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QUESTÕES DE REVISÃO PSICOPATOLOGIA

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QUESTÕES DE REVISÃO
 
Defina psicopatologia e comente suas origens e seu campo de atuação.
Parte da ciência que estuda a natureza da doença mental, suas causas, mudanças em sua estrutura e em seu funcionamento e suas formas de manifestação. Tem sua raiz associada a tradição médica e a humanística. Tem seu campo de atuação na psiquiatria e psicologia clínica. 
Discuta os dois aspectos básicos dos sintomas psicopatológicos: forma e conteúdo.
R- A forma dos sintomas (sua estrutura básica) é relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, delírio, idéia obsessiva, labilidade afetiva, etc.), e seu conteúdo (o preenche a alteração estrutural), mais pessoal, depende da história de vida do paciente, sua cultura e personalidade prévia ao adoecimento (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc.). 
Relacione os temas centrais da existência humana com o conteúdo dos sintomas
psicopatológicos.
R-
Descreva a ordenação dos fenômenos psicopatológicos em semelhantes, parcialmente
semelhantes e qualitativamente novos.
R- Fenômenos semelhantes em todas as pessoas: Embora haja uma qualidade pessoal própria para cada ser humano, essas experiências são basicamente semelhantes para todos, de modo geral, todo homem sente fome, sede ou sono.
Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes: São fenômenos que o homem comum experimenta, mas apenas em parte são semelhantes aos que o doente mental vivencia.
Fenômenos qualitativamente novos, diferentes: São praticamente próprios apenas a certas doenças e estados mentais.
Que áreas da saúde mental estão relacionadas com e implicadas no conceito de
normalidade em psicopatologia?
R- Psiquiatria legal ou forense; Epidemiologia psiquiátrica; Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria; Planejamento em saúde mental e políticas de saúde; Orientação e capacitação profissional; Prática clínica.
Quais são os principais critérios de normalidade interligados em psicopatologia e quais
suas “forças” e “debilidades”?
R- Normalidade como ausência de doença: o primeiro critério que geralmente se utiliza é o de saúde como “ausência de sintomas, de sinais ou de doenças”. Tal critério é bastante falho e precário, pois, além de redundante, baseia-se em uma “definição negativa”, ou seja, defini-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta.
Normalidade ideal: a normalidade tomada como uma certa “utopia”. Estabelece-se arbitrariamente uma norma ideal, o que é supostamente “sadio”, mais “evoluído”. Tal norma é, de fato, socialmente constituída e referendada.
Normalidade estatística: normalidade estatística identifica norma e freqüência. É um critério muitas vezes falho em saúde geral e mental, pois nem tudo o que é freqüente é necessariamente “saudável”, e nem tudo que é raro ou infreqüente é patológico.
Normalidade como bem-estar: a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença. É um conceito criticável por ser muito vasto e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir objetivamente.
Normalidade funcional: baseia-se em aspectos funcionais e não necessariamente quantitativos. O fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, produz sofrimento para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social.
Normalidade como processo: visão estática, consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários. Esse conceito é particularmente útil em psiquiatria infantil, de adolescentes e geriátrica.
Normalidade subjetiva: ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação a seu estado de saúde, às suas vivências subjetivas. O ponto falho desse critério é que muitas pessoas que se sentem bem, “muito saudáveis e felizes”, como no caso de sujeitos em fase maníaca, apresentam, de fato, um transtorno mental grave.
Normalidade como liberdade: propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade existencial. A saúde mental se vincularia às possibilidades de transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino. A doença mental é constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais.
Normalidade operacional: define-se, a priori, o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar operacionalmente com esses conceitos, aceitando as conseqüências de tal definição prévia.
Cite e defina oito correntes da psicopatologia.
Psiquiatria Descritiva: forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, aquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou menos típico.
Psiquiatria Dinâmica: conteúdo da vivência, os movimentos internos de afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos.
 
 Visão Comportamental:
O homem é visto como um conjunto de comportamento observáveis, verificáveis, que são regulados por estímulos específicos e gerais, e por certas leis e determinantes do aprendizado. Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais aprendidas. 
