Buscar

ALTAS HABILIDADES SUPERDOTAÇÃO(1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
ALTAS HABILIDADES - 
SUPERDOTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
2 
 
Para o Conselho Nacional de Educação os portadores de superdotação 
são: 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais 
especiais os que durante o processo educacional apresentarem: (..) 
III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de 
aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, 
procedimentos e atitudes. (..) 
Art. 8o As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na 
organização de suas classes comuns: (..) 
IX – Atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas 
habilidades/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de 
aspectos curriculares, mediante desafios suplementares nas classes 
comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos 
sistemas de ensino, inclusive para conclusão, em menor tempo, da 
série ou etapa escolar, nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96. 
(..) 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Segundo o Conselho Brasileiro para Superdotação – ConBraSD, 
 
O superdotado/talentoso/portador de altas habilidades é aquele 
indivíduo que, quando comparado à população geral, apresenta uma 
habilidade significativamente superior em alguma área do 
conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas: 
• Acadêmica: tira boas notas em algumas matérias na escola – não 
necessariamente em todas – tem facilidade com as abstrações, 
compreensão rápida das coisas, demonstra facilidade em memorizar 
etc. 
• Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com ideias, tem 
respostas bem humoradas e diferentes do usual. 
• Liderança: é cooperativo, gosta de liderar os que estão a seu redor, 
é sociável e prefere não estar só. 
• Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e 
humores através da arte, dança, teatro ou música. 
• Psicomotora: Habilidade em esportes e atividades que requeiram o 
uso do corpo ou parte dele; boa coordenação psicomotora. 
• Motivação: torna-se totalmente envolvido pela atividade do seu 
interesse, resiste à interrupção, facilmente se chateia com tarefas de 
rotina, se esforça para atingir a perfeição, e necessita pequena 
motivação externa para completar um trabalho percebido como 
estimulante. 
 
 
Para o ConBraSD, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a 
genialidade são gradações de um mesmo fenômeno estudado há décadas em 
diversos países. Assim, para o Conselho, 
 
 
4 
 
• Precoce é a criança que apresenta alguma habilidade específica 
prematuramente desenvolvida em qualquer área do conhecimento, seja na 
música, na matemática, na linguagem ou na leitura. 
• “Criança prodígio” é o termo usado para sugerir algo extremo, raro e único, 
fora do curso normal da natureza. Um exemplo seria Wolfgang Amadeus Mozart, 
que começou a tocar piano aos três anos de idade. Aos quatro anos, sem 
orientação formal, já aprendia 
peças com rapidez e aos sete, 
já compunha regularmente e se 
apresentava nos principais 
salões da Europa. 
• Mozart, assim como Einstein, 
Gandhi, Freud e Portinari, entre 
outros mestres, são exemplos 
de gênios, termo reservado para aqueles que deram contribuições 
extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até entre os 
extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história. 
As pessoas citadas tenham sido elas precoces, prodígios ou gênios, 
podem então ser ditos “portadoras de altas habilidades” ou superdotadas. 
Joseph Renzulli, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre o 
Superdotado e Talentoso, da Universidade de Connecticut, Estados Unidos, em 
seu Modelo dos Três Anéis, considera que os comportamentos de superdotação 
resultam de três conjuntos de traços: 
 
 
5 
 
a) habilidade acima da média em alguma área do conhecimento (não 
necessariamente muito superior à média); 
b) envolvimento com a tarefa (implica motivação, vontade de realizar uma 
tarefa, perseverança e concentração); e 
c) criatividade (capacidade de pensar em algo diferente, ver novos significados 
e implicações, retirar ideias de um contexto e usá-las em outro). 
Renzulli entende a superdotação como condição ou comportamento 
que pode ser desenvolvido em algumas pessoas (aquelas que apresentam 
alguma habilidade superior à média da população), em certas ocasiões (e não 
continuamente, uma vez que é possível se evidenciar comportamentos de 
superdotação na infância, mas não na idade adulta, ou apenas em alguma série 
escolar ou em um momento da vida) e sob certas circunstâncias (e não em 
todas as circunstâncias 
da vida de uma pessoa) 
[Renzulli & Reis, 1997]. 
Esta diferenciação é 
importante, pois ao 
considerar a 
superdotação como um 
comportamento a ser desenvolvido, o autor desloca a discussão, esvaziando a 
tendência, muitas vezes estéril, de se rotular uma criança como superdotada. 
Ele enfoca a necessidade de que sejam oferecidas oportunidades educacionais 
variadas aos alunos em geral, para que um número maior de crianças tenha a 
oportunidade de se desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação. 
 
 
6 
 
Segue-se, então, que tais comportamentos podem ser desenvolvidos em 
pessoas que não são, necessariamente, as que tiram as melhores notas ou 
apresentam maiores resultados em testes de QI. 
 
As crianças superdotadas, também definidas como portadoras de altas 
habilidades (PAH) ou talentos, constituem um segmento do grupo 
maior de crianças que, por serem detentores de traços individuais 
específicos, são definidos como portadores de necessidades 
(educacionais) especiais (MAIA, 2004, P. 24) 
 
 
 
Uma educação 
democrática deve levar 
em consideração as 
diferenças individuais e, 
portanto, oferecer 
oportunidades de 
aprendizagem 
conforme as 
habilidades, interesses, estilos de aprendizagem e potencialidades dos alunos. 
Nesse sentido, alunos com altas habilidades/superdotados merecem ter acesso 
a práticas educacionais que atendam às suas necessidades, possibilitando um 
melhor desenvolvimento de suas habilidades. Segundo Renzulli (1986, P. 05), o 
propósito da educação dos indivíduos superdotados é “fornecer aos jovens 
 
 
7 
 
oportunidades máximas de auto realização por meio do desenvolvimento e 
expressão de uma ou mais áreas de desempenho onde o potencial superior 
esteja presente”. 
Tanto as legislações nacionais quanto a bases normativas referentes aos 
direitos das pessoas com altas habilidades/superdotadas são escassas. Este 
segmento social, quando considerado na legislação, via de regra o é como se 
subconjunto fosse do segmento maior das ‘pessoas com deficiência’, não 
obstante a evidente impropriedade. Entre as várias consequências deste fato, 
está o tratamento legal muito mais detalhado e específico das deficiências e a 
ligeireza, falta de atenção ou, na maior parte dos casos, a desconsideração pura 
e simples dos aspectos especificamente concernentes aos alunos talentosos ou 
portadores de altas habilidades. 
Várias são as razões para justificar a necessidade de uma atenção 
diferenciada ao superdotado. Uma delas é por ser o potencial superior um dos 
recursos naturais mais preciosos, responsável pelas contribuições mais 
significativas ao desenvolvimento de uma civilização. 
Com relação a esse aspecto, Sternberg & Davidson (1986) lembram, por 
exemplo, que, quando se volta à História e se buscam os pilares das grandes 
civilizações, invariavelmente as contribuições artísticas, filosóficas e científicas,frutos da inteligência, talento e criatividade de alguns indivíduos ou grupos de 
indivíduos, são apontadas ou enaltecidas. Com relação à educação infantil, 
sabe-se que o período que antecede a educação fundamental é da maior 
importância para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial. Nesse período, as 
influências do ambiente desempenham um papel fundamental para o 
 
