impronunciação. 
Oferecimento da denúncia: o primeiro ato começa com o oferecimento da denúncia, salvo se 
for penal privada subsidiária da pública, que é quando o MP perde o prazo. Oferecida a 
denúncia ela vai para o juiz singular. 
É o momento da acusação arrolar a denúncia, que deve ser no máximo 8 testemunhas. 
Juiz singular: em Foz, todos os juízes criminais julgam a primeira fase, e depois vai para a 1ª 
Vara Criminal que é específica em júri. 
O juiz analisa se recebe ou rejeita a denúncia. As causas de rejeição da denúncia são as 
mesmas do artigo 395 do CPP. Ao receber a denúncia, ele determina a citação do acusado. 
Citação do acusado: O juiz cita o acusado para apresentar resposta a acusação, que não é a 
mesma dos procedimentos comuns. Essa resposta a acusação está descrita no artigo 406 do 
CPP. 
A citação pode ser pessoal, por edital, por hora certa. 
O acusado tem o prazo de 10 dias para apresentar a resposta acusação por 10 dias. A 
resposta a acusação, no júri, tem a fundamentação jurídica no artigo 406 do CPP. 
Não tem análise de absolvição sumária igual ao 397 do CPP. No Júri, absolvição sumária 
significa outra coisa. 
Resposta a acusação: O acusado tem 10 dias e pode argüir preliminares, apresentar tudo que 
interessa a sua defesa, apresentar justificações e documentos, especificar as provas que 
pretende produzir e arrolar até no máximo 8 testemunhas. Não cabe a absolvição sumária 
nessa fase. Só cabe no final do procedimento. 
Essa medida processual é apenas o primeiro momento que o acusado tem para se 
manifestar nos autos. Não tem como antecipar o mérito. É para demonstrar quais as provas 
que pretende produzir e arrolar até o máximo 8 testemunhas. 
Art. 409, CPP - A falta de resposta a acusação gera nulidade absoluta dos atos 
subseqüentes. No caso de não apresentação de resposta a acusação no prazo legal, o juiz tem 
que nomear advogado dativo ou defensor público para apresentar resposta a acusação. É uma 
defesa que só pode ser apresentada por quem tem capacidade postulatória. 
Após a resposta a acusação ser apresentada os autos vão para a réplica da acusação. 
Réplica da acusação – art. 409, CPP: volta para o MP para ele analisar e rebater o que foi 
mostrado pela defesa. O juiz determina o encaminhamento dos autos á acusação, que tem 5 
dias para se manifestar sobre a defesa e os documentos juntados. 
Neste procedimento existe uma determinação que após a resposta á acusação, os autos 
deverão ser encaminhados ao MP. 
Se não há elementos a serem juntados e nem provas a serem produzidas, é marcada a 
audiência de instrução e julgamento.. 
Audiência de instrução e julgamento – art. 411, CPP: Primeiro é ouvido a vítima, depois as 
testemunhas arroladas pela acusação, depois as testemunhas arroladas pela defesa. 
1. Vítima 
2. Testemunhas acusação 
3. Testemunhas defesa 
4. Peritos, acareações, reconhecimento de pessoas ou coisas 
5. Interrogatório do acusado. 
O rito do júri preza pela audiência una, ou seja, a celeridade. É o único procedimento que 
prevê o prazo máximo de 90 dias contados a partir do oferecimento da denúncia até a 
sentença. 
- Princípio da unicidade: deve haver a concentração da colheita de provas todas numa 
audiência só. Todas as provas devem ser produzidas numa só audiência. 
Se o juiz entende que tem muitas testemunhas ou provas que não irão colaborar nada no 
processo ele vai indeferir. 
As testemunhas devem ser objetivas, falar o que perceberam, a realidade dos fatos. 
Se durante a instrução surgir uma prova que demonstra que tem mais um réu, ele 
determina o encaminhamento dos autos ao MP, para que ele acrescente novo fato á denúncia. 
As alegações serão orais e a acusação e defesa tem o prazo de 20 minutos prorrogáveis 
por mais 10, começando pelo MP e após a defesa. Essas alegações podem ter substituição por 
memorais. 
Assistente de acusação: nada impede da vítima ou o CADI contratar um advogado para dar 
assessoria ao MP na acusação. Então o assistente de acusação terá 10 minutos para se 
manifestar e depois o mesmo tempo para manifestação da defesa. 
A testemunha deve comparecer na audiência, se não comparecer ela vai ser conduzida 
coercitivamente. 
Após o debate, o juiz tomará sua decisão. 
Sentença: o juiz pode sentenciar em audiência ou 10 dias. Pois os debates orais podem ser 
substituídos por memorais, em 5 dias sucessivos.Após, vão para o juiz os autos para que no 
máximo 10 dias ou na própria audiência profira audiência. Essa sentença não adentra o mérito. 
