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Aula 2 NOÇÕES DE TEORIA GERAL DO ESTADO

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�Legislação Profissional
Professor Hélbertt
 
NOÇÕES DE TEORIA GERAL DO ESTADO
I- INTRODUÇÃO – O objetivo deste estudo é introduzir o aluno no estudo da sociedade política, ministrando conhecimentos sobre a origem, os elementos, as formas e os fins do Estado. Como o próprio nome indica, o estudo é teórico, buscando atingir a essência das idéias que norteiam o Estado e é geral por que visa um estudo panorâmico de cada um dos pontos, não se aprofundando em nenhum deles. 
1- O homem como ser gregário – sendo o homem um ser que em regra, busca viver em grupo, na medida em que o grupo cresce, tornam-se mais complexas as relações no convívio social, de tal maneira que os indivíduos, por si sós, não conseguem resolver seus problemas. Neste momento, há a necessidade da criação de um ente superior, que tome para si a responsabilidade de suprir as necessidades da coletividade e do indivíduo. Em noções gerais, desta forma, surgem os Estados. 
II- ESTADO – Estado, então, é o ente criado a partir da sociedade já existente, com objetivos determinados, sendo, portanto, uma sociedade politicamente organizada, possuidora de alguns elementos essenciais que são: povo, território e soberania.
1.Povo - é o elemento humano do Estado. São as pessoas que mantêm um determinado vínculo jurídico e político com o Estado. È o conjunto de todos os nacionais, estando estes em território pátrio ou não. Ex: brasileiro no exterior. Povo não se confunde com o conceito de população, sendo este um conjunto de pessoas de um determinado território, incluindo-se inclusive os estrangeiros. Destes, também, se distingue o conceito de nação. Nação possui um conceito mais complexo, sendo geralmente definida como o conjunto de pessoas que formam uma comunidade unida por laços históricos e culturais, não tem relação com o espaço territorial, podendo existir nação sem território, como por exemplo, ocorreu com a nação judia antes da criação do Estado de Israel, que unida por laços históricos e culturais, existia como nação, independentemente de ter ou não território ou nação. Concluindo, Povo, liga-se ao Estado. População, liga-se ao território. Nação, liga-se aos laços históricos e culturais.
2.Território – podemos definir território como sendo o elemento físico do Estado, o espaço onde o Estado exerce sua soberania e onde vive sua população. É conveniente observar que a palavra território tem sentido amplo e não se relaciona apenas a um conceito geográfico, mas abrange, além da terra, o espaço aéreo, mar territorial, aeronaves e embarcações nacionais em território estrangeiro. Ou seja, território é o limite espacial onde o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder sobre pessoas e bens.
3. Soberania – é a prerrogativa de exercer todo poder em determinado local e sobre determinadas pessoas. Desta forma, a soberania do Estado brasileiro é exercida sobre seu território e sobre seu povo e população. Pode ser dividida em: soberania nacional e soberania popular. 
a) Soberania nacional – é a não-sujeição à determinação de outros Estados. 
b) Soberania popular – no Brasil, todo poder emana do povo, que exerce este poder ou de forma direta, como ocorre nas eleições, ou indireta, que ocorre mediante atuação de seus representantes. 
III- FINS DO ESTADO – O Estado existe, isto é um fato, entretanto, qual seria sua razão de existir. Ainda que somente citando, sem adentrar profundamente em qualquer de seus fins, podemos mencionar as quatro principais finalidades do Estado que são: 
1- Bem comum – sob esta ótica, o Estado sempre busca aquilo que é melhor para seu povo. Esta busca se dá em diversas áreas: educação, saúde, geração de renda, segurança, previdência social etc. 
2- Sua auto preservação – o Estado deve fazer sua manutenção periodicamente, em vários setores para que continue a existir como Estado. Para isso, deve cuidar de seus elementos formadores (povo, território e soberania). Assim, vemos o Estado cumprindo com sua finalidade de auto preservação quando investe em benefício do bem comum, cuidando de seu povo, ou quando protege suas fronteiras para que não haja invasões externas, e quando se posiciona na ordem externa, impedindo a intromissão de outros Estados. 
3- Manutenção da ordem interna – quando investe em segurança pública, combatendo o crime, ou preservando as instituições previstas na Constituição Federal, como imprensa livre, judiciário, a tripartição do poder etc. 
