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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 PERÍCIA 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 1.2 CONCEITOS E OBJETIVO 1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA 1.4 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA, NORMAS E PROCEDIMENTOS DO PERITO 2 PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS 2.1 PERITO 2.2 PERITOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS 2.3 ASSISTENTE 2.4 FUNÇÃO DO PERITO E ASSISTENTES 3 DESPESAS COM OS SERVIÇOS DO PERITO E DOS ASSISTENTES 4 O MERCADO DE TRABALHO DE PERÍCIAS JUDICIAIS 5 VARAS EM QUE O PERITO PODE TRABALHAR 6 TIPOS DE PERÍCIA 6.1 PERÍCIA SIMPLIFICADA 6.2 PERÍCIA POR LAUDO MÓDULO II 7 PROVA PERICIAL 7.1 CONCEITOS 7.2 FINALIDADE 7.3 PRINCÍPIOS DA PROVA 7.4 ÔNUS DA PROVA 8 PRINCIPAIS MEIOS DE PROVA 8.1 PROVA DOCUMENTAL 8.2 PROVA TESTEMUNHAL AN02FREV001/REV 4.0 4 8.3 DEPOIMENTO PESSOAL 8.4 CONFISSÃO 8.5 INSPEÇÃO JUDICIAL 8.6 PROVA PERICIAL 9 PROVA EMPRESTADA E PROVAS INADMISSÍVEIS 10 PROVAS ILÍCITAS E PROVAS ILEGÍTIMAS 11 FOTOGRAFIA FORENSE NA PROVA PERICIAL 12 FOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA (FERRAMENTA PARA DIAGNÓSTICO FUNCIONAL) 13 PERÍCIA CALIGRÁFICA E/OU DOCUMENTOSCOPIA NA PROVA PERICIAL 14 PERÍCIA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL E MOMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME 15 QUESITOS DA PERÍCIA MÓDULO III 16 PERÍCIAS JUDICIAIS 16.1 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL 16.2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS 17 ASPECTOS PERICIAIS 18 ASPECTO JURÍDICO DA PERÍCIA (LAUDO PERICIAL) 18.1 CONCEITO DE LAUDO PERICIAL 18.2 REQUISITOS DO LAUDO PERICIAL 18.3 ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL 18.4 LAUDO PERICIAL NOS RAMOS DE DIREITO 18.4.1 Laudo Pericial Cível 18.4.2 Laudo Pericial Criminal 18.4.3 Laudo Pericial Ambiental 18.4.4 Laudo Pericial Contábil 18.4.5 Modelo de Laudo Pericial Judicial 19 DIVISÃO DE PERÍCIA JUDICIAL (DIPEJ) AN02FREV001/REV 4.0 5 20 LAUDOS PERICIAIS EXTRAJUDICIAIS 21 ESPÉCIES DE PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS 21.1 JUDICIAIS 21.2 EXTRAJUDICIAIS 22 CRIMES RELACIONADOS A PERITOS 23 O FISIOTERAPEUTA COMO PERITO JUDICIAL MÓDULO IV 24 PERÍCIA JUDICIAL TRABALHISTA 25 PERÍCIA EM SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO 26 INSALUBRIDADE 26.1 CONCEITOS 26.2 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES 26.3 ALGUMAS SITUAÇÕES SURGIDAS EM PERÍCIAS JUDICIAIS 27 PERICULOSIDADE 28 LAUDO TÉCNICO DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 29 AÇÕES NA JUSTIÇA DO TRABALHO 29.1 AÇÕES POR INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 29.2 JULGADOS (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS) 30 PERÍCIA TÉCNICA CINESIOLÓGICA-FUNCIONAL 31 PERÍCIA CLÍNICA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 6 MÓDULO I 1 PERÍCIA 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS De modo amplo, entende-se por perícia um meio de prova, vez que por intermédio dessa prova se examinam e se verificam fatos da causa. Perícia, segundo o princípio da lei processual, é a medida que vem mostrar o fato, quando haja meio de prova documental para revelá-lo, ou quando se quer esclarecer circunstâncias a respeito dele e que não se achem perfeitamente definidos. A perícia surgiu a partir do Decreto 1.608/39, que criou o Código de Processo Civil (CPC), alterado pelo Decreto 8.570/46, que modificou a forma da produção da prova pericial e o papel do perito. Em 1992 foi alterado o art. 421 do CPC, por meio da Lei 8.455, que fixa os prazos para a entrega do laudo, indicação de perito assistente pelas partes e a apresentação de quesitos. E, por fim, a Lei 9.245/95 modificou alguns dispositivos do CPC referentes à atuação do perito. No Brasil a perícia apresentou diversos avanços, sempre baseados nas normas infraconstitucionais, pois as Constituições Federais de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 não destinaram espaço para tratar do tema. Já na área penal, destacamos a legislação prevista no Decreto-Lei 3.689/1941, que foi reformada pela Lei 8.862/1994 e, logo depois, pela Lei 11.690/1998. O legislador enxergou a importância da perícia quando criou um capítulo específico (do Exame do Corpo de Delito e das Perícias em Geral) em seus artigos 158 a 184, definindo uma série de procedimentos a serem seguidos na concretização da prova. AN02FREV001/REV 4.0 7 1.2 CONCEITOS E OBJETIVO Perícia, do latim peritia (habilidade, saber), na linguagem jurídica designa, especialmente, em sentido lato, a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam os fatos. Perícia é o exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, o estado, estimação da coisa que é objeto de litígio, ou provas do processo. A perícia deve ser sempre executada por uma pessoa que entenda do assunto a ser examinado, analisado com atenção e minúcia, estudado. Vimos que verificar abrange as funções do perito, verificar é provar a verdade de alguma coisa, é examinar a verdade da coisa, é investigar a verdade, é averiguar, é achar o que é exato. Para Moacyr Amaral Santos (2009), “a perícia consiste no meio pelo qual, no processo, pessoas entendidas, sob compromisso, verificam fatos interessantes à causa, transmitindo ao Juiz o seu respectivo parecer”. Para Amauri Mascaro Nascimento (2007, p. 538): Perícia é uma atividade processual desenvolvida, em virtude de encargo judicial, por pessoas distintas das partes do processo, especialmente qualificadas por seus conhecimentos técnicos, artísticos ou científicos, mediante a qual são ministrados ao juiz argumentos ou razões para a formação do seu convencimento sobre certos fatos cuja percepção ou cujo entendimento escapa das aptidões comuns das pessoas. A perícia designa a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de que se apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos. Significa, portanto, a pesquisa, o exame, a verificação acerca da verdade ou da realidade de certos fatos, por pessoas que tenham reconhecida habilidade ou experiência da matéria de que se trata. Portanto, a perícia importa sempre em exame que tem de ser feito por técnicos, isto é, por peritos ou pessoas hábeis e conhecedoras da matéria a que se refere. AN02FREV001/REV 4.0 8 O objetivo primeiro da Perícia é o descobrimento da verdade objeto de discussão da lide, esclarecendo e oferecendo informações materiais às partes e ao juízo. Assim, perícia é atividade que envolve apuração das causas que motivaram determinado evento ou da asserção de direitos. Quem realiza as perícias são os peritos . Os Arquitetos e Engenheiros já não dividem mais o mesmo conselho desde 2010, quando foi criado o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, por meio do Projeto de Lei nº 12.378/2010, que foi sancionado pelo presidente Lula no fim do mandato. Ter um conselho próprio era uma reivindicação antiga dos arquitetos, pois na área da saúde o médico tem um conselho próprio, a enfermagem também, da mesma forma a nutrição, embora todos sejam de uma mesma área de atuação. Segundo a Resolução CAU/BR 10/2012: O exercício da especialização de Engenharia de Segurança do Trabalho pelo Arquiteto e urbanista dependerá do registro profissional em um dos Conselhos de Arquiteturae Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal (CAU/UF), nos termos previstos no art. 5º da Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010. (Art. 2º). Denomina-se, então, perícia o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter informações capazes de esclarecer dúvidas quanto a fatos. Assim, perícia pode ser entendida como sendo qualquer trabalho de natureza específica, podendo A perícia pode ser realizada por profissionais liberais, podendo ser aposentados ou empregados de empresas em geral, desde que possuam curso superior na área em que deve ser realizada a perícia. Sendo assim, podem atuar como peritos: médicos, engenheiros, arquitetos, administradores, contadores, economistas, profissionais ligados ao meio ambiente, engenheiro e médico do trabalho, corretores de imóveis, fisioterapeutas, odontólogos, profissionais da área de informática, químicos, agrônomos, biólogos, arquitetos, entre outras profissões. AN02FREV001/REV 4.0 9 existir em qualquer área. Sua origem é no interesse de pessoas litigantes, no interesse da justiça e no interesse público, podendo ser: arbitral, judicial, extrajudicial, administrativa ou operacional, sendo as mais conhecidas de natureza criminal, contábil, trabalhista e outras que necessitem de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas e fatos. O pedido de perícia pode ser formulado na inicial, na contestação ou na reconvenção, bem como na réplica do autor à resposta do réu. Isto é, o momento adequado para requerer