 
Visão Psicanalítica:
Os sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos inconscientes, desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o indivíduo não tem acesso. 
Sintoma é encardo como uma formação de compromisso, um arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e permissões culturais e as possiblidades de satisfação desse desejo.
Perspectiva Biológica:
A base de todo transtorno mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais.
Perspectiva Sociocultural:
Os transtornos mentais surgem a partir de fatores socioculturais e devem ser estudados segundo essa visão.
É nesse contexto de normas, valores e símbolos culturalmente construídos que os sintomas recebem seu significado, e podem ser precisamente estudados.
Visão operacional-pragmática:
As definições de transtornos mentais e sintomas são formuladas em função de sua utilidade de pragmática, clínica ou orientada à pesquisa.
Visão Fundamental:
Visa centrar a atenção sobre os fundamentos de cada conceito psicopatológico. A noção de doença mental é vista como pathos, que significa sofrimento, paixão e passividade.
Discuta as principais diferenças entre a psicopatologia médica e a existencial, assim
como entre a psicopatologia categorial e a dimensional.
a)    Perspectiva Médico-Naturalista:
Noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. 
O adoecimento mental é visto como mau funcionamento do cérebro, desrregulação, uma disfunção.
b)    Perspectiva Existencial:
O ser é construído por meio da experiência particular na sua relação com outros sujeitos.
A doença mental é vista como modo particular de existência, uma forma trágica de ser no mundo, de construir um destino.
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a)    Visão Categorial:
Espécies únicas, tal qual espécies biológicas, cuja identificação precisa constituiria uma das tarefas da psicopatologia.
Configura as patologias como entidades ou categorias diagnósticas diferentes e discerníveis na sua natureza básica.
b)    Visão Dimensional:
Dentro de uma patologia haveria dimensões.
Exemplo de esquizofrenia deficitária à transtornos afetivos menores.
13-)Discuta o valor, os limites e as críticas em relação ao diagnóstico em psicopatologia.
A primeira afirma que o diagnóstico em psiquiatria não tem valor algum, pois cada pessoa é uma realidade única e inclassificável. O diagnóstico psiquiátrico apenas serviria para rotular as pessoas diferentes, permitindo o poder médico, o controle social sobre o indivíduo desadaptado ou questionador.A segunda, em defesa do diagnóstico psiquiátrico, sustenta que o valor e o lugar do diagnóstico em psiquiatria são absolutamente semelhantes ao valor e ao lugar do diagnóstico nas outras especialidades médicas. O diagnóstico, nessa visão, é o elemento principal e mais importante da prática psiquiátrica.
De modo geral, pode-se afirmar que o diagnóstico só é útil e válido se for visto como algo mais que simplesmente rotular o paciente. Esse tipo de utilização do diagnóstico psiquiátrico seria uma forma precária, questionável e não propriamente científica. Funcionaria apenas como estímulo a preconceitos que devem ser combatidos. 
Esclareça por que o diagnóstico em psicopatologia é baseado preponderantemente nos dados clínicos e não em possíveis mecanismos causais supostos pelo entrevistador.
O diagnóstico psiquiátrico deve ser sempre muitidimensional, sendo a dimensão psicossocial a mais importante para a formulação diagnóstica.
Por que o diagnóstico psicopatológico é, em muitos casos, apenas possível com a observação do curso da doença?
R- O diagnostico psiquiátrico deve ser sempre pluridimensional. Varias dimensões clinicas e psicossociais devem ser incluídas para uma formulação diagnostica completa.
Quais os principais problemas da avaliação física de pacientes com transtornos psiquiátricos?
