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SEMANA AULA 5- PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO SUMÁRIO

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PROCESSO PENAL - APLICADO - CCJ0041
(DIREITO PROCESSUAL PENAL II)
Professor Marcos André B. Pereira
SEMANA AULA 5
PROCEDIMENTOS I
TEMA: PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO E SUMÁRIO
I- CLASSIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO COMUM
Segundo o art. 394, do CPP, temos dois procedimentos, quais sejam, o Procedimento comum ou Especial. 
É importante dizer que o PROCEDIMENTO ESPECIAL pode estar previsto no CPP ou em LEIS ESPECIAIS. A título de exemplo, podemos citar os crimes dolosos contra a vítima (Homicídio; auxílio, instigação, induzimento ao sódio; infanticídio; aborto), os quais são julgados pelo procedimento especial do Tribunal do Júri (art. 406 a 497, do CPP). Ainda dentro do Código de Processo Penal-CPP, temos o procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários Públicos (art. 513 a 518, do CPP). 
Já com relação as leis especiais, temos como exemplo o procedimento da lei nº 11.343/06 (lei de Drogas). 
De outro giro, o PROCEDIMENTO COMUM, sempre será a REGRA, ou seja, NA AUSÊNCIA DE PROCEDIMENTO ESPECIAL PREVISTO EM LEI, SE APLICA O COMUM, conforme disposição expressa do art. 394, §2º, do CPP:
“Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial.” 
ATENÇÃO! O procedimento comum também é aplicado subsidiariamente aos procedimentos especiais. Tais hipóteses ocorrem na ausência de regra própria no procedimento especial cabível ao caso, momento em que iremos nos valer das regras gerais constantes do procedimento comum. A corroborar com este entendimento vem ser a inteligência do § 5º do art. 394 do CPP: “Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário”.
O Art. 394, §1º, do CPP, faz a apresentação do procedimento comum nos seguintes termos:
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
I – ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II – sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III – sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
ATENÇÃO! Procedimento Comum Sumaríssimo é o aplicado para as infrações penais de menor potencial ofensivo, quais sejam as contravenções penais e crimes punidos com pena máxima igual ou inferior a 2 anos, cumulada ou não com multa, ressalvadas as hipóteses de violência familiar contra a mulher. Aqui estamos diante do procedimento que visa apurar as infrações penais de competência dos Juizados Especiais Criminais (art. 61, da lei 9.099/95).
ATENÇÃO! o art. 394, §1º, do CPP é muito utilizado em prova em formato de “pegadinha”, por este motivo é de suma importância esquematizá-lo. 
Nota-se que para chegarmos até o procedimento a ser utilizado precisando identificar a pena máxima de um delito. Contudo, para a melhor determinação do procedimento devemos fazer outras ponderações:
· CONCURSO DE CRIME: Deve ser verificada a pena máxima de cada um deles isoladamente ou aquela que resulte da aplicação das regras do concurso? Deve ser aplicado o critério da acumulação material ou da majoração das penas. Ou seja: vou somar as penas, em caso de concurso material, ou vou aplicar a fração correspondente, em caso de concurso formal próprio ou crime continuado! A partir do resultado que conseguir com essas operações, é que vou definir a quantidade máxima de pena em abstrato, que é possível de ser aplicada, e, portanto, saber qual o procedimento aplicável.
· QUALIFICADORAS: as qualificadoras devem ser levadas em consideração para a determinação do procedimento? Sim. Na hora de determinar o procedimento, eu levo em consideração o tipo derivado das qualificadoras, e não o tipo básico, para saber qual a pena máxima cominada em abstrato. 
· CAUSAS DE AUMENTO E CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA: Também são levadas em consideração no momento da fixação do procedimento. Mas aqui tem mais um ponto que temos que nos preocupar antes de avançarmos. As causas de aumento e de diminuição não tem um valor fixo previsto em lei, estas são variáveis. Por exemplo, diz a lei, no caso de tentativa, que a pena será reduzida de 1/3 a 2/3. E agora? Qual fração aplico sobre a pena máxima já prevista no tipo penal para saber que procedimento irei adotar? O que você precisa lembrar é que estamos em busca da MÁXIMA pena cabível para aquele crime. Dito isso, você irá aplicar, em caso de causa de aumento, o quantum que mais aumente ou, em caso de causa de diminuição, o quantum que menos diminua a pena. Assim, se a causa de aumento varia de 1/3 a 2/3, você deve aplicar a fração de 2/3 sobre a pena máxima e, a partir desse resultado, verificar qual o procedimento. Por outro lado, se a causa de diminuição é que varia de 1/3 a 2/3, você irá pegar a pena máxima em abstrato e diminuir de 1/3 (menor diminuição possível). Pronto. Você estará diante da máxima pena possível para aquele caso, em uma ou outra hipótese, e pronto para determinar qual procedimento irá adotar naquele caso concreto.