a perícia pelo autor é na petição inicial, pelo réu é na contestação. Para ambas as partes o momento adequado pode ser, também, na fase de especificação de prova durante as providências preliminares. O prazo para a realização da perícia é determinado pelo Juiz, podendo ser prorrogado por uma única vez, a seu prudente arbítrio, conforme o art. 432 do CPC. Segundo o art. 437 do CPC, “quando entender que o laudo pericial não esclareceu suficientemente a matéria controvertida, o juiz poderá de ofício ou a requerimento da parte, determinar a realização de nova perícia”. Diz o art. 438 que “a segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu”. Importante lembrar que o segundo laudo não anula ou invalida o primeiro, segundo § único do art. 439. Ambos permanecerão nos autos e o juiz fará a comparação entre eles, apreciando livremente o valor de um e de outro, a fim de formar seu convencimento, segundo o art. 131 do CPC. A função da perícia é levar ao processo conhecimentos científicos ou práticos que o juiz podia conhecer e que são necessários para fundamentar a decisão. AN02FREV001/REV 4.0 10 1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA São elas: É uma atividade humana, que consiste na intervenção transitória, no processo, de pessoas que devem realizar certos atos para dar posteriormente um conceito ou ditame. É uma atividade processual, porque deve ocorrer no curso do processo ou em diligências processuais prévias ou posteriores e complementares (os conceitos similares, que se solicitam e emitem extrajudicialmente, não são juridicamente perícias). É uma atividade de pessoas especialmente qualificadas, em razão da sua técnica, sua ciência, seus conhecimentos de arte, quer dizer, de sua experiência em matérias que não são conhecidas pelo comum das pessoas. Exige um encargo judicial prévio, porque não se concebe a perícia espontânea, que se distingue do testemunho e da confissão (se um perito apresenta-se espontaneamente perante o juiz que conhece um processo e emite declarações técnicas, científicas ou artísticas sobre os fatos que se investigam, existirá um testemunho técnico e não uma perícia). Esses fatos devem ser especiais, em razão das suas condições técnicas, artísticas ou científicas, quer dizer, cuja verificação, valoração ou interpretação não seja possível com os conhecimentos ordinários de pessoas medianamente cultas e de juízes cuja preparação é fundamentalmente jurídica. AN02FREV001/REV 4.0 11 É uma declaração de ciência, porque o perito expõe o que sabe por percepção e por dedução ou indução dos fatos sobre os quais versa seu ditame, sem pretender nenhum efeito jurídico concreto com sua exposição. Diferencia-se da declaração de ciência testemunhal, que tem por objeto o conhecimento que a testemunha possui dos fatos que existem no momento de declarar ou que existiram antes. Ao passo que o perito conceitua também sobre as causas e os efeitos de tais fatos e sobre o que sabe de fatos futuros, em virtude de suas deduções técnicas ou científicas. Deve versar sobre os fatos e não sobre questões jurídicas, nem sobre exposições abstratas que não incidam na verificação, valoração ou interpretação de fatos do processo. Essa declaração contém, ademais, uma operação valorativa, porque é essencialmente um conceito ou ditame técnico, artístico ou científico do que o perito deduz sobre a existência, as características e a apreciação do fato, ou sobre as suas causas e seus efeitos, e não uma simples narração de suas percepções (no que também se distingue do testemunho, inclusive quando é técnico). É um meio de prova. 1.4 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA, NORMAS E PROCEDIMENTOS DO PERITO A perícia deve ser planejada cuidadosamente, visando ao cumprimento do prazo, inclusive o da legislação relativa ao laudo pericial ou parecer técnico. O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que novos fatos o exigirem ou recomendarem no decorrer da realização da prova pericial. Quando do planejamento dos trabalhos, deve ser realizada a estimativa dos honorários de forma fundamentada, considerando os custos e a justa AN02FREV001/REV 4.0 12 remuneração do profissional. O planejamento da perícia deve ser mantido por qualquer meio de registro que facilite o entendimento dos procedimentos a serem adotados e que sirva de orientação adequada à execução do trabalho pericial. O planejamento deve ser realizado pelo perito, ainda que o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta com o assistente técnico, podendo este orientar-se com base no mesmo. O perito deve levar em consideração que o planejamento da perícia, quando for o caso, iniciar-se-á antes da elaboração da proposta de honorários, considerando-se que, para apresentar a mesma ao juízo, árbitro ou às partes no caso de perícia extrajudicial, há necessidade de se especificar as etapas do trabalho a serem realizadas. Isto implica que o perito deve ter conhecimento prévio de todas as etapas, salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução da perícia, inclusive a possibilidade de apresentação de quesitos suplementares, o que será objeto do ajuste no planejamento. A conclusão do planejamento da perícia ocorrerá quando o perito completar as análises preliminares, dando origem, quando for o caso, à proposta de honorários, nos casos em que o juízo ou o árbitro não tenham fixado, previamente, honorários definitivos, aos termos de diligências que serão efetuadas e aos programas de trabalho. Considerando que o planejamento da perícia deve evidenciar as etapas e as épocas em que serão executados os trabalhos, em conformidade com o conteúdo da proposta de honorários apresentada, incluindo-se a supervisão e revisão do próprio planejamento, os programas de trabalho quando aplicáveis, até a entrega do laudo pericial ou parecer técnico. Por normas do perito, entende-se um conjunto de condições, requisitos básicos, métodos e regras para que o perito possa exercer a atividade. Por procedimento do perito entende-se um conjunto de técnicas (atos a serempraticados) que os profissionais utilizam para conseguir realizar a perícia. AN02FREV001/REV 4.0 13 2 PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS 2.1 PERITO O perito é escolhido pelo Juiz e os assistentes técnicos pelas partes. Isto é, as perícias são realizadas por peritos e as partes podem indicar assistentes técnicos. O art. 145 do CPC diz que: Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. § 1° Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984). § 2° Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984). § 3° Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984). Assim, o CPC dispõe que quando a prova do fato depende de conhecimento técnico ou científico, o juiz é assistido por perito, conforme o art. 145 do CPC, escolhido entre profissionais de nível universitário inscritos nos órgãos de classe (art. 145, § 1°) e que comprovem sua especialidade na matéria sobre a qual devam opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estejam inscritos, conforme o art. 145, § 2°. O juiz pode indeferir o pedido de prova pericial quando o fato não depende do conhecimento especial de técnico ou a perícia é desnecessária ou impraticável a verificação, de acordo com o art. 420 do CPC, ou quando as partes, na inicial e na contestação, apresentem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos suficientes, conforme o art. 427 do CPC. AN02FREV001/REV 4.0 14 Desta forma, podemos conceituar perito como a pessoa dotada de conhecimentos especializados sobre determinada matéria, que é nomeada pela autoridade judiciária para auxiliar a justiça, dando sua apreciação técnica sobre o objeto do litígio ou algo com ele relacionado. Isto é, nomeado pelo juiz para dirimir questões que envolvam conhecimento técnico ou científico. Perito é o expert em matérias técnicas, que realiza exames em documentos ou coisas, auxiliando o juiz na análise técnica que o juiz não conhece. É a pessoa nomeada pela autoridade, juiz ou autoridade policial, com conhecimento técnico suficiente em determinada área do conhecimento, para examinar fatos, pessoas ou coisas e esclarecer questões relacionadas à prova, apresentando relatório e respondendo aos quesitos. Assim, o Perito detém certo conhecimento técnico, isto é, profissional possuidor de conhecimentos técnicos. De acordo com o art. 139 do CPC: “peritos são auxiliares da justiça, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária”. São aqueles que auxiliam o juízo, como escrivão, oficial de justiça, etc. Tem ele o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência, de acordo com o art. 146 do CPC e pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo, se recusado pelas partes por impedimento ou suspeição, conforme o art. 423 do CPC, substituído quando carecer de conhecimentos