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Direito Penal II Inter – Criminis – Caminho do Crime ! Fases Ideação: Não é punida, fase subjetiva, cogitar a ação do crime. Exceção: art. 288 CP. Antecipação da tutela penal. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012). Atos preparatórios: Fase interna, preparação para praticar o crime. Também não pode ser punível. Exceção: art 291 CP, falsificação de moeda, compra de maquinário, adquirir instrumentos para praticar o crime. Porte ilegal de arma de fogo > Ainda que desmuniciado, viola paz pública ! Atos executórios: Quando o sujeito passa a praticar a conduta típica; Consumação: Efetiva lesão a bem jurídico ou exposição a perigo de lesioná-lo; Exaurimento: Produção de efeitos posteriores a consumação. Teorias – Atos preparatórios x Atos Executórios Teoria subjetiva: Não foi adotada no CP. A diferença está no âmbito subjetivo; Teoria objetiva – Formal: Quando o sujeito pratica efetivamente a conduta típica e antijurídica; Teoria objetiva – Material: Complementa a teoria citada acima. Também é ato executório as condutas anteriores que ponham em perigo o bem jurídico. Teoria objetiva individual: Ato executório para além do que se diz acima, tudo que está no campo individual do sujeito. Casos de interrupção do inter-criminis Tentativa – (art 14, II, CP): Dolo Início da Execução Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente Segundo Zaffaroni, o tipo subjetivo é completo, mas o tipo objetivo não, visto que o sujeito não consuma o fato típico. O sujeito quer continuar, mas não pode ! Crimes que admitem tentativa: Crime culposo; Crime omissivo próprio (omissão de socorro). Crime impossível ou tentativa inidônea (art 17, CP): O sujeito não é responsabilizado ! Quando o sujeito não consuma o crime por ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do mérito (matar quem está morto). O STJ entende que furto em estabelecimentos monitorados por câmera não é crime impossível. Crime por omissão imprópria admite tentativa Crimes habituais (exercício irregular da profissão) não admitem tentativa. Desistência voluntária O sujeito fica aquém da consumação. Não avança no inter-criminis, não consuma o delito porque desiste, não quer prosseguir na execução. Na desistência voluntária, o sujeito embora inicie a execução, fica aquém da consumação. A desistência não precisa ser espontânea, basta que seja voluntária. Arrependimento eficaz Como se a consumação ocorresse, mas a pessoa impede. Os atos de execução se aproximam bastante da consumação, mas o sujeito impede que o resultado se consume. O arrependimento basta ser voluntário; O que os diferencia da tentativa, é que nesta (tentativa), o sujeito não prossegue no inter-criminis, porque ele não pode, já nos mencionados institutos, o sujeito não prossegue na execução porque ele não quer. - Consequência jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz: O sujeito só responde pelos atos praticados. Arrependimento Posterior – art. 16 Ocorre quando o sujeito após consumado o crime, devolve o bem ou o valor correspondente dele até o recebimento da denúncia. Obs: O arrependimento posterior só vale para os crimes praticados sem violência ou grave ameaça. - Consequência Jurídica: Diminuição de 1 a 2/3 da pena. Concurso de Pessoas / Agentes Definição: Concurso de pessoas significa a reunião voluntária de pelo menos 2 pessoas com o fim de praticar crimes. O requisito essencial do concurso de pessoas é o vínculo subjetivo. Só há concurso de pessoas se houver esse vínculo subjetivo, esse acordo de vontade entre essas pessoas que decidiram praticar o crime. Esse vínculo subjetivo não precisa ser anterior à prática do crime. Ele pode se revelar, inclusive, concomitante a prática do crime. Ex: Um grupo de pessoas passam pela frente de um banco e na hora decidem assaltar. Ou seja, não é necessário um acordo prévio, e sim paralelamente à pratica do crime. O vínculo subjetivo pode até ocorrer DURANTE a prática do crime. Não há um limite definido para o vínculo subjetivo, o fato é que ele precisa existir. Concurso Eventual de Pessoas É chamado de eventual porque os tipos penais não estabelecem quantidade mínima de pessoas. Não se confunde com o concurso necessário de pessoas. Este por sua vez, especifica a quantidade de agentes para fins de caracterização do seu fato típico. A doutrina majoritária entende que não é possível falar em concurso de pessoas nos crimes culposos, apenas nos crimes dolosos, onde há o elemento intelectivo e volitivo. Teorias diferenciadoras entre autoria e participação Teoria Monista ou Unitária (art. 29, CP) Pela teoria Monista, o crime, ainda que praticado por várias pessoas em colaboração, continua único, indivisível. Assim, todo aquele que concorre para o crime, causa-o na sua totalidade e por ele responde integralmente, de vez que o crime é o resultado da conduta de cada um e de todos indistintamente. Não se distinguindo, portanto, entre as várias categorias de pessoas, autor, partícipe, instigador, cúmplice etc. Todos são considerados autores ou co-autores do crime. Diz o art. 29: “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Teoria