Então ele decidirá se é caso de submeter ou não ao júri. As decisões que o juiz pode proferir ao 
final dessa primeira fase são: 
1. Pronúncia – art. 413, CPP 
Se o juiz vê indícios de autoria e materialidade, pronuncia o réu o julgamento popular. 
Pronunciar é submeter o acusado ao julgamento perante o júri. O juiz faz isso quando fica 
convencido de que há indícios de autoria e materialidade. 
A sentença de pronúncia é passível de recurso, mas não apelação, e sim recurso em sentido 
estrito por determinação legal. 
A sentença de pronúncia é peculiar, pois põe fim a primeira fase para dar prosseguimento 
na segunda. O juiz acompanha o júri apenas para aplicar a pena e manter a ordem, pois quem 
decide é o povo. 
A submissão do acusado ao júri popular se dará com a pronúncia, após a sentença que dá 
fim a primeira parte do procedimento. 
A lei limita a fundamentação do juiz na sentença de pronúncia. O juiz ao indicar que existe 
autoria e materialidade deve mostrar o dispositivo legal, inclusive se há qualificadoras e causas 
de aumento de pena. 
2. Impronúncia – art. 414, CPP. 
Durante essa primeira fase, se não foi conseguido demonstrar que foi aquela pessoa o 
autor do crime. Se não tem indícios de autoria ele vai impronunciar. Por mais que o juiz precise 
de indícios de autoria, para pronunciar ele precisa fundamentar. Se não tem fundamentação 
para demonstrar o indício de autoria, então ele tem que impronunciar. Se depois de dois anos, 
aparecer uma prova incontestável, pode abrir novamente o processo tendo uma nova denúncia 
pelo mesmo fato. 
3. Absolvição sumária – art. 415, CPP. 
A absolvição sumária do júri tem um rol taxativo. A análise da absolvição sumária é depois 
da instrução. Serão casos de absolvição sumária: 
I – se provada a inexistência do fato: se durante a instrução ficar comprovado que o fato não 
existiu. 
II – se ficar provado que não é autor ou participante do fato: se ficou demonstrado, 
comprovado que não é o autor do crime, o juiz deverá absolver sumariamente. Isso tem que ser 
provado, pois se houver indícios, tem que fazer a pronúncia. 
II – quando o fato for atípico: o fato não constituir crime. 
III – quando tiver isenção de pena ou exclusão do crime: as excludentes de culpabilidade 
isentam pena. As exclusões de antijuridicidade excluem o crime. Não se aplica a absolvição 
sumária se o autor é inimputável por doença mental, neste caso aplica a absolvição imprópria, 
com a consequente medida de segurança. 
4. Desclassificação 
Art. 419: se durante a instrução ficar comprovado que era crime culposo, ou que não era crime 
doloso contra a vida, ele encaminha os autos ao juízo competente, pois não compete ao 
tribunal do júri decidir. Então desclassifica e remete ao juízo competente. 
SENTENÇA 
 Princípio da correlação 
Diz que a sentença vai estar diretamente ligada aos fatos. 
A sentença é uma manifestação intelectual, lógica e formal. Emitida pelo Estado, por meio 
de seus órgãos jurisdicionais, com a finalidade de encerrar um conflito de interesse, mediante a 
aplicação da lei no caso em concreto. 
A sentença pode ser classificada em sentido amplo e sentido estrito. As decisões em sentido 
amplo, também se classificam em decisões interlocutórias que são aquelas que podem de 
alguma forma por fim no processo, mas não dão fim a causa. Se dividem em: 
- decisão simples: são aquelas que solucionam questões relativas a regularidade processual, 
sem adentrarem ao mérito. Exemplo: recebimento de denúncia, citação, intimação, decisões 
que dão continuidade ao processo. 
- decisão interlocutória mista: são chamadas de decisões com força definitiva, encerrando uma 
etapa processual ou a própria relação jurídica. Se subdividem em terminativas e não 
terminativas. 
Interlocutória mista não terminativa: são aquelas que encerram uma etapa procedimental. 
Interlocutória mista terminativa: são aquelas que geram a extinção do processo sem 
julgamento de mérito. 
 A sentença em sentido estrito é a decisão judicial que dá um fim a situação jurídica 
discutida. Quando uma sentença for contraditória ou não ser clara, ela pode ser revisada pelo 
órgão superior, através de embargos de declaração. 
 
 É aquela decisão definitiva, proferida pelo juiz, solucionando a causa. Decide o mérito. 
Essa sentença é classificada de três formas: 
- Absolutórias (art. 386, CPP) 
 Se dividem em própria e imprópria. 
A sentença absolutória imprópria: é os casos de absolvição por inimputabilidade por doença 
mental. É aquela aplicada aos inimputáveis, onde a conseqüência é uma medida de segurança. 