4- Proteger os direitos fundamentais – são os direitos inerentes à condição básica de sobrevivência com dignidade do ser humano, sendo que estão previstos de forma expressa na Constituição Federal brasileira, no artigo 5º. São exemplos destes direitos fundamentais a liberdade, o patrimônio, o voto etc. 
IV- PERSONALIDADE JURÍDICA – para se entender personalidade jurídica, deve-se ter em mente que personalidade relaciona-se com o termo pessoa. A palavra pessoa vem do latim persona, máscara utilizada pelos atores do teatro romano, a qual servia para caracterizar os personagens e, ao mesmo tempo, dar maior ressonância à voz (per sonare: soar por, através de). Para o direito, pessoa é o sujeito titular de direitos e obrigações. 
1- Personalidade jurídica – Para o Direito, pessoa é o sujeito que é titular de direitos e obrigações. A personalidade jurídica é a capacidade genérica de ser sujeito de direitos e obrigações. Conclui-se, portanto, que tem personalidade jurídica, a pessoa que tem a capacidade de exercitar direitos e contrair obrigações. Tendo-se em mente estas definições, algumas perguntas se impõem: Todos os seres humanos são pessoas? Coisas e animais são pessoas? O Estado é uma pessoa? 
2- Seres Humanos – Atualmente, todos os seres humanos são considerados pessoas perante o Direito, ou seja, são capazes de direitos e obrigações. Nem sempre foi assim: na antiguidade greco-romana, só os cidadãos eram pessoas, o que excluía mulheres, crianças, escravos e estrangeiros. Onde há escravidão os escravos não são considerados pessoas. Quanto aos fetos, discute-se se são ou não pessoas.
3- Pessoa Jurídica (atenção, aqui não se está falando de personalidade jurídica, mas de pessoa jurídica) – o Direito reconhece a personalidade jurídica de entidades formadas por outras pessoas, dotadas de existência e vontade próprias, que não se confundem com seus membros, como empresas, clubes, associações e o Estado. Chama-se de pessoa jurídica, o conjunto de pessoas que se unem com um propósito superior, sendo que seus direitos e obrigações são distintos dos direitos e obrigações das pessoas que lhe formam. Chama-se pessoa jurídica, para diferenciar a pessoa humana. O Estado, portanto, é uma pessoa jurídica, pois é formado por outras pessoas e é capaz de direitos e obrigações.
4- Importância. O reconhecimento da personalidade jurídica do Estado foi uma conquista importantíssima do Direito Público. Dela resulta a capacidade do Estado para ser sujeito de direitos e obrigações; sua vontade não se confunde com a dos governantes e órgãos. Além disso, como toda pessoa, o Estado também tem direitos e obrigações, sendo seu poder limitado. Desta forma, se o Estado, através de seus agentes, causar dano a alguém, assume a obrigação de indenizar. 
V - FORMAS DE ESTADO - Relaciona-se com o modo pelo qual o Estado organiza seu povo, seu território e seu poder. As formas de Estado levam em consideração a composição geral do Estado, a estrutura do poder, sua unidade, distribuição e competências no território do Estado. As principais formas de Estado são: Estado Simples e Estado Composto.
1- Estado simples - O tipo puro do Estado Simples é aquele em que somente existe um Poder Legislativo, um Poder Executivo e um Poder Judiciário, todos centrais, com sede na capital do Estado. Todas as autoridades executivas ou judiciárias que existem no território são delegações do Poder Central, tiram dele sua força; é ele que as nomeia e lhes fixa as atribuições. O Poder Legislativode um Estado Simples é único, nenhum outro órgão existindo com atribuições de fazer leis nesta ou naquela parte do território. 
2- Estado composto - Na forma composta, o Estado é sempre um, ou pelo menos, assim se apresenta na vida internacional, entretanto a emanação do poder é composta, agindo estas fontes emanadoras do poder em porções diferentes do território, de maneira harmoniosa. São consideradas formas compostas de Estado:
a) As Uniões: estas foram próprias do período monárquico, e, com o enfraquecimento da monarquia no mundo, já não oferecem interesse. As uniões originaram-se das circunstâncias políticas e sociais então vigentes e desapareceram. Exemplo de Uniões se tem nas situações em que dois Estados ficavam sob o domínio de um mesmo monarca, por razões políticas, como ocorreu entre os reinos da Espanha e Portugal em determinado período da história. 
