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Aula 12 Conforme Novo CPC p/ TRTs Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 129 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO 1. DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA CERTA ³&RLVD� FHUWD´�� VHJXQGR� D� OHL� p� DTXHOD� LQGLYLGXDOL]DGD� H� GHWHUPLQDGD�� quando proposta a execução. O procedimento da execução para entrega de coisa certa, fundada em título extrajudicial, vem regulado nos arts. 806 e seguintes. A lei prevê que do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado. O art. 806 do CPC/15 prevê o prazo de quinze dias para que o devedor satisfaça a obrigação, entregando a coisa. Desse modo, se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o AULA 12: Continuação da Aula 11 SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo XII: Continuação da Aula 11. Ao final serão trabalhadas questões sobre todos os temas ministrados em nosso curso. 02 2. Resumo 36 3. Questões comentadas 40 4. Lista das questões apresentadas 110 5. Gabarito 129 CAPÍTULO XII: Continuação da Aula 12 ESPÉCIES DO PROCESSO DE EXECUÇÂO 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 129 ressarcimento de prejuízos, se houver. Se a coisa quando já litigiosa for alienada, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la. Procedimento (artigos 806 a 810): 1- O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial é citado para satisfazer a obrigação em 15 (quinze) dias. - Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver. - Ao despachar a inicial, o juiz pode fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso 2- Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado. - Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la. 3- O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. - Não constando do título o valor da coisa e sendo impossível sua avaliação, o exequente apresentará estimativa, sujeitando-a ao arbitramento judicial. - Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 129 - Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo executado ou por terceiros de cujo poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. - Havendo saldo: I - em favor do executado ou de terceiros, o exequente o depositará ao requerer a entrega da coisa; II - em favor do exequente, esse poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo. 2. DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA INCERTA ³&RLVD� LQFHUWD´� p� GHWHUPLQiYHO� SHOR� JrQHUR� H� TXDQWLGDGH�� TXDQGR� D� execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha. De outro modo, se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial, art. 811 CPC/15. A particularidade no procedimento da execução para entrega de coisa incerta é a necessidade de individualização da coisa. Sendo assim o art. 244 do Código Civil dispõe que ³nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigada a prestar a melhor´� Procedimento (arts 811 a 813): 1- Se a escolha cabe ao executado, ele é citado para entregá-la individualizada. Se a escolha cabe ao exequente, este irá indicá-la na petição inicial. 2- Qualquer das partes pode, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a escolha feita pela outra parte, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação. 3- Aplica-se à execução para entrega de coisa incerta, no que couber, as disposições relativas à entrega de coisa certa. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 129 3. DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER As obrigações de fazer são aquelas em que o devedor compromete-se a realizar uma prestação, consistente em atos ou serviços, de natureza material ou imaterial. Sendo que há obrigações de fazer fungíveis embora assumidas pelo devedor, podem ser cumpridas por qualquer pessoa, pois não levam em conta qualidades pessoais [do devedor, imanentes a ele]; e infungíveis aquelas que só o devedor pode cumprir. O CPC/15 prevê que quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver determinado no título executivo. Sendo que se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao exequente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas e danos, hipótese em que se converterá em indenização. Com a juntada aos autos do mandado de citação começa o prazo, aquele assinalado no título ou fixado pelo juiz, para que a obrigação seja cumprida. Mesmo que seja fungível, é possível que o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, fixe multa periódica, para o não cumprimento. Se o devedor não cumprir a obrigação fungível, o credor poderá requerer que outra pessoa a cumpra, no seu lugar e às suas expensas,conforme prevê o art. 817 do CPC/15 se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado. O exequente deverá apresentar proposta para a prestação e adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. Uma vez realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias e, não havendo impugnação, considerará satisfeita a obrigação. Sendo que se o terceiro contratado não realizar a prestação no prazo ou se o fizer de modo incompleto ou defeituoso, poderá o exequente requerer ao juiz, no prazo de 15 (quinze) dias, que o autorize a concluí-la ou a repará-la à custa do contratante. A execução de obrigação de não fazer ocorre quando o devedor pratica o ato do qual, por força do título executivo, estava obrigado a abster-se. A 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 129 obrigação, que tem conteúdo negativo, acaba adquirindo caráter positivo, porque, se o devedor a descumprir, será obrigado a desfazer aquilo a que, por força do título, não deveria ter realizado. Sendo que não há propriamente execução de obrigação de não fazer; mas, sim, de desfazer aquilo que foi indevidamente feito. E o desfazer não pressupõe inércia do devedor, mas ação. No art. 822 do CPC/15, prevê-se que se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá ao juiz que assine prazo ao executado para desfazê-lo. 4. DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, sendo que a expropriação consiste em: I ± adjudicação: é a forma indireta de satisfação do credor, que se dá pela transferência a ele ou aos terceiros