A sentença absolutória própria: são aquelas que é quando não tem elementos para condenar, e 
por tanto absolve. O juiz não impõe nenhuma sanção, devido a inexistência de elementos para 
condenação. É aquela pela qual o juiz deixa de aplicar uma sanção por inexistir elementos para 
condenar. 
- Terminativa de mérito 
 É a sentença de prescrição. 
- Condenatórias (art. 387, CPP) 
Princípio da Correlação 
 Uma decisão tem que estar vinculada com os fatos descritos na petição inicial. 
“Emendatio Libelli” 
 No processo penal o réu se defende dos fatos, sendo irrelevante a classificação jurídica 
constante na inicial acusatória. 
 Art. 383, CPP 
“Mutatio Libelli” 
 Mudança na narração fática – art. 384, CPP. 
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA – art. 386, CPP 
1. Estar provada a inexistência do fato 
2. Não haver prova da existência do fato 
3. Não constituiu infração penal 
4. Prova que o réu não concorreu para infração penal 
5. Não ter provas da participação do réu 
6. Existir causas que excluam o crime ou isentem de pena 
NULIDADES 
* Formal 
* Regras estabelecidas em lei 
Conceito: 
Vícios que contaminam determinados atos processuais praticados sem a observância da forma 
prevista em lei, capaz de invalidar o processo no todo ou em partes. 
Classificação 
a) Nulidade absoluta 
Aquelas que tratam de matéria de ordem pública, que podem ser pronunciadas a qualquer 
tempo. 
b) Nulidade relativa 
Aquelas que a parte alega o prejuízo, que se não for argüida no primeiro momento que a 
parte tem para se manifestar nos atos, precluiu. Se convalida se a parte não se declarar no 
primeiro momento que tiver para se manifestar nos autos. O juiz só declarará nulidade do ato 
se houver a demonstração do prejuízo. 
OBS: Ato Inexistente 
Princípios 
a) “Pas de nulitté sans grief” 
Não há nulidade sem prejuízo. Toda nulidade deve ser mostrado o prejuízo. Nenhum ato 
vai ser considerado nulo se não houver prejuízo. 
b) Não há nulidade se a parte a provocou 
Não será considerado nulo. 
- Art. 565 – CPP 
c) Não há nulidade de ato irrelevante a deslinde da causa (princípio da causalidade) – art. 573, 
§1º - CPP. 
 Tudo que é derivado de ato nulo é considerado nulo também. 
NULIDADE EM ESPÉCIE 
- Art. 564 – CPP 
a) Incompetência 
b) Suspeição e impedimento do juiz 
 Quando for feito por um juiz suspeito, impedido ou subornado. 
- art. 252, CPP – Causas de impedimento 
- art. 254, CPP – Causas de suspeição. 
c) Suborno do juiz 
d) Ilegitimidade da parte 
 Quando a parte é ilegítima para atuar no processo. É ilegitimidade ad causam. 
e) Falta requisitos na inicial ou representação do ofendido ou requisição do MJ 
 Falta de requisitos da denúncia ou queixa. Se não observar as formas previstas na lei é 
um ato nulo. 
f) Falta de nomeação do defensor do réu 
 Se o réu não tem o direito de defesa, por causa do contraditório ou ampla defesa, é um 
ato nulo. A falta de nomeação gera nulidade absoluta.OBS: Súmula 523- STF 
 A defesa insuficiente, deficiente, gera nulidade RELATIVA, e por tanto declara o réu 
indefeso. 
g) Falta ou nulidade de citação 
 Tem que ter citação, pois a falta ou a nulidade torna todos os atos subseqüentes nulos. 
É nulidade absoluta, pois é cerceamento de defesa. 
h) Falta de interrogatório 
 O processo não pode ir para as alegações finais sem o interrogatório do réu. Não 
preclui, pois o juiz a qualquer tempo pode pedir o interrogatório do acusado. Ele é um direito, 
pois é um meio de prova e ato de defesa. Ele pode dizer que não quer responder, e invocar o 
direito constitucional de permanecer em silencio, sem que esse silencio seja utilizado contra 
ele. Mas deve ser oportunizado a ele o interrogatório, pois a falta gera nulidade inclusive dos 
atos subseqüentes a ele. 
i) Falta de concessão de prazo 
j) Falta de sentença 
k) Falta exame de corpo de delito 
 O exame tem que ser feito, de forma direta ou indireta. 
l) Ausência de processamento de recurso de ofício 
Falta de quorum legal para decisão 
NULIDADE NO JÚRI 
- Art. 564, CPP. 
 A falta de intimação do réu para comparecimento gera nulidade absoluta. A presença 
de pelo menos 15 jurados, se não houver, não tem júri e é redesignada. A falta de 
incomunicabilidade entre os júris gera nulidade. 
 Se a nulidade não for verificada se convalida.

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