· AGRAVANTES E ATENUANTES: São levadas em consideração para determinação do procedimento? A resposta aqui é negativa. Como a lei sequer fornece parâmetros para agravar ou atenuar a pena, o entendimento é no sentido de que elas não serão consideradas quando da determinação do procedimento.
CUIDADO! Alguns crimes não estão sujeitos ao critério da pena máxima em abstrato ainda que não tenhamos um procedimento especial previsto em lei para sua apreciação. Vamos para alguns exemplos:
· CRIMES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER: Em tais delitos mesmo que a pena máxima seja igual ou inferior a 2 anos, não se aplica o procedimento comum sumaríssimo dos Juizados Especiais, por expressa vedação legal, vez que o art. 41 da Lei n. 11.340/2006 dispõe que “Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/1995”.
· CRIMES TIPIFICADOS NO ESTATUTO DO IDOSO (lei 10.741/03): Aqui precisamos ter um cuidado especial! Por quê? O Estatuto do Idoso dispõe, em seu art. 94, que deve ser adotado o procedimento comum sumaríssimo às infrações penais nele tipificadas cuja pena máxima não ultrapasse 4 anos. Perceba: tratamento diferente do que preconiza o Código de Processo Penal. Por se tratar de lei especial, o entendimento é no sentido de aplicação dessa regra: até 4 anos de pena máxima, sendo crime previsto no Estatuto do Idoso, é aplicado o procedimento sumaríssimo.
ATENÇÃO! O Supremo Tribunal Federal foi chamado a falar sobre o tema. Momento em que se manifestou no seguinte sentido: O objetivo da norma aqui é proteger o idoso, ou seja, dar mais celeridade ao julgamento de processos em que o idoso seja vítima, visando a uma rápida resposta estatal. Não faz sentido, a partir dessa visão, entender que a norma tem também o objetivo de proteger quem praticou crime contra o idoso. Por conta disso é que o STF afastou a possibilidade de concessão dos benefícios despenalizadores da Lei n. 9.099/1990, como transação penal e composição civil de danos, àqueles que tenham praticado crimes contra idosos. A aplicação da norma, portanto, é apenas quanto a aspectos do procedimento, para garantir celeridade, e não para privilegiar, de qualquer modo, quem tenha praticado crime contra idoso.
· CRIMES FALIMENTARES: A LEI DE FALÊNCIAS (lei 11.101/05) manda observar o rito previsto nos arts. 531 a 540 do CPP, que tratavam sobre o procedimento sumário. Assim, qualquer que seja a pena cominada, cuidando-se de crime falimentar, o procedimento a ser utilizado é o comum sumário.
· CRIMES PREVISTOS NA LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E CRIMES CONEXOS: nos termos do art. 22 da Lei n. 12.850/2013, aos crimes lá previstos e às infrações conexas, qualquer que seja a pena cominada, aplica-se o procedimento comum ordinário. A despeito disso, diante da ausência de qualquer proibição na lei, é possível a aplicação dos institutosdespenalizadores previstos na Lei n. 9.099/1990 para crimes que se adéquem ao conceito de infração de menor potencial ofensivo.
ATENÇÃO! Se tivermos a conexão entre um crime de competência do tribunal do júri e de outra jurisdição, prevalecerá a competência do tribunal do júri, conforme a inteligência do art. 78, inc. I, do CP.
E se tivermos concurso entre dois crimes não dolosos contra a vida, com procedimentos distintos? ex: conexão entre um crime de furto, submetido ao procedimento comum ordinário, e o crime de tráfico de drogas, que tem procedimento especial, previsto na Lei n. 11.343/2006? 
O entendimento é no sentido de que, nesses casos, deve ser adotado o procedimento mais amplo, ou seja, o que permita melhores condições de defesa para o réu, em regra o procedimento ordinário. Nesse sentido:
Segundo precedentes do Supremo Tribunal Federal e desta Corte, não há nulidade na adoção do rito ordinário em ação penal que apura crimes que possuem ritos diversos, pois se trata de procedimento mais amplo no qual, em tese, estaria assegurado com maior amplitude o exercício do contraditório e da ampla defesa (RHC 29.062/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 26/10/2015).
II- DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
Esse é o procedimento mais usual, vez que é a regra, além de ser utilizado subsidiariamente.
II.I- Oferecimento Da Peça Acusatória
Trata-se do primeiro ato no procedimento Comum Ordinário. É o momento em que o poder judiciário, o qual tem o poder/dever de agir, irá ser movimento, seja através do oferecimento da Denúncia (nas ações penais públicas) ou pela propositura de Queixa-crime (ações penais Privadas), ambas nos termos do art. 41, do CPP, o qual diz:
A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
ATENÇÃO! a lei fala em rol de testemunhas. Quantas testemunhas podem ser arroladas? Vou te dizer, e já apresentando a primeira diferença entre o procedimento ordinário e o sumário:
• procedimento ordinário – 8 testemunhas, por fato criminoso;
• procedimento sumário – 5 testemunhas, por fato criminoso.
II. I. I- DA REJEIÇÃO OU RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA
Após o oferecimento da inicial acusatória (DENÚNCIA/QUEIXA), o juiz irá verificar se há alguma causa de suspeição ou impedimento que não lhe permita analisar aquele feito. Não sendo o caso, vai verificar se é competente, lembrando que, no processo penal, a incompetência pode ser reconhecida de ofício, mesmo que relativa. Assentada a competência e ausente qualquer causa que o impeça de analisar o feito, o juiz irá verificar se é o caso de recebimento ou rejeição, o que passaremos a analisar.
A) REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA (art. 395, do CPP):
ATENÇÃO! De acordo com a jurisprudência, apesar de alguns questionamentos doutrinários, a inépcia só pode ser arguida pela defesa até o momento da sentença, sob pena de preclusão. 
ATENÇÃO! A rejeição da inicial com fundamento no art. 395, I, do CPP só faz coisa julgada formal, tendo em vista que não há análise do mérito.
ATENÇÃO! É possível a rejeição parcial da peça acusatória. É o que acontece, por exemplo, quando diante do oferecimento de denúncia contra duas pessoas, o juiz percebe que, quanto a uma delas, não há justa causa. Assim, rejeita a denúncia quanto ao acusado A, mas recebe quanto ao acusado B. Também pode acontecer de haver justa causa quanto a um crime e não haver quanto a outro, na hipótese de denúncia que engloba mais de um fato criminoso, contra o mesmo réu ou contra vários réus. Em um ou outro caso, estamos diante de exemplos de rejeição parcial da peça acusatória.
ATENÇÃO! Rejeitada a inicial acusatória, é possível que seja oferecida novamente, caso superada a causa de rejeição.
ATENÇÃO! Da decisão que rejeita a inicial acusatória cabe Recurso em Sentido Estrito, nos termos do art. 581, I, do CPP. Nos juizados, o recurso cabível é o de apelação, de acordo com o artigo 82 da Lei n. 9.099.
B) DO RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA (art. 396, do CPP)
Se a denúncia ou a queixa preencher os requisitos dispostos no art. 41 do CPP, se estiverem presentes os pressupostos processuais, as condições da ação e a justa causa, ela deverá ser recebida, conforme a inteligência do art. 396, do CPP, que diz “nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á (...)”.
Tratando-se de procedimento ordinário, a maioria da jurisprudência é no sentido de que a decisão não precisa ser fundamentada de forma exauriente. Nesse sentido:
A jurisprudência dos Tribunais Superiores possui entendimento de que a decisão que recebe a denúncia possui natureza jurídica de interlocutória simples, não necessitando fundamentação exauriente por parte do Magistrado quanto aos motivos do seu recebimento. Trata-se de declaração positiva do juiz, no sentido de que estão presentes os requisitos fundamentais do artigo 41 e ausentes quaisquer hipóteses do artigo 395, ambos do CPP. (RHC 117.847/TO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 21/11/2019, DJe 05/12/2019)
Em um primeiro momento, na fase do art. 396, do CPP, o Juiz:
demonstra, de forma sucinta, o preenchimento dos seus aspectos formais (art. 41, c/c o art. 395, I, do CPP) e identificada a presença tanto dos pressupostos de existência e validade da relação processual quanto das condições para o exercício da ação penal (art. 395, II, do CPP) (RCD no HC 474.949/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 06/11/2018, DJe 21/11/2018.).
DENÚNCIA – RECEBIMENTO – FUNDAMENTAÇÃO. A referência, no ato de recebimento da denúncia, ao atendimento ao figurino instrumental, implica fundamentação razoável. (HC 144268, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 12/11/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-260 DIVULG 27-11-2019 PUBLIC 28-11-2019).