 
8 
 
desenvolvimento do potencial de cada criança. Propiciar condições que 
permitam a ela expressar seus interesses e desenvolver possíveis talentos 
deveria ser o ponto de partida de uma educação diferenciada. 
Observa-se, entretanto, que poucas são as oportunidades educacionais 
oferecidas ao aluno com altas habilidades/superdotado para desenvolver de 
forma mais plena as suas 
habilidades. Uma possível 
explicação para este cenário são 
os vários mitos sobre o 
superdotado, frequentes em nossa 
sociedade, que constituem entrave 
à provisão de condições favoráveis 
à sua educação. Predomina, por 
exemplo, a ideia de que esse indivíduo tem recursos suficientes para 
desenvolver suas habilidades por si só, não sendo necessária a intervenção do 
ambiente. No entanto, é preciso salientar e divulgar entre educadores que o 
aluno com altas habilidades/superdotado necessita de uma variedade de 
experiências de aprendizagem enriquecedoras, que estimulem seu potencial. 
Outro mito é a de que essa criança apresenta necessariamente um bom 
rendimento escolar. Porém, o que se tem observado é que indivíduos 
superdotados podem apresentar um rendimento aquém de seu potencial, 
revelando uma discrepância entre seu potencial e seu desempenho real 
(ALENCAR & FLEITH, 2001; ALENCAR & VIRGOLIM, 1999). 
 
 
9 
 
Muitas vezes, o aluno com altas habilidades/superdotado 
pode ficar desmotivado com as atividades implementadas em 
sala de aula, com o currículo ou métodos de ensino utilizados 
(especialmente a excessiva repetição do conteúdo, aulas 
monótonas e pouco estimuladoras, e ritmo mais lento da 
classe). 
Acredita-se, ainda, que superdotação é um fenômeno raro e que são 
poucas as crianças e jovens de nossas escolas que poderiam ser considerados 
superdotados. O que pode ser salientado é que se realmente as condições forem 
inadequadas, dificilmente o indivíduo com um potencial maior terá condições de 
desenvolvê-lo. Assim, da mesma forma que uma boa semente necessita de 
condições adequadas de solo, luz e umidade para desenvolver-se, também o 
aluno com altas habilidades/superdotado necessita de um ambiente adequado 
estimulador e rico em experiências. Observa-se, também, uma tendência no 
sentido de se acreditar que os superdotados estariam concentrados em apenas 
uma parcela da população, que seria entre indivíduos do sexo masculino, de 
nível socioeconômico médio. De modo geral, tanto a mulher como o indivíduo 
proveniente de um meio pobre que apresentem uma habilidade ou um talento 
 
 
10 
 
especial tendem não apenas a passar despercebidos, mas também a sofrer uma 
pressão no sentido de um desempenho mais baixo (ALENCAR & FLEITH, 2001). 
Superdotação tem sido, ainda, vista, erroneamente, como genialidade. 
Esses termos, entretanto, não são sinônimos. O gênio seria aquele indivíduo 
reconhecido por ter dado uma contribuição original e de grande valor para a 
sociedade (por exemplo, Einstein, Darwin, Picasso). 
No âmbito das políticas 
educacionais, inicialmente, as 
diretrizes básicas da Secretaria de 
Educação Especial do Ministério da 
Educação e do Desporto (BRASIL, 
1995) consideravam superdotados 
(ou portadores de altas habilidades) aqueles alunos que apresentavam notável 
desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, 
isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica ou 
específica (por exemplo, aptidão matemática), pensamento criativo e produtivo, 
capacidade de liderança, talento para artes visuais, artes dramáticas e música e 
capacidade psicomotora. 
Atualmente, segundo o artigo 5º, parágrafo III, da Resolução CNE/CEB Nº 
2, de 2001, que instituiu as Diretrizes nacionais para a educação especial na 
educação básica (BRASIL 2001D), educandos com altas 
habilidades/superdotação são aqueles que apresentam grande facilidade de 
aprendizagem, levando-os a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e 
atitudes. 
 
 
11 
 
Como consequência, estes alunos apresentam condições de aprofundar 
e enriquecer conteúdos escolares. Considerando as políticas educacionais 
inclusivas, o aluno deve ser cada vez mais atendido em seus interesses, 
necessidades e potencialidades, cabendo à escola ousar, rever suas 
concepções e paradigmas educacionais, lidando com as evidências que o 
desenvolvimento humano oferece. 
Uma criança pré-escolar que apresente um desenvolvimento cognitivo, 
socioafetivo e/ou psicomotor diferenciado e avançado para a idade não pode ser 
desconsiderada e/ou 
desqualificada no âmbito escolar. 
Nesse sentido, é importante 
atender os alunos de altas 
habilidades/superdotados, 
considerando seu 
desenvolvimento real, evitando 
contemplar níveis de desenvolvimento padronizados, conforme os apresentados 
em escalas de desenvolvimento. 
Cabe, portanto, à escola definir no projeto pedagógico seu 
compromisso com uma educação de qualidade para todos seus 
alunos, inclusive o de altas habilidades/superdotados, 
respeitando e valorizando essa diversidade, e definindo sua 
responsabilidade na criação de novos espaços inclusivos. 
 
 
12 
 
Além disso, é na educação infantil que se aponta para a possibilidade de 
realização de novas interações sociais por meio dos reagrupamentos escolares, 
conforme preconizam os artigos 23 e 24 da nova LDBEN e que buscam, em 
última instância, não que o aluno se molde ou se adapte à escola, mas que a 
escola se coloque à disposição do aluno, como um espaço inclusivo. 
Na educação infantil se inicia a construção de um processo escolar que 
poderá ser concluído em menor tempo quanto à série em que o aluno esteja 
cursando, etapa escolar em que o aluno esteja inserido ou mesmo em relação a 
toda a sua escolarização. Dessa forma, é fundamental oferecer desafios 
suplementares aos alunos de altas habilidades/superdotados. 
Para isso é importante a definição de um projeto pedagógico que inclua a 
modalidade de ensino educação especial no cotidiano escolar, oferecendo aos 
alunos de altas habilidades/superdotados alternativas motivadoras e criativas de 
aprendizagem que possam garantir o seu sucesso escolar. É importante 
ressaltar que crianças superdotadas em idade pré-escolar constituem um grupo 
heterogêneo em termos de interesses, níveis de habilidades, desenvolvimento 
emocional, social e físico (CLINE & SCHWARTZ, 1999). 
Nesse sentido, podemos nos deparar com uma criança avançada do 
ponto de vista intelectual, mas imatura 
emocionalmente. O professor deve 
estar atento a essa possível falta de 
sincronia entre desenvolvimento 
intelectual e afetivo ou físico. Por 
exemplo, uma criança superdotada pode apresentar leitura precoce, porém ter 
 
