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Direito Processual Penal Apostila

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MATERIAL DIDÁTICO EXCLUSIVO PARA ALUNOS DO CURSO APROVAÇÃO
67 das 88 vagas no AFRF no PR/SC
 Teoria
Direito Processual Penal
Prof. Maurilucio
Data de impressão:01/11/2006
Turma Área Policial
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MATERIAL DIDÁTICO EXCLUSIVO PARA ALUNOS DO CURSO APROVAÇÃO
150 das 190 vagas no TRF no PR/SC
Mais de 360
aprovados na
Receita Federal em 2006
Área Policial 
 Prof. Maurilucio Direito Processual Penal 
 
Atualizada 24/10/2006 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 
 
1
INQUÉRITO POLICIAL 
 
1) CONCEITO: É um procedimento administrativo 
exercido pela Polícia Judiciária e que marca o início da 1º 
Fase da Persecução Penal. Consiste na tarefa Estatal de 
perseguir o crime, produzir provas e obtendo a punição do 
criminoso. 
2) FINALIDADE: Visa a apuração da existência da 
infração penal e a respectiva autoria a fim de que o titular 
da ação penal disponha de elementos que autorizem a 
promovê-la. O art. 13 do CPP trata das funções 
secundárias da Polícia Judiciária, pois a sua função 
precípua é a elaboração do Inquérito Policial e a devida 
apuração da infração penal. 
3) PROCEDIMENTOS EXTRAPOLICIAIS: O art. 4º do 
CPP dispõe que “a competência definida neste artigo não 
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei 
seja cometida à mesma função”. O dispositivo ora citado 
prevê a existência de inquéritos extrapoliciais com a 
mesma finalidade dos inquéritos policiais. Por exemplo 
temos os Inquéritos Policiais Militares, IPMs. 
 
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: 
 
a) Dispensável: Art. 12 do CPP. O inquérito policial é um 
procedimento administrativo que tem por finalidade instruir 
a ação penal ou o ofendido nos casos da ação privada. 
Assim, se estes possuírem elementos imprescindíveis ao 
oferecimento da denúncia ou da queixa, é evidente que o 
inquérito se torna dispensável. 
b) Escrito: Art. 9º do CPP. Sendo o Inquérito Policial 
uma peça meramente informativa, endereçada ao titular 
da ação penal, é inconcebível a existência de inquérito 
policial oral. 
c) Sigiloso: O Art. 20 do CPP. O sigilo é a garantia da 
eficácia das investigações policiais, porém não se estende 
ao advogado, que tem livre acesso aos autos de inquérito 
policial, mesmo que se encontrem conclusos à Autoridade 
Policial, conforme dispõe o art. 7º, XIV da Lei 8.906/94 
Estatuto do Advogado. O Advogado não tem o direito de 
se manifestar dos atos do Inquérito Policial, porém, pode 
ter vista dos respectivos Autos. 
d) Inquisitivo: O Inquérito Policial é um procedimento 
unilateral da Polícia e tem por objetivo apurar uma 
infração penal. Deve-se levar em conta o Princípio do 
Contraditório, previsto no Art. 5º LV da CF. O Art. 14 do 
CPP quando fala das diligências requeridas pela vítima as 
quais devem passar pelo crivo da Autoridade Policial que 
se entender não serem necessárias tem o poder 
discricionário de negá-las, exceto no exame do corpo de 
delito. 
e) Indisponível: Art. 17 do CPP. Instaurado o Inquérito 
Policial, a Autoridade Policial deverá concluí-lo no prazo, 
não podendo arquiva-lo. Tarefa esta de atribuição do 
Ministério Público. 
f) Obrigatório: Art. 6º do CPP. A Autoridade Policial é 
obrigada a instaurar o I.P. nos casos de crime de Ação 
Penal Pública Incondicionada. 
 