legitimados, da propriedade dos bens penhorados. A adjudicação pode ter por objeto bens móveis ou imóveis, e só pode ser feita pelo valor de avaliação. Depois que o bem tiver sido avaliado, os legitimados poderão requerer a adjudicação a qualquer tempo, enquanto não tiver sido realizada a alienação particular ou a hasta pública. O art. 876 do CPC/15 prevê que é lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados. Requerida a adjudicação, o executado será intimado do pedido: - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos; - por meio eletrônico, quando, sendo o caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos. II ± alienação: é o ato pelo qual o titular transfere sua propriedade a outro interessado, sendo que é uma forma voluntária de perda da propriedade. A alienação far-se-á: 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 129 Conforme previsão do art. 880 do CPC/2015, não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular, sendo que o leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público. Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial. 5. DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA De acordo com o CPC/15 na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta) dias. Sendo que, não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal. Constituição/1988 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 129 6. DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. Não requerida a execução nos termos GHVWD�³([HFXomR�GH�$OLPHQWRV´, observar-se-á o disposto na execução por quantia certa, com a ressalva de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. O art. 528 do CPC/15 cuida do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos. Estabelece que o cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial, irá decretar- lhe a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns. O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas. Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. 98184141793Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 129 A ação rescisória consiste em ação autônoma de impugnação que se volta contra a decisão de mérito transitada em julgado, a ação rescisória ocorre quando presente pelo menos uma das hipóteses previstas no art. 966 do CPC/2015, quais sejam: I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. É uma ação de caráter desconstitutivo ou também conhecida como constitutiva negativa, já que objetiva o desfazimento da coisa julgada material formada em outro processo. ³$�DomR�UHVFLVyULD�QmR�p�UHFXUVR��SRU�DWHQGHU�j�UHJUD�GD� taxatividade, ou seja, por não estar prevista em lei como recurso. (...) Eis porque a ação rescisória ostenta natureza jurídica de uma ação autônoma de impugnação: seu ajuizamento provoca a instauração de um novo SURFHVVR��FRP�QRYD�UHODomR�MXUtGLFD�SURFHVVXDO�´��'LGGLHU� AÇÃO RESCISÓRIA 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 129 Para a admissão da ação rescisória, é necessário, além das condições da ação e dos pressupostos processuais, os seguintes requisitos [já antecipamos quase todos, mas vamos revê-los conjuntamente]: a) Existência de uma decisão de mérito transitada em julgado; b) A configuração de um dos fundamentos de rescindibilidade previstos no art. 966 do CPC/2015; e c) O prazo decadencial de 2 anos previsto no art. 975 do CPC/2015 - O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Dúvida: É necessário esgotar todos os meios recursais para impetrar a ação rescisória? Pessoal, é de suma importância sabermos que não se inclui entre os requisitos de admissibilidade da ação rescisória a necessidade de esgotamento de todos os recursos. O que se deve ter em conta é a impossibilidade de interposição de recurso, uma vez que escoado in albis [inteiramente] o prazo recursal. Mais uma dúvida: E o que significa in albis? Pois bem, a expressão ³in albis´� YHP� GR� ODWLP� H� VLJQLILFD� ³HP� EUDQFR´�� 'HVVD� IRUPD�� SUD]R� LQ� DOELV� sLJQLILFD�TXH�R�SUD]R�³SDVVRX�HP�EUDQFR´�RX��FRPR�QR�GLWDGR�SRSXODU��³SDVVRX� HP�EUDQFDV�QXYHQV´��7UDQVFXUVR��LQ�DOELV´�RFRUUH�TXDQGR�R�SUD]R�SDUD�D�SUiWLFD� de algum ato processual termina sem nenhuma manifestação das partes, seja pela inércia, seja pelo decurso do prazo recursal. Quando isso ocorre, dizemos que o prazo para manifestação transcorre em branco, in albis. Depois desse parêntese para explicar a expressão in albis, que costuma ser utilizada em concurso, voltamos à explicação de que não se faz 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 129 necessário o esgotamento de todos os recursos para a admissibilidade da ação rescisória. Vejamos o que determina a 6~PXOD� ����67)�� ³Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos´� Dessa forma, podemos concluir que a ação rescisória é admitida para atacar a sentença transitada em julgado mesmo que contra ela não se tenha usado todos os recursos permitidos em Lei. Sabemos que a decisão transitada em julgado não é aquela que foi impugnada por todos os recursos possíveis, mas sim a que não admite mais impugnação, sendo, portanto, irreformável (característica da ação transitada em julgado). A çã o R es ci só ria Ação rescisória tem natureza jurídica de ação autônoma de impugnação e se volta contra a decisão de mérito transitada em julgado. Caráter descontitutivo ou constitutivo negativo. Seu ajuizamento provoca a instauração de um novo processo, com nova relação jurídica processual. Pode ser proposta quando presente pelo menos uma das hipóteses elencadas no art. 966 do CPC/2015. Para admissão: condições da ação; pressupostos processuais; decisão de mérito transitada em julgado; fundamentos de rescindibilidade previstos no art. art. 966 do CPC/2015; dentro do prazo decadencial de 2 anos previsto no art. 975 do CPC/2015. Não é necessário esgotar todos os meios recursais para impetrar a ação rescisória. Recorde-VH�TXH�³WUkQVLWR�HP�MXOJDGR´�p�DTXHOH�LQVWLWXWR�TXH�LQGLFD�TXH� não cabe mais recurso contra decisão judicial, seja porque as partes não apresentaram o recurso no prazo legal, seja porque a sequência de recursos cabíveis se exauriu. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 129 Feita essas considerações em relação ao conceito da ação rescisória, passamos a análise individualizada dos requisitos de admissibilidade da referida ação. 2. REQUISITOS PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO RESCISÓRIA Já sabemos que para admissibilidade da ação rescisória, é preciso preencher as condições da ação, os pressupostos processuais e os seguintes requisitos: A. Existência de uma decisão de mérito transitada em julgado, desde que contenha um dos elementos do art. 966 que a tornem impugnável pela rescisória. O art. 966 do CPC/2015 dispõe que a decisão de mérito transitada em julgado pode ser objeto de rescisão quando: I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada;V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 129 É fundamental sabermos que o novo CPC consagrou a possibilidade do ajuizamento da ação rescisória contra decisões interlocutórias de mérito. O que isso significa? Significa, meus caros, que, além das sentenças e dos acórdãos, as decisões interlocutórias de mérito, desde que transitadas materialmente em julgado, poderão ser objeto de rescisão. Isso tem a ver com a sistemática atual que permite a decisão interlocutória fazer coisa julgada material. Uma questão que encontra resistência em parte da doutrina. B. Os fundamentos de rescindibilidade Se fizermos um cotejamento com o Código de 1973, veremos que o artigo 966 ampliou as hipóteses de cabimento da ação rescisória, passando a admiti-la nos casos, por exemplo, de coação da parte vencedora em detrimento da vencida e de simulação entre as partes com o objetivo de fraudar a lei (inciso III). Por outro lado, o CPC/2015 suprimiu a rescisória prevista no inciso VIII do CPC/73 ± quando houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença. Contudo, o referido inciso suprimido era criticado por se tratar, em verdade, de hipótese de cabimento de ação anulatória, que foi disciplinada no § 4º do art. 966 do CPC/2015, a saber: § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. Vale ressaltar, também, que o § 2º do art. 966, admite que, nas hipóteses previstas nos incisos do caput, seja rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: 1 - nova propositura da demanda; ou 2 - admissibilidade do recurso correspondente. Então, percebam que, a ação rescisória é cabível em regra contra decisões de mérito, mas há exceções: previstas no § 2º do art. 966, exatamente, os dois casos que acabamos de falar. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 129 Merecem menção as disposições do § 3º do art. 966, que H[SUHVVDPHQWH�GLVS}HP�TXH� ³a ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão´��2�GLVSRVLWLYR��DVVLP��SHUPLWH�TXH�D�DomR�UHVFLVyULD� seja parcial, ou seja, direcionada a apenas um dos capítulos da decisão rescindenda. 2� � �� GR� DUW�� ���� GLVS}H� TXH� ³os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei´�� C. O prazo decadencial de 2 anos Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Dúvida: Quando se inicia o prazo de 2 anos para o ajuizamento da ação rescisória? Perceba-VH�TXH�D�OHL�SUHYr�³2 (dois) anos contados do trânsito em julgado´��&XPSUH�HQWmR�LQGDJDU��HP�TXH�PRPHQWR�VH�Gi�R�WUkQVLWR�HP�MXOJDGR"� Pessoal, há trânsito em julgado quando não mais cabe recurso. Assim, o trânsito em julgado ocorre no dia imediatamente seguinte ao último dia do prazo para o recurso em tese cabível contra a decisão proferida na causa que se sujeite ao trânsito em julgado. Dúvida: Cabe prorrogação do prazo da ação rescisória quando cair em dia não útil? Ressalte-se que, se o termo final do prazo para o ajuizamento da ação rescisória recair em dia de não funcionamento da secretaria do Juízo competente, será então prorrogado para o primeiro dia útil subsequente, apesar de se tratar de prazo decadencial. Vejamos o § 1º do art. 975 do CPC/2015: Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 129 prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. Mais uma dúvida: Quando o autor obtiver, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável, o prazo começará a ser contado a partir de que data? Se fundada a ação no que determina o inciso VII do art. 966 (obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável) o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Uma última dúvida: E nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, quando começa a correr o prazo? Faça quantas perguntas quiser, sinta- se à vontade. O prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que tem ciência da simulação ou da colusão. O direito da remição confere à pessoa a possibilidade de eximir bens onerados ou sujeitos à execução, do ônus que lhes pesa ou do estorvo que padecem. No CPC/73 o instituto da remição era regulado pela lei nº 11.382/06, que previa na adjudicação (forma indireta de satisfação do credor, que se dá pela transferência a ele ou aos terceiros legitimados, da propriedade dos bens penhorados) a possibilidade de que antes de adjudicados ou alienados os bens, poderia o executado, a todo tempo, remir a execução, pagando ou REMIÇÃO 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 129 consignando a importância atualizada da dívida, maisjuros, custas e honorários advocatícios, art. 651 da lei nº 11.382/06. Sendo que os embargos poderiam ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento, enquanto não transitada em julgado a sentença e, no processo de execução, até cinco dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. Sendo que na sistemática da lei 5.925/73 o benefício da remição poderia ocorrer em diversas oportunidades. O CPC, Lei nº 13.105/15, prevê o direito a remição no § 3º do art. 877 estabelecendo que no caso de penhora de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto de adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance oferecido. Sendo que na hipótese de falência ou de insolvência do devedor hipotecário, o direito de remição previsto no § 3º será deferido à massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente recusar o preço da avaliação do imóvel, parágrafo 4º do citado art 877. O art. 902 do CPC/15 também prevê que no caso de leilão de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto de arrematação, oferecendo preço igual ao do maior lance oferecido. No caso de falência ou insolvência do devedor hipotecário, o direito de remição será deferido à massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente recusar o preço da avaliação do imóvel. A remição da execução é o direito garantido ao executado visando a poupá-lo da execução iniciada e em curso contra si, pagando ou consignando o valor da dívida ou da obrigação exequenda, computados os juros, custas e demais despesas judiciais. Portanto, definimos a remição da execução como o resgate da execução, resultante do pagamento de todo valor dela. Sendo assim, não é um resgate de imóveis nem de liberação de bens arrecadados ou penhorados para cumprimento da execução, mas sim um pagamento acurado da quantia ou do crédito, objeto da execução, para seu término. Satisfeita a obrigação pelo pagamento da importância total do valor exequendo, a execução deixa de ter sua própria razão, uma vez que sua finalidade está cumprida. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 129 A remição da execução, prevista no art. 877, parágrafos 3º e 4º do CPC/15 poderá ser intentada depois de transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias, contado da última intimação, e decididas eventuais questões, o juiz ordenará a lavratura do auto de adjudicação, sendo que, no caso de penhora de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto de adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance oferecido. O CPC/15 inovou, pois apenas o executado, exclusivamente, poderá promover a remição, §3º do art. 877, com exceção para o § 4º, que estende à massa ou aos credores em concurso o direito à remição, sendo que estes deverão efetuar o pagamento ou resgatar o imóvel, pelo valor da avaliação ou pelo preço da arrematação ou adjudicação. Qualquer outro interessado (ascendentes, descendentes, cônjuges, adquirentes) terá direito apenas à adjudicação, conforme previsão do art. 876 § 5º do CPC/15 é lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados. Idêntico direito pode ser exercido por aqueles indicados no art. 889, incisos II a VIII, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelo companheiro, pelos descendentes ou pelos ascendentes do executado. A remição da hipoteca é o direito proporcionado a determinadas pessoas para que possam liberar o imóvel de ônus hipotecários, resgatando, assim, a obrigação que, pela hipoteca, se garantia. A remição da hipoteca representa a quitação do ônus hipotecário pelo executado que poderá remir o bem até a assinatura do auto de arrematação. O direito da remição é atribuído, para resgate do ônus hipotecário, também, à massa ou aos credores em concurso, conforme o art. 902 do CPC/15 expressa. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 129 TUTELA PROVISÓRIA 1. CONCEITO ³&RQMXQWR� GH� WpFQLFDV� TXH� SHUPLWH� DR� PDJLVWUDGR�� Qa presença de GHWHUPLQDGRV�SUHVVXSRVWRV��TXH�JUDYLWDP�HP�WRUQR�GD�SUHVHQoD�GD�³XUJrQFLD´� RX�GD�³HYLGrQFLD´��SUHVWDU� WXWHOD� MXULVGLFLRQDO��DQWHFHGHQWH�RX� LQFLGHQWDOPHQWH�� com base em decisão estável (por isto, provisória) apta a assegurar e/ou satisfazer, dHVGH�ORJR�D�SUHWHQVmR�GR�DXWRU�´��&DVVLR�6FDUSLQHOOD�%XHQR���� A tutela provisória é uma tutela jurisdicional sumária e não definitiva. Os sistemas de tutelas provisórias estão previstos entre os artigos 294 e 311 do CPC/2015. Dúvida: O que é sumária? Dizemos sumária porque se funda em cognição sumária, ou seja, no exame menos aprofundado da causa. Na tutela provisória exige-se apenas um juízo de probabilidade e não um juízo de certeza, como há na tutela definitiva. Livro V ± Parte Geral: Tutela Provisória Gênero Título I: Disposições Gerais Título II: Tutela de Urgência Espécies Título III: Tutela de Evidência 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 129 E por que não é definitiva? Porque, a qualquer tempo, pode ser revogada ou modificada. A tutela provisória normalmente não dura para sempre e pode ser substituída por outra tutela. As tutelas provisórias são concedidas pelo Poder Judiciário em juízo de cognição sumária, que exigem, necessariamente, confirmação posterior, através de sentença, proferida mediante cognição exauriente. Dúvida: O que vem a ser cognição sumária e exauriente? Primeiro vejamos o que diz Kazuo Watanabe sobre cognição: ³$� FRJQLomR� p� prevalentemente um ato de inteligência, consistente em considerar, analisar e valorar as alegações e as provas produzidas pelas partes, vale dizer, as questões de fato e as de direito que são deduzidas no processo e cujo resultado é o alicerce, o fundamento do judicium do julgamento do objeto litiJLRVR�GR�SURFHVVR�´ Essa técnica pode ser analisada no plano vertical e horizontal. Aqui, nos interessa o plano vertical, já que a cognição pode ser classificada, de acordo com o grau de profundidade, em exauriente (completa) e sumária (incompleta). Exauriente quando ao juiz só é lícito emitir seu provimento baseado num juízo de certeza. É o que normalmente acontece no processo de conhecimento. A cognição sumária ocorre quando o provimentojurisdicional deve ser prolatado com base num juízo de probabilidade, assim como ocorre ao se examinar um pedido de antecipação de tutela ± Tutela de Urgência Antecipada (satisfativa). Vamos lá... Vimos o conceito de tutelas provisórias. Agora passamos a sua análise detalhada. Atenção às próximas linhas que teceremos alguns pontos importantes em relação a esses sistemas. Das tutelas provisórias, que são o gênero, derivam duas espécies: a tutela provisória de urgência e a tutela provisória da evidência. O próprio nome das espécies já nos permite diferenciá-las: a de urgência, como o nome mesmo 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 129 determina, exige uma urgência na concessão do direito. A de evidência exige uma evidência por óbvio. Determina o art. 300 do CPC/2015 que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Assim, exige-se, para a concessão da tutela de urgência: demonstração de probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Por lógico, podemos concluir que a tutela da evidência independe de WDLV�UHTXLVLWRV��YLVWR�TXH�p�XPD�WXWHOD�GH�FDUiWHU�³QmR�XUJHQWH´��3RUWDQWR��XPD� primeira forma de distingui-las é pensar sempre que uma delas, a de urgência, depende da premência do tempo; já a outra, a da evidência, não há essa necessidade. A tutela da evidência está prevista no art. 311 do CPC/2015 é será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante (neste caso, o juiz poderá concedê-la liminarmente); III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa (neste caso, o juiz poderá concedê-la liminarmente); IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 129 Aqui é importante falar que, é verdade que ela é chamada de provisória, mas, o CPC/2015 criou a possibilidade de estabilização da tutela (nesta hipótese, concedida a tutela, se não houver recurso, ela ficará como definitiva), mas sem resolução de mérito, portanto, sem fazer coisa julgada. 