De outro giro, prevalece o entendimento de que, na análise da inicial acusatória, aplica-se o PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO SOCIETATE, ou seja, havendo algum tipo de dúvida, deve o juiz receber a denúncia ou a queixa, aguardando o curso da instrução processual para, aí sim, se não confirmada a acusação, ou se permanecer o estado de dúvida, absolver o réu. Essa construção vem sendo cada vez mais criticada pela doutrina moderna. Apesar disso, é encampado pelos tribunais superiores, em grande parte das decisões. Veja o julgado abaixo:
Segundo jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior, a propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos e suficientes de autoria e materialidade. A certeza será comprovada ou afastada durante a instrução probatória, prevalecendo, na fase de oferecimento da denúncia o princípio do in dubio pro societate. (AgRg no RHC 122.933/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2020, DJe 04/05/2020).
ATENÇÃO! NÃO HÁ RECURSO CABÍVEL CONTRA A DECISÃO QUE RECEBE A PEÇA ACUSATÓRIA. A DECISÃO É IRRECORRÍVEL! Em razão disso, recebida a peça acusatória, os tribunais têm admitido, em casos excepcionais, a impetração de habeas corpus visando ao trancamento do processo, quando houver risco à liberdade de locomoção. Caso contrário, será possível o mandado de segurança. Os tribunais têm admitido habeas corpus nessas quatro hipóteses:
• manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa;
• causa extintiva da punibilidade;
• ausência dos pressupostos processuais ou as condições da ação;
• ausência de justa causa para o processo.
C) CITAÇÃO DO ACUSADO:
Conforme anteriormente estudado, a citação é conceituada pela doutrina como o ato processual por meio do qual se leva ao conhecimento do acusado a notícia de que contra ele foi recebida peça acusatória, para que possa se defender. Visa o atendimento dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Recebida a denúncia, o juiz ordenará a citação do acusado, para responder à acusação, no prazo de 10 dias.Para o estudo do procedimento, o que é importa, é o seguinte:
• a citação deve ser pessoal. Citado o réu, o procedimento seguirá normalmente. É iniciado o prazo de 10 dias para que ele apresente resposta à acusação, contado da data da efetiva citação. Ainda que o réu, citado pessoalmente, não constitua advogado, será nomeado defensor para ele, visando que apresente resposta à acusação, devendo seguir o feito;
• se a citação for por edital, não comparecendo o réu nem constituindo advogado, em regra, será determinada a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do CPP. Comparecendo o réu posteriormente, ou constituindo advogado, aí sim prosseguiremos para a próxima fase dentro do procedimento. Nesse caso, o prazo de 10 dias para oferecer resposta à acusação começa a correr do comparecimento pessoal do réu ou do seu advogado, nos termos do art. 396, parágrafo único, do CPP:
“No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.”
D) RESPOSTA À ACUSAÇÃO (art. 396-A, do CPP).
Trata-se da primeira defesa do réu, a qual deve ser apresentada somente por advogado que deverá se encontrar devidamente habilitado nos autos, deve ocorrer após a citação do acusado, devendo ser apresentada no prazo de 10 dias, contados da citação (e não da juntada do mando cumprido). 
Na resposta à acusação, DEVEM SER ARGUIDAS TODAS AS MATÉRIAS PROCESSUAIS E DE MÉRITO, DEVEM SER JUNTADOS DOCUMENTOS, REQUERIDAS DILIGÊNCIAS E ARROLADAS TESTEMUNHAS. Obviamente, há a possibilidade de as matérias defensivas serem trazidas a qualquer tempo, não havendo que se falar em preclusão. Por conta disso, não é incomum que as respostas à acusação sejam apresentadas de forma vaga, algo do tipo “o acusado comprovará no curso da instrução que deve ser absolvido”. Nesse prazo também que devem ser oferecidas eventuais exceções, a exemplo da exceção de incompetência.
Então, em resumo, na resposta à acusação, o acusado poderá:
• arguir preliminares;
• alegar tudo que interessa à sua defesa;
• oferecer documentos e justificações;
• especificar provas;
• apresentar rol de testemunhas.
ATENÇÃO! Além de apresentar o rol de testemunhas, caso haja outra prova que a defesa pretenda requerer, esse é o momento adequado para fazê-lo. Mas cuidado com isso! Qual é a consequência da não apresentação do rol de testemunhas neste momento? Vai se operar a preclusão.