 
13 
 
dificuldade em manipular um lápis, pois suas habilidades motoras não estão 
totalmente desenvolvidas. Além disso, a habilidade superior demonstrada por 
essa criança pode ser resultado de uma estimulação intensa por parte das 
pessoas significativas de seu ambiente. Ao atingir a idade escolar, o 
desenvolvimento dessa criança pode se normalizar e ela passar a apresentar um 
desempenho semelhante aos alunos de sua idade. Por isso, nem sempre uma 
criança precoce poderá ser caracterizada como superdotada. É essencial, 
portanto, acompanhar o desempenho dessa criança,registrando habilidades e interesses demonstrados ao longo 
dos primeiros anos de escolarização, oferecendo várias 
oportunidades estimuladoras e enriquecedoras ao seu 
potencial. 
Dentre as características mais comumente encontradas em crianças 
superdotadas em idade pré-escolar destacam-se (CLINE & SCHWARTZ, 1999; 
LEWIS & LOUIS, 1991): 
• Alto grau de curiosidade 
• Boa memória 
• Atenção concentrada 
• Persistência 
• Independência e autonomia 
• Interesse por áreas e tópicos diversos 
• Aprendizagem rápida 
• Criatividade e imaginação 
 
 
14 
 
• Iniciativa 
• Liderança 
• Vocabulário avançado para a sua idade cronológica 
• Riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de ideias) 
• Habilidade para considerar pontos de vistas de outras pessoas 
• Facilidade de interagir com crianças mais velhas ou com adultos 
• Habilidade para lidar com ideias abstratas 
• Habilidade para perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista 
• Interesse por livros e outras fontes de conhecimento 
• Alto nível de energia 
• Preferência por situações/objetos novos 
• Senso de humor 
• Originalidade para resolver problemas 
Crianças com altas habilidades/superdotadas em idade pré-escolar 
devem vivenciar diversas situações de aprendizagem de forma a desenvolver 
suas habilidades e talentos. Isso significa implementar atividades que envolvam 
o pensamento criativo (produção de muitas ideias originais e variadas) e crítico, 
e que levem a criança a fazer conexões entre ideias, resolver problemas e 
levantar questionamentos. É importante, ainda, proporcionar à criança 
oportunidades para explorar mais amplamente um tema de seu interesse. Sob 
uma perspectiva efetiva, espera-se que a criança com altas 
habilidades/superdotada desenvolva suas habilidades interpessoais e de 
comunicação, autonomia, iniciativa, um autoconceito positivo, e uma 
compreensão do outro e seu ponto de vista. 
 
 
15 
 
Embora estejamos 
cônscios dos recursos 
limitados em muitas escolas, 
em termos ideais um 
ambiente estimulador deve 
incluir material de consulta 
diversificado impresso ou eletrônico (por exemplo, livros, revistas, jornais, 
enciclopédias, dicionário, programas de computador), materiais para 
manipulação e exploração (brinquedos, bolas, blocos e jogos pedagógicos, 
objetos com sons e formatos diferentes, lupas e lentes de aumento), 
equipamentos (vídeo, globo terrestre, aparelho de som e, se possível, 
computador). Além disso, seria altamente desejável que o aluno tivesse 
oportunidade de conhecer e frequentar bibliotecas, de participar de atividades 
(na escola ou em outros locais da comunidade), conforme seu interesse e área 
de habilidade. Na área artística, materiais de consumo como tintas, lápis, pincéis, 
canetas, massinha, argila, telas, bem como instrumentos musicais (flauta, por 
exemplo) devem, também, ser disponibilizados aos alunos. 
É relevante ressaltar a 
necessidade não apenas de 
recursos materiais, como 
também de recursos humanos 
diversos (por exemplo, 
bibliotecário, professores bem 
 
 
16 
 
qualificados de música, educação física, educação artística etc.). 
Um projeto pedagógico inclusivo para alunos de altas 
habilidades na pré-escola não pode deixar de considerar as 
atividades que favoreçam o saber-aprender, o saber-fazer e o 
saber ser, favorecendo aprendizagens para toda a vida. Seeley 
(1998) sugere o desenvolvimento de atividades que envolvam o 
uso da linguagem, a representação de experiências e ideias, o 
raciocínio lógico e criativo, a compreensão de tempo e espaço e 
uma aprendizagem ativa por parte do aluno com altas 
habilidades/superdotado. Exemplos de atividades são: 
• Descrição de objetos, eventos e relações 
• Conversa com colegas acerca de experiências importantes 
• Expressão de sentimentos em palavras 
• Ouvir e criar ou completar histórias 
• Ouvir, criar ou recriar canções 
• Imitações ou criações de sons 
• Sonorizar poemas (por meio de sons do corpo, objetos ou instrumentos 
musicais) 
• Dramatizações 
• Reconhecimento de objetos pelo som, cheiro e formato 
• Identificação de diferenças e semelhanças entre objetos 
• Descrição de objetos de várias maneiras 
• Comparação de tamanho, peso, texturas, comprimento etc. 
 
 
17 
 
• Observação de objetos sob diferentes perspectivas 
• Representação de seu corpo 
• Descrição de relações espaciais presentes em desenhos e figuras. 
Alencar & Fleith (2001) sugerem outras atividades a serem 
implementadas com alunos superdotados: 
• Atividades que levem o aluno a produzir muitas ideias 
• Atividades que levem o aluno a brincar 
com ideias, situações e objetos (ex.: 
brincadeiras de faz-de-conta: casinha, 
supermercado etc.) 
• Atividades que envolvam análise 
crítica de um acontecimento 
• Atividades que estimulem o aluno a 
levantar questões 
• Atividades que levem o aluno gerar múltiplas hipóteses 
• Atividades que desenvolvam no aluno a habilidade de explorar consequências 
para acontecimentos que poderão ocorrer no futuro 
• Atividades que envolvam a discussão de problemas do mundo real 
• Atividades que estimulem o aluno a definir e solucionar problemas 
• Atividades de pesquisa sobre tópicos do interesse do aluno 
• Atividades que estimulem a imaginação dos alunos 
• Atividades que possibilitem ao aluno explorar e conhecer diferentes áreas do 
Conhecimento. 
 
 
18 
 
A avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais 
especiais em idade pré-escolar deve ser orientada por dois propósitos principais: 
a identificação das necessidades educacionais especiais e a tomada de decisão 
quanto ao atendimento que esses alunos devem receber, conforme previsto na 
nova legislação. Dada a diversidade de estilos de aprendizagem, estilos de 
expressão e habilidades dos alunos superdotados, múltiplas formas de avaliação 
da aprendizagem devem ser consideradas, visando não somente assegurar 
respostas educativas de qualidade, mas, também, a tomada de decisões quanto 
ao atendimento de que a criança pré-escolar necessita no âmbito da escola, nas 
modalidades de apoio, complemento ou suplemento escolar, garantindo a 
educação e o desenvolvimento das potencialidades desses educandos. 
Além disso, em situações de desenvolvimento dessincronizado na pré-
escola (por exemplo, desenvolvimento intelectual mais avançado do que o 
emocional), um cuidadoso e exaustivo trabalho de avaliação escolar deve ser 
realizado a fim de fundamentar decisões tomadas como a de aceleração de 
estudos de alunos autodidatas ou que apresentem ritmos de aprendizagem 
acelerados em uma ou várias áreas de aprendizagem escolar. 
 
