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Monografia O crime dos 12 Apostolos

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS JANE VANINI – CÁCERES/MT
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS JURÍDICAS
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
O CRIME DOS 12 APÓSTOLOS
Cáceres
2010/1�
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
O CRIME DOS 12 APÓSTOLOS
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Ms. Antonio Armando Ulian do Lago Albuquerque
Cáceres
2010/1�
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
O CRIME DOS 12 APOSTOLOS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Ms. Antonio Armando Ulian do Lago Albuquerque
Orientador
Departamento de Direito
Profª. Ms. Cibélia Maria Lente
Convidada
Departamento de Direito
Prof. Ms. Juliano Moreno Kersul de Carvalho
Convidado
Departamento de Direito
Aprovado em ______ de __________ de 2010.�
Agradeço primeiramente a Deus, fonte de minha fé, força do meu caminho. Aos meus pais que sempre auxiliaram e me conduziram no caminho da retidão. Aos meus irmãos e amigos que sempre estiveram ao meu lado nas horas de alegria e principalmente nos momentos de tristeza. A minha esposa que compartilhou todos os meus passos nessa jornada, Ao meu filho que me inspirou ainda mais a prosseguir no caminho. Aos mestres professores que sempre nos orientaram na busca pelo saber, em especial ao meu orientador, que soube realmente me conduzir no desenvolvimento deste trabalho. A todos vocês que de qualquer forma contribuíram para que mais essa conquista fosse por mim alcançada, meu muito obrigado. 
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Aquele que se dispõe a combater monstros deve tomar muito cuidado para não se tornar um deles.
Desconhecido
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RESUMO
O estudo busca entender como ocorrem os linchamentos, quais causas o tornam mais freqüentes, quais os motivos desencadeadores, como se dá o modo de execução e como se comporta a sociedade após sua ocorrência. A análise se manteve em um caso específico, ocorrido na cidade de Rio Branco-MT, onde se pôde observar que o linchamento foi decorrente de um sentimento de vingança, aliado à sensação de insegurança sentida pela sociedade após um crime de latrocínio cometido pelo linchado. Busca-se como justificativa científica para a ação social em tela, os conceitos estabelecidos pelas Teorias de Representação Social e a Teoria da Rotulação, a Labelling Aproach, de Roward Becker. �
RESUMEN
El estudio busca comprender cómo se producen los linchamientos, que causas se hacen más frecuentes, lo que desencadeña las razones, como es la forma de aplicación y cómo se comporta la sociedad después de su ocurrencia. El análisis se mantiene en un caso concreto, que ocurrió en la ciudad de Río Branco-MT, donde se pudo observar que el linchamiento se ha debido a un sentimiento de venganza, junto con la sensación de inseguridad de la compañía después de un delito de robo cometido por linchado. Buscar una justificación científica para la acción social em estudio, los conceptos establecidos por la Teoría de Representación Social y la Labelling Aproach de Roward Becker.�
ABSTRACT
The study seeks to understand how the lynchings occur, causes which make it more frequent, which triggers the reasons, how is the execution mode and behaves the society after their occurrence. The analysis is kept in a particular case, occurred in the city of Rio Branco-MT, where one could observe that the lynching was due to a feeling of revenge, combined with the sense of insecurity felt by the society after a crime of robbery committed by lynched. Search as scientific justification for social action, the concepts established by the Social Representation Theory and the Labelling Approach, of Roward Becker.
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Sumário
101. Introdução	�
122. Interacionismo, Desvio e Representação Social como substrato teórico do Crime dos 12 Apóstolos.	�
173. A Lei de Lynch: A Historia do linchamento	�
224. O Crime dos 12 Apostolos	�
244.1 - Dos motivos desencadeadores do Linchamento	�
284.2 – Da Execução do Linchamento	�
304.3 – Do Processo Judicial	�
344.4 O Olhar da Sociedade Rio-Branquense sobre o linchamento	�
375. Considerações Finais	�
416- Referências Bibliográficas	�
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1. Introdução
O presente trabalho tem por escopo investigar o linchamento, analisando-o como um fenômeno e forma de realização e obtenção da Justiça social. Para atingir esse objetivo, verificar-se-à um caso específico de linchamento, ocorrido no ano de 1992 na cidade de Rio Branco/MT, à aproximados 120 Km da cidade de Cáceres/MT. 
A análise do caso específico tende a verificar os motivos que levaram a sociedade rio-branquense a cometer o linchamento. Se a revolta explosiva sentida pela sociedade fora de cunho social, moral, cultural, racial, ou ainda a somatória de todos estes requisitos aliada a uma forma de auto-tutela, visando a manutenção da ordem pública ou simplesmente como forma de vingança e obtenção de uma justiça paraestatal.
Avaliando estudos reveladores da grande propensão que a própria sociedade brasileira tem em ser implacável no combate a certos tipos de crimes, principalmente quando estes são de cunho sexual, praticados contra menores de idade e ainda, se cometidos por pessoas negras.
O trabalho vem analisar o enquadramento de tal conduta dentro do sistema penal brasileiro, mister se faz ressaltar que não há tipificação penal para o crime de linchamento, e, que seus cometedores são indiciados puramente pelo crime de Lesão Corporal e quando há morte, pelo crime de homicídio. Analisar as possíveis conseqüências geradas para quem realiza tal conduta, observando ainda desde o processo investigativo do crime social. A verificação da qualificação dos indiciados, a fim de traçar um perfil para os linchadores, para o linchado e a vitima do linchado. Buscando captar a percepção que a sociedade detinha destes personagens.
 Por fim, o presente trabalho busca a visão da sociedade que vivenciou o crime de linchamento, verificando até que ponto crimes dessa monta geram prejuízos para a sociedade. Alem de analisar como essa sociedade reagiu ao cometimento do linchamento, se sentiu mais segurança por parte dos executores ou ainda mais a debilidade do Estado no exercício do seu ius puniendi. Que visão a sociedade rio-branquense mantém dos indiciados pela prática de linchamento.
Para a obtenção destas respostas, o presente trabalho baseia-se na análise de obras doutrinárias visando uma conceituação básica para o crime de linchamento, seu modo executório, perfis das vitimas do linchado, do próprio linchado e ainda dos indiciados pela pratica de linchamento, bem como na análise de peças processuais que instruíram o processo judicial do crime em comento, abarcando os depoimentos prestados em juízo e em sede de delegacia de policia, bem como em sede de julgamento no Tribunal de Júri. Além de dados colhidos por meio de entrevistas com autoridades e personalidades da cidade de Rio Branco/MT. 
2. Interacionismo, Desvio e Representação Social como substrato teórico do Crime dos 12 Apóstolos.
O presente trabalho não tem por escopo estudar profundamente as teorias citadas neste capítulo, usa-as tão somente como modo científico justificante de determinadas ações sociais coletivas, mais precisamente uma delas, o linchamento.
 A primeira delas é a Teoria da Rotulação ou Etiquetação, a Labelling Aproach, que se encontra dentre as teorias de desvio e controle social e tem como principal representante Howard Becker. Segundo essa teoria, o sujeito desviante não é condenado simplesmente pelo fato de ter
cometido um ato delinqüente, mas com mais intensidade pelo título de delinqüente que a ele foi inserido pela sociedade que vivenciou seu ato.
Essa intitulação não advém somente de conceitos legais, ditames da nossa legislação vigente, que visa delimitar atos deliquíveis e atos permissíveis. A sociedade vai além, busca em seus próprios conceitos, o que se entende por moral, por gente de bem, por ato atroz.
Nesse sentido leciona BARATTA�:
A distinção entre os dois tipos de comportamento depende menos de uma atitude interior intrinsecamente boa ou má, social ou anti-social, valorável positiva ou negativamente pelos indivíduos, do que da definição legal que, em um dado momento distingue, em determinada sociedade, o comportamento criminoso do comportamento lícito.
Corrobora Durand & Weil� que o desviante é aquele agente diferente dos demais integrantes daquela comunidade. Torna-se diferente não somente pelo ato que cometera, seja ele imoral ou ilegal, mas principalmente por que o restante da sociedade descobrira e o intitulara como aquele que cometeu um desvio. Por desvio, entende Becker� ser um produto da relação entre um determinado grupo social e um indivíduo que, na percepção do grupo infringiu uma norma, e o seu caráter desviante dependerá da reação do grupo quanto a essa infração. É na caracterização do desvio que se desenrola o processo de seleção, identificação e tipificação dos indivíduos.
Durante todo século XIX, fora a psiquiatria quem determinava os aspectos do agente desviante, que era geralmente o criminoso ou o louco, e que eram julgados ou diagnosticados dentro do próprio seio familiar do agente desviante, associando os desvios à anormalidade familiar.