técnicos ou científicos ou deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi fixado, conforme o art. 424 do CPC. Deve, ainda, possuir diversificada quantidade de virtudes, entre as quais: Honestidade; Caráter; Personalidade; Imparcialidade; Equilíbrio emocional; Independência; Autonomia funcional; Obediência irrestrita aos princípios da ética e da moral. AN02FREV001/REV 4.0 15 Dessa forma, o perito deve agir honesta e imparcialmente no que tange à busca da verdade dos fatos. Conforme o art. 147 do CPC, “o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer”. De acordo com Sérgio Abunahman (2008, p. 486): As legislações do mundo inteiro obedecem a três sistemas principais no que diz respeito à escolha do Perito, quais sejam: primeiro, naquele em que podem servir como peritos somente as pessoas inscritas com registro próprio e que preencham determinadas condições. Segundo, aquele em que o escolhido possuísse um título oficial na arte ou ciência a que se relacionasse a matéria versada na perícia. Finalmente, o terceiro, o da livre escolha pelo juiz, é o princípio da liberdade, que infelizmente, é o que reina no direito brasileiro. O Perito, em algumas atividades, lidará muito com o público, necessitando relacionar-se bem com as pessoas, transmitindo uma boa imagem de sua atividade. A atividade do perito se exerce no sentido de satisfazer à finalidade da perícia. É encarregado de verificar fatos relativos à matéria em que é versado, bom conhecedor, experimentado ou prático, quer apenas certificando-os ou interpretando-os, num e noutro caso transmitindo ao juiz um relato ou um parecer. O perito deverá ter domínio pleno sobre o campo do qual deverá emitir opinião, por exemplo, para uma perícia contábil, não pode ser levada a cabo por um engenheiro, assim como um contador não pode, por exemplo, executar uma perícia para explicar as razões pelas quais um edifício possa ter desabado. A missão do perito pode consistir na apuração de suas causas ou consequências. Ou ainda, sua função será a de, conhecidos os fatos, compreendê-los, distingui-los, caracterizá-los, fornecendo ao juiz regras técnicas, científicas ou mesmo de experiência não ordinária, capazes de servir para a interpretação dos mesmos fatos. O perito, além de relatar os fatos, formula, justificadamente, conclusões, pareceres, mesmo conselhos e advertências. É bom frisar que tanto o perito quanto o assistente técnico devem respeitar e assegurar o sigilo do que apurarem durante a execução de seu AN02FREV001/REV 4.0 16 trabalho, proibida a sua divulgação, salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo. Além disso, eles devem cumprir os prazos estabelecidos no processo ou contrato e zelar por suas prerrogativas profissionais, nos limites de suas funções, fazendo-se respeitar e agindo sempre com seriedade e discrição. Devem conhecer responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, às quais estão sujeitos no momento em que aceitam o encargo para a execução de perícias judiciais e extrajudiciais e arbitrais. O termo responsabilidade refere-se à obrigação do perito e do assistente técnico em respeitar os princípios da moral, da ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas atividades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente pelos seus atos. 2.2 PERITOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS Os peritos podem ser oficiais (funcionários públicos) ou não oficiais (particulares). O exame de corpo de delito e as perícias em geral são realizados pelo perito, apreciador técnico, assessor do juiz com a função de fornecer dados instrutórios de ordem técnica e proceder à verificação e formação do corpo de delito. A perícia deve ser realizada por perito oficial, o que constitui regra. Não havendo perito oficial, o exame deve ser realizado por duas pessoas idôneas que, obrigatoriamente, devem ser portadoras de diploma de nível superior. Devem ainda, ser escolhidas, de preferência, entre aquelas que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame, por exemplo: médicos para exames necroscópicos e de lesões corporais,ou economistas, administradores de empresas para laudos de avaliação, etc. A nomeação é da autoridade policial ou judiciária. Hoje se admite no processo penal peritos particulares ou assistentes técnicos. AN02FREV001/REV 4.0 17 Importante lembrar que os peritos não oficiais devem prestar o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mas a ausência de compromisso constitui mera irregularidade. 2.3 ASSISTENTE O assistente é o técnico que a parte tem o direito de indicar. Isto é, escolhido pela parte, pelo critério da confiança, e tem como função acompanhar o trabalho pericial, fiscalizando-o em nome da parte que o constituiu. O artigo 421 do CPC declara que: Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992). § 1° Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos. O assistente é um consultor técnico da parte. Atua como assistente técnico nos processos judiciais 2.4 FUNÇÃO DO PERITO E ASSISTENTES Os assistentes exercem uma função processual, na medida em que, indicados pelas partes, passam a funcionar no assessoramento do perito, isto é, a função do assistente é acompanhar e assessorar o trabalho do perito, auxiliando-o quanto aos aspectos técnicos favoráveis à parte que o indicou. De acordo com o art. 429 do CPC, AN02FREV001/REV 4.0 18 Para o desempenho da função podem o perito e os assistentes utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou em repartições públicas, bem como instruindo o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras peças. A principal função do perito do juízo é fornecer ao magistrado todos os elementos esclarecedores das questões controvertidas encontradas nos documentos sob exame, proporcionando ao juízo subsídios para poder pronunciar-se de forma precisa, com exatidão. 3 DESPESAS COM OS SERVIÇOS DO PERITO E DOS ASSISTENTES O Código do Processo Civil dispõe que a sentença condena o vencido a pagar ao vencedor as despesas que abrangem não só a custa dos atos do processo como também a remuneração do assistente técnico. Os honorários periciais estão previstos pelo CPC em seu art. 19: Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. Declara também que a remuneração do perito é paga pela parte que haja requerido o exame ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes, ou determinado de ofício pelo juiz, conforme os (art.20 e 33 do CPC). Os tribunais do trabalho têm apreciado alguns dos aspectos relacionados com o tema e decidiram que a parte vencida é responsável pelas despesas com o assistente do perito, sem qualquer vinculação com a circunstância alusiva à indicação do técnico, por força do disposto no CPC, em seus artigos 20 e 33. De acordo com o CPC em seu art. 20: AN02FREV001/REV 4.0 19 § 2º As despesas abrangem não só à custa dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973). CPC Art. 33 - Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas às partes ou determinado de ofício pelo juiz. Parágrafo único - O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária. Segundo Abunahman (2008, p. 538): Quando a prova pericial for requerida pelo Autor, por ambas as partes, pelo Ministério Público ou for ordenada de ofício pelo Juiz, é da responsabilidade do autor o adiantamento dos honorários do Perito. Quando requerida pelo réu, será deste a responsabilidade pelo adiantamento dos honorários (art.33 do CPC). Os honorários do assistente técnico são da responsabilidade da parte que o indicou. Cada perícia abrange ou encerra muitos elementos ou partes, com número de quesitos e graus de complexidade distintos, despendendo, consumindo por tal motivo, determinado número de horas para a realização do trabalho pericial, não se podendo fixar previamente um valor para todas as perícias que serão realizadas, uma vez que, como sabido, cada processo tem suas peculiaridades. Assim, o perito cobrará honorário, observando alguns detalhes de suma importância, como a responsabilidade que terá o valor do objeto que é a causa da demanda judicial, tempo de trabalho e o nível de complexidade da perícia, devendo arbitrar o valor a ser cobrado após analisar os autos do processo. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão relativa ao objeto da perícia. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite a quantia em juízo, juntamente com o valor correspondente a essa remuneração. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5925.