 
19 
 
Além das alternativas tradicionais de avaliação, outras poderão ser 
utilizadas como, por exemplo, auto avaliação, relatório de atividades e avaliação 
de produtos elaborados pelos alunos. A 
estratégia ideal de avaliação é aquela em 
que o progresso do aluno é ressaltado. Isso 
possibilita ao aluno desenvolver um senso 
de realização acadêmica e, 
consequentemente, levá-lo a se sentir 
intrinsecamente motivado em relação ao 
seu processo de aprendizagem 
(FELDHUSEN, 1994). 
É importante, ainda, que o professor incentive múltiplas 
formas de produto final. Ou seja, o aluno pode demonstrar sua 
proficiência por meio de um produto escrito (história, poesia, 
carta etc.), oral (dramatização, música, contar histórias etc.), 
visual (desenho, colagem, mural etc.) e/ou concreto (móbile, 
máscara, brinquedos, jogos etc.), de forma a contemplar os 
diferentes estilos de expressão dos alunos. Toda informação 
sobre o aluno (porexemplo, trabalhos de classe e extraclasse, 
outras produções do aluno, áreas/atividades de interesse) deve 
ser documentada e guardada em um portfólio, ou seja, em uma 
pasta para cada aluno, com sua produção, de forma que as 
 
 
20 
 
habilidades, interesses, estilos de aprendizagem e expressão do 
aluno superdotado sejam ressaltados e o professor possa, 
portanto, conhecê-lo melhor e estruturar a aula visando atender 
às suas necessidades educacionais (PURCELL & RENZULLI, 
1998). 
Pensar a construção da educação inclusiva de alunos de altas 
habilidades/superdotados na pré-escola envolve superar desafios que vão desde 
a organização dos sistemas de ensino, passando pela escola e pela família, 
garantindo condições escolares de qualidade que favoreçam a formação de 
cidadãos brasileiros que poderão, definitivamente, contribuir para a construção 
de uma sociedade verdadeiramente democrática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALENCAR & VIRGOLIM, A.M.R. Dificuldades emocionais e sociais do 
superdotado. In: F.P.N. Sobrinho & A.C.B. Cunha (Orgs.) Dos problemas 
disciplinares aos distúrbios de conduta (pp. 89-114). Rio de Janeiro: Dunya, 
1999. 
 
ALENCAR, E.M.L.S. & FLEITH, D.S. Superdotação: determinantes, educação 
e ajustamento. São Paulo: EPU, 2001. 
 
 
22 
 
 
ALENCAR, E.M.L.S. Como desenvolver o potencial criador. Petrópolis: 
Vozes. 1991. 
 
BOBBIO, Noberte. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 
 
BRASIL. Casa Civil. Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. Lei nº 
8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília: CC, 1990. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 17 jul. 2010. 
 
BRASIL. Casa Civil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: CC, 1996. Disponivel em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 12 maio 
2010. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 
de outubro de 1988. 42. ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
BRASIL. Constituição: república federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 
1988. 
 
BRASIL. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora com 
Deficiência. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades 
Educativas Especiais. Brasília, Corde, 1994. 
 
 
 
23 
 
BRASIL. Decreto nº 6571. Brasília, 2008. 
BRASIL. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas 
educacionais: orientações gerais e marcos legais. 2. ed. Brasília: MEC, SEESP, 
2006. 
 
BRASIL. Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos 
portadores de altas habilidades/superdotação e talentos. Brasília: 
MEC/Secretaria de Educação Especial. 1995 
 
BRASIL. Diretrizes Operacionais do Atendimento Educacional 
Especializada na Educação Básica, modalidade Educação Especial. 
Brasília, 2009. 
 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96). 
Ministério da Educação, 1996. 
 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro 
de 2001. 
 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Formação Continuada a Distância 
de Professores para o Atendimento Especializado. Deficiência Física. 
Brasília: MEC,2006. 
 
 
24 
 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 4.024, de 20 de 
dezembro de 1961. Brasília: MEC/SEE, 1961. 
 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. 
Lei Nº. 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Brasília: MEC/SEE, 1999. 
 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. 
Plano Nacional de Educação. Lei Nº 10.172. Brasília: MEC/SEE,2001. 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria 1679 de 03 de dezembro de 1999. 
Brasília: 1999. Disponível em: < 
http://www.inf.ufsc.br/~jbosco/IEE/MEC_dez99.htm>. Acesso em 17 de jul. 
2010. 
 
BRASIL. Portal de ajudas técnicas: recursos pedagógicos adaptados I. 
Brasília: MEC/ SEESP, 2007. 
 
BRASIL. Saberes e práticas de inclusão: desenvolvendo competências para o 
atendimento às necessidades educacionais de alunos com deficiência física/ 
neuro-motora. Brasília: MEC/ SEESP, 2006. 
 
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 
2006. 
 
 
25 
 
DARCY, Raiça; PRIOSTE, Cláudia; MACHADO, Maria Luisa Gomes. 10 
questões sobre a educação inclusiva da pessoa com deficiência mental. 
São Paulo: Avercamp, 2006. 
 
DISCHINGER, M; MACHADO, R. Desenvolvendo ações para criar espaços 
escolares Acessíveis. : Inclusão. Revista da Educação Especial, Secretaria de 
Educação especial. Brasília: SEE, v.1, n.1, p.14-17, jul//2006 . 
 
FÁVERO, Eugenia Augusta Gonzaga. PANTOJA, Luísa de marillac.MANTOAN, 
Maria Teresa Eglér. Atendimento educacional especializado: aspectos legais 
e orientações pedagógicas. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. 
 
FIGUEIREDO, R. V. A educação infantil e a inclusão escolar. Heterogeneidade, 
cultura e educação. Revista Brasileira de Educação, Brasília: SEE, v.15, n.1, 
 
FREEMAN, J. & GUENTHER, Z.C. Educando os mais capazes. São Paulo: 
EPU. 2000. 
GARDNER, H. Inteligências múltiplas. A teoria na prática. Porto Alegre: Artes 
Médicas. 1995. 
 
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 
1999 
 
 
 
26 
 
GOFFREDO, Vera Flor Sénechal, Fundamentos de Educação Especial. Rio 
de Janeiro: UNIRIO, 2007. 
 
GUENTHER, Z.C. Desenvolver capacidades e talentos. Um conceito de 
inclusão. Petrópolis: Vozes, 2000. 
 
MANZINI, Eduardo José. Portal de ajudas técnicas: recursos para 
comunicação alternativa. Brasília: MEC/ SEESP, 2007. 
 
MANZINI, Eduardo José. Portal de ajudas técnicas: recursos pedagógicos 
adaptados II. Brasília: MEC/ SEESP, 2007. 
 
MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e Política Públicas. 
São Paulo: Cortez, 1996 
 
NOGUEIRA, C. M. A história da deficiência: Tecendo a história da assistência 
a criança deficiente no Brasil. Rio de Janeiro: 2008. Disponível em: 
p.121-140, jan.-abr.2009. 
 
PELOSI, Miryan Bonadiu. In.: Seminário internacional sociedade inclusiva PUC 
Minas. Belo Horizonte: 2003. Anais. P. 183-187. 
 
Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas 
de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Brasília: MEC, 
 
 
27 
 
2001. BRASIL. Decreto Nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Lei de 
Acessibilidade. Disponível em:<http:// 
www.81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/2004/5296.htm>. Acesso em: 01 
maio 2010. 
REILY, Lúcia. Escola inclusiva: linguagem e mediação. São Paulo: Papirus, 
2004. 
 