2. TEORIA GERAL A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, poderá, conforme parágrafo único do artigo 294 do CPC/2015, ser concedida em caráter antecedente ou incidental, sendo que essa modalidade de tutela em caráter incidental independe do pagamento de custas. A tutela provisória, vale dizer, conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Inclusive, salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. Para efetivação da tutela provisória o juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas, observando as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. Quando houver de conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz deverá motivar seu convencimento de modo claro e preciso. Essa exigência de que cada uma das decisões judiciais seja motivada atende a uma disposição constitucional e é um aspecto fortalecido no novo código. No âmbito das tutelas de urgência, houve simplificação do uso das tutelas cautelares, ao unificar, sob o título de tutelas de urgência, a tutela cautelar e a tutela satisfativa, exigindo pressupostos como a probabilidade do direito e perigo de dano, ou risco ao resultado útil do processo, para a concessão. Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 129 Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Relativamente à tutela de evidência ± um instituto defendido pelo Ministro Luiz Fux, quem presidiu a Comissão de elaboração do CPC/2015 ± convém assinalar que sua finalidade é atribuir um novo critério para a concessão da tutela de urgência. Assim, passou-se a admitir que o juiz de imediato concedesse a tutela requerida, diante de um pedido cuja prova inquestionavelmente apoiasse as alegações do pleiteante, aplicando-se em alguns casos, inclusive, o modelo excepcional de contraditório postecipado, adiado. A razão para a novidade não é complexa, consiste em reduzir o ônus a ser suportado por aquele que tem a evidência a seu favor, mas que até então o aparato burocrático tendia a prejudicá-lo. Se a evidência está com a parte que demandou o instituto, caberá à contraparte o ônus de produzir novas provas e afastar aquelas provas que se apresentaram irrefutáveis, num primeiro momento, a favor do demandante. Exige-se para a sua concessão a prova inequívoca e verossimilhança da alegação. A prova inequívoca é a prova clara, evidente, contra a qual não se pode levantar dúvida razoável. E é verossimilhante a alegação quando fundada em argumentos objetivos, facilmente verificáveis, sem a dependência de uma análise subjetiva, pessoal. Esses requisitos subsidiam as tutelas de urgência, seja por causa do perigo de ineficácia da decisão tardia, seja pela probabilidade de haver o direito. Nesse tipo de tutela, não há mitigação do contraditório ou da ampla defesa, mas a concessão daquilo que foi requisitado pela parte em caráter temporário. Há a possibilidade inclusive de concessão da tutela em caráter liminar, para a realização do contraditório e da ampla defesa em momento posterior. Estamos diante, nessa situação, do contraditório postecipado, diferido, ou adiado. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentadosProf. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 129 Estrutura básica do princípio do contraditório: Estrutura do contraditório diferido: Nesse sentido, importante citar o artigo 9º do CPC/2015, segundo o qual: Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. (TCU) A mitigação do contraditório e da ampla defesa, direitos constitucionalmente garantidos, é admitida em processos judiciais quando há prova inequívoca do direito do autor ou quando o juiz se convence da verossimilhança das alegações. Como vimos, erra a questão ao considerar que o contraditório foi mitigado, quando o certo é que foi adiado, mas não enfraquecido ou atenuado. Gabarito: Errado 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 129 O que significa liminar? A liminar refere-se ao momento de concessão da tutela, no início do litígio, início da instalação de um determinado quadro processual (liminarmente a uma etapa processual) que pode ser tanto antecipada quando cautelar, a depender se é conservativa ou satisfativa, como também pode ser relativo ao momento de interposição de uma Tutela de Evidência (teor do parágrafo único e incisos II e III do art. 311), significando aqui também se procederá inaudita altera pars, ou seja sem a oitiva da parte contrária. 3. TUTELAS DE EVIDÊNCIA A tutela de Evidência não têm uma classificação formal em subespécies, mas é possível verificar que a sua concessão (conforme previsão dos quatro incisos e parágrafo único do artigo 311 do CPC/2015) é concedida segundo dois critérios/requisitos básicos, que não são acumulativos (presente um ou outro já se admite a tutela): 1) o direito material da parte que pleiteia a tutela tem de ser evidente, contra a qual não haveria dúvida razoável; 2) a conduta protelatória da parte em face da qual se solicita a tutela. Perceptível quando alguma das partes está manifestamente protelando o processo ou abusando do exercício do direito de defesa. Nesse caso, a tutela da evidência está vinculada não necessariamente à evidência do direito material pleiteado, mas à evidência de que é preciso pôr um fim ao processo. Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 129 II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. ESPÉCIES: A TUTELA PROVISÓRIA PODE SER DE URGÊNCIA OU DE EVIDÊNCIA. 