ATOS PRATICADOS NO INQUÉRITO POLICIAL: 
 
a) Preservação do local: Art. 6º, I, A Autoridade Policial 
deverá dirigir-se ao local, providenciando a preservação 
do mesmo até a chegada dos peritos criminais. A Lei 
5.970/73 faculta a liberação do local nos casos de 
acidente de trânsito, com a remoção dos feridos e dos 
veículos que estiverem atrapalhando o trânsito ou 
causando risco de novos acidentes. 
b) Busca e apreensão de objetos relacionados com o 
fato após liberado pelos Peritos Criminais: É um ato 
coercitivo, pois o Estado exerce o seu poder através da 
Polícia Judiciária. O Art. 11 do CPP determina o 
acompanhamento dos instrumentos de crime nos autos 
de Inquérito Policial. 
c) Condução coercitiva: A autoridade policial, nos 
termos do Art. 201 do CPP parágrafo único, poderá 
conduzir coercitivamente, à sua presença, testemunhas, 
vítimas e indiciados. 
d) Interrogatório do indiciado: A autoridade policial 
deverá identificar-se ao indiciado como seu interrogador. 
Após finalizado, o interrogatório deverá ser lido ao 
indiciado na presença de duas testemunhas, 
denominadas testemunhas de leitura ou instrumentárias. 
Ao interrogatório Policial se aplicam as mesmas regras do 
Interrogatório Judicial. 
Com a Lei 10. 796/03 ocorreram algumas alterações ao 
art. 185 do CPP as quais são de suma importância. As 
principais alterações são: 
• Será qualificado e Interrogado na presença do seu 
Defensor Constituído ou será nomeado um para o ato. A 
falta do defensor constituído ou dativo acarreta nulidade 
do ato. 
• O Interrogatório de acusado preso será efetuado no 
estabelecimento prisional em que se encontra, em sala 
própria, desde que estejam garantidas as seguranças da 
Autoridade (Delegado ou Juiz) e dos seus Auxiliares, a 
presença do Defensor Constituído ou Dativo e a 
publicidade do ato. (portas abertas). Inexistindo a 
segurança o Interrogatório será nas formas do CPP. 
• Deverá ser cientificado do seu direito constitucional de 
se manter calado. E o seu silêncio não poderá ser 
interpretado como confissão ou em prejuízo da defesa. 
• O Interrogatório será em duas partes: 
 
I-Sobre a pessoa do acusado: 
• Residência, meio de vida, profissão, oportunidades 
sociais, lugar onde exerce a sua atividade laboral, vida 
pregressa, se já foi preso anteriormente e onde está 
sendo processado, se houve suspensão condicional ou 
condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros 
detalhes familiares. 
 
II-Sobre os fatos: 
• - Ser verdadeira a acusação que lhe é feita. 
• - Não sendo verdadeira se conhece as pessoas a quem 
deva ser atribuída à prática do crime. 
• Onde estava ao tempo em que foi cometido o crime e 
se teve notícia deste; 
• As provas já apuradas; 
• Se conhece a vítima e as testemunhas já inquiridas; 
• Se conhece o instrumento utilizado para a prática do 
crime ou qualquer outro usado para a prática da infração 
e tenha sido este apreendido; 
• Se conhece todos os demais fatos e pormenores que 
conduzam a elucidação dos antecedentes e 
circunstâncias da infração; 
• Se tem algo a mais a dizer em sua defesa; 
• Se o Interrogado nega a acusação que lhe é feita; 
• Se houverem mais de 1 acusados, estes serão 
interrogados em separado; 
 
e) Reconhecimento de Coisas e pessoas: Os 
reconhecimentos devem ser efetuados nos termos dos 
arts. 226, 227, e 228 do CPP e as acareações poderão 
ser feitas sempre que indiciados e testemunhas e 
ofendido divergirem em suas declarações sobre fatos ou 
circunstâncias relevantes; 
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f) Acareações: Ocorrem quando houver divergência 
entre as declarações do acusado e da testemunha ou 
ofendido. 
g) Exame de Corpo de Delito: É o aspecto material da 
infração. A qual demanda de autoria e materialidade. A 
autoridade policial poderá determinar a realização de 
qualquer perícia exceto aquelas que envolvam a saúde 
mental do acusado. Neste caso a autoridade deve 
representar ao magistrado competente para que se 
proceda como determina o art. 149 parágrafo 1º do CPP. 
As perícias poderão ser efetuadas em qualquer horário. 
h) Identificação do Indiciado: Art. 5º, LVIII da CF 
determina que “o civilmente identificado
não será 
submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei”. Porém existem algumas previsões, 
dentre elas a Lei 9.034/95 e a Lei 10.254/00. A súmula 
568 do STF anterior a atua CF ensinava que “a 
identificação criminal do indiciado pelo processo 
datiloscópico não constitui constrangimento ilegal, ainda 
que já identificado civilmente”. 
i) Reprodução Simulada dos Fatos: O art. 7º do CPP 
fala da reprodução simulada dos fatos. Sua finalidade é a 
de apontar o modus operandi, empregado pelo agente 
quando da prática do crime. O indiciado não é obrigado a 
fazer a reconstituição do crime, da mesma maneira que 
não é obrigado a confessá-lo. 
j) Outras providências: Existe a necessidade da 
obtenção de documentos ou provas, que possam estar 
amparados por sigilo constitucional, como no caso da 
interceptação telefônica e quebra de sigilo bancário. Estas 
provas dependem da autorização judicial no bojo do 
Inquérito Policial. 
 