Nesse sentido:
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que o rol de testemunhas deve ser apresentado pela defesa na resposta à acusação, sob pena de preclusão, nos termos do art. 396-A do Código de Processo Penal: “Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário”. (AgRg no AREsp 1471476/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 10/09/2019, DJe 16/09/2019).
Essa é a solução no caso em que o acusado apresenta resposta, mas não faz constar nela rol de testemunhas. Situação diversa decorre da apresentação fora do prazo da resposta à acusação, COM rol de testemunhas. Aqui, como a resposta é obrigatória, tanto ela quanto o rol devem ser admitidos. Portanto, no que diz respeito à apresentação da resposta à acusação fora do prazo previsto em lei, diante da obrigatoriedade da peça, entende o Superior Tribunal de Justiça que não pode o juiz desconsiderar apenas o rol de testemunhas:
A resposta à acusação é obrigatória e se defensor particular a apresentou de forma extemporânea, mas o Juiz aceitou a peça, não há como desconsiderar apenas o rol de testemunhas.
Está correta a declaração de nulidade pelo Tribunal de Justiça, pois o acusado teve cerceada a garantia constitucional de plenitude da defesa. Ele suportou condenação sem a oportunidade de produzir prova oral em decorrência da atuação intempestiva de seu patrono, ausente a paridade de armas necessária ao processo penal. (REsp 1828483/ MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/12/2019, DJe 06/12/2019).
PRÁTICA DA ADVOCACIA: na prática, em razão do princípio da busca da verdade e da ampla defesa, não é incomum que o julgador ouça as testemunhas arroladas intempestivamente como testemunhas do juízo. De igual modo, sendo a defesa patrocinada pela Defensoria Pública ou advogado dativo, que pode ter sido nomeada para o ato, sem qualquer prévio contato com o réu, admite-se que seja ele intimado pessoalmente para o único fim de indicar testemunhas que pretenda ouvir, ou mesmo que seja apresentado o rol de testemunhas de forma extemporânea, após possível contato entre o acusado e a defesa, por exemplo, por ocasião da audiência de instrução e julgamento.
ATENÇÃO! A apresentação da resposta é obrigatória, sob pena de ensejar nulidade absoluta por violação ao princípio da ampla defesa. Em razão disso é que, citado o réu pessoalmente, se não constituir advogado para apresentar resposta, o juiz irá nomear advogado para fazê-lo. De igual forma, se o réu constituir advogado, mas ele não apresentar a resposta, deve ser nomeado defensor para essa finalidade. Veja o que diz o § 2º do art. 396-A:
“Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias”
ATENÇÃO! se a defesa for patrocinada pela Defensoria Pública, o prazo para resposta é em dobro, portanto, de 20 dias.
D.1) DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (Art. 397, do CPP)
Estamos diante aqui DE UM VERDADEIRO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE NO PROCESSO PENAL! Por quê? Temos a possibilidade de, antes mesmo da instrução do feito, o réu ser julgado, obviamente para ser absolvido. NÃO SE PODE ADMITIR, DE FORMA ALGUMA, UM JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE NO PROCESSO PENAL PARA CONDENAR O RÉU!
As hipóteses de absolvição sumária estão todas previstas no CPP, no art. 397, que diz:
Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV – extinta a punibilidade do agente.
• EXISTÊNCIA MANIFESTA DE CAUSA EXCLUDENTE DA ILICITUDE. Perceba que o próprio legislador teve o cuidado de falar em existência “manifesta”. Sendo assim, qual é o grau de certeza que o juiz precisa ter para absolver sumariamente o réu com base na legítima defesa? O JUIZ PRECISA ESTAR ABSOLUTAMENTE CONVICTO DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE PARA PODER ABSOLVER SUMARIAMENTE O RÉU. ESTAMOS DIANTE DE UM EFETIVO JULGAMENTO, SÓ QUE ANTECIPADO! Então, não poderia ser diferente! Havendo dúvida, o processo prosseguirá. Persistindo a dúvida, mesmo ao final da instrução probatória, o juiz absolverá o réu, mas agora não com base no art. 397 do CPP, mas sim diante do art. 386, VI, parte final.
