Buscar

REVELIA NO PROCESSO

Prévia do material em texto

Aula 5 
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 
Período Letivo: 4° 
Carga Horária 60 horas 
 
EMENTA: DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO. PROCESSO DE 
CONHECIMENTO: PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. PETIÇÃO INICIAL. 
TUTELA ANTECIPADA. RESPOSTA DO RÉU: CONTESTAÇÃO, EXCEÇÃO, 
RECONVENÇÃO. REVELIA. PROCEDIMENTO SUMÁRIO. PROVIDÊNCIAS 
PRELIMINARES. JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO. 
TEORIA GERAL DAS PROVAS E PROVAS EM ESPÉCIE. AUDIÊNCIAS: 
CONCILIAÇÃO E DE INSTRUÇÃO. SENTENÇA E COISA JULGADA. 
 
 
REVELIA 
 
 
CONCEITO 
 
Basicamente, a revelia é o estado de fato gerado pela ausência jurídica de 
contestação. Diz-se jurídica porque, em algumas situações, existirá a peça 
contestatória faticamente, mas, ainda assim, o réu será revel, como é o caso da 
apresentação intempestiva de contestação. 
 
 
EFEITOS DA REVELIA 
 
A revelia pode gerar três efeitos: (i) presunção da veracidade dos fatos alegados 
pelo autor; (ii) desnecessidade de intimação do réu revel; e (iii) julgamento 
antecipado da lide se o efeito (i) tiver ocorrido, ou seja, apenas se forem 
 
presumidos verdadeiros os fatos alegados pelo autor é que a revelia trará como 
consequência o julgamento antecipado da lide. 
 
Fatos apontados pelo autor serão reputados verdadeiros 
 
Permite-se ao juiz que ele presuma a veracidade dos fatos (e não dos 
fundamentos jurídicos) alegados pelo autor, sendo tal presunção, contudo, 
relativa, podendo ser infirmada em ocorrendo uma situação específica descrita no 
NCPC. 
Há quatro hipóteses em que a revelia não gerará o seu principal efeito (presunção 
de veracidade): (a) havendo litisconsórcio passivo, um dos litisconsortes 
contestar; (b) se o direito for indisponível; (c) se a inicial vier desacompanhada 
de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; e (d) se as 
alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em 
contradição com prova constante dos autos. 
Quanto à hipótese (a) (“havendo litisconsórcio passivo, um dos litisconsortes 
contestar”), Neves salienta que a sua aplicação dependerá do tipo de 
litisconsórcio de que se está diante: tratando-se de litisconsórcio unitário, a 
contestação sempre beneficiará o réu revel; se, contudo, o litisconsórcio for 
simples, aí será necessário avaliar se a contestação apresentada beneficia ou não 
o revel. 
 
Desnecessidade de intimação do revel 
 
Além de ser revel, para a aplicação deste efeito é necessário que o revel não 
tenha advogado constituído nos autos. 
 
 
 
 
 
Julgamento antecipado da lide 
 
Sendo o réu revel e aplicando-se o principal efeito da revelia, o art. 355, II, do 
NCPC permite que o juiz, desde logo, julgue o pedido. 
 
 
MODIFICAÇÃO OBJETIVA DA DEMANDA 
 
O CPC/73 permitia que, sendo o réu revel, o autor promovesse a modificação da 
causa de pedir e/ou do pedido, desde que o réu fosse citado novamente, mas, 
nessa segunda oportunidade, poderia somente rebater os fatos decorrentes da 
alteração. 
O NCPC, entretanto, não traz regra acerca da nova citação do réu em caso de 
modificação objetiva da demanda, argumentando Neves, contudo, que o revel 
deve ser pelo menos intimado pessoalmente sobre a alteração, sob pena de grave 
violação ao princípio do contraditório. 
 
 
INGRESSO DO RÉU REVEL NO PROCESSO 
 
Poderá o revel ingressar no feito a qualquer momento e em qualquer fase 
processual, mas pegará o processo no estado em que se encontrar, não sendo 
possível a reabertura de prazo para a prática de qualquer ato que tenha ocorrido e 
se findado antes de seu ingresso no feito. 
Após a sua entrada, ele poderá atuar ativamente no feito, inclusive rebatendo as 
provas pugnadas pelo autor. 
São provas causais aquelas que se realizam dentro do processo, como a 
testemunhal e a pericial, tendo elas quatro fases: 
 
(i) propositura (que se dá no primeiro momento em que a parte deve falar nos 
autos, ou seja, na petição inicial e na contestação). Como o revel não apresentou 
contestação, ele não poderá propor a realização de provas causais; 
(ii) admissibilidade, na qual o juiz analisa se as provas requeridas devem ou não 
ser realizadas. Se o revel ingressar antes dessa fase, poderá impugnar as provas 
requeridas pelo autor; 
(iii) produção, que se divide em preparação e realização. Caso o réu revel 
ingresse no feito antes da preparação e já houver sido deferida a prova 
testemunhal, por exemplo, ele poderá até arrolar testemunhas. Se ingressar antes 
da realização propriamente dita, poderá participar ativamente dessa fase, 
comparecendo à audiência e fazendo questionamentos às testemunhas; e 
(iv) valoração, quando o juiz analisa a força da prova produzida se ela ajuda na 
comprovação dos fatos alegados nos autos, sendo que o réu revel poderá apenas 
impugnar a prova produzida. 
Já as provas pré-constituídas são as formadas fora do processo, como a prova 
documental. Visto que o NCPC indica que o momento adequado para a produção 
dessa espécie de prova é a petição inicial e a contestação, é correto afirmar que, 
em regra, o revel não poderá produzi-las, com exceção dos casos tratados no art. 
435 do NCPC, que permite a juntada posterior de documentos em algumas 
hipóteses, in verbis: 
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos 
autos documentos novos, quando destinados a fazer prova 
de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-
los aos que foram produzidos nos autos. 
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de 
documentos formados após a petição inicial ou a 
contestação, bem como dos que se tornaram conhecidos, 
acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte 
que os produzir comprovar o motivo que a impediu de 
 
juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer 
caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5o.

Continue navegando