Definido o agente desviado, cabe agora definir os agentes que o intitulam. Becker os classifica como empreendedores de moral. Dividindo o grupo entre os que editam as normas que devem ser seguidas e aqueles que as fazem aplicar. Assim temos aquelas pessoas que ditam o que é moral, quem são as pessoas de bem, o que é desvio, quem são os desviados, e também temos aquelas pessoas que fazem esses ditames criados pelo primeiro grupo serem cumpridos.
Não se pode abster em revelar que por vezes integrantes do primeiro grupo social, o que edita as normas sociais a serem cumpridas, são aqueles agentes que incitam, que provocam os agentes do segundo grupo, o dos executores e mantenedores da ordem social, a aplicarem as normas sociais estabelecidas, bem como suas sanções, ainda que na base do olho por olho.
Molina� por sua vez insere o interativismo simbólico e o construtivismo social como mola propulsora para a teoria da rotulação, ditando que a conduta humana se indissocia da interação social, assim, o conceito que um indivíduo detém de si, de sua sociedade e mais, do lugar que ocupa nessa sociedade, contribuem para sua conduta criminal.
Vale ressaltar que em geral encontram-se títulos pré-definidos na sociedade contemporânea. Assim temos as classes marginalizadas da sociedade, as classes periféricas que são intituladas como mais propensas à criminalidade. No fundo tudo é uma questão de percepção de hierarquia social. As classes periféricas, menos instruídas, mais desorganizadas, por isso menos assistidas pelo Estado, acabam sendo pelas outras classes, marginalizadas, no sentido etimológico da palavra, deixadas à margem da sociedade.
Já os agentes pertencentes às classes hierarquicamente superiores, detêm certos privilégios e são consideradas pessoas de bem, instruídas, com moral ilibada e consideradas idôneas, numa forma conceitual estabelecida pela própria sociedade em que vivem.
Antes de se rotular o individuo, é necessário que se tenha certo conhecimento sobre ele, sobre si e sobre toda a sociedade. Embasando as teorias de desvio e interacionismo social, nos temos as teorias de representação social, as quais servirão para delinear o conhecimento que determinada sociedade detém de seus integrantes. 
Segundo as teorias de representação social, o individuo deve ter consciência de como se estruturaliza a sociedade em que ele vive, as classes, normas, costumes e mais, deve saber qual a posição que ocupa nessa sociedade. Essa consciência pode se dar de maneira científica, mais formal, ou de forma consensual, mais informal.
Arruda� leciona: 
A Teoria das Representações Sociais – TRS- operacionalizava um conceito para trabalhar com o pensamento social em sua dinâmica e em sua diversidade. Partia da premissa de que existem formas diferentes de conhecer e de se comunicar, guiadas por objetivos diferentes, formas que são móveis, e define duas delas, pregnantes nas nossas sociedades: a consensual e a científica, cada uma gerando seu próprio universo. A diferença, no caso, não significa hierarquia nem isolamento entre elas, apenas propósitos diversos. O universo consensual seria aquele que se constitui principalmente na conversação informal, na vida cotidiana, enquanto o universo reificado se cristaliza no espaço científico, com seus cânones de linguagem e sua hierarquia interna. Ambas, portanto, apesar de terem propósitos diferentes, são eficazes e indispensáveis para a vida humana. As representações sociais constroem-se mais freqüentemente na esfera consensual, embora as duas esferas não sejam totalmente estanques.
Essa sociedade, uma vez organizada, define as suas autoridades e personalidades, o que é conduta moral, o que às vezes se confunde com legal; como se definisse uma estrutura paraestatal, regulada por personalidades que possuam apreço e sejam ouvidas pela grande massa.
Como um poder paraestatal, esses agentes dominantes da sociedade se julgam por vezes aplicadores das leis morais impostas na determinada sociedade e com o apoio da grande massa passam a ditar e punir as condutas dos integrantes dessa comunidade, ainda mais, quando o Estado, que uma vez instituído deveria realizar tal manutenção da ordem pública, se mostra débil, moroso e por vezes ocioso. 
Assim, por vezes se justificam atos de ação coletiva, onde a sociedade, conhecedora de sua estrutura, define suas normas, seus costumes, e o que se enquadra em conduta desviada e conduta normal. Nesse sentido, Miskolci� assevera que “normal vem de normalis, regra, mas também significa esquadro.” Somente no século XIX com Augusto Comte, normal passou a ter o significado de “ser tudo o que se encontra na maior parte dos casos de uma espécie ou o que constitui a média numa característica mensurável”.
Deste modo, sucintamente, uma vez definida a conduta desviada, fácil será rotular o agente desviante. Rotulado o agente como desviante, passa-se então a marginalizá-lo, julgá-lo, e a aplicar-lhe a pena conforme se julga cabível ao ato que o mesmo praticara.
Entende-se que ações coletivas, como o linchamento, são decorrentes de vários segmentos da sociedade que se agrupam, visando manter a ordem pública através da aplicação de normas pré-estabelecidas por determinada sociedade.
Na aplicação da sanção à infração cometida pelo agente desviante, é necessário que primeiramente se tenha estabelecido o que é uma conduta normal, ou seja, aceita pela maioria daquela sociedade, e o que seria conduta desviante, inapta de aceitação pela coletividade. Fator visível na prática de linchamento, onde a sociedade se revolta com determinados casos específicos de conduta, como se aquele tipo de desvio necessitasse de uma punição diferenciada, são eles os crimes sexuais, de homicídio, latrocínio ou ainda cometidos de forma brutal ou contra crianças, adolescentes ou idosos.
Sabido quais as condutas normais e desviadas, passa-se a rotulação do individuo, que seria aquele que cometera a conduta inadmitida. No linchamento, em geral, a própria autoridade policial, ao deter o indivíduo suspeito da autoria da conduta desviante, age displicentemente, por vezes se utilizando de códigos para que os demais detentos o reconheçam como autor de crime diferenciado, o que facilita o linchamento dentro das celas. Por vezes, não age na defesa do agente desviante quando o distrito
sob sua guarda é invadido por pessoas enfurecidas que querem aplicar-lhe a lei de Talião. 
A rotulação também pode ocorrer fora das celas, valendo-se da informação consensual da teoria da representação social lecionada por Arruda, em que por meio das conversas informais os agentes da sociedade que conduzem à informação, vão criando suas verdades e conceitos solidificados naquilo que acreditam ser a conduta correta e esperável de determinado agente. O simples fato de o agente ser considerado suspeito do cometimento de alguma conduta considerada de desvio, já está passível de sofrer uma sanção social.
Após a rotulação, vem a análise estrutural dessa sociedade, onde os agentes inflamados, revoltados, buscam analisar a que classe o agente desviante pertence, ressaltando-se que, em geral, há certa tolerância sobre crimes praticados por agentes pertencentes a classes superiores. Ainda na analise estrutural, os agentes rotuladores medem o grau de barbárie da conduta do rotulado, dosando equanimemente a pena a ser aplicada.
A aplicação dessa pena deve ser feita por agentes que representem à sociedade e esta ação pode ser ativa, na medida em que estes agentes tomam frente na prática do linchamento, aplicando de fato a sanção, ou ainda pode ser passiva, na medida em estes agentes ficam em segundo plano na aplicação desta punição, apenas norteando e incitando a população mais ativa.
O linchamento é uma ação freqüente na sociedade, apesar de não ter a atenção devida, como se observa na falta de doutrinas sobre o tema. Pode ser considerada uma ação coletiva de natureza punitiva, que começou por ordens políticas e se desenvolveu como forma de manutenção da ordem pública e de obtenção de justiça por meio da sociedade. Assim aprofundaremos nossos estudos sobre linchamento no capítulo seguinte.
3. A Lei de Lynch: A Historia do linchamento
José de Souza Martins, em entrevista dada ao site do Instituto Zequinha Barreto�, conceitua Linchamento:
É uma punição coletiva contra alguém que desenvolveu uma forma de comportamento anti-social. O anti-social varia de momento para momento e de grupo para grupo. Na França, ter traído a pátria era um motivo para linchar. No caso da Itália, aconteceu o mesmo. No Brasil, é o fato de não termos justiça, pelo menos na percepção.
A historia do Linchamento, anda paralelamente com a dos Estados Unidos. O Termo surgiu durante as lutas pela independência norte-americana, quando um fazendeiro do estado da Virgínia, chamado Charles Lynch, instituiu sua lei, a “Lei de Lynch” e passou a julgar e punir bandidos e simpatizantes de colonizadores ingleses. 