INCOMUNICABILIDADE DO ACUSADO: 
 
Conforme previsão no Art. 21 do CPP, a 
incomunicabilidade do acusado pode ser decretada desde 
que não exceda o prazo de 3 dias. A incomunicabilidade 
será decretada pelo juiz competente a pedido da 
Autoridade Policial ou Ministério Público. A única pessoa 
que poderá comunicar-se com o acusado será o 
Advogado. Lei 8.906/94 Estatuto da Advocacia. 
Para Tourinho Filho: O art. 21 do CPP foi revogado 
pelo Art. 136, IV da CF o qual diz “Ora, se durante o 
Estado de Defesa, quando o Governo deve tomar 
medidas enérgicas para preservar a ordem pública ou a 
paz social, ameaçada por calamidades de grandes 
proporções na natureza, podendo determinar medidas 
coercitivas, destacando-se restrições aos direitos de 
reunião, ainda que exercida no seio de associações, o 
sigilo da correspondência e o sigilo de comunicação 
telegráfica e telefônica, havendo até prisão sem 
determinação judicial, tal como disciplina o art. 136 da CF; 
não se pode decretar a incomunicabilidade do preso (CF 
art. 136, parágrafo 3º), com muito mais razão não há que 
se falar em incomunicabilidade na fase de inquérito 
policial”. 
Para Damásio de Jesus: Entende que não houve 
revogação do Art. 21 pelo art. 136 da CF e ensina: “Em 
primeiro lugar, a proibição diz respeito ao período em que 
ocorrer a decretação do estado de defesa (art. 136 caput 
da CF), aplicável à prisão por crime contra o Estado 
(parágrafo 3º, I), infração de natureza política. Em 
segundo lugar, o legislador constituinte, se quisesse 
elevar tal proibição à categoria de princípio geral, 
certamente a teria inserido no art. 5º, ao lado de outros 
mandamentos que procuram resguardar os direitos do 
preso. Não o fez, relacionando a medida com os delitos 
políticos. Daí porque, segundo o nosso entendimento o 
art. 21 do CPP permanece em vigor”. 
NOTITIA CRIMINIS: 
Notitia criminis é a notícia da ocorrência de um crime. É 
o conhecimento por parte da Autoridade Policial, da 
prática de um crime, de maneira espontânea ou 
provocada por terceiros. 
Formas de Notitia criminis: 
1) Imediata ou direta: Quando a Autoridade Policial vem 
tomar conhecimento da prática de um crime 
pessoalmente ou através dos seus agentes. 
2) Mediata ou Indireta: Ocorre quando a Autoridade 
Policial é provocada formalmente por requisição do 
Ministério Público, do Juiz de Direito ou a requerimento do 
Advogado. 
3) Coercitiva: Pela lavratura do Auto de Prisão em 
Flagrante Delito. 
 
PRAZOS DO INQUÉRITO POLICIAL: 
O prazo para a conclusão do Inquérito Policial é de 30 
dias, podendo ser prorrogado a pedido da Autoridade 
Policial. Não existe limitação ao número de pedidos de 
prorrogação. No caso do acusado preso em flagrante ou 
preventivamente, o prazo é de 10 dias a contar da prisão 
ou decretação da prisão preventiva. 
Entretanto se o inquérito for de competência da Policia 
Federal o prazo em se tratando de réu preso será de 15 
dias podendo ser prorrogado por igual período, se o réu 
estiver solto por analogia aplica o prazo do Código de 
Processo Penal, ou seja, 30 dias. 
 