SASSAKI, K. R. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de 
Janeiro: WVA, 1997. 
 
SASSAKI, Romeu. Por que o termo “Tecnologia Assitiva”? 1996. Disponível 
em: http://www.cedionline.com.br/ta.html. Acesso em 24 mar. de 2007. 
 
VIRGOLIM, A.M.R., FLEITH, D.S. & NEVES-PEREIRA, M.S. Toc toc... plim 
plim. Lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da 
criatividade (3a. ed.). Campinas: Papirus, 2001. 
 
VYGOTSKY LS. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 
1984. 
 
WINNER, E. Crianças superdotadas. Mitos e realidades. Porto Alegre: Artes 
Médicas: Sul, 1998. 
 
 
 
 
28 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO: 
ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO E SURDEZ E/ OU DEFICIÊNCIA 
AUDITIVA: DISCUSSÃOACERCA DA DUPLA NECESSIDADE 
EDUCACIONAL ESPECIAL 
 
Rosemeire de Araújo Rangni 
Doutoranda do Programa de Pós – Graduação em Educação Especial - 
PPGEE da UFSCar 
Maria da Piedade Resende da Costa 
Orientadora do Programa de Pós – Graduação em Educação Especial - 
PPGEE da UFSCar 
Eixo 3 – Pesquisa em Pós – Graduação em Educação e Políticas Públicas. 
Comunicação Oral 
 
Resumo 
 
As políticas públicas brasileiras embasadas no aporte dos documentos legais 
direcionam os serviços de Educação Especial, mesmo com concepção inclusiva, 
a categorizar as necessidades educacionais especiais (NEE) em grupos quais 
sejam: deficiências, transtorno global do desenvolvimento e altas 
 
 
29 
 
habilidades/superdotação. Por sua vez, o censo escolar apresenta as matrículas 
desses educandos divididos em categorias demarcadas conforme os ditames 
legais. Este trabalho tem como objetivo expor a possibilidade desses educandos 
possuírem dupla NEE, no caso em questão, altas habilidades e surdez e/ ou 
deficiência auditiva. A metodologia utilizada foi a bibliográfica e documental 
servindo-se de pesquisas em livros, revistas e artigos acadêmicos disponíveis 
na Rede Mundial de Computadores (Internet). Os resultados mostram que o 
sistema educacional brasileiro voltado à Educação Especial volta-se para 
identificar e atender os educandos com NEE de maneira categorial, ou seja, 
atender apenas a uma NEE, prioritariamente a deficiência (surdez e/ou 
deficiência auditiva) esquecendo-se da possibilidade desses educandos 
possuírem a dupla NEE: altas habilidades e surdez e ou/ deficiência auditiva. 
 
Palavras chave: Altas habilidades/superdotação, surdez/deficiência auditiva, 
dupla necessidade Educacional Especial. 
 
Introdução 
 
Sempre que se discute sobre necessidades educacionais especiais no 
âmbito dos conceitos, do atendimento e de ações políticas, volta-se para uma 
visão dicotômica ou facetada das categorias dessas necessidades. Observa-se 
 
 
30 
 
que as necessidades educacionais especiais (NEE) variam de acordo com a 
cultura do sistema socioeducacional de cada lugar. 
A legislação brasileira mais recente, denominada Políticas Nacionais de 
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), 
entende para fins de atendimento educacional especializado quais sejam: 
deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação1. 
Nesses três grupos, o atendimento é realizado por categorias e não há 
dados no censo escolar que indicam que esses educandos, em situação de 
inclusão possam estar identificados e atendidos em duas categorias que tenham 
dupla NEE. 
Surge então os questionamentos: a) O que há com o sistema que 
impossibilita que pessoas possam ter ao mesmo tempo altas 
habilidades/superdotação e deficiência ou síndrome ou, mesmo algum 
transtorno funcional que não é considerado para efeito de atendimento 
educacional especializado, segundo as Políticas Nacionais mais recentes? b) 
Será que o sistema educacional desconhece essa condição de dupla NEE? 
Uma breve observação em estudos sobre dupla NEE das altas habilidades/ 
superdotação com outra necessidade especial infere-se que o conhecimento da 
área é necessário. Há que se ter conscientização dessa possibilidade, 
 
1 Altas habilidades/superdotação é termo utilizado oficialmente nos documentos legais brasileiros, apesar da 
divergência conceitual e terminológica entre os estudiosos da área. 
 
 
 
 
31 
 
primeiramente, evitando que os educandos sejam atendidos em uma só 
categoria de NEE consumando a unicidade categorizante, geralmente voltada 
para as limitações de suas potencialidades. 
Portanto, o presente trabalho tem como objetivo expor a possibilidade 
desses educandos possuírem dupla NEE, no caso em questão, altas 
habilidades/superdotação e surdez e/ ou deficiência auditiva. 
 
Iniciando a discussão 
 
Neste início de discussão, é pertinente que se apresente quem são os 
educandos com NEE atendidos pela Educação Especial no Brasil. 
Em 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
9.394 (BRASIL, 1996) em que pela primeira vez trouxe um capítulo inteiro 
dedicado à Educação Especial, Capítulo V. Veio, com isso, reforçar e incentivar 
políticas voltadas para as necessidades especiais. No entanto, a Lei não 
explicitou quem seriam os educandos atendidos, apenas mencionando 
educandos portadores de necessidades especiais (artigo, 58) e superdotados 
(artigo 59, II). 
Em vigor, desde 1994, a Política Nacional de Educação Especial, publicada 
pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC) e Secretaria de Educação 
Especial (SEESP) (BRASIL, 1994) configurava em suas diretrizes quem seria o 
alunado da Educação Especial: altas habilidades, condutas típicas, deficiência 
 
 
32 
 
auditiva, deficiência física, deficiência mental, deficiência múltipla e deficiência 
visual. 
A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994, p. 45) tinha como 
objetivo geral “[...]servir como fundamentação e orientação do processo global 
da educação de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas e de altas 
habilidades, criando condições adequadas para o desenvolvimento pleno de 
suas potencialidades, com vistas ao exercício consciente da cidadania”. E 
acrescentava: “A divulgação deste documento facilitaria o trabalho dos 
profissionais da educação que atuam na área, garantindo o atendimento 
especializado a todos os alunos que fazem jus à educação especial no 
Brasil” (p. 10) (grifo nosso). 
Percebe-se que qualquer outra categoria que, por ventura, surgisse nos 
educandos estaria excluído de atendimento pela Educação Especial, haja vista 
que as recomendações da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994) 
ampliavam o leque de necessidades especiais e com princípios inclusivos. 
A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994) deu lugar à 
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
(BRASIL, 2008) com nova configuração, com abordagem inclusiva, porém, 
gessando as necessidades especiais a serem atendidas em três grupos: 1. 
pessoa com deficiência, “aquela que tem impedimento de longo prazo, de 
natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, 
podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade”; 
2. transtornos globais do desenvolvimento “são aqueles que apresentam 
 
 
33 
 
alterações qualitativas das interações das interações sociais recíprocas e na 
comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipados e 
repetitivo”; 3. altas habilidades/superdotação, “aqueles que demonstram 
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou 
combinadas: intelectual, acadêmica, liderança psicomotricidade e artes, além de 
apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de 
tarefas em áreas de seu interesse” (p. 9). 
No aporte legal que comanda as ações políticas e pedagógicas, ficam 
excluídos do documento outras necessidades especiais. Essa Política recente 
menciona sem explicitação contida nos três grupos a serem atendidos, o 
transtorno funcional que não consta como NEE considerada na Educação 
Especial do Brasil, diferentemente de outros países, como os Estados Unidos. 
Desta forma, com a inclusão e exclusão de necessidades especiais que a 
legislação recomenda, este trabalho apresenta a dupla NEE – altas 
habilidades/superdotação-surdez e ou/deficiência auditiva - para exemplificar a 
possibilidade dual. 
 