• EXISTÊNCIA MANIFESTA DE CAUSA EXCLUDENTE DA CULPABILIDADE. Essa é a segunda hipótese de absolvição sumária. Verificando o juiz que o réu praticou o delito amparado em causa excludente da culpabilidade, como inexigibilidade de conduta diversa ou coação moral irresistível, por exemplo, irá absolvê-lo sumariamente. CUIDADO! Pois a INIMPUTABILIDADE É ÚNICA CAUSA EXCLUDENTE DA CULPABILIDADE QUE NÃO AUTORIZA A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA! Mas, por que o inimputável não pode ser absolvido sumariamente? Porque, da inimputabilidade, resulta a imposição de medida de segurança! E para que seja imposta medida de segurança, é necessária a instrução do feito, para verificar se o fato é típico e ilícito, se aconteceu e se foi o réu quem o praticou! Obviamente que é mais vantajosa para o réu a absolvição própria, que resulte, por exemplo, da constatação de que não foi ele quem praticou o fato, pois, nessa hipótese, não seráaplicada a ele qualquer medida! Então, em razão de inimputabilidade, não se absolve sumariamente o réu. OBS: Se o inimputável praticou o fato em legítima defesa, e isso se torna evidente a partir da resposta à acusação, ele pode ser absolvido sumariamente, diante da manifesta causa excludente da ilicitude.
CUIDADO! No procedimento do tribunal do Júri, é admitida a absolvição sumária em caso de inimputabilidade, mas apenas se esta for a única causa defensiva. Essa possibilidade NÃO está prevista no procedimento comum. Apesar disso, há parte da doutrina (minoria) que defende, também aqui, a possibilidade de absolvição sumária do inimputável, se não houver outra tese de defesa.
• QUANDO O FATO NARRADO EVIDENTEMENTE NÃO CONSTITUIR CRIME. Verificando o juiz que a conduta é atípica, seja no plano formal (o fato da vida real se amoldado ao tipo previsto no texto frio da lei penal), seja no material (lesão jurídica gravosa a ponto de ferir o bem jurídico tutelado. Exceção: princípio da insignificância), irá absolver sumariamente o réu.
• QUANDO ESTIVER EXTINTA A PUNIBILIDADE DO AGENTE. Verificando o juiz que está extinta a punibilidade do agente, irá absolvê-lo sumariamente. Quanto a essa hipótese, sequer seria necessária essa previsão expressa, pois o art. 61 do CPP dispõe que, em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Assim, independentemente da previsão aqui no art. 397, a extinção da punibilidade, em qualquer instante, deve ser declarada.
Vale dizer: quando o juiz julga extinta a punibilidade, ele não está exatamente absolvendo o réu (tecnicamente falando, apesar da previsão do dispositivo legal que estamos estudando), só está reconhecendo que o Estado não poderá submetê-lo ao cumprimento de uma pena. vem o problema: qual seria o recurso nas hipóteses de absolvição sumária quando o juiz julga extinta a punibilidade? Com os olhos nessa construção é que a doutrina defende que, nesse caso, o recurso cabível é o Recurso em Sentido Estrito, com base no art. 581, VIII, CPP, o que seria uma exceção ao recurso de apelação, o qual vem ser a regra em caso de absolvição sumária.
É muito importante que ao estudar o instituto da Absolvição Sumária (397, do CPP), façamos a diferenciação deste do instituto da Rejeição da Denúncia (art. 395, do CPP); Absolvição Própria (art.386, do CPP); Absolvição Sumária no Júri (art. 415, do CPP). Vejamos:
ATENÇÃO! com relação ao momento processual da Absolvição Sumária, vem ser necessária a distinção entre o momento processual deste instituto no Rito Especial do Tribunal do Júri e no Procedimento Comum Ordinário. 
a) No procedimento comum, como estamos estudando, a análise da absolvição sumária se dá lá no início do processo, logo após a resposta à acusação. 
b) No procedimento do júri, a questão é bem diferente: a absolvição sumária vai ocorrer ao final da primeira fase do procedimento do júri, após toda a instrução probatória.
ATENÇÃO! A decisão que Absolve Sumariamente o Réu deve ser fundamentada. O juiz deve demonstrar de onde se extraem dos autos os motivos que levam à absolvição, pois, afinal de contas, está efetivamente julgando o feito, ainda que de maneira prematura. Portanto, teremos aqui uma sentença de absolvição, que deve ser devidamente fundamentada. Contra está decisão cabe recurso de apelação (art. 593, inc. I, do CPP).
ATENÇÃO! a absolvição sumária faz coisa julgada material e formal, diferentemente do que acontece com a rejeição da peça acusatória, que só faz coisa julgada formal.
E) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
Apesar de ser um instituto melhor trabalhado por ocasião do estudo do Procedimento relacionado ao JECRIM (Juizado Especial Criminal- Lei 9.099/95), é importante deixar claro que existe a possibilidade da Suspensão Condicional do Processo no Procedimento Comum Ordinário, vez que, conforme o art. 89, da Lei 9.099/95, salvo disposição em contrário, em qualquer crime cuja a pena MÍNIMA seja = ou – que 1 ano, podemos ter o Sursis Processual. Sendo assim, ainda que estejamos no juízo comum, deverá se oferecido o benefício ao réu, desde que preenchidos os requisitos legais, por ocasião do oferecimento da denúncia, em audiência especialmente designada para essa finalidade, afastando-se assim a hipótese de absolvição sumária.
F) DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Dispõe o art. 399 do CPP que:
Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
Como já tratamos anteriormente, a peça acusatória já foi recebida lá atrás. Portanto, a melhor leitura desse dispositivo é no sentido de “não sendo hipótese de absolvição sumária (ou de suspensão condicional do processo), o juiz designará dia e hora (...)”.
O Código fala, portanto, da necessidade de ser ordenada a intimação do acusado, do seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente de acusação.
A vítima também deve ser intimada, nos termos do art. 201, § 2º, do CPP.
O § 1º diz que o acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação.
O art. 400 do CPP diz:
Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
Portanto, no procedimento comum ordinário, a audiência deve ocorrer no prazo máximo de 60 dias, não fazendo distinção a lei quanto a estar o réu preso ou solto!
ATENÇÃO! no procedimento comum sumário, a audiência deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias, nos termos do art. 531 do CPP.
ATENÇÃO! importante também que você fique de olho no art. 394-A, introduzido pela Lei n. 13.285/2016, que diz: “os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias”.
Conforme a inteligência do art. 400, §1º, do CPP, “as provas serão produzidas numa só audiência (...)”. sendo assim, podemos dizer a Audiência de Instrução e Julgamento é “UNA”!
A existência de uma audiência una de instrução e julgamento visa atender ao princípio da oralidade. Vale dizer: deve ser privilegiada a forma oral na prática dos atos processuais. Tudo isso em busca da celeridade e da economia processual, sem perder de vista o contrato direto das partes e das provas com o julgador, provocando uma participação ativa dos sujeitos processuais.
Em razão disso, temos alguns efeitos ou subprincípios que decorrem da AUDIÊNCIA UNA DE INTSTRUÇÃO E JULGAMENTO. Vejamos:
ATENÇÃO! Com relação a Irrecorribilidade das decisões interlocutórias, é importante salientar que o §1° do Art. 400, diz que o juiz deverá indeferir as provas, fundamentando sua decisão se esta for:
I- Irrelevantes: que tratam do objeto da causa, mas em nada influenciarão no julgamento dela;
II- impertinentes: que não dizem respeito ao objeto da causa;
III- protelatórias: que visam apenas retardar o processo, e em nada ajudarão no esclarecimento do fato criminoso.
CUIDADO! PRINCÍPIO IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (ART. 399, §2º, CPP), dispõe que o juiz que presidiu a instrução deva proferir a sentença, objetivando que o juiz que colheu os elementos de convicção seja o mesmo que irá sentenciar o feito. Mas tal princípio comporta exceção!? 
SIM! Apesar do Código de Processo Penal não se manifestar sobre o tema, a jurisprudência dos tribunais superiores continua a dizer: não se trata de princípio absoluto, que deve ser afastado diante de motivos legais que impeçam o juiz que instrui o feito de proceder ao julgamento. Nesse sentido, vem ser o julgado in verbis:
O princípio da identidade física do juiz não pode ser interpretado de maneira absoluta e admite exceções que devem serverificadas caso a caso, à vista, por exemplo, de promoção, remoção, convocação ou outras hipóteses de afastamento justificado do magistrado que presidiu a instrução criminal (RHC 78.603/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 15/8/2017, DJe 24/8/2017).
F.1- DA ORDEM DOS ATOS PROCESSUAIS NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO (art. 400, do CPP- O.T.T.P.A.R.I).
Conforme a inteligência do art. 400, do CPP, na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
Passamos a analisar cada uma das etapas separadamente:
I- OITIVA DO OFENDIDO: Este é primeiro ato na audiência una de instrução e julgamento, caso indicado pelas partes em suas peças (inicial acusatória ou resposta à acusação). Mas o ofendido/vítima, quando intimado, pode deixar de comparecer injustificadamente? Conforme a doutrina e a jurisprudência, pode a vítima ser conduzida coercitivamente (art. 201, §1º, do CPP). A corroborar com o alegado, vem ser o julgado:
É cabível a condução coercitiva da vítima para depor em juízo, ainda que esta alegue não ter mais interesse em processar seu companheiro na esfera criminal, pois além de a ação penal ser pública incondicionada, no caso de lesão corporal por violência doméstica e familiar, o próprio Código de Processo Penal prevê a possibilidade de condução coercitiva da ofendida para depor. (AgRg no HC 506.814/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 06/08/2019, DJe 12/08/2019).