R- O exame físico do paciente com transtorno psiquiátrico não difere, em essência, daquele dos indivíduos sem patologias mentais. Deve-se, entretanto, ressaltar que: – Os pacientes com transtornos psiquiátricos apresentam morbidade física mais freqüente que a população geral. Apesar disso, os distúrbios e doenças físicas são “subdiagnosticados”, não adequadamente reconhecidos e tratados nos pacientes ditos psiquiátricos. O exame físico do paciente com transtornos mentais, quando realizado de forma adequada, pode ser um excelente “instrumento” de aproximação afetiva. Ser examinado respeitosamente pelo médico. Tais pacientes devem ser examinados do ponto de vista somático, por meio da semiologia somática adequada (anamnese somática, exame físico, exames laboratoriais e de imagem).
17-)Cite e descreva a importância dos sinais e reflexos neurológicos ditos primitivos.
R- São indicadores de lesão cerebral difusa, encefalopatia, ou lesões frontais difusas sem que haja, necessariamente, outros sinais localizatórios.
Reflexo de preensão (grasping ou grasp reflex). É a resposta de flexão dos dedos evocada pelo contato rápido de um objeto do paciente, respondendo este com um movimento involuntário de preensão
Reflexo de sucção. Trata-se de uma resposta primitiva à estimulação da região perioral com uma espátula, na qual há uma protusão dos lábios, desvio para o lado estimulado e movimentos de sucção. Esse reflexo pode ocorrer em lesões frontais.
Reflexo orbicular dos lábios. A percussão da área acima do lábio superior, na linha média, pode produzir a projeção dos lábios para a frente.
Reflexo palmomentual. Pelo estímulo cutâneo da eminência tenar, pode-se observar a contração do pequeno músculo do mento ipsilateral e sua elevação e, eventualmente, a elevação do lábio inferior ipsilateral à mão estimulada.
Cite os principais testes projetivos e testes estruturados de personalidade. Qual a utilidade dos testes de rastreamento de alterações cerebrais?
R- 
Os testes projetivos, “abertos”, mais utilizados são: o teste de Rorschach; o TAT (Teste de Apercepção Temática, de Murray); o Teste de Relações Objetais – TRO de Phillipson; o Teste das Pirâmides, de Pfister; e o HTP-F (teste de desenho da casa-árvore-pessoa-família), de Buck (2003). 
Os testes de personalidade estruturados mais difundidos são o MMPI, o 16-PF e, a partir dos anos 1990, o “modelo dos cinco fatores – the big five mode”.
Para rastreamento (screening) de possíveis alterações cerebrais. Tem ganho importância, entretanto, o uso de testes neuropsicológicos mais direcionados, destinados à detecção de alterações cognitivas mais específicas que aquelas identificadas pelos instrumentos globais de screening, que reconhecem apenas organicidade de forma inespecífica. 
Uma entrevista bem-conduzida é aquela em que o profissional fala muito pouco e ouve
pacientemente o enfermo. Há, contudo, certas situações que exigem intervenção mais
ativa do entrevistador. Nesse sentido, que aspectos devem ser observados ao se
conduzir uma entrevista?
Deve -se observar: 
O paciente => da sua personalidade , do seu estado mental e emocional no momento, das suas 
capacidades cognitivas; 
O contexto institucional => da entrevista, caso se realize na emergência, enfermaria, ambulatório; 
Os objetivos da entrevista => que pode ser para diagnóstico clínico, estabelecimento de vínculo terapêutico inicial, para psicoterapia; 
A personalidade do entrevistador => alguns são mai s discretos , contidos , outros são mais extrovertidos, falantes
Ao entrevistar um paciente, que tipo de postura/atitude o entrevistador deve evitar?
R- Atitude excessivamente neutra ou fria, não forma vínculo; 
Reações exageradamente e motivas; 
Comentários valorativos; 
Reações com hostilidade ou agressão às investidas hostis, deve - se esquivar; 
Entre vistas excessivamente prolixas, não precisa conversar muito; 
Faze r muitas anotações durante a entrevista. O ideal é faze r em dupla porque o outro pode 
anotar.
Quais as “três regras de ouro” da entrevista em saúde mental?
R- 1. Pacientes organizados (mentalmente), com inteligência normal, com escolaridade boa ou razoável, fora de um “estado psicótico”, devem ser entrevistados de forma mais aberta, permitindo que falem e se expressem de maneira mais fluente e espontânea. O entrevistador fala pouco, fazendo algumas pontuações para que o paciente “conte a sua história”. 
2. Pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo, em estado psicótico ou paranóide, “travados” por alto nível de ansiedade, devem ser entrevistados de forma mais estruturada. Nesse caso, o entrevistador fala mais, faz perguntas mais simples e dirigidas (perguntas fáceis de serem compreendidas e respondidas). 
3. Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranóides, deve-se fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, profissão, estado civil, nome de familiares, etc.), para apenas, gradativamente, começar a formular perguntas “mais quentes” (às vezes, constrangedoras para o paciente), como: “Qual o seu problema?”, “Por que foi trazido ao hospital?”, “O que aconteceu para que você agredisse seus familiares?”, etc. Vale a sabedoria popular que diz: “O mingau quente se come pela beirada”
Diante de um paciente tímido, que fica em silêncio durante a entrevista, que estratégias podem ser usadas pelo entrevistador a fim de que este silêncio seja rompido?
R- Evitar perguntas muito direcionadas ou muito longas e complexas; 
 Adequado: Explique melhor; Como foi isso. .. 
 Não adequado: Porque; Qual a causa.. . 
 Buscar o tipo de intervenção mais adequado para cada paciente que facilite a continuidade de sua fala. 
Estabeleça a diferença entre transferência e contratransferência.
R- Transferência são as atitudes e sentimentos cuja origem são basicamente inconscientes para o paciente. Inclui tanto sentimentos positivos quanto negativos. São uma repetição inconsciente do passado.
Contratransferência é a transferência que o profissional estabelece com seus pacientes. Ele projeta inconscientemente, no paciente, sentimentos que nutria no passado por pessoas significativas em sua vida. 
Descreva como deve ser o relato do caso por escrito.
R- Deve conter , de preferência, as próprias palavras que o paciente e os informantes usaram ao 
descrever os sintomas mais relevantes. O us o de termos técnicos deve ser sóbrio e 
proporcional ao grau de conhecimento que o profissional obteve do caso. Já a caligrafia deve 
ser legível, com f rase s e parágrafos curtos. 
Cite as principais limitações de uma psicopatologia dasfunções psíquicas compartimentalizadas.
R- As funções perturbadas fazem pressentir transtornos subjacentes, ligados à personalidade inteira, atingida na sua estrutura e em seu modo de existir. A psicopatologia geral dos manuais que Minkowski (1966) critica seria apenas a descrição mecânica e irrefletida dos sintomas, um exercício classificatório vazio, sem indicar o essencial, ou seja, a significação dos fenômenos. Nos transtornos psiquiátricos, não se trata apenas de agrupamentos de sintomas que coexistem com regularidade e revelam, assim, sua origem comum. Os sintomas que os compõem são ligados estruturalmente entre si. A psicopatologia, na medida em que é centrada na pessoa humana, não se desenvolve a não ser partindo de determinadas síndromes (psicopatologia sindrô- mica). A psicopatologia sintomática, como estudo dos sintomas isolados, não passa de uma semiologia psiquiátrica rudimentar. As alterações de funções isoladas constituem, em última análise, objeto da neurologia, da neuropsicologia ou da neurofisiologia, e não da psicopatologia.
Qual a importância, segundo Monedero (1973), dos quadros nosográficos para dar sentido aos fenômenos particulares (sintomas isolados)?
R- Torna-se necessária a contínua referência aos quadros nosográficos, que são estruturas totalizantes, nos quais adquirem sentido os fenômenos particulares.
Estabeleça a diferença entre as três acepções possíveis, em língua portuguesa, para a
definição da palavra “consciência”.
R-Definição neuropsicológica: Consciência aqui é fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido.
Definição Psicológica: consciência é o que se designa campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade.
Definição ético-filosófica: é atributo do homem desenvolvido e responsável, engajado na dinâmica social de determinada cultura.
Indique as diferenças entre sono REM e sono não-REM. Que estágios ocorrem durante o
sono não-REM?
