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Nucleação e Crescimento de Cristais (Minerais) GEO-0404 Mineralogia 2017.2 Os Cristais gigantes de Naica (MEX) • ~300m de profundidade: cristais de gipsita (selenita) – CaSO4.2H2O • Mina de Pb e Ag • Temperatura atinge 58ºC • humidade varia entre os 90 e os 100%. https://www.youtube.com/ watch?v=39TNDDgklIQ Como cristais adquirem essas formas perfeitas? • O entendimento dos processos de cristalização: • No início: forças místicas…a própria palavra cristal deriva do grego “krystallos” = gelo o Significado original associado ao quartzo (SiO2), que os filósofos antigos acreditavam tratar-se de água congelada sob T muito baixas • Faltava o conhecimento sobre átomos e moléculas Erdemir et al (2009) Crescimento e cristalização a partir de soluções aquosas • Exemplos: halita – NaCl (salmouras) o Cristais de Naica: gipsita Soluções supersaturadas: íons dissolvidos (dispostos ao acaso): • Evaporação da água • Diminuição de T ou P o Íons deixam de ficar em solução e precipitam: combinam-se formando um padrão ordenado (cristalino) Fig. 10.1 Klein & Dutrow (2012) Erdemir et al (2009) halita Mar Morto: precipitação de halita sciencedecomptoir.cafe-sciences.org w in d o fw ee f. w eb .f c2 .c o m / Salinas no RN (Areia Branca, Macau etc) Importante ter em mente: • Cristais podem ser formados a partir de: o soluções aquosas; o fusões (magma); o vapor (fumarolas vulcânicas – enxofre); o recristalização (estado sólido) enxofre • A cristalização é um processo de duas etapas: NUCLEAÇÃO E CRESCIMENTO CRISTALINO • O crescimento cristalino inicia-se com a formação de núcleos (sementes) - nucleação • Em geral, os mesmos princípios de crescimento se aplicam para rochas ígneas e metamórficas → só muda o meio • O crescimento de cristais a partir do magma em rochas ígneas é em muito semelhante ao crescimento em soluções aquosas, como em rochas sedimentares químicas (evaporitos) → supersaturação • em rochas metamórficas o crescimento cristalinos se dá em estado sólido = recristalização Fundamentação • Ao falarmos de nucleação e crescimento mineral lidaremos com fatores cinéticos e termodinâmicos oTeoria clássica da cristalização (anos 30) • É importante discutir alguns conceitos… O conceito de estabilidade de fases • O crescimento cristalino irá ocorrer em um sistema • Sistema: parte do universo isolada para fins de estudos termodinâmicos. Constituído de fases • Fase: constituinte com propriedades químicas e físicas distintas, próprias, fisicamente indivisível e separável das demais fases (Ex: magma/fusão: minerais, fluidos e líquido) • Uma fase em um dado sistema pode ser instável, metaestável ou estável • A estabilidade de uma fase é determinada pela Energia Livre de Gibbs A estabilidade de uma fase é determinada pela Energia Livre de Gibbs Energia Livre de Gibbs (G) • energia da qual o processo dispõe para realizar trabalho útil (W) sob temperatura e pressão constantes. • não pode ser medida diretamente: mede-se portanto a sua variação (ΔG) de uma situação termodinâmica para outra ΔG = ΔH –T.ΔS • ΔH - Entalpia: define a quantidade de energia liberada ou absorvida por um sistema (P=cte); • ΔS - Entropia: medida da desordem do sistema • T - Temperatura Josiah Gibbs • Fase estável: sempre a de menor energia livre nas condições termodinâmicas em que se encontra o sistema G T Temperatura T m E n e rg ia L iv re ΔG = 0; ponto de fusão (liquidus) Líquido estável Sólido estável P = cte ΔG > 0: reação não espontânea ΔG < 0: reação espontânea Nucleação • O primeiro estágio do crescimento de um cristal • Implica a formação inicial de “germens”/núcleos (embriões) cristalinos • A formação dos núcleos requer que se produza uma acumulação local de componentes (íons, radicais aniônicos): agrupados segundo um determinado sistema cristalino (triclínico, ortorrômbico etc : próximas aulas) • condicionados por efeitos de variações da composição e de temperatura da solução Quando começa a nucleação? G T Temperatura Tm E n e rg ia L iv re É de se esperar que, ao atingir a curva de liquidus, em direção a T menores, a nucleação comece • Nesse