CURADOR AO INDICIADO MENOR: 
O Art. 15 do CPP fala na presença do Curador junto ao 
menor de 21 anos e maior de 18. Não foi revogado 
expressamente pela Lei 10.792/03, no que tange ao 
Inquérito Policial. No Interrogatório judicial é exigida a 
presença de Defensor constituído ou Defensor Público e 
dispensado o Curador. Assim sendo, não tem 
necessidade a manutenção da figura do Curador em 
Juízo, em função da revogação do art. 194, fato este que 
não ocorreu com o art. 15 que trata do Inquérito Policial 
e prevê a figura do Curador acompanhando o menor. 
Diante desta situação e considerando que o Inquérito 
Policial é a primeira fase da Persecução Penal e de 
caráter Administrativo foi mantido. Ao contrário da 2º fase 
da Persecução Penal que se inicia com o recebimento da 
Denúncia. Também é fato que a ausência do Curador na 
Fase de Inquérito Policial não gera nulidade, porém está 
prevista a sua participação. 
 
BAIXA DO INQUÉRITO À DELEGACIA: 
Está prevista em apenas uma situação, quando ocorre 
o pedido de prorrogação de prazo para a conclusão do 
Inquérito Policial, ou por Cota Ministerial. Depois de 
concluído ele não pode retornar a Delegacia e o MP terá o 
prazo de 5 dias no caso de acusado preso, para oferecer 
a denúncia ou de 15 dias no caso do acusado solto. 
 
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
Está previsto no art. 17 do CPP. É uma medida 
privativamente do Poder Judiciário e a requerimento do 
Promotor de Justiça. Da decisão judicial que determina o 
seu arquivamento não cabe recurso exceto nos seguintes 
casos: 
a) Art. 7º da Lei 1.521/51, nos casos de Crime Contra a 
Economia Popular, onde o magistrado deve recorrer ex 
officio. 
b) Crimes Contra a Saúde Pública contidos no CP onde 
recorre ex officio. Nos casos da Lei 6.368/76 repressão 
ao entorpecente, a Lei obriga o magistrado a recorrer de 
ofício. 
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c) Lei 1.508/51 Art. 6º parágrafo único: que prevê o 
processo e julgamento das contravenções do jogo do 
bicho e das corridas de cavalo fora do hipódromo ( 
penca). Nesse caso, quando qualquer do povo provocar a 
iniciativa do MP e a representação for arquivada, poderá 
interpor recurso em sentido estrito. 
 
PROCEDIMENTOS: 
1) Se o magistrado determinar o arquivamento do 
inquérito policial sem o requerimento do Ministério 
Público, este deverá interpor Correição Parcial, pois esta 
medida provoca tumulto processual, por parte do 
magistrado. A Correição Parcial é regida pelo Decreto-Lei 
Complementar nº 3 de 27/08/1969 e tem o mesmo rito do 
Agravo de Instrumento do Processo Civil. 
2) No caso do Ministério Público requerer o arquivamento 
e o Juiz descordar, o Juiz pode Recorrer ao Procurador 
Geral de Justiça, o qual determinará outro membro do 
MP para efetuar a denúncia ou manter o arquivamento, do 
qual não caberá recurso. 
 
DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
De acordo com o STF, constitui constrangimento 
ilegal o desarquivamento de inquérito policial e 
conseqüente oferecimento de denúncia e o seu 
recebimento sem novas provas. Não obstante, o 
desarquivamento de inquérito policial, fundado em novas 
provas, não constitui constrangimento ilegal. Sendo 
perfeitamente cabível. 
 
SUSPEIÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL: 
O art. 107 do CPP diz que não se poderá opor 
suspeição contra Autoridade Policial, mas estas deverão 
declarar-se suspeitas quando ocorrer motivo legal. Nesse 
sentido se Delegado de Polícia presidir IP contra acusado 
onde ele próprio ou familiar é vítima, nenhuma 
irregularidade acarretará (RTJ 61/49 e RT 512/406). 
 
HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO DE INSTAURAÇÃO 
DE INQUÉRITO POLICIAL:
A Autoridade Policial poder indeferir o requerimento de 
instauração de Inquérito Policial nos seguintes casos: 
1) Quando estiver extinta a punibilidade; 
2) Se o requerimento não oferecer elementos mínimos 
indispensáveis; 
3) Se a autoridade a que se destina o requerimento for 
incompetente; 
4) Se o fato narrado não constituir tipo penal, fato atípico; 
5) Se o requerente for incapaz; 
 
RECURSO AO INDEFERIMENTO: 
No caso do indeferimento do requerimento, cabe 
recurso ao Chefe de Polícia, função esta exercida pelo 
Secretário de Segurança Pública, aqui no Estado do 
Paraná. Alguns Estados da Federação possuíam 
Secretário de Polícia Civil e de Polícia Militar, neste caso 
esta será a autoridade competente para apreciar o 
recurso o Secretário de Polícia Civil. 
 
PARTICIPAÇÃO DO MP NO INQUÉRITO POLICIAL: 
Está prevista no Art. 47 do CPP e no art. 26, IV, da Lei 
8.625/93 LONMP. O objetivo da participação do MP na 
realização do Inquérito é o acompanhamento da produção 
de provas. Quando o Inquérito Policial for para apurar 
delito praticado por Membro do MP, a Autoridade Policial 
deverá remeter os Autos de Inquérito Policial ao 
Procurador Geral de Justiça, a quem competirá dar 
prosseguimento à apuração do delito, conforme art. 41 
parágrafo único da LONMP. 
PRINCÍPIO DA DEVOLUÇÃO DO INQUÉRITO 
POLICIAL: 
Previsto no Art. 28 do CPP, a devolução se trata no 
sentido de restituição, entrega, para prosseguimento. O 
juiz transfere a apreciação do Inquérito pelo Membro do 
MP, decidindo este pela denúncia ou não. 
 
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
O Inquérito Policial se encerra com o Relatório da 
Autoridade Policial, conforme previsto no art. 10 
parágrafos 1º e 2º do CPP. 
No Relatório, o Delegado deverá fazer o seu 
enquadramento da conduta do acusado, porém esta 
classificação poderá ser modificada pelo Promotor de 
Justiça no seu entender, se houver indícios da prática de 
outros crimes. Bem como, o juiz poderá dar outra 
capitulação ao fato, correção independentemente de 
qualquer diligência, conforme Art. 383 do CPP, 
Emendatio libelli. No caso de a denúncia ser pautada em 
uma determinada prova e na instrução ficar evidenciada 
circunstância elementar nova que requeira uma pena 
mais grave o juiz baixa o processo para aditamento da 
denúncia ou queixa subsidiária, e para conseqüente 
defesa, conforme previsão no art. 384 parágrafo único do 
CPP Mutatio libelli. 
A Autoridade Policial, poderá ainda no seu relatório ou 
antes deste, representar pela Prisão Preventiva, prevista 
no art. 311, desde que estejam presentes os seus 
requisitos. 
 