Com o fim da Guerra da Secessão, a sociedade norte-americana conheceu o desdobramento dessa lei, em dois grupos, o mob liynching e o vigilantism. O mob lynching é conceituado como sendo cometido por um grupo de pessoas que se organizam para justiçar rapidamente uma pessoa, que pode ou não ser culpada do que lhe acusam, tem como características principais, a espontaneidade e a presteza. Já no vigilantism, os extermínios por linchamento, são decorrência de grupos organizados que impunham valores morais e normas de conduta através de julgamento rápido e sem apelação da comunidade�.
O mob lynching passou a ser predominante na parte sul dos Estados Unidos, pois com a derrota na Guerra da Secessão, o norte abolicionista infligiu na cultura conservadora sulista um choque revolucionário libertador. Assim, concomitante com a decadência da sociedade predominante, a plantation, constituída por grandes fazendeiros brancos e a crescente ascensão dos negros recém-libertos, o Linchamento começou a ser usado como forma da sociedade conservadora e decadente se mostrar superior à mudança social proposta pelo Norte e o extermínio de negros recém-libertos passou a ser uma forma de mantê-los na casta inferior. 
O vigilantism prosperou no Norte vencedor, uma vez que ao vencer a guerra foi necessário aos nortistas expandirem suas fronteiras e aceitar a crescente migração de pessoas à suas terras, avançando seus limites, inclusive sobre terras indígenas. Assim, grupos começaram a se formar para defender o crescimento do Norte e defende-lo de forasteiros indesejados, bem como de delinqüentes, surgem então os vigilantes, que mais tarde se tornam grande sucesso nos cinemas, retratados nos filmes de gênero western.
No Brasil o linchamento apresenta características que o diferem dos meios aplicados e motivos justificantes que os norte-americanos utilizaram. No Brasil não são freqüentes linchamentos por motivo de classes sociais, vez que vivemos em um país onde se predomina a diversidade e mistura étnica, apesar de ser notório que um crime cometido por um branco é muito mais passível de compreensão e aceitação comunitária que o mesmo crime se cometido por pessoa negra ou indígena�, resquícios claros do ainda recente e remanescente histórico escravagista nacional.
O linchamento apresentado no Brasil é um linchamento que emana de ideais justiceiros, vingativos, fruto da constante sensação de insegurança, decorrente da falta de contingente e aparelhamento policiais e ainda, da falta de preparo dos mesmos frente a crimes infligidos de clamor público. Assim, a própria sociedade insegura ou insatisfeita com a atuação do poder judiciário inflige sua lei, sua pena, exorcizando o mal que lhe causara revolta.
Existe um linchamento por castas, mas diferentemente dos Estados Unidos, aqui não se colidem segmentos étnicos, o que há é outro tipo de segregação, qual seja aquelas que diferenciam os criminosos detidos. Assim, aqueles delinqüentes, que cometeram ou são indiciados por crimes que comumente geram comoção social, por exemplo, crimes sexuais ou cometidos contra criança e adolescente ou ainda, cometidos de forma cruel, estabelecem um marco divisor entre os detentos. Para que não ocorra contaminação dos demais com esse “mal maior” os próprios presos aplicam sua pena, que no caso seria o linchamento, ou execução sumária.
Raramente, mas existente no Brasil, encontramos ainda a atuação de grupos de extermínio que agem conotativamente aos vigilantes norte-americanos. Todavia, os motivos estimulantes desta conduta não se revestem do sentimento patriota, ao contrario, tentam se esconder por entre a multidão incitada por eles a fim de cometerem o crime de forma a que fiquem impunes e sejam temidos, como o criador dessa lei, Charles Lynch. 
Ainda que não tipificado na legislação penal vigente, o linchamento apresenta características peculiares. A primeira delas é a espontaneidade em que o linchamento provém da comoção geral, da revolta social, ocorrendo de maneira desordenada, por uma multidão. Por multidão, entende-se, inúmeras pessoas que querem atingir o mesmo objetivo, seja um justiçamento, seja uma punição exemplar ou se o movimento linchador vem encabeçado por grupo de pessoas, que simplesmente incitam a multidão, seja para que cometam o crime de forma a não serem punidos, seja para sobreporem ao ordenamento e mostrarem-se superiores à legislação pré-estabelecida. 
Outra característica associa-se à constante sensação de insegurança vivenciada pela sociedade, sendo interpretada em razão dos: a) altos níveis de criminalidade vividos em determinada comunidade; b) a falta de preparo dos policiais em postos de pronto atendimento ou mesmo em sede de delegacias judiciárias; c) a falta de aparelhamento aos mesmos policiais, o que dificulta uma melhor ação no combate a criminalidade; d) a lentidão do poder judiciário em fornecer a esta sociedade uma resposta eficaz aos crimes que a aterroriza.
Outra característica muito comum nos linchamentos é a apresentação teatral dos fatos, sempre apresentando os protagonistas do crime do linchado como antagônicos. Em geral, a vítima do linchado tende a ser querida na comunidade, digna, correta. Já o linchado, é apresentado como um malfeitor digno da dramaturgia, com histórico policial, e ainda, quase que sem salvação, induzindo que sua morte em nada poderia
acarretar de prejuízo aquela sociedade e mais, que seu desaparecimento seria uma forma de diminuir a criminalidade, inclusive como meio de intimidação, combate r prevenção a novos atos delinqüentes.
Também se apresenta no linchamento, certa formalidade na executoriedade do ato, por vezes o linchamento se dá através de uma execução sumaria, mas na maioria das vezes, se dá de forma lenta, agressiva, infligindo ao linchado uma pena com um requinte de crueldade, maior que a própria prática do crime por ele cometido. Tal crueldade e exposição serve de aviso, uma forma de demonstrar a indignação daquela multidão, bem como de combate e repressão à criminalidade, em especial aos crimes de natureza semelhante aos cometidos pelo linchado.
Tal prática exibicionista nos remonta à época medieval, em que milhares de mulheres foram linchadas na caça às bruxas, quando atos dessa natureza ocorriam em palcos e eram aclamados pela multidão. Mais recente, tem-se o mob lynching do sul dos Estados Unidos, onde os negros eram linchados frente a câmeras, para que o fato fosse noticiado e servisse de exemplo aos demais. Em ambos os casos, denota-se a superioridade de determinado grupo sobre os demais, como forma de manutenção do poder, ainda que decadente. 
O linchamento conta ainda com aliados, tais como, a conivência da sociedade e a falta de tipificação na nossa legislação penal vigente. A conivência, além de atrapalhar as investigações dos linchamentos, surge como garantidora do anonimato dos responsáveis por muitas chacinas noticiadas. A sociedade é conivente na medida em que perde a sensação de segurança no Estado na resolução do problema, voltando a atuar na defesa do seu próprio interesse, atuando na auto-tutela da sua segurança, resgatando a Lei de Talião.
A sensação de descaso sentida pela sociedade em relação aos entes estatais, faz com que a sociedade ao agir em defesa do seu bem estar, mesmo que arbitrariamente, sinta-se protegida e combatendo a criminalidade. Assim, certos grupos vigilantistas atuam no combate a essa criminalidade e sentem o apoio da própria sociedade, vez que eles passam a exercer um papel que deveria ser exercido pelo Estado. Com isso, esta sociedade passa a afirmar o Estado como mero figurante no combate à criminalidade, não se sentindo na obrigação de colaborar com as investigações desempenhadas pelos entes estatais responsáveis.
A falta de tipificação penal para o ato de linchamento, gera transtornos no campo Judiciário, pois como diz o nosso próprio Código Penal, “não há crime sem prévia lei que o defina”, desta feita, não há que se falar em crime de linchamento, vez que o mesmo não existe perante nossa legislação penal vigente, mas sim em crimes de lesão corporal, seja ela leve, grave ou gravíssima, tentativa de homicídio ou homicídio, quando das agressões resulta a morte do linchado.
Lídio de Souza corrobora que apesar do Brasil não instituir legalmente a pena de morte e visivelmente repudiá-la, a sua sociedade paradoxalmente a esta guarnição de direitos tão fundamentais ao ser humano, pratica uma série de barbáries, por vezes muito piores, que tendem a substituí-la, sendo o linchamento, uma dessas práticas medievais, considerada pertinente a uma cultura regulada por crenças primitivas. �
Diante da aparente banalização dos linchamentos no território brasileiro, deve-se ressaltar que tal conduta se contradiz ao aspecto pacífico e ordeiro da população brasileira e não é de seu feitio sair à caça de supostos bandidos a fim de executá-los, fazendo assim, prevalecer o princípio da vingança que fora afastado da população com o surgimento do inquérito, e com isso, transferindo o direito de vingança ao Poder Judiciário que no plano social, como afirma Lídio de Souza:
Consegue-se conter a vendetta possivelmente interminável, através de uma instancia superior que, por deter o monopólio absoluto sobre a vingança, é capaz de arbitrar de modo soberano, eliminando assim o perigo de uma escalada de vingança.