1. Tutela provisória: é uma tutela jurisdicional sumária e não definitiva. 1.1. Tutela de urgência: exige- se periculum in mora (perigo na demora). Pode ser cautelar e antecipada. 1.1.1. Tutela cautelar: quando for conservativa. 1.1.2. Tutela antecipada: quando for satisfativa. 1.2. Tutela de evidência: não se exige periculum in mora. Observação nº 1 No CPC/2015 não existe mais processo cautelar autônomo nem estão mais expressamente previstos os procedimentos cautelares específicos (arresto, sequestro, busca e apreensão, etc.), embora seu cabimento esteja previsto. O pedido continua ser de arresto, sequestro, MAS não há um procedimento específico e NÃO existirão requisitos próprios. Há, a partir do CPC/2015, o poder geral de cautela. Art. 301 CPC/2015: A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. Observação nº 2 Com o CPC/2015 NÃO se utiliza mais a tutela cautelar para atribuir efeito suspensivo a recurso. No CPC/2015 não precisa de uma medida cautelar, basta pedir ao relator o efeito suspensivo ao recurso. A tutela de urgência incidental (no curso do processo) pode ser cautelar (quando for conservativa) ou antecipada (quando for satisfativa). Quando se tratar de tutela concedida em momento antecedente (anterior à proposição da ação principal) poderá ser unicamente de urgência. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 129 4. TUTELAS DE URGÊNCIA As tutelas de urgência encontram seu fundamento constitucional no direito fundamental à jurisdição efetiva (art. 5º, inciso XXXV da CF/88) e no princípio da isonomia, visto que as tutelas de urgência promovem um reequilíbrio de forças. Fala-se em reequilíbrio de forças porque o ônus do tempo concerne à pessoa que provavelmente não tem o direito. Regra geral, o ônus do tempo recai sobre o autor; mas, no caso da tutela de urgência, caso o juiz a defira, o ônus do tempo recairá sobre o réu. As tutelas de urgência são divididas em mais duas (sub) espécies: a tutela provisória de urgência antecipada, também conhecida como satisfativa e a tutela provisória de urgência cautelar. Façamos uma inicial e simples distinção entre essas duas espécies: as tutelas provisórias antecipadas asseguram a efetividade do direito material e as cautelares asseguram a efetividade do direito processual. Na tutela antecipada é preciso demonstrar para o magistrado que, para mais da urgência, o direito material está sob pena de risco se não for obtida a concessão da medida. Por sua vez, na tutela provisória de urgência cautelar é preciso asseverar, além da emergência, que a efetividade de um futuro processo estará em risco se a medida não for obtida de imediato. No caso da tutela antecipada, se a concessão da medida for obtida, não haveránecessidade de nada mais, além de sua mera confirmação. Isto porque, em si, a tutela antecipada já satisfaz o direito material. Um exemplo, que ocorre no nosso dia a dia e que bem ilustra a tutela antecipada, seria o pedido de internação para a realização de cirurgia emergencial. Nesses casos, a pessoa precisa ser internada imediatamente e não pode esperar pelo surgimento de uma vaga, sob pena de falecimento. Vejamos... Uma vez concedida a internação para que a cirurgia se realize (tutela cautelar pleiteada), o direito material restará satisfeito, visto que, internada e operada a pessoa terá conquistado o direito solicitado. Precisará, 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 129 somente, da confirmação da tutela, que deverá ser transformada de provisória em definitiva para saber-se se o plano de saúde, de fato, deverá suportar as GHVSHVDV�FRP�D�FLUXUJLD��3HUFHEDP��TXH�D�QRPHQFODWXUD� ³DQWHFLSDGD´� UHIHUH- se à antecipação do pedido veiculado na tutela definitiva, em caráter satisfativo, mas não definitivo. Na tutela cautelar, podemos ter como exemplo, a seguinte situação: a credora de uma dívida e pretende ajuizar ação de cobrança contra o devedor. A credora verificou que o devedor, inadimplente, está vendendo os únicos bens que possui e que poderiam garantir o pagamento da dívida demandada por ela. Na situação citada, antes de o juiz reconhecer o direito de crédito da credora, é preciso tomar alguma medida que garanta a efetividade da sentença, caso essa seja favorável. De nada adiantaria vencer a ação de cobrança de um credor que não mais possui bens que possam garantir o pagamento do crédito. Assim, a credora propõe uma tutela provisória de urgência cautelar, no intuito de tornar indisponível o patrimônio do devedor e, com isso, garantir o futuro pagamento da ação de cobrança que ainda será proposta. Neste caso, a indisponibilidade do patrimônio tem o condão de assegurar o processo judicial de cobrança que ainda será ajuizado. Podemos concluir que as tutelas cautelares não garantem a si mesmas, estando sempre condicionadas a garantir o resultado útil do processo. Ressalte-se que no exemplo citado fica evidente a relação de interdependência entre o pedido cautelar e o pedido principal. De um lado, temos a tutela cautelar, que torna indisponíveis os bens do devedor e que, se considera de maneira isolada, de nada valerá (ao contrário do que vimos no exemplo da internação e da cirurgia). De outro lado, tampouco valerá uma sentença condenatória em ação de cobrança promovida contra um devedor sem bens. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 129 As tutelas provisórias antecipadas e cautelares DISTINÇÃO... A distinção entre as medidas é que a tutela cautelar é conservativa (apenas assegura e apenas permite que o direito seja satisfeito um dia. Ex. Arresto) enquanto a tutela antecipada é satisfativa (já satisfaz o direito). ³a tutela cautelar garante para satisfazer, já a tutela antecipada satisfaz para garantir´�� (Pontes de Miranda) Conforme parecer-geral do Senador Valter Pereira, relativo ao projeto da Câmara pode- se considerar que: x São medidas satisfativas as que visam a antecipar ao autor, no todo ou em parte, os efeitos da tutela pretendida. x São medidas cautelares as que visam a afastar riscos e assegurar o resultado útil do processo. 