CUIDADO! É um direito do acusado acompanhar o depoimento da vítima e testemunhas. Contudo, temos uma exceção a esta regra elencada no art. 217 do CPP, conforme veremos a seguir:
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram.
II- DA OITIVA DAS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO E DA OITIVA DAS TESTEMUNHAS DE DEFESA
Conforme anteriormente estudado, sabemos que tanto acusação, quanto defesa, possui o limite máximo 8 testemunhas a serem arroladas no rito comum ordinário. Conduto, prevalece o entendimento de que essa quantidade máxima de testemunhas DIZ RESPEITO A CADA FATO CRIMINOSO. Assim, se o réu estiver sendo acusado do cometimento de um roubo e um furto, poderão ser arroladas 8 testemunhas para cada fato, totalizando 16. Nesse sentido:
O limite máximo de 8 (oito) testemunhas descrito no art. 401, do Código de Processo Penal, deve ser interpretado em consonância com a norma constitucional que garante a ampla defesa no processo penal (art. 5º, LV, da CF/88). Para cada fato delituoso imputado ao acusado, não só a defesa, mas também a acusação, poderá arrolar até 8 (oito) testemunhas, levando-se em conta o princípio da razoabilidade e proporcionalidade. (HC 55.702/ES, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP), QUINTA TURMA, julgado em 05/10/2010, DJe 25/10/2010).
I.P
DENÚNCIA
(SURSI PROCESSUAL. art. 89, lei 9.099/95 )
ROL TESTEMUNHA
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
CITAÇÃO DO RÉU
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
(INDICAR AS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR DURANTE O PROCESSO EX: ROL DE TESTEMUNHA)
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
(O.T.T.P.A.R.I)
ALEGAÇÕES FINAIS
SENTENÇA
APELAÇÃO OU RESE
REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA (art. 395, do CPP)
INÉPCIA DA PEÇA ACUSATÓRIA. 
AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. Os pressupostos processuais se dividem em pressupostos de existência e de validade. Como é intuitivo, sem pressuposto de existência, o processo não existe, é um “nada jurídico”; sem pressuposto de validade, o processo existe, mas não é válido. 
EXISTÊNCIA E DE VALIDADE: 
− existência de uma demanda, veiculada pela peça acusatória; 
− órgão investido de jurisdição; 
− existência de partes que possam estar em juízo.
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE: 
− inexistência de vícios ou defeitos processuais; 
− originalidade da demanda: inexistência de litispendência e coisa julgada; 
− falta de condições da ação (ex: representação do ofendido) e de justa causa (ex: mínimo de suporte fático, o início de prova,mesmo que indiciária.) 
MATERIAL: haverá inépcia material quando não houver justa causa para o processo penal, ou seja, elementos mínimos que permitam a instauração de um processo penal, quais sejam, prova de materialidade e indícios de autoria. 
FORMAL: A inépcia pode ser formal, que se dá quando não são observados os requisitos obrigatórios da peça acusatória, previstos no art. 41. Como já vimos, a inicial acusatória deve conter a exposição do fato com todas as circunstâncias, a qualificação do acusado ou os esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas. 
SUBPRINCÍPIOS QUE DECORREM DA AUDIÊNCIA UNA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
CONCENTRAÇÃO: o procedimento é reduzido a uma ou a poucas audiências, caso sefaça necessário (por exemplo, ausência de uma testemunha, gerando a necessidade de marcar novo ato). Logo, os atos de instrução e julgamento serão concentrados nessaaudiência. O intuito é imprimir celeridade, de modo que o julgamento do fato criminoso ocorra o mais próximo possível da data do fato, pois é certo que o passar do tempo prejudica a prova. 
IMEDIATIDADE: aqui aproximamos o juiz tanto das partes quanto das provas. O juiz vai ter contato direto com as provas e as partes, o que é extremamente relevante para que valore a prova e forme seu convencimento.
IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS:As decisões interlocutórias proferidas em audiência, máxime aquelas relacionadas às provas, são irrecorríveis. É o que ocorre, por exemplo, quando o juiz indefere alguma prova cuja produção tenha sido requerida pelas partes. Caso a parte se sinta prejudicada, deve pedir que tudo conste em ata, para viabilizar posterior impugnação em preliminar de apelação ou por meio de habeas corpus

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