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5925.htm#art20 AN02FREV001/REV 4.0 20 4 O MERCADO DE TRABALHO DE PERÍCIAS JUDICIAIS O mercado de trabalho de perícias judiciais é farto para administradores, contadores, economistas e na área específica da engenharia o campo de atuação do Perito é amplíssimo. O trabalho é remunerado e geralmente cabe adiantamento de honorários, quando solicitados na devida forma. Há certos critérios a ponderar para chegar à dedução dos honorários do perito, como por exemplo: a lide nos autos, o valor requerido pelo autor, o grau de elevada responsabilidade do perito e outros. A importância do trabalho a ser executado é vital para que se faça uma avaliação dos honorários para posteriormente ser aprovado pelas partes e até mesmo pelo juiz. A proposta de honorários do Perito deve ser formulada após tomar o mesmo conhecimento do trabalho a ser desenvolvido, o que ocorre, em regra, após a apresentação dos quesitos pelas partes. 5 VARAS EM QUE O PERITO PODE TRABALHAR Na área cível envolve matérias de natureza comercial, como litígio entre sócios, ações de liquidações societárias, falências, demandas de marcas e patentes, ações de seguros, créditos, avaliação de pensão alimentícia, ações possessórias, ações rescisórias, etc. Na área do trabalho, a perícia trabalhista é exercida junto à justiça do trabalho, iniciada nas Juntas de Conciliação. A maior parte das questões na perícia trabalhista se refere a assuntos de salários ou ordenados, horas extras, férias, aviso prévio, indenizações, comissões e dispensa. Já na área criminal, a perícia trata de exames para detectar fraudes, acidente de trânsito com vítimas, roubos, homicídios, etc. AN02FREV001/REV 4.0 21 6 TIPOS DE PERÍCIA 6.1 PERÍCIA SIMPLIFICADA Na perícia simplificada, de acordo com o art. 421, § 1° do CPC, O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992). § 1° Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos. Isso quer dizer que a perícia simplificada, na qual adiligência do perito e assistente não tem de ser formalizada em laudo escrito, é quando, pela natureza do fato, basta sua investigação pelo juiz por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que haja informalmente examinado. Isto é, não há necessidade de laudo escrito e detalhado. A opinião do perito e dos assistentes é apresentada oralmente, expondo ao juiz as suas conclusões técnicas. O juiz pode resumi-las em ata, não sendo comuns nos processos trabalhistas. Deveriam ser mais utilizadas, porque em alguns casos são adequadas. O número elevado de audiências trabalhistas praticamente impede a sua utilização. Não obstante, abreviariam o tempo de duração do processo. 6.2 PERÍCIA POR LAUDO Na perícia por laudo, de acordo com os arts. 826 e 827 da CLT: AN02FREV001/REV 4.0 22 Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentarem um perito ou técnico. Art. 827 - O juiz ou presidente poderá arguir os peritos compromissados ou os técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros tiverem apresentado. Isso quer dizer que o juiz, ao deferir a perícia, designa perito e fixa prazo para entrega de laudo. Permite-se a cada parte a indicação de um assistente. O prazo para indicação de assistentes pelas partes é de cinco dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito e no mesmo prazo se apresentam quesitos. Estes, os quesitos, são questões propostas ao perito e assistente na forma de perguntas específicas e que são respondidas e fundamentadas pelos peritos no laudo acompanhado ou não de anexos. Podem as partes durante a diligência apresentar quesitos suplementares, de cuja juntada é dada ciência à parte contrária, conforme o art. 425 do CPC. Compete ao juiz indeferir quesitos impertinentes e formular os que entenderem necessários ao esclarecimento da causa, conforme o art. 426 do CPC. Quando a prova tem de realizar-se por carta pode-se proceder à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisita a perícia, conforme o art. 428 do CPC. O juiz pode prorrogar uma vez o prazo para a apresentação do laudo, conforme o art. 432 do CPC. O perito apresenta este em secretaria no prazo fixado pelo juiz, pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento conforme o art. 433 do CPC. Os assistentes oferecem seus laudos no mesmo prazo fixado pelo juiz para o perito, conforme o art. 826, parágrafo único. O juiz deve dar ciência a juntada da perícia às partes para manifestações ou pedido de quesitos suplementares. Quando o exame tenha por objeto a autenticidade da letra e firma o perito pode requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas. Na falta destes, pode requerer ao juiz que a pessoa a que se atribui a autoria do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação, conforme o art. 434 do CPC. AN02FREV001/REV 4.0 23 O juiz pode arguir perito e assistente em audiência, conforme o art. 827 da CLT, por iniciativa própria ou a requerimento da parte, que formula, desde logo, as perguntas complementares que deseja apresentar sob a forma de quesitos, segundo o art. 435 do CPC. O laudo não é vinculante para o juiz, que não está adstrito às suas conclusões, podendo rejeitá-las e formular a sua convicção com outros elementos ou fatos provocados nos autos, conforme o art. 437 do CPC: “o juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. Ou ordenar, de acordo com o art. 438 do CPC, segunda perícia destinada a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que a primeira conduziu. A complexidade de algumas perícias contábeis em laudos informatizados e acompanhados de inúmeros anexos com diversas colunas e milhares de números inviabiliza praticamente qualquer possibilidade de verificação pelo juiz. Daí a prática, tão inevitável quanto condenável, de simples remissão pelo juiz ao laudo pericial, com o que a decisão fica praticamente transferida do juiz para o perito, o que pode gerar, em alguns processos, prejuízos a uma das partes quando o levantamento pericial, apesar de volumoso, é incorreto ou inadequado ou quando o perito fixa premissas jurídicas invadindo a área reservada ao juiz. O ideal seria o juiz, ao ordenar a perícia, já estabelecer as premissas jurídicas a serem observadas pelo perito e formular os quesitos centrais necessários para a elucidação dos aspectos técnicos. FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 24 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 25 CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 26 MÓDULO II 7 PROVA PERICIAL 7.1 CONCEITOS Prova significa formar a convicção do juiz sobre a existência ou não de fatos relevantes no processo, isto é, o conjunto de motivos produtores da certeza, é a demonstração legal da verdade de um fato. Prova vem do latim proba, de probare (demonstração, reconhecer, formar juízo de). Segundo De Plácido e Silva (1995), “a prova consiste na demonstração de existência ou de veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende ou se contesta”. Prova é o convencimento de fatos e a convicção de alguém, são os fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes como fundamentos da ação ou execução (prova judiciária). Dessa forma, é todo e qualquer meio de percepção empregado pelo homem com a finalidade de se comprovar a veracidade de uma alegação. Isto é, um instrumento por meio do qual se forma a convicção do juiz (finalidade) a respeito da ocorrência de fatos controvertidos (objeto) no processo. No sentido processual, designa os meios, indicados em lei, para a realização dessa demonstração, isto é, a soma de meios para a constituição da própria prova, ou seja, para conclusão ou produção da certeza. Provar é demonstrar a verdade de uma proposição. Podemos dizer que a prova judicial é a confrontação da versão de cada parte, com os meios produzidos para aboná-la. O juiz procura reconstituir os fatos valendo-se dos dados que lhe são oferecidos e dos que pode procurar por si mesmo nos casos em que está autorizado a proceder de ofício. AN02FREV001/REV 4.0 27 7.2 FINALIDADE A prova tem a finalidade de transportar, para o processo judicial, a realidade externa dos fatos que geraram a demanda, traduzindo-os, para que possam ser conhecidos pelo juiz e para que sirvam de base para os debates entre as partes. Como meio destinado a levar para o processo a reconstituição dos fatos, poderá ter falhas e não cumprir com exatidão esse fim, situação na qual haverá a verdade real (concreta), diferente da realidade formal (imaginária), e esta prevalecerá. De nada adianta ter ocorrido ou não um fato se não pode ser provado. Assim, finalidade da prova judiciária é a formação da convicção quanto à existência dos fatos da causa. Em primeiro lugar, verifica-se a correção dos fatos afirmados, ou seja, cria-se a natureza quanto à sua existência. O destinatário da prova é o juiz. Para esse fim éque se produz a prova, pela qual o juiz virá a formar sua convicção. Na convicção que formar o juiz, assentará a sentença. Desse modo, a importância da prova e da sua análise pelas partes e pelo juiz é fundamental para que o processo possa cumprir os seus fins. 7.3 PRINCÍPIOS DA PROVA No processo penal, os princípios gerais da prova, segundo Paulo