Martins, com relação à punição dos linchadores, é categórico em afirmar que “Quem mata tem que ser punido. Não punir significa estimular. Mas é difícil punir” �. Todavia, o Poder Judiciário ao se deparar com casos de linchamento, percebe-se inoperante, vez que a sociedade, apesar de condenar atos de natureza auto-tutelar, é conivente com os praticantes do linchamento e por vezes, os próprios agentes policiais, seja por interesses próprios ou por negligencia não se esforçam para uma melhor investigação, não produzindo provas sequer que indiquem uma mera hipótese de participação. 
Em decorrência da falta de tipificação do crime de linchamento há uma dificuldade em se analisar e produzir obras doutrinárias para a definição de parâmetros e características para a conceituação e modo de execução, ou ainda causas de maior incidência. Não se consegue ter visão de crimes de linchamento a menos que eles sejam noticiados ou alarmados, pois como seus autores, em geral, respondem pelos crimes de lesão corporal ou ainda por homicídio, ocorre uma espécie de efeito camuflagem sobre os casos, o que dificulta o levantamento de dados.
Por causa desta camuflagem que ocorre sobre os linchamentos, normalmente, quando se propõe a estudá-lo deve-se propor a analise de casos específicos, buscando um respaldo em obras sociológicas, buscando identificar no caso as características peculiares que permeiam a motivação e execução daquele determinado crime.
4. O Crime dos 12 Apostolos
O crime de linchamento ocorrido na cidade de Rio Branco-MT, intitulado nessa pesquisa de Crime dos 12 apóstolos, como se analisa no procedimento investigatório� realizado pela autoridade judiciária competente, bem como na própria denuncia ofertada pelo Ministério Público, foi cometido por uma multidão revoltada, que clamava por justiça.
Em 19 de dezembro do ano de 1992, um homem chamado Ângelo Soares de Lima, ceifara a vida de um adolescente de apenas 14 (quatorze) anos de idade�, neste trabalho identificado por M.R., para roubar-lhe uma quantia de aproximadamente CR$ 600.000,00 (seiscentos mil cruzeiros). O dinheiro que M.R. detinha, era um presente de seu pai pelo fato de se aproximar a data do Natal, e, seria utilizado para a compra de roupas.
Ângelo conhecia a família de M.R. e se dizia amigo do mesmo, tanto que testemunhas afirmam que no dia e noite anteriores ao crime cometido por ele, o mesmo acompanhou M.R. por todo canto. Ao saber que M.R. trazia consigo tal quantia, arquitetou o plano de sua morte e esperou o momento oportuno para executá-lo.
Ângelo convidou M.R. para irem juntos a um baile que estava acontecendo na cidade e lá ficaram até por volta das 04:30 hs da madrugada do dia 19 de dezembro, quando M.R. resolveu ir embora, pois como morava em um sítio próximo a cidade vizinha de Salto do Céu, e teria que ajudar seu pai a tirar leite, Ângelo se dispôs a acompanhá-lo. E assim o fez até saírem cerca de 200 metros da cidade de Rio Branco, onde friamente, Ângelo desferiu um violento golpe na cabeça de M.R. com uma pedra e em seguida passou a enforcá-lo até a morte.
Ângelo, após o ato latrocida, evadiu-se do local, e hospedou-se no Hotel Jóia, na cidade de Rio Branco, onde posteriormente a prisão, o proprietário do estabelecimento, o reconheceu e afirmou que o mesmo deu entrada no hotel por volta das 05:00 hs do dia 19 de dezembro.
Passados os dias após o latrocínio, as investigações policiais levaram até a pessoa de Ângelo, pois testemunhas afirmavam tê-lo visto sempre com M.R. durante todo o dia e noite anteriores ao crime. Ao efetuar a prisão de Ângelo como suspeito o mesmo tentou esquivar-se da autoria, indicando para tal, outras pessoas como se elas tivessem cometido o ato latrocida. Por fim, Ângelo veio a confessar a autoria do crime, detalhando o modo como o executou e como gastara o dinheiro roubado de M.R.
Mal Ângelo confessara, a população que já se aglomerava em torno da Delegacia e ruas adjacentes, por curiosidade, haja vista a família de M.R. ser
muito conhecida na região e o próprio adolescente ser muito querido, se revoltou com a frieza demonstrada por Ângelo e subitamente arrombaram portas e janelas da Delegacia, arrastando Ângelo para fora das dependências da Delegacia e o executando no meio da rua a golpes de pauladas, socos, murros e pontapés.
Após o linchamento de Ângelo, a população se evadiu do local, deixando o corpo do latrocida exposto no local da execução. Dentre a multidão que arrebatou Ângelo, testemunhas e policiais conseguiram identificar somente doze pessoas� que foram indiciadas e denunciadas pela prática dos crimes de lesão corporal, pois ao invadirem a delegacia, acabaram por agredir alguns policiais que tentaram em vão guarnecer Ângelo, esses policiais sofreram lesões corporais. Também responderam pela prática de homicídio, vez que se resultou do ato praticado por eles a morte do linchado.
Todavia em sede de julgamento do Tribunal do Júri, todos foram absolvidos, haja vista a prescrição do crime de lesões corporais, devido ao lapso temporal, bem como a insuficiência de provas de que teriam sido eles, os autores do linchamento ou se somente lá estavam a titulo de curiosidade como afirmam em seus depoimentos.
4.1 - Dos motivos desencadeadores do Linchamento
Por meio da análise dos depoimentos prestados em juízo, alem dos demais colhidos para instrução do inquérito policial o qual deu origem ao processo judicial de N° 26/1998, bem como das informações obtidas por meio das entrevistas com autoridades e personalidades domiciliadas na cidade de Rio Branco/MT, pode-se dizer que o linchamento ocorrido no ano de 1992, teve como mola propulsora, o fato de Ângelo Soares de Lima ter cometido um crime de homicídio contra um adolescente de apenas 14 (quatorze) anos de idade. Os senhores Velino Efigênio dos Santos e Ledy Ferreira afirmam que:
Na manhã de 19 dezembro, foi comunicado que havia o corpo de uma pessoa do sexo masculino, à beira da BR que dá acesso à cidade de Salto do Céu; Que em investigação logrou êxito em saber que se tratava do adolescente M.R., e que pelos sinais havia sido assassinado à golpes de objeto contundente e enforcamento.�
Que pode informar que na data de 19 de dezembro do corrente ano, pela manhã, foram informados que havia um corpo de um jovem de aproximadamente 15 anos à beira da estrada que dá acesso à cidade vizinha de Salto do Céu.�
Além de o crime ter sido cometido contra um adolescente de apenas 14 anos, outro fator causador da revolta da população rio-branquense fora a crueldade com que Ângelo cometera e confessara o crime por ele cometido. Velino Efigênio dos Santos afirma:
Que Ângelo se encontrou com M.R. no inicio da noite do dia 18 de dezembro e junto com este passou aquela noite, em um baile e praça daquela cidade; Que na madrugada já do dia 19, saíram em direção à cidade de Salto do Céu, onde após uns 200 metros da zona Urbana, Ângelo armou-se com uma pedra, e desferiu violento golpe contra a cabeça de M.R.; Que, M.R. caiu e Ângelo virou-o de barriga para cima, montou sobre seu tórax e com as mãos lhe provocou enforcamento, acabando por matá-lo; Que, após, proceder o crime, saiu dali, deixando o corpo caído.�
O depoimento acima transcrito é ratificado pelo laudo do Exame Necroscópico efetuado em M.R., que apresenta como causa mortis enforcamento, combinado com traumatismo-craniano encefálico. Reitera o laudo que o corpo fora encontrado à beira da estrada, sem documentos. � 
Diante da crueldade apresentada por Ângelo, muitos pais se revoltaram e acabaram por participar do linchamento, transformando o ato em um modo de vingar a família do adolescente e ainda um meio de defesa a crimes dessa natureza, traduzindo um sentimento de insegurança pela ocorrência do linchamento e alívio pela morte do linchado, como se observa na entrevista concedida por um comerciante local, posto identificar o alívio dos participantes do linchamento, “(...) as pessoas se sentiram aliviados, até por que teve pais de família que disse: amanha poderia ter sido o meu filho, que era também um adolescente como ele” �.
Souza descreve o linchado como sendo em geral, de classe inferior, e na maioria das vezes com histórico policial. Ressalta uma pequena porcentagem de linchados negros em relação a brancos, e que os maiores casos, incidem quando o linchado pratica crime de homicídio, em caso de violência sexual ou ainda, se cometido contra crianças ou jovens. �
Outro fator que deve ser analisado como desencadeador do crime de linchamento é a falta de contingente policial, bem como de aparelhagem inerente à prestação jurisdicional e a conseguinte sensação de insegurança sentida pela sociedade, quando um crime bárbaro e cruel como o cometido por Ângelo, um latrocínio, vem a causar uma revolta generalizada, uma comoção social, pois além da crueldade, associa-se a frieza da confissão detalhada; motivos estes determinantes para o estopim da explosão popular. 