 Altas habilidades/superdotaçãoe Surdez e/ou deficiência auditiva 
 
A temática altas habilidades/superdotação já é um assunto denso e de 
muitas polêmicas. Vista com desatenção em relação às outras NEE, os 
educandos mais capazes estão rodeados de mitos, preconceitos e exclusão. 
 
 
34 
 
Prova disso, é o número ínfimo de educandos identificados e atendidos no Brasil. 
Segundo o Censo Escolar 2010, há 5. 637 matrículas ( DEL PRETTO, 2010). 
Considerados por muitos educadores, que desconhecem sobre as altas 
habilidades/ superdotação, como uma educação de elite ou que esses sujeitos 
caminham por si sós. Esse imaginário de crenças e desconhecimento tem 
acarretado barreiras que levam esses educandos, já integrados nas escolas, a 
não serem reconhecidos, levando-os à exclusão e, provavelmente, muitas vezes 
à evasão. 
Paradoxalmente, os educandos com deficiências têm recebido mais apoio 
do sistema escolar, especialmente, adentrando ao sistema regular de ensino, 
isso acontecendo mais enfaticamente após os pressupostos da Declaração de 
Salamanca (BRASIL, 1994). É o caso dos surdos e/ou deficientes auditivos. 
Segundo Sales, Santos, Albres & Jordão (2010) “o indivíduo com 
incapacidade auditiva é aquele cuja percepção de sons não é funcional na vida 
comum. Aquele cuja percepção de sons ainda que comprometida, mas funcional 
com ou sem prótese auditiva, é chamado de pessoa com deficiência auditiva”. 
Pretende-se, neste texto, não discutir a polêmica entre os termos surdez e 
deficiência auditiva consideradas comunidades diferentes, aquela por se utilizar 
a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e esta por ser composta de indivíduos 
oralizados na língua da comunidade ouvinte ou que não utilizam Libras. Importa, 
contudo, para a discussão, que uma perda auditiva existe em ambos os grupos 
e, para isso, educacionalmente necessitam de atendimento especializado. 
 
 
35 
 
O Censo Escolar mostrou que em 2006, o total de matrículas em todas as 
necessidades especiais eram de 700.624 e 69.420 educandos surdos leves ou 
severos. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 3,5 a 
5% de qualquer população é superdotada (SABATELLA, 2005). Desta forma, 
admite-se que dessa população do alunado com deficiência auditiva pode haver 
superdotados. 
 Ao proceder a identificação em alunos surdos das séries iniciais com 
características de altas habilidades/superdotação, Negrini (2009) chegou ao 
índice de 25% o que configura que a dificuldade de audição não revela limitações 
em outras áreas do domínio humano. 
Smith (2008) assinala que pessoas com deficiência que desenvolveram 
habilidades proeminentes como Ludwig van Beethoven, Helen Keller, entre 
outros que independente de suas deficiências graves, trouxeram contribuições 
com seus talentos e ressalta: “ [...] lembre-se de que, não importa qual seja a 
deficiência, alguém pode ter capacidades, habilidades ou criatividade 
excepcionais” (p. 211). 
A educação dos alunos surdos e/ ou deficientes auditivos é debatida e não 
se configura de fácil operacionalidade. Há posições contrárias à inclusão dos 
surdos em classes comuns, por estas, não atenderem a diversidade linguística 
e direcionarem as propostas pedagógicas para a incapacidade. Assim, Negrini 
(2009) pontua que a comunidade de indivíduos com surdez preferem, muitas 
vezes, instituições onde podem utilizar a Libras e sua cultura e consideram 
espaço de resistência e luta contra práticas ouvintes. 
 
 
36 
 
Winstanley (2003) pontua que é difícil de definir a dupla excepcionalidade, 
superdotação e surdez. Salienta que a variedade de termos para definir a 
superdotação, bem como, a complexidade da cultura surda o que faz disso 
unicidade entre as deficiências. Diz que encontrar material sobre crianças 
altamente capazes que são surdas provou ser tarefa complexa. 
Segundo Guenther (2000, p. 27) “talentosa é a pessoa que realiza com alto 
grau de qualidade, alcançando reconhecido sucesso, algo que representa 
expressão de uma característica que a sociedade reconhece e aprecia, ou 
desempenha em nível de qualidade superior em alguma área que a sociedade 
valoriza”. 
Guenther (no prelo) embasada em Gagné (2005, 2008) salienta que a 
dotação2 é um construto que designa posse e uso de notável capacidade natural, 
um dom dado ao indivíduo pela vida, assim, relacionado a origem genética e que 
o talento está enraizado mais na aquisição do que em herança. E para que o 
desenvolvimento do talento, segundo Gagné (2010, p. 3) “é formalmente definido 
como engajamento sistemático por parte dos talentees3 , por um período de 
tempo significativo, em um programa estruturado de atividades levando a uma 
meta especifica de excelência”. 
 
2 Dotação e talento são termos utilizados pelo pesquisador canadense Francoys Gagné. 
3 Talentees – neologismo criado por Gagné (2010) para descrever qualquer pessoa participante de um programa 
sistemático de desenvolvimento de talento. 
 
 
 
37 
 
As características para alunos com dupla NEE superdotados e surdos e/ ou 
deficientes auditivos pontuados pelo Education Resource Information Center –
ERIC- (2007) são: 
 
Leitura precoce; 
Excelente memória; 
Habilidade para ajustar à escola regular; 
Habilidades na fala e leitura sem instrução; 
Rapidez no domínio das ideias; 
Habilidade de raciocinar; 
Alta performance na escola; 
Muitos interesses; 
Maneira não tradicional de absorver problemas; 
Habilidades de resolver problemas do dia-a-dia, 
possivelmente em alto nível; 
Atraso em conhecimento de conceitos; 
Alto iniciativa; 
Senso de humor; 
Intuição; 
 
 
38 
 
Engenhosidade em resolver problemas; 
Habilidade em linguagem de símbolos. 
 