Lúcio Nogueira (2000), são: Princípio da autorresponsabilidade das partes está relacionado com o ônus da prova, cabendo a cada uma apresentar as provas que lhe pareçam necessárias. Princípio da comunhão da prova, pelo qual toda prova produzida na esfera penal teria interesse comum, portanto, mesmo que fosse a AN02FREV001/REV 4.0 28 testemunha arrolada pela acusação, não poderia ser dispensada sem concordância da defesa, ou vice-versa. Mas tal princípio não pode ser levado a extremo, pois permitiria um aumento do número máximo de testemunhas de cada parte. Princípio da oralidade implica a realização de todas as provas em uma só audiência de instrução e julgamento, exceto nas perícias. Princípio da concentração consiste na realização da instrução e do julgamento em uma só audiência. Tal princípio já está implícito na oralidade. Princípio do livre convencimento motivado exige decisão fundamentada do julgador, em face da relatividade das provas e do princípio da verdade real. Já a prova, em processo trabalhista, submete-se aos seguintes princípios: Princípio da necessidade da prova, em que os fatos de interesse das partes devem ser demonstrados em juízo. A prova deve ser a base e a fonte da sentença. O juiz deve julgar de acordo com o alegado e provado. Princípio da unidade da prova, que, embora constituída de diversas modalidades, forma uma só unidade a ser apreciada em conjunto, globalmente. Princípio da contradição, porque a parte contra a qual é apresentada uma prova deve gozar da oportunidade processual de conhecê-la e discuti-la, inclusive impugná-la, pelos meios processuais adequados. AN02FREV001/REV 4.0 29 Princípio da igualdade de oportunidade de prova, garantindo-se às partes idêntica oportunidade para pedir a realização de uma prova ou de exercitá-la. Princípio da legalidade, em decorrência do qual, se a lei prevê uma forma específica para a produção da prova, ela não pode ser produzida de outra maneira. Princípio da imediação, significando não só a direção da prova pelo juiz, mas a sua intervenção direta na instrução probatória, mais facilitada quando o processo é fundado na oralidade, como no caso trabalhista. Princípio da obrigatoriedade de prova, segundo o qual, sendo a prova de interesse não só das partes, mas também do Estado, que quer o esclarecimento da verdade, as partes podem ser compelidas pelo juiz a apresentar no processo determinada prova, sofrendo sanções no caso de omissão, especialmente as presunções que passam a militar contra aquele que se omitiu e a favor de quem solicitou. 7.4 ÔNUS DA PROVA A palavra ônus vem do latim “onus, oneris”, que significa carga, peso fardo, encargo, aquilo que sobrepesa. Existe ônus da prova quando um determinado comportamento é exigido da parte para alcançar um fim jurídico desejado. O ônus é aquilo que implica uma sobrecarga, que se tornou uma incumbência ou compromisso de alguém, um dever. Daí pode-se concluir que o ônus da prova é a incumbência que a parte possui de demonstrar a verdade de um fato ou de uma alegação feita no processo penal, por exemplo. A regra do CPP é a de que o ônus da prova incumbe a quem o alega: AN02FREV001/REV 4.0 30 Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Desse modo, as provas possuem a finalidade de convencer o julgador a respeito de determinado fato que se apura no processo, podendo ser produzida de forma ampla e irrestrita, observado o disposto no art. 155, parágrafo único do CPP. Assim, no processo penal, toda vez que o fato a ser demonstrado estiver vinculado ao estado das pessoas, o código impõe a produção da prova de acordo com a prescrição da lei civil, por exemplo: se determinado indivíduo alega ser casado, a prova contundente será a certidão de casamento. Ônus da prova é a responsabilidade atribuída à parte para produzir uma prova e que, uma vez não desempenhada satisfatoriamente, traz, como consequência, o não reconhecimento, pelo órgão jurisdicional da existência do fato que a prova se destina a demonstrar. Segundo o art. 818 da CLT: “o ônus da prova é atribuído a quem alega a existência de um fato: a prova das alegações incumbe à parte que as faz”. Desta forma, compete ao empregador que despede por justa causa a prova desta. Os pagamentos efetuados ao empregado têm de ser provados pelo empregador, o que abrange salários, remuneração das férias, do repouso semanal, verbas rescisórias, etc. Nem sempre a igual distribuição do ônus da prova atende às necessidades do processo trabalhista, porque sobrecarrega o empregado, que não tem as mesmas condições e facilidades do empregador. Outras vezes, acarreta cômoda posição para o empregador. Basta negar todos os fatos e o empregado tem de prová-los, o que não é fácil. AN02FREV001/REV 4.0 31 8 PRINCIPAIS MEIOS DE PROVA Meio de prova é expressão de duplo significado. Tanto pode designar a atividade do juiz ou das partes para a produção das provas, como também os instrumentos ministrados ao juiz no processo para formar o seu convencimento. De acordo com o art. 332 do CPC, “todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. (verdade formal)”. Dessa forma, o compromisso do juiz é com a verdade formal, revelada pela prova. O CPC admite todos os meios legais, entretanto, especifica em seu art. 342 a 443 diversos tipos de provas, assim como o Código de Processo Penal, nos artigos 158 a 250. De acordo com o art. 332 do CPC, existem provas consideradas moralmente legítimas, que embora não previstas em lei, não ferem os princípios éticos de captação, tais como: escuta telefônica, gravação em meio magnético, filmagens, dentre outras. 8.1 PROVA DOCUMENTAL Documento é todo objeto, produto de um ato humano, que representa outro fato ou um objeto, uma pessoa ou uma cena natural ou humana. O documento pode conter uma simples declaração de ciência ou um ato de vontade, como também uma confissão extrajudicial, uma declaração de terceiros e, quando a lei o exige, deve ter forma especial. Prova documental abrange os instrumentos e documentos, públicos e privados. Os instrumentos são documentos confeccionados com o objetivo de servir de prova e documentos são gêneros a que pertencem todos os registros materiais de fatos jurídicos. AN02FREV001/REV 4.0 32 De acordo com o art. 365 do CPC, na prova documental fazem os originais a mesma prova que: I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências, ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas; II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas; III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais; IV - as cópias reprográficasde peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo próprio advogado sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade; (Acrescentado pela L-011.382-2006). V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem; (Acrescentado pela L-011.419-2006). VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização. (Acrescentado pela L-011.419-2006). Vimos acima que a Lei 11.419/2006 incluiu ao art. 365 novos incisos e dois parágrafos. Prova documental não se trata apenas de documento escrito, mas são coisas que transmitem diretamente um registro físico a respeito de um fato, como por exemplo: tela, pedra, fotos, contratos, desenhos, fita de vídeo, etc. Os documentos podem ser apresentados como originais e cópias, salvo em casos específicos. Algumas legislações só admitem como prova os instrumentos, outras, os documentos em geral, como discos, radiografias, plantas, quadros, etc. como no processo trabalhista. A prova documental apresenta vantagens e defeitos. Do mesmo modo que pode trazer maior segurança quanto à existência do fato que produz, pode, de outro lado, ser uma falsa atestação de ato a que não corresponde. Nessas condições, o documento, em especial no processo trabalhista, deve ser recebido com reservas e o seu valor apreciado em conjunto com as demais provas. AN02FREV001/REV 4.0 33 8.2 PROVA TESTEMUNHAL Testemunho é um meio de prova que consiste na declaração representativa que uma pessoa, que não é a parte no processo, faz ao juiz, com fins processuais, sobre o que sabe a respeito de um fato de qualquer natureza. E testemunha é a pessoa capaz, estranha ao processo, que é chamada a declarar sobre os fatos que caíram sob o domínio dos seus sentidos. A prova testemunhal é tão velha quanto à humanidade e a mais antiga de todas. É a que se obtém por meio do relato prestado em juízo, por pessoas que conhecem o fato litigioso. A condição de testemunha impõe deveres como os de comparecimento, depoimento e veracidade, podendo inclusive incorrer em tipo penal se faltar intencionalmente com a verdade. A testemunha deve comparecer quando intimada ou pode comparecer quando a parte que a arrolou se comprometer a levar independentemente de intimação. Essa testemunha não pode ter interesse na causa. Ela não é obrigada a depor sobre fatos que acarretem grave dano para si, seu cônjuge, parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colaterais até o 2° grau, conforme dispõe o art. 406 do CPC. Com relação a esta prova, não podem depor os incapazes, os impedidos e os suspeitos. Se for necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas, mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso, conforme o art. 415 do CPC. Prova testemunhal seria a prova mais frágil, mais sujeita às fraquezas humanas. Há inclusive o crime de falso testemunho. No processo trabalhista, o testemunho é de largo uso à prova principal. A prova testemunhal continua sendo básica no processo trabalhista, mesmo porque o documento também apresenta riscos. São inúmeros os processos nos quais se discute a autenticidade ideológica de documentos e não são raras as questões nas quais fica evidenciado o preenchimento de documentos pelo AN02FREV001/REV 4.0 34 empregador, assinados em branco pelo empregado por ocasião da sua admissão. 