Buscar

AULA 04

Prévia do material em texto

PERÍCIA CONTÁBIL
LAUDO 
Denise Fernandes Nascimento
LAUDO PERICIAL
O Laudo Pericial é o instrumento escrito apresentado pelo perito no
qual ele registra suas respostas aos quesitos, seus raciocínios e suas conclusões, que devem ser expostos de maneira objetiva, abordando os pontos controvertidos.
Para elaborar o laudo, o perito deve ter contato direto com as fontes de prova (pessoas e coisas), analisando-as com base em métodos técnicos e científicos, e todos os outros elementos que se façam necessários. (Art. 429, CPC)
Cabe ao perito relatar os fatos percebidos e percebê-los tecnicamente e/ou emiti um juízo sobre eles, de acordo com seus conhecimentos técnicos especializados.
Não pode o perito intrometer-se na tarefa hermenêutica, isto é, não cabe a ele opinar sobre questões jurídicas, interpretando leis ou citando jurisprudências. Sua atuação é eminente IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO ente técnica, e recai tão somente sobre fatos.
Só deverá emitir juízos baseados em sua especialidade profissional, sobre questões de fato. Assim, p.ex., não pode opinar pelo deferimento de um pedido de indenização por acidente de trabalho, conforme lei e jurisprudência dominantes; todavia, pode fazer uma análise das condições
 de saúde da parte e do ambiente de trabalho, para entender se os danos alegados foram decorrentes do serviço.
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
O Perito está sujeito aos mesmos motivos de impedimento e suspeição que o magistrado. (Art. 138, III, CPC)
O perito poderá ele mesmo alegar motivos de impedimento ou de suspeição, ou podem as partes interessadas alegarem tais motivos. Caso sejam arguidos pelas partes, o juiz irá instaurar um incidente processual, e ouvirá o perito em um prazo de 15 dias, abrindo oportunidade para produção de provas, proferindo sua decisão em seguida.
Se procedente a decisão, o perito é afastado e deverá pagar as despesas processuais do incidente. (Art. 314, CPC – por analogia) Esta decisão pode ser impugnada por recurso (Agravo).
Já o assistente técnico não se sujeita a esses motivos. Por essa razão, diferentemente do perito, não presta compromisso.
MOTIVOS DE IMPEDIMENTO:
Art. 134, CPC:
É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I- de que for parte;
II- em que interveio como mandatário da parte, oficio como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III- que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV- quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V- quando o cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta, ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI- quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Parágrafo único: no caso do n° IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
MOTIVOS DE SUSPEIÇÃO:
Art. 135, CPC:
Repute-se fundada a suspeição de parcialidade de juiz, quando:
I- amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II- alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
III- herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV- receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V- interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes;
Parágrafo único: poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo.
PERÍCIAS COMPLEXAS
Em se tratando de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, pode o juiz nomear mais de um perito e a parte pode indicar mais de um assistente técnico. (Art. 431-B, CPC)
Perícia Complexa: é aquela cuja análise de fato, coisa ou pessoa dependa de conhecimentos pertencentes a áreas diversas.
Não se trata de uma segunda perícia, mas sim de uma perícia única, elaborada por mais de um perito.
SUBSTITUIÇÃO DO PERITO
Pode o perito ser substituído quando não tiver conhecimentos técnicos suficientes; quando não apresentar o laudo no prazo fixado;
(constitui falta grave); quando sua escusa for aceita; quando é recusado pela parte.
ASSISTENTE TÉCNICO
É um auxiliar da parte, e não do juízo.
Não presta compromisso.
A partir da análise do laudo apresentado pelo perito, emite seu parecer técnico, no qual registra seu juízo técnico-científico, que pode ser:
a) de concordância com o laudo pericial, ratificando-o subscrevendo-o;
b) de discordância, devendo elaborar outro, com críticas, raciocínios e conclusões diversas.
Em se tratando de perícias complexas, havendo indicação de mais de um perito, pode a parte indicar mais de um assistente técnico.
QUADRO COMPARATIVO
PROCEDIMENTO
É autorizada a incidência de preceitos do direito comum, do direito processual comum e da Lei de Execuções Fiscais às hipóteses sem previsão na CLT, desde que compatíveis com os princípios do direito e processo trabalhistas. (Arts. 8, § único, e 769, CLT)
A prova pericial poderá ser determinada de ofício pelo Juiz ou requerida pelas partes.
Após a nomeação do perito, o juiz irá fixar prazo para entrega do laudo pericial. O laudo deve ser apresentado dentro desse prazo, mas pode o perito solicitar a prorrogação do prazo, caso haja alguma razão relevante que impede o cumprimento no prazo fixado. (Art. 432, CPC)
As partes têm o prazo de 5 dias para apresentar os quesitos a serem respondidos (pertinentes – Art. 426, CPC) e nomear assistente técnico. (Art. 421, §1°, CPC)
Pode haver a apresentação de quesitos suplementares (além do prazo, mas antes da realização da perícia), respeitado o contraditório. (Art. 425, CPC). O juiz também pode apresentar quesitos que entender necessários para elucidação dos fatos. (Art. 426, CPC)
Para a realização da perícia, o perito e o assistente técnico devem lançar mão de todos os meios de coleta de dados e elementos necessários para o desenvolvimento de seu raciocínio, p.ex., solicitar documentos, obter informações, etc. (Art. 429, CPC)
É importante registrar onde, como e de que forma obteve as informações e documentos utilizados.
Todos os elementos e dados levantados devem acompanhar o laudo pericial para fundamentar suas conclusões.
É indispensável que se garanta o contraditório . Assim, deve o perito informar às partes (por meio próprio, idôneo) ou ao juízo (para que este informe às partes) acerca da data, local e horário da realização da perícia. (Art. 431-A, CPC)
Após a apresentação do laudo pericial, o juiz determinará a intimação das partes para se manifestarem sobre ele (manifestação dos advogados e parecer do assistente técnico). (Art. 433, § único, CPC)
Caso necessário, estando insatisfeitos com o laudo, ou permanecendo dúvidas ou questionamentos, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, ouvir o perito em audiência para prestar esclarecimentos, sendo o mesmo intimado para tanto. (Art. 827, CLT)
SEGUNDA PERÍCIA
Pode o juiz determinar, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. (Art. 437, CPC)
A segunda perícia segue as mesmas regras da primeira, e tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira.
Destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. Pode também complementar a primeira, ampliando o assunto.
A segunda perícia não substitui nem invalida a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de ambas.
O perito pode ou não ser o mesmo.

Continue navegando