Cerqueira e Noronha descrevem que, em geral, as ações populares como o linchamento são atos de mentes conservadoras, pertencentes a indivíduos descrentes no Poder Judiciário como forma de restabelecimento da ordem perdida, valendo-se das execuções sumárias como uma espécie de exorcismo da sociedade, limpando-a daquele determinado mal�. 
A frieza de Ângelo vincula-se à indicação de outra pessoa, em sua confissão, como autora do crime, um antigo desafeto seu, o Sr. Julimar José Celestrini. Imputação esta realizada pelo Linchado como forma de se vingar de seu desafeto. O depoimento do Sr. Julimar não deixa dúvidas quanto a esta análise:
 Que o declarante tomou conhecimento de que há coisa de dez dias passados houve um latrocínio na cidade onde reside, onde foi vítima um jovem de 14 anos; Que na véspera de Natal, dia 24 de dezembro, pela manhã, ou melhor, pela tarde, por volta das 14:00 horas, se encontrava em sua casa, quando a Policia Civil ali compareceu, dizendo que o mesmo estava detido por suspeita de autoria daquele latrocínio; Que, tomou conhecimento de que fora o mesmo Ângelo que lhe havia apontado como autor; Que foi levado para a Delegacia de Policia de Rio Branco, onde acareado com Ângelo, este veio a declinar a verdade dos fatos, inocentando o declarante e assumindo a autoria do crime de latrocínio cometido contra aquele jovem, com uma pedrada na cabeça e após procedeu ao enforcamento do mesmo, roubando o dinheiro que o mesmo possuía Que, disse ter envolvido o declarante por causa daquela antiga rixa do campo de futebol.�
Ratificando que a população se revoltara com a frieza de Ângelo e corroborando o depoimento acima, deve observar o trecho de uma entrevista de um morador local:
Foi por que o rapaz declarou que matou uma criança, pra roubar o dinheiro. Roubou o dinheiro do menino e matou. E tem outra coisa, ele condenou um outro rapaz aí, e esse rapaz foi judiado por causa dele, diz que depois ele declarou que era mentira e que fez isso por que num gostava do rapaz. Então, eu acho que o porquê o pessoal revortaram foi por essas duas causa aí.�
A comoção social em relação ao crime cometido por Ângelo deve-se à cidade de Rio Branco ser pacata, com um número de habitantes relativamente pequeno, com cerca de 6.000 (seis mil) habitantes e que, em razão do pequeno índice populacional, todas as pessoas do município se conhecem e mantém uma relação muito próxima, gerando em seu meio um habitat semelhante ao seio familiar.
Contudo, o evento linchamento não é uma característica de civilizações interioranas ou menos urbanizadas, ou ainda com pequeno índice populacional. Ocorrem, com freqüência, linchamentos em grandes centros, metrópoles extremamente urbanizadas, com alto índice populacional. Nesse sentido reforça Souza que a pratica linchamentista não é uma característica peculiar do mundo rural, impregnado de sólidos mecanismos de solidariedade familiar e comunal.�
 Martins assevera que nos linchamentos ocorridos no Brasil encontram-se quatro grupos dentre formadores da multidão linchadora, o primeiro deles seria o grupo dos
parentes e amigos das vítimas do linchado. O segundo grupo é formado por moradores e vizinhos. O terceiro grupo forma-se por trabalhadores da mesma profissão ou classe social. Por fim, encontram-se os grupos que constituem a multidão. Destaca-se o linchamento cometido pelo grupo de parentes e amigos das vitimas do linchado na região norte, que é menos urbanizada. E se fortalece o linchamento cometido pela multidão na região sudeste, extremamente urbanizada.�
Deve se considerar ainda, o aparente antagonismo gerado entre M.R., a vitima do linchado, e Ângelo, o linchado. M.R. era uma pessoa tida como comunicativo, simpático, um pouco tímido, mas que gostava de crianças e idosos. Já Ângelo era conhecido por natureza rude, agressiva, vingativa, e que já respondera por outros crimes, entre eles, de agressão e furto contra idosos, aí incluindo seus próprios pais. 
Trata-se de um antagonismo dramatúrgico, vez que o imaginário humano ao deparar com cenas dessa natureza se baseia em conceitos dramáticos para a obtenção do cenário real, o maniqueísmo entre o bem e o mal, o mocinho e o bandido, por exemplo. Fundamentando essa realidade dramatúrgica, destaca-se Goffman�, afirmando que o indivíduo vale-se de uma representação teatral para definir o modo em que se apresentará aos outros.
Cerqueira e Noronha afirmam que a mídia também exerce grande influência no desencadeamento de explosões sociais como o linchamento, pois a mídia ajuda na criação ou delimitação de conceitos para a massa social. A mídia ao relacionar violência e perigo aos pequenos crimes do cotidiano, aumenta a sensação de insegurança, bem como o ódio da população contra determinados grupos de criminosos, sentimento este que depois servirá de justificativa para a reação explosiva. �
Ângelo representa o bandido, já M.R. representa o mocinho, indefeso, formando esse cenário dramatúrgico, resta à sociedade atuar como julgadora, combatente do mal e aplicadora de penas à condenar Ângelo, fazendo-o pagar pelos seus erros, para que sirva de exemplo para a sociedade.
Por fim, elenca-se como fator motivacional do linchamento a falta de contingente policial, bem como a falta de aparelhagem necessária à prestação jurisdicional. Vez que o local onde funcionava a Delegacia em Rio Branco, nada mais era que uma casa que foi alugada para tal, sem nenhum tipo de guarnição específica, ou necessária a assegurar a integridade dos seus detentos. As portas e janelas eram de madeira, o que facilitou seu arrombamento por parte da população. O numero de policiais, segundo depoimento dos mesmos no processo, assegura que não passavam de 06 ou 07 servidores, e que a população enraivecida beirava a 500 pessoas, dentre elas homens, mulheres e crianças.
Assim, observa-se que pela falta de contingente policial, esse sentimento de insegurança por parte da população, induz o entendimento de que a estrutura estatal daquele município era deficitária, motivo que, aliado à sensação de insegurança, acendeu o estopim da população enraivecida. Nesse sentido preceitua Souza que “as sociedades lincham quando a estrutura do Estado é débil”.�
4.2 – Da Execução do Linchamento
No que concerne à execução do linchamento o mesmo apresenta certas características que o especificam. A primeira delas é a de que o crime deve ser cometido por uma multidão. Multidão esta que se revolta contra um individuo ou um menor grupo que rompera uma norma pré-estabelecida. Quanto a este aspecto pode se dizer que o crime dos 12 apóstolos se enquadra nos moldes do linchamento, vez que nas entrevistas e depoimentos colhidos os depoentes e entrevistados são unânimes em afirmar que fora uma multidão enfurecida que clamava por justiça quem cometera o linchamento contra Ângelo. Alguns chegam a estimar uma quantia entre 300 e 500 pessoas.
Sabido que o linchamento deve ser cometido por uma multidão, deve ser observar que então o linchamento é um crime cruel e covarde, como afirma o jurista Rômulo de Andrade Moreira�. A crueldade se faz presente no momento em se mata lentamente, atingindo o linchado com os mais variados instrumentos, arruinando-lhe paulatinamente os sinais vitais, fazendo com que o individuo sinta vagarosamente a dor e a morte.
No crime dos 12 apóstolos consubstancia-se a covardia no fato de que a multidão, na sede de obter vingança e justiça - palavras que em crimes de enorme comoção popular por vezes se confundem - armaram-se dos mais variados objetos, com o intuito único de punir Ângelo pelo crime atroz que cometera contra M.R. Com relação à lentidão no modo de execução é pertinente, pois dos depoimentos que instruem o processo 26/1998 deduz-se a estimativa de que o ato tenha durado por volta de 15 (quinze) minutos e que, pelo fato de toda a população estar revoltada, só não participou efetivamente aquele que não conseguiu chegar ao corpo do linchado antes do mesmo chegar a óbito.
Ratifica a lentidão do processo executório, o trecho de uma entrevista concedida por uma moradora local, que afirma:
Deus me livre, aí você vê, ele ficou latejando, gemendo, de longe você escutava o gemido dele, e ficou lá, e ninguém pode fazer nada, por que enquanto a policia, num sei se veio gente de fora, só sei que ele ficou muito tempo lá, e foram buscar os pais dele, mas os pais dele num vieram, mandou enterrar, ah se morreu manda enterrar. �
Para Moreira, a covardia se traduz no fato de que o linchamento se configura quando varias pessoas se reúnem e atacam um, dois ou no máximo três pessoas. Assim, numericamente falando, a parte atacada chance alguma tem de se livrar do grupo atacador. Fato que por si só deve servir de base para a qualificação do crime cometido por tais executores, que devem responder pelo crime de Homicídio Qualificado pela figura da torpeza e crueldade.