5. FUNGIBILIDADE Pode o magistrado converter a tutela antecipada inadequada em tutela cautelar adequada e vice-versa? Sim, o juiz pode converter a medida considerada inadequada na considerada adequada. Para o projeto da Câmara, alterado no Senado, não se tratava de fungibilidade, usando a expressão ³FRQYHUWLELOLGDGH´��SRLV�QmR�p�R�VLPSOHV�DSURYHLWDPHQWR�GH�XPD�HP�RXWUD��PDV� sim a conversão de uma em outra. Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303 (tutela antecipada). Questionamentos que devem ser considerados. a) A fungibilidade é uma via de mão dupla (da antecipada para a cautelar ± fungibilidade regressiva ± e da cautelar para a antecipada ± fungibilidade progressiva)? 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 129 CPC/2015: Sim, a fungibilidade é uma via de mão dupla, pois os requisitos da antecipada e da cautelar são os mesmos. b) A fungibilidade se dá com cautelar antecedente? CPC/2015: Sim, a fungibilidade pode se dar com cautelar antecedente, pois tanto a tutela antecipada como a tutela cautelar podem ser antecedentes (preparatórias). c) A fungibilidade se dá com cautelar nominada? CPC/2015: Sim, a fungibilidade se dá com cautelar nominada, pois não existem mais requisitos próprios para os procedimentos especiais específicos. Então, não há mais procedimento cautelar específico. 6. REQUISITOS Nas tutelas antecipada e cautelar, os requisitos são apenas dois (art.300 do CPC/2015): A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. A distinção entre os requisitos da concessão para a tutela cautelar e para a tutela satisfativa de urgência ficou superada com o caput do artigo supracitado. Não se tem mais que discutir o grau de ocorrência dos requisitos para uma ou outra subespécie. São requisitos: Fumus boni juris e Periculum in mora. 1. Fumus boni juris: consiste na probabilidade da existência do direito (faz-se um juízo de probabilidade, e não de certeza, razão pela qual a cognição do juiz é sumária). 2. Periculum in mora: consiste no perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 129 Periculum in mora Periculum in mora da tutela cautelarRisco ou perigo iminente à efetividade do processo (perigo de infrutuosidade ± pericolo da infruttuosità). Um exemplo já citado: O devedor está dilapidando o patrimônio e então o autor faz o pedido de arresto (há um perigo quanto à efetividade do processo, pois se não existirem bens para ser alienado ou penhorado o credor não terá satisfeito o seu pedido). Periculum in mora da tutela antecipada Risco ou perigo iminente ao próprio direito material (perigo de morosidade ou de retardamento ± pericolo de tardività). Um exemplo já citado: Um plano de saúde que não autoriza a cirurgia e então o autor faz um pedido de tutela antecipada. Se não for concedida a tutela antecipada a pessoa pode morrer porque não houve a cirurgia. 7. REQUISITO PRÓPRIO DA TUTELA ANTECIPADA É requisito próprio da tutela antecipada, a ausência do perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão (art. 300, § 3º, CPC/2015). Não podendo ter o risco de irreversibilidade fática. Há nesse caso, verdadeira hipótese de pressuposto negativo para que se conceda a tutela. Diante da verificação da irreversibilidade, não se concede a tutela antecipada. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Exemplos: 1) O juiz concede uma tutela antecipada para demolir o prédio. Após ser demolido, não pode o magistrado revogar essa tutela; 2) O juiz concede uma tutela antecipada para que se proceda à destruição de documentos. Uma vez destruídos, a tutela se torna irreversível. FFPC 419: não é absoluta a regra que proíbe a tutela provisória com efeitos irreversíveis. Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode exigir uma caução, real ou fidejussória, como uma espécie de contracautela (garantia do juiz). Se a tutela cautelar ou antecipada for revogada haverá uma responsabilidade objetiva do requerente, qual seja, a de devolver. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 129 Dúvida: A caução pode ser dispensada por negócio jurídico processual? O art. 190 do CPC/2015 diz ser lícito, as partes plenamente capazes, estipular negócio jurídico processual. Assim, podemos concluir que é possível a dispensa da caução mediante negócio jurídico processual. 8. TUTELA DE URGÊNCIA SEM OUVIR A OUTRA PARTE Para começar o tema, façamos o seguinte questionamento: É possível a concessão da tutela de urgência inaudita altera pars (sem ouvir a outra parte)? Já antecipamos a questão no início do capítulo, mas vamos falar dele com mais detalhamento. O CPC/2015 exige, em regra, que o magistrado faça previamente a oitiva das partes. Essa regra decorre do princípio da cooperação e um dos deveres da cooperação é o dever de consulta, em que o juiz não pode analisar qualquer questão, de fato ou de direito, sem ouvir as partes, inclusive matéria de ordem pública. Um exemplo: quando o juiz verifica que existe uma incompetência absoluta, deve ele ouvir previamente as partes para depois emitir a decisão. Contudo, há uma exceção a essa regra. Quando a matéria for de urgência. Art. 9º, parágrafo único, inciso I, CPC/2015: não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. O disposto no caput não se aplica, plenamente, à tutela provisória. Dessa forma, PODE o juiz conceder tutelar de urgência sem ouvir as partes. Dúvida: Pode o juiz conceder tutela de urgência de ofício? Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I - a sentença lhe for desfavorável; II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 129 III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível. Como vimos da leitura do artigo, existe uma responsabilidade objetiva do requerente se a tutela de urgência for revogada e a parte pode não querer se submeter a essa responsabilidade, não requerendo a tutela de urgência. Possui legitimidade para requer a tutela de urgência (antecipada e cautelar): a) Autor; b) Réu (em ações dúplices ou na reconvenção); c) Ministério Público. A tutela de urgência (tutela antecipada e tutela cautelar) é admissível em QUALQUER PROCEDIMENTO, inclusive nos procedimentos especiais. Exemplo: Passou 1 ano e 3 dias do prazo para a parte entrar com ação possessória. Passado este tempo, a parte não tem mais o direito da liminar da possessória, MAS a ela será possível pedir a tutela antecipada do art. 300 do CPC/2015. Será possível até mesmo na execução. Note-se que a execução provisória nada mais é que uma antecipação de tutela. Art. 300 do CPC/2015: A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 129 Justificação prévia consiste na oitiva de testemunha ou da própria parte demandante, em alternativa aos casos em que a documentação (prova documental, estudo técnico ou ata notarial) para a concessão de tutela de urgência não é suficiente para demonstrar o preenchimento dos pressupostos na petição inicial. A cautelar antecedente tem procedimento próprio, constituído por duas fases, de acordo com os artigos 305 a 310 do CPC/2015. Vejamos cada uma dessas duas fases: a fase preliminar e a principal. Fase preliminar: Petição inicial com indicação da lide e o seu fundamento (causa de pedir e pedidos principais); Deve conter a exposição sumáriado direito que se pretende garantir e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (fumus boni juris e o periculum in mora), assim como a indicação do valor da causa, conforme o pedido principal (para o cálculo das custas judiciais). Logo após, passa-se a análise. Se a medida adequada for à tutela antecipada, ocorrerá a fungibilidade e o réu será citado para contestar (somente o pedido cautelar) em um prazo de cinco dias. Devendo o réu indicar as provas. Caso não ocorra a contestação, ocorrerá a confissão ficta ± é aquela que é deduzida de algum fato ou do modo de agir do confitente. Exemplo: o não-comparecimento do réu para depor, aceitando tacitamente os fatos que lhe são imputados. Havendo contestação, será observado o procedimento comum. Nos juizados especiais É CABÍVEL a antecipação de tutela e a tutela cautelar. 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 129 Fase principal: 1) Efetivada a medida cautelar, o pedido principal será formulado pelo autor, no prazo de 30 dias, podendo-se aditar a causa de pedir (mesmo prazo do CPC/73). 2) Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação, sem necessidade de nova citação. 3) Não havendo autocomposição, conta-se o prazo de 15 dias para a contestação, na forma do art. 335 do NCPC. Obs.: cessa a eficácia da medida cautelar nas hipóteses do art. 309 do CPC. Ex. Se o autor não deduziu o pedido principal em 30 dias. (TCU) A mitigação do contraditório e da ampla defesa, direitos constitucionalmente garantidos, é admitida em processos judiciais quando há prova inequívoca do direito do autor ou quando o juiz se convence da verossimilhança das alegações. Erra a questão ao considerar que o contraditório foi mitigado, quando o certo é que foi adiado, mas não enfraquecido ou atenuado. A prova inequívoca é a prova clara, evidente, contra a qual não se pode levantar dúvida razoável. E é verossimilhante a alegação quando fundada em argumentos objetivos, facilmente verificáveis, sem a dependência de uma análise subjetiva, pessoal. Esses requisitos subsidiam as tutelas de caráter provisório, seja por causa do perigo de ineficácia da decisão tardia, seja pela probabilidade de haver o direito. Nesse tipo de tutela, não há mitigação do contraditório ou da ampla defesa, mas a concessão daquilo que foi requisitado pela parte em caráter temporário, para realização do contraditório e da ampla defesa em 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 129 momento posterior. Estamos diante, nessa situação, do contraditório diferido, ou adiado. Gabarito: Errado VALOR DA CAUSA Ao valor da causa, o CPC/2015 dedicou um título próprio, que se compõe de três artigos. O código também o menciona em outros 18 artigos. O valor da causa (expresso em moeda nacional) continua, como no código anterior, elencado como requisito da petição inicial, da ação e da reconvenção, do pedido de tutela antecipada requerida em caráter antecedente, cuja ausência pode levar ao indeferimento da medida. A toda causa deve ser atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. O valor da causa deve constar na petição inicial ou na reconvenção e será correspondente: 1. - na ação de cobrança de dívida: a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; 2. - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico: o valor do ato ou o de sua parte controvertida; 3. - na ação de alimentos: a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; 4. - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação: o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; 5. - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral: o valor pretendido; 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 129 6. - na ação em que há cumulação de pedidos: a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; 7. - na ação em que os pedidos são alternativos: o de maior valor; 8. - na ação em que houver pedido subsidiário: o valor do pedido principal. O réu pode divergir do valor da causa apresentado, podendo impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas. x Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. x O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. x O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. - Da execução para a entrega de coisa certa: é aquela individualizada e determinada, quando proposta a execução. - Da execução para a entrega de coisa incerta: é determinável pelo gênero e quantidade, quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe 98184141793 Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 12 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 129 couber a escolha. De outro modo, se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial, art. 811 CPC/15. - Da execução das obrigações de fazer ou de não fazer: são aquelas em que o devedor compromete-se a realizar uma prestação, consistente em atos ou serviços, de natureza material ou imaterial. - Da execução por quantia certa: realiza-se pela expropriação de bens do executado, sendo que a expropriação consiste em: I ± adjudicação: é a forma indireta de satisfação do credor, que se dá pela transferência a ele ou aos terceiros legitimados,
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