 
b) As Confederações - Formam mediante um Pacto entre Estados e não mediante uma Constituição; é uma União permanente de Estados Soberanos que não deixam, entretanto, de ser soberanos. Têm uma assembléia constituída por representantes dos Estados que a compõe, não se apresentando como um poder subordinante, pois, as decisões de tal órgão só são válidas quando ratificadas pelos Estados Confederados; cada Estado permanece com sua própria soberania, o que outorga à Confederação um caráter de instabilidade devido ao Direito de Separação. Além de uma assembléia representativa dos Estados, em que todos se assentam em condições de igualdade, há quase sempre um poder executivo comum, geralmente um coordenador militar, dado que o objetivo normal das Confederações é a defesa externa. Como a Confederação não possui um aparelho coativo capaz de impor as próprias decisões, o meio de que se utiliza para coibir os conflitos entre os Estados componentes é a organização de um sistema de arbitragem, cujos processos variavam imensamente. Em muitos casos, o membro rebelde da Confederação sofria numerosas represálias, como a pressão diplomática, o bloqueio militar, o boicote comercial, medidas que podiam chegar a alterações substanciais na vida interna do país excluído. Exemplo de Confederação foi a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). 
 
c) Estado Federal - É aquele que se divide em províncias politicamente autônomas, possuindo duas fontes paralelas de Direito Público, uma Nacional e outra Provincial. Exemplos: Brasil, EUA, México, Argentina são Estados Federais. O fato de se exercer harmônica e simultaneamente sobre o mesmo território e sobre as mesmas pessoas a ação pública de dois governos distintos (federal e estadual) é o que justamente caracteriza o Estado Federal. Queiroz Lima: define o Estado Federal como um estado formado pela União de vários estados; "É um Estado de Estados". Esta definição se ajusta a um conceito de Direito Público interno, o qual tem por objetivo o estudo das unidades estatais na sua estrutura intima. Devemos ressaltar que o Estado Federal se projeta como Unidade não como Pluralidade. O Prof. Pinto Ferreira formulou a seguinte definição: "O Estado Federal é uma organização formada sob a base de uma repartição de competências entre o governo nacional e os governos Estaduais, de sorte que a União tenha supremacia sobre os Estados-Membros e estes sejam entidades dotadas de autonomia constitucional perante a mesma União". A forma federativa moderna se estruturou sobre bases de uma experiência bem sucedida norte-americana e não sobre bases teóricas.
VI- FORMAS DE GOVERNO - Conforme visto anteriormente, as formas de Estado têm relação com o modo como o Estado é estruturado, sendo a forma de governo, também, um modo, mas não de estruturação e sim de organização política do Estado. Existem duas formas de governo: Monarquia e República. 
1- Monarquia - A palavra monarquia tem origem grega e significa governo de um só (mono), o monarca. Assim, monarquia é o governo de um só, Rei, Imperador, Emir etc. Tem como características básicas as seguintes:
a) vitaliciedade – o monarca continua nesta condição até sua morte. 
b) hereditariedade – com a morte do soberano, assume o poder seu herdeiro, filho ou filha ou parente próximo. 
c) irresponsabilidade do Chefe do Estado – qualquer ato praticado pelo soberano não é passível de responsabilização, visto que ele não erra. 
2- República – Esta palavra origina-se no latim, e significa coisa pública (res = coisa + pública). Possui caracteres distintos e opostos aos da monarquia, quais sejam:
a) temporariedade – quem governa, o faz por tempo determinado, previamente fixado. No Brasil, atualmente, o período é de quatro anos. 
b) alternância de poder – na República o poder não se transmite de pai para filho. Há alternância de poder entre os diversos grupos que representam as tendências políticas, ou seja, os partidos políticos. 
c) responsabilidade do chefe de Estado – na República o chefe de Estado responde por seus atos que de alguma forma causem danos aos cidadãos. 
VII- REGIMES POLÍTICOS - Dos regimes políticos adotados podemos destacar os regimes democráticos e não democráticos, sendo os democráticos aqueles em que o poder Estatal emana do povo. Ou seja, na democracia, soberano é o povo, e, conforme destacado anteriormente, pode ser exercido de forma direta ou indireta. Os não democráticos são caracterizados pela não-participação do povo em suas relações políticas, sendo enumerados doutrinariamente como autoritários, ditatoriais e totalitários. 