R - O sono sincronizado não-REM caracteriza-se por atividade elétrica cerebral síncrona, com elementos eletrencefalográ-ficos próprios, tais como os fusos do sono, os complexos K e ondas lentas de grande amplitude. Há, nesse tipo de sono, diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático e aumento relativo do tônus do parassimpático, permanecendo vários parâmetros fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento mínimo, tais como as freqüências cardíaca e respiratória a pressão arterial, o débito cardíaco e os movimentos intestinais.
No sono REM, há um padrão de movimentos oculares rápidos e conjugados (movimentos oculares sacádicos), bem como um relaxamento muscular profundo e generalizado (atonia muscular), interrompido esporadicamente por contrações de pequenos grupos musculares, como os músculos dos olhos.
NÃO-REM
Estágio 1: mais leve e superficial, com atividade regular do eletrencefalograma (EEG) de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2 a 5% do tempo total de sono). 2. Estágio 2: um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K (45 a 55% do tempo total de sono). 3. Estágio 3: sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3 a 8% do tempo total de sono). 4. Estágio 4: estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem-lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10 a 15% do tempo total de sono).
Cite e caracterize os graus de rebaixamento da consciência.
R- Obnubilação ou turvação da consciência: Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. À inspeção inicial, o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto, o que dificulta o diagnóstico.
Sopor: É um estado de marcante turvação da consciência, no qual o paciente pode ser despertado apenas por estímulo enérgico, sobretudo de natureza dolorosa. Aqui, o paciente sempre se mostra evidentemente sonolento. Embora ainda possa apresentar reações de defesa, ele é incapaz de qualquer ação espontânea.
Coma: É o grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência. No estado de coma, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Além da ausência de qualquer indício de consciência, os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados: movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado,
Quais são as principais características do delirium?
R- Delirium: aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporo espacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais.
Descreva a diferença entre delirium e delírio.
R- Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo delírio (idéia delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos).
Cite e caracterize as alterações qualitativas da consciência.
 Estados crepusculares: É um estado patológico transitório no qual uma obnubilação da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada. Nos estados crepusculares, há, portanto, estreitamento transitório do campo da consciência, afunilamento da consciência (que se restringe a um círculo de idéias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos.
Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Com certa freqüência, alguns autores utilizam os termos “estado segundo” e “estado crepuscular” de forma indistinta ou intercambiável.
Dissociação da consciência: Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa freqüência nos quadros histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo). Nessas situações, observa-se uma dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho (ganhando o caráter de estado onírico), geralmente desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos
Transe: Estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntá- rios. O estado de transe ocorre em contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e religiões evangé- licas pentecostais e neopentecostais).
Estado hipnótico: É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um estado de consciência semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e a sua atenção, concentrada no hipnotizador.
Experiência de quase-morte: EQM (near death experience – NDE). Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, entre outros, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas experiências de quase-morte (EQM).
Quais as características mais freqüentes da experiência de quase-morte?
R- Estudos recentes têm mostrado que as características maisfreqüentes desses estados são as seguintes (em 55 casos revisados a partir da literatura científica internacional): sensação de paz (87%), de estar fora do próprio corpo (80%), de estar rodeado por uma luz intensa (78%), de estar em “outro mundo” (75%), sensações de “união cósmica” (67%), de ter atingido um “ponto de não-retorno” (67%), de alegria intensa (64%), de “compreensão imediata” (60%) e de contato com uma “entidade mística” (55%). As EQM parecem ocorrer em muitas culturas, com variações nos seus conteúdos.
Defina os tipos de atenção em relação à direção e à amplitude do processo atencional.
R- Em relação à amplitude da atenção, há a atenção focal, que se mantém concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da consciência, em contraposição à atenção dispersa, que não se concentra em um campo determinado, espalhandose de modo menos delimitado.
O que você pode dizer sobre os pressupostos teóricos a respeito da psicologia contemporânea
da atenção? Caracterize os quatro aspectos básicos da atenção.