Art. 121 - Matar alguém: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
(...)
§ 2º - Se o homicídio é cometido:
(...)
II - por motivo fútil; 
(...)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
(...)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
A covardia se apresenta no fato de que a população sendo numericamente superior agiu conjuntamente, empregando em seu modo de justiçar o método da tortura, como se observa na entrevista de uma moradora local que presenciou parte do ocorrido:
A Delegacia era aqui perto, ali onde hoje é a casa da Verônica, ali do lado, enfrente a padaria, daí todo mundo tava falando que tinha prendido ele, daí num teve nem uma meia hora que ele foi preso ali, o pessoal invadiu ali, só que arrumaram uma gritaiada tão feia, tão feia, que aquilo ali parecia um zuadeiro assim, um zum zum zum de abelha assim, uma zuadeira, um trem feio. Foi na época do natal, me parece, eu estava até temperando uma leitoa aqui pra nós assar, aí aquele zuadeiro, aquele zuadeiro, corri ali e falei com a Dona Simira, Dona Simira a coisa ta feia, aí Dona Simira falou vamos lá ver, e nós fomos, quando cheguemos no povão ali, eles já tavam sentando o pau nele, daí eu voltei pra trás, num tive coragem, mas eu vi, só via sangue, daí voltei pra trás com a D. Simira.
Quando eu cheguei lá, ele já estava todo esbagaçado, com a cabeça toda moída, mas eu num cheguei perto não, fiquei numa distancia como daqui no Mazinho assim mais ou menos, que eu olhei e vi aquele sangueiro, na cara era sangue puro, e ripavam só na cabeça dele, a ripa era aquela balaustre, que tinha em volta da delegacia, eles foram só quebrando, aí eu falei mais D. Simira, vamos voltar. E eu passei mais de 5 meses sem passar nessa rua de medo, eu subia aqui e descia lá na frente, com medo da rua né. A delegacia era a mesma coisa que é ali a casa hoje, só que era cercada de balaustre�.
O trecho da entrevista é ratificado pelo laudo do Exame Necroscópico efetuado em Ângelo Soares de Lima, o qual apresenta como causa mortis traumatismo-craniano encefálico. Reitera o laudo que o corpo apresentava escoriações e hematomas difusos em todo o rosto e couro cabeludo.
Afirmam ainda os médico-legistas que Ângelo fora vítima de linchamento. � 
Para Canetti,� o linchamento é resultante de uma espécie de massa de perseguição. Onde a massa de perseguição se agrupa visando um resultado rapidamente. assim, basta a indicação de quem deve morrer para que a multidão se forme instantaneamente, vez que a concentração para matar é particular e nada consegue superá-la e afirma:
Cada qual quer participar dela, cada qual golpeia. Para poder acertar seu golpe, cada qual abre caminho até as proximidades imediatas da vítima. Se não pode golpear, quer ver como golpeiam os demais. Todos os braços saem como de uma e da mesma criatura.
 
Souza corrobora que o crime de linchamento em geral é um crime covarde, vez que nunca a população ataca o linchado com as mãos. Normalmente se estonteia a vitima, por meio de pedradas ou pauladas, depois se passa a mutilar os corpos, característica mais presente quando o linchado cometera crimes sexuais, Por fim queima-se o corpo, vivo ou morto. A cremação serve como uma espécie de expurgo daquele mal. É sabido ainda que nos casos de linchamento a própria população estabelece uma gradação na pena a ser aplicada, como se quisessem racionalizar um ato irracional.�
4.3 – Do Processo Judicial
Dentre à multidão que participou do linchamento, foram indiciados somente doze pessoas, são elas, João Batista Neto, Adilson Batista da Silveira, Marquilon Almeida Pinheiro, Zenilson Clementino filho, Valdecy Felício da Conceição, Edson Ferreira Ribeiro, Genivaldo Pereira de Oliveira, José Miranda Filho, Lourivaldo Batista de Souza, Givaldo Sampaio de Menezes e Ademar Pereira da Silva, conforme consta na denuncia oferecida pelo Ministério Público, todos incursos nos crimes de Lesão Corporal atentados contra os policiais civis Ledy Ferreira e Arnaldo Xavier de Alcântara, e mais pela prática do crime de Homicídio em face de Ângelo Soares de Lima. �
Curiosamente, pelo fato das investigações policiais, indicarem e o próprio Ministério Público denunciar tão somente doze pessoas, quando, os depoimentos das testemunhas e denunciados revelam um numero de aproximadamente 500 pessoas, parte da população ironicamente, intitulou o processo Judicial de O Crime dos doze Apóstolos, vez que via que somente esses doze denunciados poderiam ser responsabilizados por um crime de praticamente toda a sociedade.
O Ministério Público consubstancia sua denuncia no fato de que todos os denunciados acima citados estiveram presentes no local do crime, como consta dos depoimentos prestados por eles, tanto na delegacia com em juízo, além do que muitos deles foram citados pelas testemunhas em seus depoimentos. Todavia, todos os indiciados alegam que compareceram no local somente a título de curiosidade.
Compulsando os autos, nos depoimentos dos Policiais Ledy Ferreira e Arnaldo Xavier de Alcântara, bem como nos laudos de fls. 12 e 13 evidencia-se que ao arrebatar o preso das mãos dos policiais, a população, ora representada por estes doze indivíduos, causara-lhes lesões corporais, pois esses tentaram impedir a entrada dos populares na delegacia. Com isso, o representante do Ministério Público infere que agindo dessa forma cometeram ainda o crime de lesão corporal, art. 129, caput do Código Penal:
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Nota-se ainda, que para realização do ato, a multidão depredou parte da delegacia, onde o réu confesso era mantido preso, aguardando traslado. Conforme consta do laudo pericial de levantamento de danos materiais causados na delegacia de Polícia Civil de Rio Branco�. Quanto ao fato da depredação do Estabelecimento Policial, José Arthur Rios� assevera que é comum em certos casos de linchamento que a própria polícia tenha sua delegacia depredada, todavia, a identificação dos autores é dificílima. 
Com relação a Ângelo, entende o representante do Ministério Público que os doze indiciados praticaram o crime de homicídio qualificado, vez que na pratica do mesmo, tornaram praticamente impossível a defesa do linchado, crime previsto no Código Penal Brasileiro, em seu art. 121, § 2°, IV (ultima parte):
Art. 121 - Matar alguém: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
(...)
§ 2º - Se o homicídio é cometido:
(...)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
(...)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Todavia, vale salientar que na sentença de pronuncia�, o magistrado, Dr. Leonardo de Campos Costa e Silva Pitaluga, não reconheceu o crime na sua natureza qualificada, eis que preferiu optar pelas causas de aumento de pena, constantes no art. 61, II, “i”, do CP:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
(...) 
II - ter o agente cometido o crime: 
(...) 
i - quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
Tem se firmado entendimento de que mera superioridade numérica de agressores não é suficiente para que se reconheça a natureza qualificada do crime de homicídio�, e mais, é necessário que a vítima seja pega desprevenida, o que não enquadra no caso, vez que a própria autoridade já previa o linchamento, tanto que entrou em contato com a delegacia de Cáceres, bem como os destacamentos das cidades vizinhas, a fim de angariar reforços, para recambiar o preso.
A defesa, por sua vez, alega a falta de provas para a pronuncia dos denunciados vez que, apesar de terem testemunhas alegando que os denunciados se fizeram presentes à data e local do crime, não se pode supor que tenham sido eles os comandantes, nem ao menos que participaram efetivamente do linchamento, vez que não se tinham provas de autoria, nem tampouco testemunhas que tivessem visto algum deles proferindo pedradas, socos, murros e pontapés contra Ângelo.
Alega ainda a defesa que o fato dos doze denunciados serem pessoas muito conhecidas no município, de famílias tradicionais, seus reconhecimentos perante a multidão se faziam mais facilitados. Fato comprovado pelas próprias entrevistas cedidas pelos moradores de Rio Branco, em que todas as respostas conduziam para que se formasse a caracterização dos denunciados como pessoas de bem, de família, idôneas, demonstrando a captação da representação social que a sociedade faz dessas pessoas e o estabelecimento de rótulos aos agentes pertencentes dessa sociedade.