Objetiva – Formal Não foi adotada pelo Código Penal, uma vez que em sua definição, diz que só será considerado autor aquele que realiza pessoalmente, diretamente a conduta típica. Quem contribui de qualquer modo para o autor cometer o crime é o partícipe. Teoria Subjetiva Não trás elemento objetivo que diferencie autor e partícipe. A vontade identifica quem é o autor e quem é o partícipe. Assim, a autoria pressupõe a contribuição causal realizada com vontade de autor, ou seja, pelo agente que quer o fato como seu, como próprio, agindo, portanto, com “animus auctoris”, independente de realizar ou não ação típica. Já a participação pressupõe a contribuição causal realizada com vontade de partícipe agindo, portanto, com “animus socci”. O partícipe é aquele que tem o fato como alheio. Essa teoria traz a absurda situação de que, aquele que executa um homicídio querendo-o como alheio não é autor e sim partícipe. Algo semelhante poderia ocorrer com o crime de falso testemunho que, apesar de ser de mão própria, o seu verdadeiro autor poderia ser condenado como partícipe por praticá-lo não querendo como próprio. Teoria do Domínio do Fato Partindo do conceito restritivo de autor, uma vez que vincula o conceito de autor a ação descrita no tipo penal e, também, da teoria subjetiva de autor, já que incorpora a vontade como energia produtora do evento típico, define autor do fato como sendo não só o que executa a ação típica, mas também aquele que se utiliza outrem, como instrumento, para a prática da infração penal. O pressuposto básico desta teoria é o fato de que o autor domina a realização do fato típico controlando a continuidade ou a paralisação da ação delituosa, enquanto que o partícipe não dispõe de poderes sobre a continuidade ou paralisação da ação típica. Será considerado autor quem executa diretamente o verbo núcleo do tipo; Aquele que utilizaalguém como instrumento de sua vontade para praticar crime. Formas de Autoria Autor direto ou imediato: Quem pratica diretamente o verbo núcleo do tipo; Autoria mediata ou indireta: Existe um autor que se utiliza de um outro sujeito para praticar o ato. Formas de Coautoria Quando há dois ou mais autores, todos eles com o domínio do fato. Divisão de tarefas; Autoria Colateral: Não é modalidade de concurso de pessoas Formas de Participação Instigação: Fomentar uma vontade já existente no autor Cumplicidade: Partícipe presta auxílio material ao autor O partícipe possui com o autor um vínculo de “acessoriedade”, de modo que a responsabilidade penal do partícipe dependerá da responsabilidade penal do autor. Teorias que trabalham da responsabilidade do partícipe Responsabilidade Mínima: Se o partícipe cometer pelo menos 1 fato típico; Acessoriedade limitada: O partícipe será responsabilizado se o autor praticar fato típico e antijurídico; Acessoriedade máxima: O partícipe será responsabilizado se o autor praticar fato típico, antijurídico e culpável. Obs: A teoria da acessoriedade máxima não pode ser aceita, hoje vista que a culpabilidade representa um juízo de reprovação pessoal e individual, de modo que a culpabilidade de um não será a mesma do outro. Art. 29 § 1º: Participação de menor importância: Apesar de haver participação, ela é mínima, quando a conduta pode ser dispensada, o autor agiria de qualquer forma; Participação ou cumplicidade por meio de ações neutras (Luis Greco) Art. 29 § 2º: Desvio subjetivo de conduta ou cooperação dolosamente distinta: - Quando algum integrante dentro de concurso de pessoa pratica uma ação mais grave, não há acordo de vontade ! O sujeito é responsabilizado sozinho por tal ação. Teoria da Imputação Objetiva do Resultado Surge no século XX no âmbito do Direito Civil, foi sendo trazida para o Direito Penal por Jakobs e Roxin. Não tem a ver com a responsabilidade objetiva. Primeiro se analisam os critérios objetivos para depois ver os subjetivos. Trabalha com a ideia de riscos, vale dizer, parte-se da premissa de que a sociedade moderna ou pós-moderna é uma sociedade de riscos. O Direito Penal tem o papel de verificar os riscos juridicamente desaprovados ou proibidos e os permitidos. A teoria não pretende superar a teoria de “conditio sine qua non”, a pretensão reside em trazer uma causalidade renovada porque entende que a outra teoria, embora necessária, não é suficiente. Critérios de Imputação Obra pessoal do agente: O sujeito só poderá ser responsável penalmente se ele não deixar a produção do resultado ao acaso ou à sorte; Criação de um risco desagradável: Realiza a atividade com um risco que não é aprovado juridicamente. A ação arriscada deve violar determinada regulamentação. Desacordo com o dever de cuidado. Incremento do Risco: Continuar produzindo tal conduta arriscada tendo consciência de que está realizando uma conduta desaprovada. Materialização do risco no resultado: O risco praticado pelo sujeito numa perspectiva “ex ante”, tem que ser proporcional ao risco produzido no “ex post”. Obs: Após o devido preenchimento de tais níveis objetivos de imputação é que se passará a analisar os elementos subjetivos do sujeito.
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