R- 	Atualmente, subdivide-se a atenção em quatro aspectos básicos: 
1. Capacidade e foco de atenção 
2. Atenção seletiva 
3. Seleção de resposta e controle executivo 
4. Atenção constante ou sustentada 
Quais são as principais estruturas do sistema nervoso relacionadas à atenção? Quais as
mais relevantes? Por quê?
R-	As principais estruturas do sistema nervoso relacionadas à atenção são: o sistema reticular ativador ascendente (SRAA) no tronco cerebral, o tálamo e o corpo estriado, em nível subcortical, e, em nível cortical, o córtex parietal posterior direito (não-dominante), o córtex pré-frontal, o giro cingulado anterior (também na região frontal), assim como estruturas do lobo temporal medial do sistema límbico.
 Cite e caracterize as anormalidades que podem ocorrer com a atenção. Qual é a sua
associação com distúrbios neurológicos e neuropsicológicos e transtornos mentais?
R- A alteração mais comum e menos específica da atenção é a diminuição global desta, chamada hipoprosexia. Aqui se verifica uma perda básica da capacidade de concentração, com fatigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão; as lembranças tornam-se mais difíceis e imprecisas, há dificuldade crescente em todas as atividades psíquicas complexas, como o pensar, o raciocinar, a integração de informações, etc. Denomina-se aprosexia a total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estí- mulos utilizados.
Nas demências, as alterações de atenção podem estar relacionadas a quadros episódicos com rebaixamento do nível de consciência (delirium que se sobrepõe ao quadro demencial) ou deterioração cognitiva progressiva. Na demência de Alzheimer, os pacientes têm dificuldades em tarefas que requerem concentração e foco, assim como em atividades de controle executivo (funções frontais).
Como se apresenta a atenção nos quadros maníacos e depressivos, na esquizofrenia e no TDAH?
R- Nos quadros maníacos, diminuição da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea, com hipervigilância e hipotenacidade. A atenção do indivíduo em fase maníaca salta rapidamente de um estímulo para outro, sem se fixar em algo. 
Nos quadros depressivos, geralmente há diminuição geral da atenção, ou seja, hipoprosexia. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância). Isso acontece pelo fato de o indivíduo estar em depressão grave, muitas vezes voltado totalmente para si, concentrado em conteúdos de fracasso, doença, culpa, pecado, ruína, etc. Em pacientes deprimidos, o desempenho prejudicado em tarefas de atenção constante é, de modo geral, proporcional à gravidade do estado depressivo. 
Já o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) apresenta atenção ou vigilância excessiva e desregulada. O paciente demonstra alterações no controle executivo (funções frontais), na memória de trabalho (intimamente relacionada à atenção) e na seleção de respostas. 
Na esquizofrenia, o déficit de atenção é central. A filtragem de informação irrelevante geralmente consiste em uma dificuldade importante dos sujeitos acometidos. Pacientes esquizofrênicos costumam ter dificuldade em anular adequadamente estímulos sensoriais irrelevantes enquanto realizam determinada tarefa; são muito suscetíveis de distrair-se com estímulos visuais e auditivos externos. Sob testagem neuropsicológica, os pacientes com esquizofrenia revelam lentificação no tempo de reação em conseqüência da distraibilidade, não conseguem suprimir informações interferentes e têm grande dificuldade com a atenção constante, talvez por essa forte tendência à distraibilidade.
No transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), há dificuldade marcante de prestar atenção a estímulos internos e externos, pois o paciente, geralmente criança ou adolescente, tem a capacidade prejudicada em organizar e completar tarefas, assim como relutância em controlar seus comportamentos e impulsos. 
Como é classificada a capacidade de orientar-se? A capacidade de orientar-se requer, de forma consistente, a integração das capacidades de atenção, percepção e memória. Alterações da atenção e retenção (memória imediata e recente) apenas um pouco mais intensas do qu
Estabeleça a diferença entre orientação espacial e orientação temporal, sem esquecer de relacioná-las com transtornos mentais e distúrbios neuropsicológicos e neurológicos.