LEGISLAÇÃO SOBRE INQUERITO POLICIAL 
 
TÍTULO II 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades 
policiais no território de suas respectivas circunscrições e 
terá por fim a apuração das infrações penais e da sua 
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não 
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei 
seja cometida a mesma função. 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial 
será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do 
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de 
quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá 
sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou de presunção 
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua 
profissão e residência. 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de 
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de 
Polícia. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da 
existência de infração penal em que caiba ação pública 
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das 
informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública 
depender de representação, não poderá sem ela ser 
iniciado. 
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§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial 
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de 
quem tenha qualidade para intentá-la. 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da 
infração penal, a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se 
alterem o estado e conservação das coisas, até a 
chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 
8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973) 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, 
após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada 
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
III - colher todas as provas que servirem para o 
esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for 
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste 
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 
(duas) testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de 
corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua 
folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto 
de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois 
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que 
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração 
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial 
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o 
disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num 
só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, 
neste caso, rubricadas pela autoridade. 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) 
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou 
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta 
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão, ou no prazo de 30 (trina) dias, quando estiver 
solto, mediante fiança ou sem ela. 
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver 
sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas 
que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar 
onde possam ser encontradas. 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado 
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a 
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que 
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos 
que interessarem à prova, acompanharão os autos do 
inquérito. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou 
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. 
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações 
necessárias à instrução e julgamento dos processos; 
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo 
Ministério Público; 
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas 
autoridades judiciárias; 
IV - representar acerca da prisão preventiva. 
Art. 14. O ofendido,
ou seu representante legal, e o 
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será 
realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado 
curador pela autoridade policial. 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a 
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para 
novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia. 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar 
autos de inquérito. 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito 
pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os 
autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, 
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se 
o pedir, mediante traslado. 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse 
da sociedade. 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que Ihe 
forem solicitados, a autoridade policial não poderá 
mencionar quaisquer anotações referentes a instauração 
de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de 
existir condenação anterior. (Incluído pela Lei nº 6.900, de 
14.4.1981) 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá 
sempre de despacho nos autos e somente será permitida 
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá 
de 3 (três) dias, será decretada por despacho 
fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade 
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em 
qualquer hipótese, o disposto no art. 89, III, do Estatuto da 
Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 4.215, de 27 de 
abril de 1963). (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 
30.5.1966) 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que 
houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade 
com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que 
esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição 
de outra, independentemente de precatórias ou 
requisições, e bem assim providenciará, até que 
compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato 
que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz 
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de 
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, 
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os 
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 
 
AÇÃO PENAL 
 
O início da Ação Penal marca a segunda fase da 
Persecução Criminal ou Penal. Esta tarefa de punir é do 
Estado, após observados alguns princípios 
constitucionais: Devido Processo Legal, Presunção de 
Inocência, Ampla Defesa, Contraditório e Juiz Natural 
entre tantos outros. A titularidade do direito de punir é 
privativa do Estado, o qual é representado através do 
Ministério Público na acusação e pelo Juiz de Direito 
incumbido de dizer o direito através de uma sentença que 
pode ser absolutória ou condenatória. 
Direito de Ação também é conhecido por: Jus 
persecutionis e Jus persequendi in judicio. 
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O DIREITO DO ESTADO PUNIR: Este direito só pode 
ser exercido após Ter sido facultado o contraditório e a 
ampla defesa, conforme preceito constitucional inserido 
no art. 5º, LV. Este direito do estado Jus puniendi surge 
após a condenação do réu, pois anteriormente existe a 
Pretensão Punitiva do Estado, de certo só poderia ser 
exercido após a sentença transitada em julgado. Pois ao 
contrário estaríamos ressuscitando o Tribunal de Exceção 
e o Sistema Inquisitório, patrocinado pelo Estado. Este 
direito de punir é abstrato, uma vez que está à disposição 
do estado, genérico, autônomo, subjetivo e principalmente 
público. 
 
FUNDAMENTO LEGAL DA AÇÃO PENAL: 
Encontra-se no Código Penal e no Código de Processo 
Penal: 
a) Código Penal: Art. 100 a 106. 
b) Código de Processo Penal: Art. 24 a 62. 
 
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL 
Considerando-se que existem algumas condições que 
podem ser específicas e outras genéricas. As específicas 
são aquelas que são exigidas em certos casos e ao 
serem necessárias à própria lei estabelecerá as 
exigências. Já as condições genéricas são aquelas 
exigidas em qualquer ação penal: 
Condições Genéricas da ação: 
a) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: Na ação 
penal o pedido deve ser possível e admitido em direito. 
Deve tratar de um fato típico (um crime) o qual possui um 
preceito e uma sanção. 
b) INTERESSE DE AGIR ou JUSTA CAUSA: Após ficar 
evidenciado indícios de autoria e materialidade da prática 
do crime, o Ministério Público pode efetivar a denúncia. 
Na acusação deve haver legitimidade individual e social e 
fundada suspeita sobre o indiciado. 
c) LEGITIMAÇÃO PARA CAUSA: Divide-se em: 
ATIVA: Diz respeito ao polo ativo. É a titularidade de 
exercer o direito de ação, representando o Estado nas 
ações penais públicas, por parte do Ministério Público. 
PASSIVA: Diz respeito ao polo passivo da ação penal, ou 
seja, ela pressupõe uma condição ao acusado que é ser 
maior de 18 anos. É a capacidade para ser réu. No caso 
dos menores de 18 anos, estes não podem estar no polo 
passivo de uma Ação Penal Pública por serem menor de 
18 anos. 
 