Já Martins assevera que os linchadores não se dividem entre ricos ou pobres, vez que ocorrem linchamentos tantos em periferia, como em bairros de classe média. E no interior o predomínio é de classe média, não se obsta que ricos participem de atos dessa natureza. Todavia, Souza aduz que “quando a classe média lincha, a crueldade tende a ser maior, porque ela tem prazer no sofrimento da vítima. O pobre é igualmente radical, porém é mais ritual na execução do linchamento”. �
 Em sede de Tribunal do Júri, ocorrido em 02 de dezembro de 2009, o próprio membro do Ministério Público requereu a absolvição dos réus por insuficiência de provas, fato este que fora acatado pela Egrégia Turma Julgadora. Com isso, findou-se um processo que tramitou por dezessete anos, com a absolvição de todos os réus por insuficiência de provas. 
A absolvição por insuficiência de provas, em casos de linchamento é uma sentença previsível, haja vista que o problema probatório se inicia já na fase investigatória, quando não se encontra testemunhas oculares a fim de deporem tudo o que sabem, pois como leciona Souza, o linchamento é considerado um crime altruísta, ou seja, um crime de conotação social, um crime em favor da sociedade, em nome da qual o linchador age, linchador esse que se trata de um homem de bem e que não quer visibilidade.
Nesse sentido, Rios alega que a regra para o linchamento é a impunidade e mais, a própria polícia alega que é a solidariedade entre os linchadores o que dificulta as investigações, começando
pelas testemunhas, onde ninguém sabe de nada, ninguém viu nada. Assim, o linchamento desponta com uma “Justiça Popular”, vez que vem sendo empregado como forma de repressão ao crime, não se incidindo em suas motivações qualquer discriminação social ou racial.
Assim, presume-se que o linchamento se apresenta como forma de Justiça quando o Estado é débil, falho. No caso em questão observa-se essa falibilidade do estado, quando se vê a precariedade estrutural com a qual o escasso número de policiais se via obrigado a trabalhar. A delegacia não passava de uma casa comum, sem a segurança necessária para salvaguardar a integridade dos detentos nem dos próprios policiais. Como se observa no trecho de uma entrevista de uma moradora local:
A delegacia é aquela mesma casa que está ali, uma casa normal, a única coisa que foi mudado ali, é que eles colocaram uma porta de vidro grande agora, depois que passou a ser morada. Mas antigamente ela tinha porta de madeira, tinha repartição, é a mesma coisa por dentro.�
Nesse sentido, Martins� alega que o linchamento é uma forma de crítica popular as instituições estatais e á lei, que se expressa na forma de agrupamentos comunitários que realizam saques à delegacias para a retirada de presos com a finalidade de executá-los. Assim, tem-se que há uma disputa pelo corpo do preso. De um lado, tem-se a multidão reclamando a posse do corpo para si, para que juntamente com a família da vítima exerça a justiça popular e do outro, a policia e as instituições estatais, que reclamam o corpo para a aplicação da lei. Desta feita, toda vez que a policia se mostra ineficaz na proteção da integridade física do detento em sua custódia, tem-se a sobreposição da justiça popular à justiça mediada pelo estado, como se aquela comunidade fosse regida por um Estado paralelo.
4.4 O Olhar da Sociedade Rio-Branquense sobre o linchamento
Indiscutivelmente, a sociedade que vivencia uma explosão social como o linchamento sofre um trauma inesquecível. É como se após o feito, a sociedade estivesse estigmatizada, amargando e carregando para sempre em sua história esse fato do passado. Para traçar as conseqüências deixadas pelo linchamento na sociedade de Rio Branco, o presente estudo basear-se à nas entrevistas cedidas pelos seus moradores, bem como nas discriminações efetuadas por autores entendidos no assunto.
O primeiro sintoma a ser observado é se a pratica do linchamento alcançou seu objetivo precípuo, qual seja, o justiçamento ou punição para o crime cometido pelo linchado. Nesse aspecto, subdivide-se a população com relação ao objetivo da multidão em realizar o linchamento. Para alguns, o seu escopo era o de pura e simplesmente vingar a morte de M.R., nesse sentido transformando o termo justiça em vingança. Os defensores desse ponto de vista obtiveram êxito e conseguiram saciar sua sede de vingança, como se observa de trechos de entrevistas concedidas por moradores locais:
Muita gente se sentiu vingativo. Muita gente se sentiram satisfeitos, muitas pessoas que sentiam ódio pelo que aconteceu, se sentiam aflitos pelo que aconteceu, as pessoas se sentiram aliviados, até por que teve pais de família que disse: “amanha poderia ter sido o meu filho, que era também um adolescente como ele.�
Normal, eles acharam que tinham feito à justiça e que o rapaz tinha que ser morto daquela maneira, pra eles foi normal aquilo ali. O comentário era que justiça tinha sido feita. �
O fato é que se a intenção era a de punir, visando à manutenção da Ordem Pública, deve-se alegar a inutilidade da prática, vez que a multidão tão somente conseguiu com este ato se igualar aquele de quem desejava se expurgar. Assim temos cidadão rio-branqueses que reprovam o linchamento como forma de obtenção da justiça:
Bom, em relação ao ocorrido eu vejo que era desnecessário. Desnecessário o linchamento, e ao mesmo tempo percebo que o problema também não resolveu, por que o pai daquele que foi assassinado, continuou sem filho e também o pai daquele que foi linchado ficou sem o filho. Então, o linchamento, eu sinto que ele não resolve o problema e que a sociedade também não conseguiu linchando uma pessoa, ressuscitar aquele que ele tinha matado. Do ponto de vista religioso, do ponto de vista ético, as pessoas cometem isso, mas acabam punindo com outro crime que também precisa de punição de uma certa forma. Então, vendo o caso, eu analiso que não resolveu o problema, para aquele que bastava, tinha desejo de vingança, a vingança resolveu o problema. Mas a vingança não é satisfatória para a motivação existencial do ser humano. �
Olhando para a sociedade, a gente vê que ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém. Por que se alguém tira a vida de alguém, ele também acaba sendo cúmplice, ele também está matando. Então eu me sinto assim, em relação aquilo que ocorreu, era o povo querendo fazer justiça própria, quando que nós devemos deixar isso para a lei, existe lei pra isso. Então a gente vê que o coração do ser humano tem muita justiça própria. É a Lei de Talião né, quem com ferro fere, com ferro será ferido. O povo geralmente é assim por causa dos sentimentos, desses laços afetivos que podem acontecer isso. Mas eu vejo que isso foi um ocorrido triste. Até ouvi um comentário que a família do outro rapaz, o próprio rapaz não era bem quisto na cidade, eu não conheci, mas pelos comentários ele era de má-índole e quem é de má índole qual é a tendência da sociedade? Marginalizar ele. É ficar fora da sociedade. Então eu vejo assim que é um ocorrido que, geralmente entristece o nosso coração por que, ele teria o direito de pagar a pena dele na prisão. Não adianta a gente matar. Quem tem direito de matar ao outro? Ele não tinha direito de matar a criança, mas fez. Mas aquele que também matou ele se tornou um assassino também. E como é que fica a consciência dessa pessoa. Então o nosso coração, a gente se sente assim, de uma forma triste, por que a gente ta sempre vendo o homem querendo fazer justiça própria. Isso é o que eu posso dizer pra você. �
Com relação à inutilidade da prática do linchamento assevera Moreira que se trata de uma atividade inútil por que só aparentemente soluciona o problema. Não se é matando um delinqüente que se acaba com a criminalidade.
Quanto à análise comportamental da sociedade, pode-se notar, em conversas extra-oficiais, que boa parte dos entrevistados, sente que o linchamento fora um ato isolado, mas que de certa forma coibiu novos crimes da natureza dos de Ângelo. Todavia apesar de se mostrarem complacentes com o justiçamento popular ao comentarem oficialmente o assunto, o condenam veementemente, alegando inclusive a inutilidade de sua prática.
Essa contradição com relação ao posicionamento se deve a outra conseqüência do ato popular, qual seja a má visão que se tem da sociedade que pratica o linchamento e isso se dá por que apesar de freqüente nas sociedades, o linchamento é um fenômeno social pouco estudado e a grande maioria dos sociólogos acabam por infligir a esse fenômeno uma natureza de ato irracional, inumano, bárbaro.
O medo da rotulação, e aqui, vale ressaltar, certo contra-senso dessa sociedade, vez que a mesma rotulou o linchado por ter cometido a conduta desviante, e agora essa mesma sociedade se preocupa em ser rotulada de bárbara e irracional. Para escapar de tal rotulação por vezes, cria-se um mecanismo de defesa que se baseia na apresentação de justificativas para racionalizar o ato irracional.