A orientação autopsíquica é a orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o sujeito sabe quem é: nome, idade, data de nascimento, profissão, estado civil, etc. Já a orientação alopsíquica diz respeito à capacidade de orientar-se em relação ao mundo, isto é, quanto ao espaço (orientação espacial) e quanto ao tempo (orientação temporal)
Caracterize os tipos de desorientação de acordo com a alteração de base que os condiciona.
R- A desorientação temporoespacial ocorre, de modo geral, em quadros psico-orgânicos, quando três áreas encefálicas são comprometidas.
Desorientação por redução do ní- vel de consciência. Também denominada desorientação torporosa ou confusa, é aquela na qual o indivíduo está desorientado por turvação da consciência.
Desorientação por déficit de memória imediata e recente. Também denominada desorientação amnéstica. Aqui, o indivíduo não consegue reter as informações ambientais básicas em sua memó- ria.
Já a desorientação demencial é muito próxima à amnéstica. Ocorre não apenas por perda da memória de fixação, mas por déficit de reconhecimento ambiental (agnosias) e por perda e desorganização global das funções cognitivas.
• Desorientação apática ou abúlica. Ocorre por apatia ou desinteresse profundos.
Desorientação delirante. Ocorre em indivíduos que se encontram imersos em profundo estado delirante, vivenciando idéias delirantes muito intensas, crendo com convicção plena que estão “habitando” o lugar (e/ou o tempo) de seus delírios.
Desorientação por déficit intelectual (anteriormente chamada de desorientação oligofrênica). Ocorre em indivíduos com deficiência ou retardo mental grave ou moderado.
Desorientação por dissociação, ou desorientação histérica. Ocorre em geral em quadros histéricos graves, normalmente acompanhada de alterações da identidade pessoa.
Desorientação por desagregação. Ocorre em pacientes psicó- ticos, geralmente esquizofrênicos em estado crônico e avançado da doença, quando o indivíduo, por desagregação profunda do pensamento, apresenta toda a sua atividade mental gravemente desorganizada.
Desorientação quanto à própria idade. É definida como uma discrepância de cinco anos ou mais entre a idade real e aquela que o pa lirante, coexiste com a orientação correta
Comente sobre as posições teóricas defendidas por Bergson e Heidegger em relação à vivência do tempo.
R- Bergson propõe que, para captar o que realmente o tempo é, o que significaa duração, deve-se abandonar tal atitude; diz ele: Abandonemos esta representação intelectual do movimento, que o desenha como um série de posições. Vamos direto a ele, consideremo-lo sem conceitos interpostos: nós o vemos simples e uno. A essência da duração está em fluir, nunca veremos algo que “dure” ao nos atermos ao estável acoplado ao estável. O tempo, a duração, o movimento é o contrário, é o fluxo, é a continuidade de transição, a mudança ela mesma. Esta mudança é indivisível.
Para Heidegger (1889-1976), o homem deve ser compreendido pelas condições básicas do “estar/ser no mundo”, “es tar/ser com os outros” e, fundamentalmente, como “ser para a morte”. Assim, a morte e, por conseqüência, a temporalidade definem a condição humana.
O que você pode dizer sobre a relação entre a vivência do tempo e o ritmo psíquico nos
transtornos maníacos e depressivos?
R- O ritmo psíquico também é oposto nesses dois transtornos: na mania, há taquipsiquismo geral, com aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade, linguagem, etc.), e, na depressão, ocorre bradipsiquismo, com lentificação de todas as atividades mentais.
Discuta a relação entre a vivência do espaço e os transtornos mentais.
R- A vivência do espaço no indivíduo em estado maníaco é a de um espaço extremamente dilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O maníaco desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. Esse espaço não oferece resistências ao seu eu.
Nos quadros depressivos, o espaço exterior pode ser vivenciado como muito encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros. O indivíduo com quadro paranóide vivencia o seu espaço interior como invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. O espaço exterior é, em princípio, invasivo, fonte de perigos e ameaças. No caso do indivíduo com agorafobia, o espaço exterior é percebido como sufocante, pesado, perigoso e potencialmente aniquilador.

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