LEGITIMAÇÃO PROCESSUAL PARA ESTAR NO POLO 
PASSIVO: 
Apesar da alteração no Código Civil, ainda não houve 
qualquer alteração no Código Penal e Processual Penal. 
com relação a maioridade penal. Assim sendo o maior de 
18 anos e menor de 21 anos . No caso da vítima menor 
de 18 anos, esta é representada. 
 
Condições Específicas da Ação 
As ações penais mesmo que possuam possibilidade, 
legitimidade, e interesse, deverão possuir as condições 
específicas da ação, também chamadas de condições de 
procedibilidade. 
São condições específicas da ação a representação, a 
requisição do Ministro da Justiça, pois jamais poderá 
haver denuncia do Ministério Público se não houverem 
esses pré-requisitos. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS: 
É importante ressaltar que a classificação das ações 
penais se dá em face do sujeito ativo. Autor 
 
a) PÚBLICA: 
• Incondicionada ou plena: não depende da manifestação 
de vontade do ofendido. 
• Condicionada: Está condicionada a manifestação do 
ofendido, através da sua representação. 
• Secundária: É aquela que originariamente é privada, 
mas em casos previstos em lei, se torna pública. Ex: No 
caso dos crimes contra os costumes, quando a vítima é 
pobre. No caso do estado de pobreza, esta ação passa a 
ser pública. 
 
b) PRIVADA: 
• Privada; Aquela que se inicia mediante a manifestação 
de vontade do ofendido através da queixa-crime. 
• Personalíssima: 
• Subsidiária ou supletiva: É a ação intentada no caso do 
ministério Público não oferecer a denúncia no prazo 
previsto em lei. 
• Adesiva: Segundo Frederico Marques, Existe no caso 
do Assistente de Acusação. 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA: 
Fundamenta-se na Constituição Federal. Está prevista 
no Código de processo Penal e Código Penal. O seu 
titular é o Ministério Público, conforme LONMP Lei 
8.625/93. Prevista também na Lei Orgânica do Ministério 
Público Estadual. 
SISTEMA ACUSATÓRIO: Após o Código do Império, o 
Ministério Público cresceu muito, sendo o fiscal da lei e o 
titular da Ação Penal Pública. O sistema acusatório 
vigente no Brasil, veio a suplantar o sistema anterior 
Inquisitivo herança das Ordenações e do Período da 
Idade Média. O sistema inquisitivo buscava a confissão a 
qualquer custo.
Detinha o poder de acusar, julgar e 
defender. 
Já no sistema acusatório atual, o Ministério Público tem 
o dever de acusar, uma vez que o juiz tem o dever de 
julgar e a polícia de investigar. Sendo estes poderes 
separados e harmônicos. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA: 
 
A) Princípio da Obrigatoriedade: O Promotor de Justiça 
é obrigado a denunciar e movimentar o Sistema, através 
da Ação Penal, da qual é o titular. Para tanto, necessita 
da sua opinio delicti, isto é, formada a sua opinião sobre 
o crime e a sua tipicidade ele não pode dispor da Ação. É 
livre para formar o seu convencimento e após este 
concluído, deverá efetuar a denúncia ou opinar pelo 
arquivamento do feito. No Art. 28 do CPP, observamos 
que o juiz pode discordar do pedido de arquivamento, 
cabendo assim, recurso ao Procurador Geral de Justiça, 
no que concerne o cumprimento do princípio da 
obrigatoriedade. 
 
B) Princípio da Indisponibilidade: Aplica-se este 
princípio por uma questão de razoabilidade. No caso da 
Ação Penal Pública iniciada, o Promotor de Justiça não 
pode dela se desfazer ou desistir. Ver art. 42, 385 e 576 
do CPP. Com o advento da Lei 9.099/95 este princípio 
tornou-se mutável uma vez que na Constituição Federal 
em seu art. 98, I, previu a transação penal. No art. 42 
CPP “ O Ministério Público não poderá desistir da ação 
Penal”. 
 