 
Negrini (2009) em pesquisa realizada para identificar características de 
altas habilidades/superdotação em 28 crianças surdas, pré-escolares e dos 
ciclos iniciais em escola especializada, salienta que as características 
encontradas são consonantes às outras crianças, pois são pessoais e 
individuais. Menciona, ainda, que as características poderiam ser observadas 
em outras instituições de ensino. Apenas ressalta que, a escola de surdos facilita 
a identificação porque é valorizada a Libras e a forma de ser, seus interesses e 
habilidades. 
As características de educandos com dupla NEE altas 
habilidades/superdotação e surdez e/ ou deficiência auditiva tem semelhanças 
com as características de altas habilidades/superdotação apresentadas pelo 
Ministério da Educação (2002) que são: 
 
Grande curiosidade, envolvimento com muitos tipos de 
atividades exploratórias; 
Auto iniciativa; 
Originalidade de expressão oral e escrita; 
 
 
39 
 
talento incomum para expressão em artes; 
Habilidade para apresentar alternativas de soluções com 
flexibilidade de pensamentos; 
Abertura para a realidade, sagacidade e capacidade de 
observação; 
Capacidade de enriquecimento com situação problema; 
Capacidade para usar conhecimento e informação; 
Combinação de elementos, ideias e experiência de forma 
peculiar; 
Capacidade de julgamento e avaliação superiores; 
Produção de ideias e respostas variadas; 
Gosto por correr riscos; 
Habilidade em ver relações entre fatos; 
Aprendizado rápido, fácil e eficiente, especialmente em sua 
área de interesse. 
 
 
É importante ressaltar que uma pessoa superdotada não apresenta todas 
as características relacionadas. 
 
 
40 
 
Leva-se a refletir que no Brasil, os educandos com deficiência têm sido 
atendidos apenas em sua (d) eficiência, deixando à margem suas capacidades, 
o que leva a concluirque há dicotomia e exclusão no atendimento educacional 
especializado. 
As áreas consideradas nas altas habilidades/superdotação são intelectual, 
acadêmica, psicomotricidade, artes, liderança e criatividade e os educandos 
podem apresentá-las isoladas ou combinadamente. Canalizar atenção ou 
priorizar intervenções pedagógicas às suas dificuldades é negar o direito de 
terem suas potencialidades, fora de suas limitações, desenvolvidas. 
Ainda permanece, nas escolas brasileiras, onde os educandos altos 
habilidosos/superdotados não são reconhecidos, a perda imensurável de 
talentos que acabam se evadindo pelo fracasso escolar por conta de 
categorizações padronizantes de atendimento (OMOTE, 1994, 1996). Assim, 
possivelmente, encontram respaldo e, quando o encontra, fora dos muros 
escolares. Então, onde está o papel da escola em atender a todos em suas 
singularidades e especificidades? Que inclusão estamos falando? 
 
Resultados e Discussão 
 
Após a busca documental realizada em livros, revistas e artigos 
acadêmicos disponíveis na Rede Mundial de Computadores (Internet), foram 
obtidos os seguintes resultados conforme indicação contida no quadro 1. 
 
 
41 
 
 
Quadro 1. Dupla Necessidade Educacional Especial: altas 
habilidades/superdotação e surdez e /ou deficiência auditiva 
Orde
m 
Tipo de 
Publicaç
ão 
Ano Autor(es) Título 
1 Editorial S/D Council for 
Exceptional Children 
- CEC 
Twice exceptional 
2 Artigo S/D Council for 
Exceptional Children 
- CEC 
Children with 
communication disorders. 
3 Artigo Carolyn Cosmos Imagine teaching Robin 
Williams. Twice-
exceptional children in 
your school. 
4 artigo S/D National Association 
for Gifted Children - 
NAGC 
 
Twice – exceptional 
(gifted with special needs) 
 
 
42 
 
5 Artigo 1996 Vialle, W.; Paterson, 
J. 
Constructing a culturally 
sensitive education for 
gifted deaf students. 
6 Artigo 1989 Yewchuk,C.; Bibby, 
M. A. 
Identification of 
giftedness in severely 
and profoundaly hearing 
impaired students 
 
No texto “twice exceptional” editorial do Council for Exceptional Children – 
CEC (S.D) apresenta a dificuldade de identificação das altas 
habilidades/superdotação em estudantes com deficiências. Os testes 
convencionais e observacionais são inadequados e podem mascarar potenciais. 
Crianças com deficiência de audição podem responder às direções e podem ter 
falta de vocabulário que reflete a complexidade de seus pensamentos. 
O artigo “Children with communication desorder” (S.D) mostra que a 
dificuldade de audição incluem surdez e perda de audição. Assinala que quando 
uma criança tem perda auditiva nos anos de desenvolvimento, todas as áreas 
de desenvolvimento podem ser afetadas significativamente, como o sistema de 
comunicação, a habilidade de interação com os outros e a aquisição de 
habilidades acadêmicas. A identificação precoce da perda de audição é 
importante para o ajustamento emocional e acadêmico. 
 
 
43 
 
Cosmos (S.D.) pontua que o sistema não é desenhado para orientar as 
necessidades da criança que é superdotada e tem deficiência. Acrescenta que 
estudantes que tem grande gama de capacidades podem ter seus scores em 
testes anulados por seus déficits. Cosmos cita Cindy Little que orienta 
estratégias para crianças superdotadas com deficiência em sala de aula: a) 
tecnologias apropriadas que podem apoiar e compensar as deficiências, b) apoio 
tutorial e mentores, estes podem ser encontrados na comunidade, c) apoio de 
aconselhamento (ajudá-los com suas diferenças e frustrações), d) elogiar sua 
força (geralmente dá-se mais atenção às limitações), e) uso de grupos flexíveis, 
compactação de currículo. 
O artigo “Twice exceptional (gifted with special needs)” (S.D) apresentado 
pelo National Association for Gifted Children – NAGC aponta crianças com dupla 
excepcionalidade (termo utilizado pelo NAGC) podem ser mal percebidas como 
preguiçosas, teimosas, descuidadas ou desmotivadas. Assinala, que os pais 
reconhecem o potencial dos filhos. Eles veem a capacidade marcante, como 
também, se confundem com as inconsistências. O artigo não aponta a surdez 
especificamente. 
Vialle, Paterson (1996) discutem os problemas persistentes de identificação 
da superdotação em grupos minoritários. A ênfase no idioma facilita a 
discriminação desses grupos. A situação é exacerbada para os estudantes com 
deficiência física e de aprendizagem. As pessoas surdas tem o problema 
educacional relatados em sua capacidade de comunicação. Os referidos 
autores concluem que devem ser dados senso de orgulho e identidade em um 
 
 
44 
 
ambiente educacional que reconheça suas potencialidade e não direcione para 
os déficits. Ainda, discute a valorização do bilinguismo e biculturalismo para os 
estudantes surdos como elemento essencial para educação dos superdotados e 
estender formação aos professores para se sensibilizarem quanto aos surdos. 
Yewchuk, Bibby (1988) expõe estudo em 178 estudantes de 5 a 20 anos 
com severas perdas auditivas com acesso a teste de inteligência não verbal, 
indicação de professores e nomeação de pais. Nenhuma correlação houve entre 
os três procedimentos de identificação. Características muito similares foram 
encontradas às características em estudantes surdos superdotados. 
Os artigos pesquisados sobre dupla NEE mostram claramente a dificuldade 
de se identificar e atender essa população minoritária, altos 
habilidosos/superdotados com deficiências, mais precisamente, os com 
deficiência auditiva. Outra inferência, diante da pesquisa nesses artigos, é que 
há necessidade de estudos e pesquisas mais atualizadas sobre a temática. 
 