ponto, contudo, ΔG de cristalização = 0 e assim a taxa de formação de minerais = 0 • Cristais não se formam imediatamente É necessário o que se chama de subresfriamento (undercooling) para se iniciar a cristalização • Undercooling ou sub-resfriamento pode ser entendido como a diferença (ΔT) entre a T de início de cristalização (Tliquidus) e a T onde os cristais realmente iniciam sua cristalização • No caso inverso (reações em estado sólido): há um “sobreaquecimento” (overheating) necessário para iniciar a formação de cristais • Atingido o sub-resfriamento necessário, os embriões cristalinos começam a se formar: homogênea ou heterogeneamente: • Nucleação homogênea: colisão aleatória de íons formando partículas de arranjo ordenado • Nucleação heterogênea: os núcleos formam-se sobre partículas (e.g. outro mineral) já existentes epa.gov Horiuchi et al (2003) Nucleação heterogênea sistemas geológicos são raramente homogêneos: muitas variáveis envolvidas • Muitos desses núcleos diminutos não sobrevivem: possuem uma área superficial muito maior que o volume • Implica em uma tensão (energia) superficial alta na interface núcleo/líquido = ligações químicas não satisfeitas Fig. 10.2 Klein & Dutrow (2012) • Para um núcleo sobreviver e formar um cristal ele precisa atingir um tamanho crítico (aumentar o volume): ligações internas e satisfeitas • Para entender melhor esse conceito, vamos rever as energias envolvidas na cristalização A formação de uma fase cristalina causa uma variação da energia livre do sistema (ΔG = energia livre de cristalização) dada por esses dois termos: ΔGs = energia livre superficial (+) ΔGv = energia livre de volume (-) se o balanço resultar positivo = nucleação desfavorecida (núcleo dissolve) Se o balanço resultar negativo = nucleação favorecida Para ΔG ficar negativo, os núcleos devem atingir um tamanho (raio) crítico rc http://www.metafysica.nl Teng (2013) Ong & Tok (2007) Teng (2013) Crescimento Cristalino • Uma vez que um núcleo tenha sobrevivido, o crescimento cristalino pode ocorrer pelo acoplamento adicional de íons na superfície (cantos > bordas > faces) espessartina halita Fatores que controlam a taxa de cristalização • Concentração química • Velocidade de difusão química dos elementos • Competição química por um mesmo elemento • Dissipação de calor da superfície do cristal (entalpia de cristalização = calor de cristalização) www.ch.ntu.edu.tw Fatores que controlam a taxa de cristalização • Presença de defeitos cristalinos: crescimento em espiral; desenvolvimento de geminações primárias molibdenita https://www.pinterest.com/ckagea/rocks-crystals-gems-minerals/ https://en.wikipedia.org/ geminação em espinélio geminação em pirita Intercrescimento de cristais • Durante o crescimento, o arranjo atômico da estrutura dos minerais pode sofrer deslocamentos • Resulta em padrões de intercrescimentos de minerais (mesma fase ou fases distintas) bem formados Fig. 10.12 Klein & Dutrow (2012) quartzo quartzo+mica+calcita Crescimento cristalino: outras teorias • Ostwald Ripening • Vários pequenos cristais em um sistema tendem a desaparecer, com exceção de alguns poucos que crescem à expensa de cristaismenores • Cristais menores: “nutrientes” para os cristais maiores o "Canibalismo mineral" • Conforme os cristais maiores vão se formando, a área ao entorno fica empobrecida em cristais menores • Cristais maiores: termodinamicamente mais estáveis (termodinamicamente favorecidos) o Cristais menores: alta área superficial em relação ao volume www.ch.ntu.edu.tw Gotas de água = processo análogo ao Ostwald Ripening Bibliografia para estudo • Manual de Ciência dos Minerais: Cap 10 • Artigo: Teng H.H (2013). How ions and molecules organize to form crystals. Elements, 9: 189-194. (sigaa) Slides extras Importante: • Em rochas ígneas, as taxas de nucleação e crescimento estão relacionadas com o grau do undercooling Vernon (2004) Ta: poucos núcleos bem desenvolvidos Tb: muitos cristais pequenos Tc: sem crescimento, nucleação quase nula = textura vítrea Undercoolings grandes: Rápida queda da temperatura www.whitman.edu
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