8.3 DEPOIMENTO PESSOAL Um dos meios de prova é o depoimento pessoal das partes do processo, que é uma declaração, prestada pelo autor ou pelo réu, sobre os fatos objetos do litígio, perante o juiz. Equipara-se ao interrogatório do processo penal, de modo que é possível falar em interrogatório recíproco das partes. O depoimento pessoal é ato personalíssimo, isto é, o meio de prova destinado a realizar o interrogatório das partes no curso do processo. Aplica-se tanto ao autor como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer em juízo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz (art. 340, I do CPC). As diferenças entre interrogatório judicial e depoimento pessoal são as seguintes: o depoimento pessoal é requerido pela parte, é meio de prova, há pena de confesso, é realizado apenas uma vez e em audiência de instrução. Já o interrogatório é determinado de ofício, é meio de convencimento, não há pena de confesso, pode ser realizado a qualquer tempo e no curso do processo. Isto é, consiste em um meio de defesa e de prova. O silêncio do acusado não importará confissão e não poderá ser interpretado em juízo da defesa. 8.4 CONFISSÃO A confissão é quando a parte admite a verdade do fato, pode ser simples, complexa, qualificada, judicial ou extrajudicial. É um meio de prova judicial que consiste em uma declaração de ciência ou conhecimento, AN02FREV001/REV 4.0 35 expressa, terminante e séria, feita conscientemente, sem coações que destruam a voluntariedade do ato por quem é parte no processo em que ocorre ou é aduzida, sobre fatos pessoais ou sobre o conhecimento de outros fatos prejudiciais a quem a faz ou ao seu representante, conforme o caso, ou simplesmente favoráveis à sua contraparte no processo. Ocorre a confissão quando a parte admite a verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário (art. 348 do CPC). É uma declaração judicial ou extrajudicial, que pode ser provocada ou espontânea, em que os litigantes, capazes e com ânimo de se obrigar, fazem da verdade (integral ou parcial) dos fatos alegados pela parte contrária, como fundamentais na ação. Confissão é uma prova que pesa sobre quem a faz e em favor da parte contrária, mera confirmação das alegações do adversário. Observa-se, em consequência, que o depoimento pessoal e a confissão não são a mesma coisa. Pode haver depoimento sem confissão. Como também pode haver confissão extrajudicial, esta admitida com muita reserva no processo trabalhista. Mas pode haver confissão, no processo trabalhista, fora do depoimento pessoal na contestação, desde que haja o reconhecimento parcial ou total de fatos alegados pelo autor. Da mesma forma, também por petição nada impede que o autor admita fatos alegados na contestação. Confissão é, portanto, a aceitação dos fatos apontados pela parte como verdadeiros, produzida quer no depoimento pessoal, como é mais comum, quer em outros atos processuais e mesmo extrajudicialmente. A confissão, de acordo com o art. 352 do CPC, será revogável quando: “emanar de erro, dolo ou coação”. O meio é a ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita, ou a ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença. AN02FREV001/REV 4.0 36 8.5 INSPEÇÃO JUDICIAL É o meio de prova em que o próprio juiz comparece no local para verificar coisas ou pessoas relacionadas ao litígio, consiste na percepção sensorial e direta do juiz. Seu objeto pode ser pessoas, coisas ou lugares. A inspeção judicial ocorrerá quando o juiz entender necessário. Durante essa inspeção o magistrado pode ser assistido de um ou mais peritos; às partes também é assegurado o direito de assistir a inspeção. Assim, podem ser objeto da inspeção judicial: Pessoas vivas - inspeção judicial de pessoas (ad personam) ou subtipo inspectio corporis (no corpo da pessoa) ou mortas – os cadáveres. Coisas - inspeção judicial real (ad rem). Por fim, a inspeção judicial é simplesmente um reconhecimentoou uma diligência processual com a função de obter provas, mediante uma verificação direta. Tem por finalidade permitir ao juiz esclarecimento sobre fatos de interesse da causa, de acordo com o art. 440 do CPC. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa. 8.6 PROVA PERICIAL Por meio da prova pericial colhem-se percepções e fazem-se apreciações, não só para a direta demonstração ou constatação dos fatos que interessam a lide, das causas ou consequências desses fatos, como também para o esclarecimento dos mesmos. AN02FREV001/REV 4.0 37 Prova pericial é aquela que surge para apurar fatos que envolvem matéria técnica e científica. Vimos que a prova pericial não é a única prova válida admitida, existem outras, como as testemunhais e as documentais, que também devem ser levadas em consideração. Segundo Humberto Theodoro Junior (2002), a prova pericial “é o meio de suprir a carência de conhecimentos técnicos de que se ressente o juiz para apuração dos fatos litigiosos”. De acordo com o art. 420 do CPC, a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação: § único. O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. Assim, o exame é relativo à pessoa, às coisas móveis e semoventes (animais). A vistoria é a mesma inspeção só que aplicada a imóveis. Quando o assunto é valor ou obrigações, chama-se arbitramento. E a avaliação é estimar valores para coisas, direitos e obrigações. A função da prova pericial é subministrar a experiência técnica ao processo, para que seja empregada na dedução judicial. 9 PROVA EMPRESTADA E PROVAS INADMISSÍVEIS A prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos, testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame policial, pode ser transladada para outro, por meio de certidão extraída daquele. A essa prova, assim transferida de um processo para outro, a doutrina e a jurisprudência dão o nome de prova emprestada. Segundo a doutrina, são também inadmissíveis as provas que sejam incompatíveis com os princípios do respeito ao direito de defesa e à dignidade humana, os meios cuja utilização se opõe às normas reguladoras do direito que, em caráter geral, regem a vida social de um povo. AN02FREV001/REV 4.0 38 Nesse caso, estaremos diante de provas inadmissíveis, ou seja, provas ilegais, quando ocorrer violação do ordenamento jurídico, quer seja material (prova ilícita) ou processual (prova ilegítima). 10 PROVAS ILÍCITAS E PROVAS ILEGÍTIMAS As provas ilícitas são aquelas obtidas com violação às normas de direito material. Na área do Processo Penal temos os exemplos da confissão obtida mediante a tortura, provas adquiridas com violação de correspondências, etc. Tais provas são ilícitas por ferirem o direito material, pois tanto a tortura como a violação de correspondência são condutas tipificadas no direito material, conforme o art. 5°, XII da CF de 1988. Assim, não pode o juiz fundamentar sua decisão em prova obtida ilicitamente. Não são ilícitas as provas, entretanto, quando o interessado consente na violação de seus direitos assegurados constitucionalmente ou pela legislação ordinária, desde que sejam bens ou direitos disponíveis. Nessas hipóteses a conduta do autor da prova deixa de ter a ilicitude exigida na Constituição para a sua proibição. Assim, há entendimento na doutrina nacional e estrangeira de que é possível a utilização de prova favorável ao acusado, ainda que colhida com infringência a direitos fundamentais seus ou de terceiros, quando indispensáveis e quando produzida pelo próprio interessado, como a de gravação de conversa telefônica em caso de extorsão, por exemplo, que traduz hipótese de legítima defesa, excluindo a ilicitude. Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas ou apresentadas em infringência às normas de direito processual (formal). É prova obtida ilegitimamente, afrontando preceitos do direito processual, tanto na produção quanto na introdução da prova no processo. AN02FREV001/REV 4.0 39 Como exemplo de prova ilegítima temos a prova emprestada, “aquela produzida num processo para nele gerar efeitos, sendo depois transportada documentalmente para outro, com fim de gerar efeitos neste”. Para sua admissibilidade no processo é necessário que tenha sido produzida em processo formado entre as mesmas partes e, portanto, submetida ao contraditório. O compromisso do juiz é com a verdade formal, revelada pela prova, contudo, a verdade real é a sua busca permanente, podendo, nesta busca ideal, determinar provas. Temos como ideal a verdade real, ou seja, a realidade dos fatos, não pode o julgador afastar-se da prova. Pode ele, inclusive, determinar diligências, contudo, não lhe é permitido presumir verdades. Assim, o fundamental para o julgador é a prova que os autos encerram, não lhe cabendo procurar a verdade fora dos autos. As verdades processuais se estabelecem pelas várias formas de prova em direito permitidas, como documentos, perícias, testemunhas e constituem pequenas parcelas de verdade que, combinadas e analisadas, se ajustam e se encaixam de modo a formar uma verdade maior. O juiz deve analisar cada um destes fragmentos isoladamente, antes de fazê-las integrar ao todo. 11 FOTOGRAFIA FORENSE NA PROVA PERICIAL Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica, fonográfica ou de qualquer espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas se aquele contra quem foi produzida lhe admite conformidade. Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordena a realização de exame pericial. Segundo o Conselho Nacional dos Peritos Judiciais (CONPEJ): AN02FREV001/REV 4.0 40 A fotografia forense, que é também conhecida como fotografia de evidências, tem o seu destaque como prova pericial, sendo necessária para todos os peritos judiciais e criminais independentes de sua especialidade pericial, pois constitui uma excelente ferramenta de produção de prova, enriquecendo o laudo pericial e os pareceres técnicos elaborados pelos peritos. Havia certa desconfiança ao se utilizar fotos digitais como meio de produção de prova pericial, devido à qualidade das fotos e também à autenticidade das mesmas. Hoje, com o avanço tecnológico, foi superado pela credibilidade e qualidade das imagens obtidas por meios digitais. Dentre as dezenas de aplicações para a fotografia forense podemos citar: fotografia grafotécnica, fotografia papiloscópica, de local de crime, de acidentes, cadáveres, etc. Para a realização de uma boa fotografia forense o perito deve primeiramente se preocupar com o tipo de câmera que irá utilizar, pois a escolha do equipamento apropriado será fundamental para o sucesso da obtenção de prova. Importante frisar que o perito deve ter em mente que o objetivo da fotografia forense será sempre produzir provas, ajudando assim a esclarecer as possíveis dúvidas que possam existir e enriquecer o laudo pericial. 12 FOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA (FERRAMENTA PARA DIAGNÓSTICO FUNCIONAL) A fotogrametria pode ser realizada em qualquer lugar, porém é ideal que se tenha um lugar apropriado e específico. Esse espaço pode ser chamado de laboratório de fotogrametria, sendo instalado dentro do consultório do perito, de algum consultório que seja específico para a perícia ou mesmo posto de trabalho, para a análise da atividade laboral. Nas perícias, a importância e responsabilidade do exame físico pericial são de grande amplitude, devido à grande quantia financeira que está em jogo eporque o resultado da perícia pode definir o ganhador dessa questão. De AN02FREV001/REV 4.0 41 acordo com cada perícia para a realização da fotogrametria computadorizada postural, o exame físico inicia-se com a colocação de marcadores de pele em pontos ósseos predeterminados. Após a fotogrametria computadorizada são realizados os testes palpatórios específicos para o exame pericial. Esse exame tem como objetivo verificar a extensão da lesão para chegar a um parecer final quanto à capacidade funcional. 13 PERÍCIA CALIGRÁFICA E/OU DOCUMENTOSCOPIA NA PROVA PERICIAL A perícia caligráfica e/ou documentoscópica é um dos objetos de prova mais importantes e também dos mais usuais com que conta a justiça. Com relação ao exame escrito ou perícia caligráfica, prevê o art. 174 do CPP que as diligências para o exame de reconhecimento de escritos, por comparação de letra, destinam-se a autenticar documento, ou então, proclamar sua falsidade. As regras previstas no art. 174, que se referem à perícia de escritos, podem ser estendidas, como orientação, às perícias datilográficas. De acordo com o art. 339 do CPC, “ninguém pode se eximir, sem justo motivo, do dever de colaborar com a justiça para o descobrimento da verdade”. A perícia caligráfica judicial conta hoje com muitos recursos para poder detectar qualquer falsificação ou alteração que se tenha produzido. A documentoscopia ajuda na prova pericial, pois se aplicam técnicas e métodos óticos e computacionais para identificação dos meios utilizados para adulterar ou falsificar um documento. Ou seja, é a ciência que estuda, analisa e identifica os diversos tipos de falsificações e adulterações em documentos, moedas, selos, cartões de crédito, cheques, contratos, procurações, certidões de nascimento, óbito etc.. Desta forma, os processos que envolvem as questões acima serão solucionados por meio de um perito em documentoscopia forense, que tem AN02FREV001/REV 4.0 42 como objetivo desvendar falsificações em diversos tipos de documentos. Para ser perito dessa especialização, é necessário: Uso de equipamentos; Ser um grande estudioso da matéria, conhecendo profundamente os dispositivos gráficos de segurança (talho-doce, microletras, fundos numismáticos, rosáceas, imagens latentes, etc.); Tintas especiais, sem contar no notório conhecimento das fases de produção gráfica e fotografia. 14 PERÍCIA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL E MOMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME Como vimos anteriormente, a perícia é o exame realizado por pessoa que tem determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos acerca dos fatos, circunstâncias objetivas ou condições pessoais inerentes ao fato punível, a fim de comprová-los. No caso de crime de lesão corporal, dispõe o art. 168 do CPP que: Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. Na ausência ou deficiência do exame complementar, ele é suprido pela prova testemunhal, mas esta só é possível quando, comprovadamente, desapareceram os vestígios, o que impossibilita o exame direto. Havendo divergências dos peritos nas conclusões ou mesmo em aspectos circunstanciais do exame, o laudo deve registrar a opinião e as respostas de cada um deles. Por escolha deles também podem redigir laudos isolados. Havendo tal divergência, o juiz deve nomear perito desempatador, conforme o art. 180 do CPP. Divergindo este da conclusão dos primeiros, o juiz AN02FREV001/REV 4.0 43 pode ordenar novo exame por outros peritos. Pode, porém, optar por uma das opiniões emitidas. No momento da realização da prova pericial em uma perícia contábil, por exemplo, verifica-se a eficácia de uma contabilidade com registros atualizados e se os mesmos encontram-se de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Os livros comerciais e fiscais que preencham os requisitos exigidos por lei são prova, contra ou a favor, do seu autor. Isto é, todos os meios legais e moralmente legítimos podem ser apresentados ao perito para a apuração dos fatos. Já as perícias, especialmente o exame de corpo de delito direto, devem ser realizadas logo que o fato se torna conhecido da autoridade policial, pois mais perfeita será a perícia quanto mais próxima do delito for realizada. Além disso, sempre há o risco de desaparecerem os vestígios, obrigando a realização do corpo de delito indireto. Por isso, o código permite que seja ele realizado em qualquer dia e a qualquer hora, ou seja, inclusive aos domingos e feriados e à noite. O exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto e será feito em pessoas ou em coisas, sempre em que a infração penal deixar vestígios. Deixando o crime vestígios materiais é indispensável o exame de corpo de delito direto, elaborado por peritos para se comprovar a materialidade do crime, sob pena de nulidade. O exame destina-se à comprovação, por perícia, dos elementos objetivos do tipo, que diz respeito, principalmente, ao evento produzido pela conduta delituosa, ou seja, do resultado de que depende a existência do crime. Por vezes, as infrações não deixam vestígios materiais ou estes não são encontrados, impossibilitando o exame direto. Assim, dispensa-se a perícia, fazendo-se então a prova do crime por outros meios, em regra por testemunhas, conforme o art. 167 do CPP. Forma- se, então, o corpo de delito