Considerações finais 
 
Este trabalho buscou apresentar uma exposição e reflexão sobre a dupla 
NEE envolvendo os superdotados e surdos. Procurou mostrar, como é visto, na 
Educação Especial, sob o aporte legal e sua consequência no atendimento. 
O atendimento especial é feito por categorias de NEE que privilegiam umas 
em detrimento de outras. É o caso dos altos habilidosos/superdotados que estão 
 
 
45 
 
protegidos pela legislação desde 1971 e ratificada nas demais leis pertinentes à 
Educação Especial e Inclusiva e, no entanto, são ínfimas as matrículas de 
educandos atendidos em todo o país. 
Em sentido contrário, sobe vertiginosamente os serviços educacionais aos 
alunos com deficiência e síndromes (transtornos globais do desenvolvimento), 
porém, pouco se conhece e se discute sobre a possibilidade desses milhares de 
alunos possuírem altas habilidades/superdotação contrariando a Organização 
Mundial da Saúde que 3,5 a 5% de qualquer população é de superdotados, 
apenas considerando as áreas lógico – matemática e verbal e outros índices 
mais elásticos podem chegar a 15 a 20% em todas as áreas de domínio apenas 
para aqueles que possuem altas habilidades/superdotação, no entanto, em 
pesquisa realizada em crianças surdas com características de altas 
habilidades/superdotação observou-se a cifra de 25%. 
Desta forma, a escola brasileira não tem cumprido seu papel em incluir o 
atendimento educacional especial a essa parcela de alunos e, menos ainda, 
desconhece a possibilidade da dupla NEE desses indivíduos. Provavelmente, 
uma das causas que impede o reconhecimento de talento em pessoas com 
dificuldades físicas, sensoriais, intelectuais, funcionais e síndromes esteja nos 
mitos e preconceitos acerca dessas pessoas. São vistas como incapazes e que 
são forçadas a se normalizarem pelo sistema educacional padronizante vigente 
em nossas escolas que os impede de se desenvolverem.46 
 
Referências 
 
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Adaptações curriculares em ação. 
Desenvolvendo competências para atendimento às necessidades 
educacionais de alunos com altas habilidades/superdotação. Brasília, DF, 
2002. 
 
_____.Política Nacional de Educação Especial. Ministério da Educação e do 
Desporto/ Secretaria de Educação Especial, Brasília, DF., 1.994. 
 
DEL PRETTO, B. M. L. Política Pública Educacional para as pessoas com 
altas habilidades/superdotação. IV Encontro Nacional do Conselho Brasileiro 
para Superdotação – CONBRASD, Curitiba, PR, 2010. 
 
GAGNÉ, F. Construindo o talento a partir da dotação. Breve visão do DMGT 2.0. 
Texto cedido no VII Encontro Internacional de Educadores de CEDET/ASPAT: 
caminhos para desenvolver potencial e talento, 17 e 18 de setembro de 2010, 
Poços de Caldas, MG. 
 
 
 
47 
 
GENTHER, Z. C.. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de 
inclusão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 
 
_____. Talentosos e disléxicos... alunos que a escola rejeita. (no prelo) 
 
NEGRINI, T. A escola de surdos e os alunos com altas 
habilidades/superdotação: uma problematização decorrente do processo 
de identificação das pessoas surdas. Dissertação de Mestrado, Programa de 
Pós-Graduação em Educação,Universidade Federal de Santa Maria, 2009. 
 
OMOTE, S. Deficiência e não-deficiência: recortes do mesmo tecido. Revista 
Brasileira de Educação Especial, v. 1, n.2, pp. 65-74, 1994. 
 
OMOTE, S. Perspectivas para conceituação de deficiências. Revista 
Brasileira de Educação Especial, v. 2, nº 4, p. 127-135, 1996. 
 
SABATELLA, M. L. P. Talento e Superdotação: problema ou solução? 
Curitiba, Editora IBPEX, 2005. 
 
 
 
48 
 
SALES, A. M, SANTOS, L. F. ALBRES, N. A. Jordão, U, V.. Deficiência auditiva 
e surdez: visão clínica e educacional. Seminário apresentado na Universidade 
Federal de São Carlos, UFSCar, 2010. 
 
SMITH, D. D. Superdotação e altas habilidades. In. Introdução à Educação 
Especial: ensinar em tempos de exclusão. 5ª edição. Porto alegre, Artmed, 
2008. 
 
WINSTANLEY, C. Gifted children with hearing impairment. In Montgomery, D. 
Gifted & Talent children with special educational needs: double 
exceptionality. A NACE/Fulton Pulication, 2003. 
 
Sites consultados 
 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 
de dezembro de 1996. 
 Disponível em <www.planalto.gov.br/legislação>. Acesso em 07/04/2010. 
 
______.Declaração de Salamanca, 1.994. disponível em 
<www.mec.gov.br/seesp>.Acesso em 07/ 04/ 2010. 
 
 
49 
 
BRASIL. Censo Escolar, 2006. Disponível em <http:// http://www.inep.gov. 
br/basica/censo/default.asp > Acesso em 20/01/ 2007. 
 
_____.Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva. Ministério da Educação / Secretaria de Educação Especial, Brasília, 
DF., 2008. Disponível em <www.mec.gov.br/seesp>. Acesso em 07/ 04/ 2010. 
 
CEC – COUNCIL FOR EXCEPTIONAL CHILDREN. Children with 
communication desordes. (S.D). Disponível em 
http://www.cec.sped.org/AM/Template.cfm?Section=Communicative_Disorders
&Template=/TaggedPage/TaggedPageDisplay.cfm&TPLID=37&ContentID=562
6 . Acesso em 25/02/2011. 
 
_____. Twice exceptional. Disponível em 
http://www.cec.sped.org/AM/Template.cfm?Section=Twice_Exceptional&Templ
ate=/TaggedPage/TaggedPageDisplay.cfm&TPLID=37&ContentID=5634. 
Acesso em 25/02/2011. 
 
_____. Imagine teaching Robin Williams. Twice exceptional children in your 
school. Disponível em 
 
 
50 
 
http://www.cec.sped.org/AM/Template.cfm?Section=Home&TEMPLATE=/CM/C
ontentDisplay.cfm&CONTENTID=5823 Acesso em 25/02/2011. 
 
ERIC – Education Resources Information Center. Disponível em 
http://www.eric.org.uk/ Acesso em 20/02/2007. 
 
NAGC - NATIONAL FOR EXCEPTIONAL CHILDREN. Twice – exceptional 
(gifted with special needs). Disponível em 
http://www.nagc.org/index.aspx?id=973. Acesso em 20/02/2011. 
 
VIALLE, W.; PATERSON, J. Constructing sensitive education for gifted deaf 
students. Disponível em ERIC – Educational Resources Information Center. 
http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/search/simpleSearch.jsp?newSearch=tr
ue&eric_sortField=&searchtype=basic&pageSize=10&ERICExtSearch_Search
Value_0=giftedness+and+deafness&eric_displayStartCount=1&_pageLabel=E
RICSearchResult&ERICExtSearch_SearchType_0=kw Acesso em 25/02/2011.

Outros materiais