Nesse sentido temos as considerações de um morador local�sobre o ocorrido, “alguns falavam que tinham feito justiça, e ao mesmo tempo uns falando para os outros que num era certo, mas o comentário num foi nada bom” e que “com certeza isso marcou, pois tudo que acontecia perante a sociedade, se pegavam um malandro ou pegavam um bandido, então os comentários não são nada bons”. Coaduna outro morador local, “isso marcou a sociedade né... foi esquisito e fica com uma fama ruim”. �
5. Considerações Finais
Ao analisar um crime
de linchamento, buscando conceituá-lo, apresentar os motivos desencadeadores, o modo de execução e as conseqüências desse ato, encontrou-se muita dificuldade, por não haver obras disponíveis sobre tal tema. Um fenômeno social tão freqüente e tão pouco estudado.
É perceptível o choque que se da nos demais, quando é proposto um estudo desse tipo de ação coletiva, pois a sociedade ainda vive mergulhada na teoria da rotulação, e mesmo tendo vivenciado o fato, não quer ser rotulada como uma sociedade linchadora. Assim, o simples fato de se tentar entender as causas originárias de tal ação social, torna-se uma forma de ofensa para a sociedade que vivenciou o linchamento. Mesmo quando a finalidade do estudo seja a de humanizar um ato que por muitos estudiosos é percebido como inumano.
O Crime dos 12 Apóstolos se trata de um típico caso de linchamento, pois os elementos básicos do mesmo se fazem presentes. O primeiro fator fora o fato de o crime ser cometido por uma multidão, a qual se reuniu sem premeditação. Também se deve aduzir que o cometimento se deu por motivo de vingança, pois a sociedade rio-branquense enfureceu-se com a prática de um crime de latrocínio cometido por Ângelo contra um menor. Que no modo executório do linchamento fizeram se presentes a crueldade, pelo modo agressivo com que o linchado fora arrebatado e a covardia, haja vista, o numero desigual entre agressores e agredido. 
Além do preenchimento formal e procedimental do linchamento, fatores externos serviram de alavanca para o resultado punitivo da ação coletiva, como a falta de contingente policial, bem como a de aparelhagem necessária para a manutenção da Ordem Pública, o que de fato gerou uma intensificação da sensação de insegurança que já vinha sendo sentida após o cometimento de um crime bárbaro como um latrocínio exercido contra um menor, de apenas quatorze anos.
Diante do forte sentimento de insegurança que pairava sob os moradores, haja vista certo conflito existente entre a expectativa popular e o funcionamento das instituições da justiça aguçou-se a necessidade diminuir tal sentimento, de que forma, fazendo-se justiça, ainda que popularmente, como modo expurgo da impunidade. Nasce desse desejo de manutenção da Ordem Pública, efetivada pelos próprios moradores, o que Michel Foucault denomina Justiça Popular, onde inexiste a terceira parte, que se quedaria neutra, imparcial. Nesse modo de justiça, as decisões são provenientes da experiência popular, geralmente orientados por valores de justiça, honra e vingança, porem, sem nenhuma intervenção estatal e sem o regramento geral algum, tornando cada caso uma experiência nova.
Contudo, no caso analisado neste trabalho, não se pode dizer que se trata de uma justiça paraestatal, por que os moradores se valem de preceitos legais instituídos pelo ordenamento jurídico para determinar a conduta desviante à qual se enquadrou o linchado. Vale ressaltar a unicidade do fato e o choque causado na sociedade aposteori o cometimento do linchamento.
A analise do crime dos 12 apóstolos revela também a forte influência que há das teorias da Rotulação e de Representação Social, vez que a sociedade estudada, vale-se da percepção que o todo tem de determinado individuo, para enquadrá-lo numa conduta normal ou desviante. Todavia, essa rotulação se faz visível, na medida em que se percebe que as demais pessoas que presenciaram o linchamento, mas que não agiram ativamente na consumação do crime, não se julgam co-participes da ação coletiva. Todavia, muitos daqueles que não agrediram diretamente o linchado, incitaram os demais a fazê-lo, participando, assim, do mesmo modo.
Percebe-se a conivência dos demais moradores com aqueles que foram indiciados pela prática do linchamento, vez que os dozes indiciados foram percebidos pelos demais como meros representantes da vontade geral. Assim, estaria dentro de uma conduta normal como coaduna Comte, ou seja, uma conduta aceita pela sociedade naquele momento, já que os linchadores agiram de acordo com a vontade da maioria.
O sentimento presente na sociedade é um sentimento dividido, mas o desejo final é único. Para alguns a ocorrência do linchamento fora providencial, pois com a sua execução conteve-se a criminalidade na cidade de Rio Branco e nunca mais se necessitou que outros linchamentos ocorressem. Também esta parcela da sociedade, esperava de uma resposta mais implacável no combate a criminalidade por parte das instituições estatais e sente-se satisfeita com o resultado, alegam de forma consensual, que os dozes não deveriam ser condenados, pois agiram na defesa do interesse de toda uma sociedade.
Por outro lado existe uma notória parcela da sociedade que condena a atuação linchamentista, porém não desejam a condenação dos indiciados, haja vista alegação de justificativa de que reagiram explosivamente, mas fora resultado de uma explosão social, momentânea, tanto que não ocorreu novos caso após este calamitoso evento. 
Captura-se desses sentimentos divididos que apesar de manterem pontos de vista diversos com relação à ocorrência do linchamento, a sociedade em geral ansiava pela absolvição dos indiciados, haja vista, a justificativa humana para o seu cometimento, qual seja, a revolta com a barbárie cometida pelo linchado. 
A absolvição dos indiciados era um evento esperado por todos, antes mesmo deles serem levados ao tribunal do júri, pois a investigação policial mostrou-se falha na medida em que não produziu nenhuma prova da real participação dos indiciados na revolta social. Todos eles alegaram que apenas estiveram no local dos fatos a título de curiosidade e mais, que por serem pessoas muito conhecidas foram facilmente reconhecidos.
Mas ao estarem no local mesmo que a título de curiosidade, ao presenciarem a execução do linchamento e quedarem-se inertes à explosão social, ainda que de modo omisso, não participaram da ação social? O fato é que mesmo se tivessem ativamente participado do crime, por certo seriam absolvidos, haja vista que, se foram indiciados por representarem à sociedade naquele ato. A própria sociedade por eles representada não os poderia condenar.
O interessante é que em meio a mais de quinhentas pessoas nenhuma testemunha foi capaz de avistar ao menos uma pessoa que tenha de fato desferido um golpe sequer contra o linchado, mais um fator que demonstra a conivência da sociedade com os indiciados. O mais interessante é que nem mesmo os policiais que sofreram lesões corporais por parte dos linchadores conseguiram reconhecer sequer um deles. Perante tanta debilidade investigatória não coube outra opção ao representante do Ministério Público, senão o pedido de absolvição por insuficiência de provas contra os indiciados, pelo menos para que se pusesse fim a um processo que já tramitara a dezessete anos nessa comarca.
A defesa por sua vez, nos debates, optou por formular uma tese fora dos parâmetros jurídicos, optando pela negativa de autoria não formal, em vista de que para o crime cometido não há capitulação específica. Todavia, não se fez necessária um maior aprofundamento da tese escolhida, em razão da antecipada pugnação do Ministério Público pela absolvição dos acusados.
Contudo, aqui se frisa a necessidade de punição para os linchadores, pois ao cometer o linchamento, mesmo que apenas exercendo a vontade de toda uma sociedade, acabam por infringir uma norma maior e exigível a todos, e mais, acabam por se igualar àquele que tentam combater e mais, que essa absolvição não pode servir de indução ao cometimento de novos linchamentos.
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� Martins, Brasil o Pais dos linchamentos. Op. Cit.
� Processo Criminal registrado sob número 26/1998 e Código Identificador de número 1109 que tramitou na Vara Única da Comarca de Rio Branco-MT.
� Nessa pesquisa, identificado somente pelas iniciais M.R.
� O título da pesquisa em “O crime dos 12 apóstolos” deve-se à quantidade de pessoas linchadoras identificadas na prática do fenômeno. Apóstolos foram os cristãos enunciadores da boa nova de libertação dos flagelados cometidos pelos romanos. Jesus Cristo libertará de toda opressão sofrida pela população. Foram eles os iluminadores de um novo padrão moral de sociabilidade. Nesta investigação os linchadores identificados são os apóstolos por apresentarem a defesa de um padrão moral contra atos bárbaros realizados por Ângelo na cidade de Rio Branco. Não significa isso que os apóstolos de Jesus Cristos autorizavam tal prática, muito menos que a investigação defende tal ato fundado na moralidade.
� Depoimento prestado pelo policial civil Velino Efigênio dos Santos acostados às fls. 20/21 do processo N°.26/1998. A grafia das citações de depoimentos foi mantida conforme original.
� Depoimento prestado pelo policial civil Ledy Ferreira acostado às fls. 22 do processo N° 26/1998.
� Depoimento

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