VIII- ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO - este é o Estado onde as ações, tanto privadas quanto do Estado, são submetidas às regras das leis editadas democraticamente, não havendo tratamento diferenciado quanto à satisfação de interesses próprios, quer sejam dos governantes quer sejam dos cidadãos, todos serão submetidos às normas regularmente e democraticamente estabelecidas. Este Estado de Direito surgiu a partir do descontentamento da sociedade burguesa em relação ao domínio exercido pelo Chefe de Estado monárquico (Rei), o qual exercia o papel de juiz, legislador e administrador do Estado Totalitário, tendo assim, amplo domínio sobre tudo. A partir desse desconforto, em troca do governo estatal, o monarca deveria obediência aos preceitos estabelecidos na lei. Convém observar que as normas desse novo Estado de Direito são Democráticas, editadas com a participação do povo. Desta forma, tais regras editadas pelo Poder Público terão a participação popular a que todos obedecerão, buscando satisfazer os anseios e necessidades do povo. 
IX- NACIONALIDADE – é o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres impostos. 
1- Conceitos relacionados à nacionalidade:
a) Povo – é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, ou seja, é o elemento humano do Estado. O povo está unido ao Estado pelo vínculo jurídico da nacionalidade. Desta forma, só faz parte do povo brasileiro, os brasileiros natos e os naturalizados, os estrangeiros não são povo. 
b) População – é o conjunto de habitantes de um território, de um país, de uma região, de uma cidade. Esse conceito é mais extenso que o de povo, pois engloba os nacionais e os estrangeiros, desde que habitantes de um mesmo território, assim, está excluído do conceito de população aquele que somente passa por determinado país como o turista. 
c) Nação – agrupamento humano, em geral numeroso, cujos membros são ligados por laços históricos, culturais, econômicos e lingüísticos. Nação refere-se ao conjunto de pessoas que se sentem unidas pela origem comum, pelos interesses comuns, por ideais e aspirações comuns. 
d) Pátria - (do latím "patris", terra paterna) indica a terra natal ou adotiva de um ser humano, que se sente ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história. Significa o local, ambiente ou espaço geográfico onde se insere a vida. 
e)País - é um termo que representa os aspectos físicos, históricos e sociais de um território ocupado por um povo. País é palavra que se refere aos aspectos físicos, ao habitat, ao torrão natal, á paisagem territorial. está relacionado com o nome do território ocupado, podendo este fazer parte do nome do Estado ou não. Tomemos como exemplo o Brasil. Este tem como nome de Estado República Federativa do Brasil, e nome de país Brasil. Pátria é o sentimento cívico dos cidadãos a seu país.
X- PARLAMENTARISMO E PRESIDENCIALISMO – Diz respeito ao sistema de governo, ou seja, qual a maneira escolhida por determinado Estado para governar, ou seja, dirigir o país.  
1- Presidencialismo – sistema de governo em que o Presidente da República possui um cargo temporário e acumula as atribuições de Chefe de Governo e Chefe de Estado, sendo este, o sistema adotado pelo Brasil. Como chefe de governo, o presidente é o responsável pela administração das contas públicas, dos gastos, investimentos, quanto vai para a educação, saúde etc. O Presidente, entretanto, não pode fazer o que bem entender, para que não extrapole, há controle por parte do judiciário e do legislativo. Como chefe de Estado, representa o Brasil no exterior. 
2- Parlamentarismo – neste ocorre a interdependência entre o poder legislativo e executivo, sendo as funções de Chefe de Estado e de Governo dividas, sendo a primeira exercida pelo presidente ou rei, e a segunda pelo Primeiro Ministro, o qual não tem mandato, sendo este escolhido pelo próprio parlamento. Nas repúblicas parlamentaristas, o chefe de Estado é eleito pelo voto popular ou nomeado pelo parlamento, por prazo determinado (geralmente com o título de presidente da República); nas monarquias parlamentaristas, o chefe de Estado é o monarca, geralmente um cargo hereditário. Já o chefe de governo, com o título de primeiro-ministro ou chanceler, efetivamente conduz os negócios do governo, em coordenação com os demais ministros membros do gabinete. Alguns países parlamentaristas atribuem ao chefe de Estado certos poderes, como a chefia nominal das forças armadas ou a prerrogativa de dissolver o gabinete, caso este não logre formar um governo tempestivamente, convocando então novas eleições. Este sistema é adotado, dentre outros, pelos seguintes países: Inglaterra, Suécia, Itália, Alemanha, Portugal, Holanda, Noruega, Finlândia e Islândia.
XI – CONCLUSÃO - À luz dos posicionamentos apontados anteriormente, podemos traçar o perfil do Estado Brasileiro como sendo:
1. Forma de Estado – Federação 
2. Forma de Governo – República 
3. Sistema de Governo – Presidencialismo,
4. Regime Político – Democracia.
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