indireto, que também não pode ser suprido apenas pela confissão do réu. Desse modo, não sendo possível o exame de corpo de delito direto – por terem desaparecido os vestígios –, dispensa-se a perícia, AN02FREV001/REV 4.0 44 fazendo-se a prova do crime inclusive pelo depoimento de testemunhas. Deve haver, porém, uma prova testemunhal cabal sobre a materialidade do delito. O exame de corpo de delito é obrigatório, mas quanto às demais perícias há uma faculdade da autoridade policial ou judiciária na sua realização. Requerida pela parte, cabe à autoridade deferi-la ou não, conforme a considera ou não necessária para a elucidação dos fatos ou de suas circunstâncias; evitando-se, assim, a realização de perícias desnecessárias. Permanece indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, nas infrações que deixam vestígios, conforme o art. 158 do CPP. Contudo, pela nova redação do art. 159 do CPP, a perícia pode ser feita por apenas um perito oficial. Nesse aspecto, a prova pericial foi simplificada e tornou-se mais ágil. Nos locais em que não houver perito oficial permanecem as regras do art.159, § 1º e § 2º do CPP. 15 QUESITOS DA PERÍCIA Determinada a realização do exame, a autoridade policial ou judiciária e as partes podem formular quesitos, ou seja, perguntas pertinentes à perícia e que versem sobre pontos a serem esclarecidos. Tais quesitos podem ser formulados até o ato da diligência, consequentemente não podem ser propostos durante sua realização. Cabe o oferecimento tempestivo de quesitos em qualquer espécie de perícia. No caso de perícia judicial, constitui o indeferimento do pedido ilegalidade e restrição ao direito das partes, que importa nulidade da decisão e da perícia que assim se realizar. Não cabe quesito do acusado quando se trata de perícia realizada em inquérito policial. Quesitos são os elaborados pelas partes para obtiverem respostas, esclarecimentos sobre o laudo pericial. Isto é, a parte requer ao juiz que mande intimar o perito e o assistente técnico para comparecerem à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. Compete ao juiz AN02FREV001/REV 4.0 45 indeferir quesitos impertinentes e formular os que entender necessáriosao esclarecimento da causa. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária, conforme o art. 425 CPC, que poderá impugnar quesitos do adversário, apontando-os para o juiz, quando os entender incabíveis. É fundamental que ao formular os quesitos nos autos o profissional operador do direito tenha como escopo que há uma linha que dirige as indagações, e que dela não deve se afastar, por que assim fazendo estará desvirtuando o objeto da perícia. Os quesitos são essenciais, pois é por ele que o perito irá se guiar para aduzir aos autos um documento que auxiliará o juízo na decisão a ser tomada. FIM DO MÓDULO II AN02FREV001/REV 4.0 46 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 47 CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 48 MÓDULO III 16 PERÍCIAS JUDICIAIS As perícias podem ser judiciais, quando realizadas dentro do processo, por determinação do juiz, ou extrajudiciais, quando realizadas fora do processo, por iniciativa dos interessados. 16.1 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL A perícia é realizada por requisição formal de instituição, pública ou privada, ou de pessoa jurídica. Seus resultados são apresentados por meio de parecer sucinto, apenas com respostas aos quesitos formulados, ou de laudo técnico com exposição detalhada dos elementos investigados, sua análise e fundamentação técnica-científica das conclusões, além da resposta aos quesitos formulados. Podemos definir a perícia judicial como o exame de situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialistas na matéria que lhe é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos. Isto é, pode ser definida como um trabalho técnico-científico sobre fatos controversos entre as partes, em que o perito do juiz, profissional qualificado e de confiança do juízo, aplicará uma metodologia sistemática, precisa e quantitativa sobre os pontos a serem analisados, estruturando assim sua conclusão pericial. Em resumo, perícias judiciais são aquelas que ocorrem no âmbito da justiça, em diferentes tipos de ações, em que o perito para poder atuar no processo precisa ser nomeado pelo juiz. Tem seu fundamento em uma ação AN02FREV001/REV 4.0 49 postulada em juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. A principal fonte legal que rege as perícias judiciais é o Código de Processo Civil na justiça, havendo ainda a Lei de Falência ou recuperação judicial, a legislação trabalhista e outras leis específicas que tratam do assunto. A nomeação e habilitação do perito judicial encontram-se citados nos artigos 145, 146 e 147 do CPC, pois uma vez que o perito é o representante técnico do juiz nas causas judiciais tem de possuir e comprovar a sua capacidade técnica para tal feito. Portanto, o CPC montra as caracterizações essenciais em que o perito judicial tem de se enquadrar. 16.2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS As extrajudiciais são aquelas que não envolvem a justiça e que o perito pode ser escolhido livremente pelas partes envolvidas na questão, que podem optar por uma forma diferente de resolver o litígio sem ser pela via judicial. Há também a perícia arbitral, que é aquela realizada no juízo arbitral, instância decisória criada pela vontade das partes. 17 ASPECTOS PERICIAIS Para atuar no campo da perícia judicial é preciso tomar ciência de alguns conhecimentos úteis, relevantes, são eles: Lide ou Litígio: Conflito de interesses caracterizado por uma pretensão requerida e não atendida. AN02FREV001/REV 4.0 50 Ação Judicial (ou Ação): É o direito de obter um interesse pretendido por meio da justiça. No caso da justiça do trabalho, a ação é denominada Reclamação. Petição Inicial (ou Inicial): É o meio legal utilizado para a apreciação do juízo da causa pretendida por uma determinada ação. Autor e Réu: Autor (é o interessado em requerer o julgamento do interesse requerido) e Réu (é aquele contra qual a ação é proposta). Competência: É a atribuição conferida a cada ramo ou instância do poder judiciário para apreciar os diferentes tipos de ação. Processo Judicial ou Processo: É o meio pelo qual a jurisdição provocada pela ação de uma das partes interessadas informa-se, analisa e decide. O processo é constituído por uma sequência de atos interdependentes, do juízo e seus auxiliares e das partes que são denominadas sujeitos do processo. Procedimento Judicial (ou Procedimento): É a forma como se desencadeia os atos do processo, isto é, o modo pelo qual o processo se instaura, desenvolve e finaliza. Atos Processuais: São as ações dos sujeitos do processo como, por exemplo, a contestação do réu. O requerimento pedindo a juntada de um documento, numerando e rubricando as folhas dos autos, a nomeação do perito, a apresentação do laudo entre outras. Autos do Processo (ou Autos): É o conjunto material de documentos referentes aos diferentes atos do processo, que vão sendo juntados no andamento. AN02FREV001/REV 4.0 51 Carga dos Autos: É a retirada do processo no cartório ou na secretaria da junta, pelos advogados ou pelo perito, por prazo determinado, para estudo e ou fixação de honorários. A retirada do processo pelos assistentes técnicos é vedada, podendo eles consultá-lo no balcão do cartório ou da secretaria. Prazo: É o tempo máximo, previsto pelo CPC ou determinado pelo juízo, para que os sujeitos do processo se manifestem como, por exemplo: contestar a ação, elaborar quesitos, indicar assistentes técnicos, recorrer da sentença, entre outros. Preclusão: Perda do direito das partes em se manifestarem devido a não obediência dos prazos. Intimação: O art. 234 do CPC define como o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. Jurisprudência: É o conjunto de interpretações reiteradas que os tribunais superiores dão à lei, baseado na solução de casos concretos, submetidos a julgamento e que se transformam em Súmulas e Enunciados. O perito necessita dessas informações acima mencionadas, pois a perícia constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente. A perícia estabelece a diligência (execução de certos serviços judiciais fora dos respectivos tribunais ou cartório) a ser realizada, a fim de que se apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos obscuros. Significa, AN02FREV001/REV 4.0 52 portanto, basicamente, a pesquisa, o exame, a verificação acerca da verdade ou da realidade. 18 ASPECTO JURÍDICO DA PERÍCIA (LAUDO PERICIAL) 18.1 CONCEITO DE LAUDO PERICIAL O laudo pericial é apenas uma parte dentro das diversas fases do processo judicial. A perícia visa o convencimento do juiz por meio de argumentações exclusivamente técnicas.
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