C) Princípio da Indivisibilidade: Ele ocorre no caso dos 
crimes que envolvam Concurso de Agentes. Neste caso, 
a ação penal não pode ser movida apenas contra um dos 
acusados e sim deverá ser contra todos. Neste caso é 
possível efetuar o aditamento da denúncia. Ver art. 48 do 
CPP. “A queixa contra qualquer dos autores do crime 
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público 
velará pela sua indivisibilidade”. 
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D) Princípio da Oficialidade: No caso das Ações Penais 
os atos processuais são públicos, salvo quando for 
decretado o sigilo, quando a lei assim o permitir. Art. 779 
do CPP “As audiências, sessões e os atos processuais 
serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos 
juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do 
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em 
dia e hora certos, ou previamente designados. 
 
E) Princípio do in dubio pro societati; Após a conclusão 
do Inquérito Policial, com o devido relatório da Autoridade 
Policial, este será remetido a juízo. O Ministério Público 
será o seu destinatário, o qual terá a opinio delicti, e 
estando convencido dos requisitos de autoria e 
materialidade, o Promotor deverá denunciar o acusado. 
Ocorre que se houver uma dúvida na opinio delicti, o 
Promotor de Justiça não tem convicção mas denuncia 
assim mesmo, esperando obter mais provas durante a 
instrução, o Juiz é obrigado a absolver o réu, uma vez que 
o Princípio da Presunção de Inocência é soberano. 
 
INICIO DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Todas as ações penais publicas iniciam mediante 
denúncia do Ministério Público, que por mandamento 
constitucional, CF art. 129, I, determina a competência 
privativa do Ministério Público para promover a ação 
penal pública. 
 
DENÚNCIA: 
Seus requisitos estão previstos no Art. 41 do CPP: “A 
denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a 
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais 
se possa identificá-lo, a classificação do crime e quando 
necessário, o rol das testemunhas”. 
a) PARTE EXPOSITIVA: É uma minuta dos fatos. 
Aquelas indagações do Inquérito Policial: Quem, Quando, 
Como, Aonde e Por que? Deverá individualizar a conduta 
de cada um dos partícipes. Há uma discussão muito 
grande no que tange a “denúncia alternativa” os juristas 
com maior inclinação ao Direito Romano entendem que é 
possível. A outra corrente entende que não, que o réu 
deve se defender de um fato. 
b) QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO: É muito importante à 
correta qualificação na denúncia, para que não ocorram 
situações de acusações contra homônimos. O que pode 
ocorrer é a prática por um acusado em usar um nome 
falso. Neste caso aplica-se o art. 259 do CPP “A 
impossibilidade de identificação do acusado com o seu 
verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a 
ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer 
tempo, no curso do processo, do julgamento ou da 
execução da sentença, se for descoberta a sua 
qualificação, far-se-á a retificação, por termo, sem 
prejuízo da validade dos atos precedentes”. 
A lei 10.054/2000 Dispõe sobre a identificação criminal e 
dá outras providências. 
c) CLASSIFICATÓRIA: É o enquadramento do fato a 
norma penal (tipicidade). A classificação errônea do fato 
não poderá causar a inépcia da denúncia. Pois o réu se 
defende de um fato. Ex: Furto e Furto Qualificado, Roubo 
ou Extorsão. 
d) ROL DE TESTEMUNHAS: É importante o rol de 
testemunhas para que se possa efetuar uma análise ou 
até contraditar uma testemunha. 
e) USO DO VERNÁCULO: Consiste no correto linguajar. 
f) DEDICATÓRIA: A quem é endereçada a denúncia? 
Ela só pode ser dirigida ao Juiz Penal. 
g) DATA DA DENÚNCIA: É importante, pois nesta fase 
temos uma das causas interrompem a prescrição. 
2.5.1. PRAZO PARA O MP EFETUAR A DENÚNCIA: 
Os prazos estão previstos no art. 46 do CPP Estes 
prazos são considerados impróprios, pois não ocorre a 
preclusão se o MP não oferecer a denúncia dentro do 
prazo e enquanto não estiver extinta a punibilidade. 
Poderá ocorrer a ação penal subsidiária. 
 
2.5.2. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA: 
O juiz poderá rejeitar a denúncia ou queixa quando 
estiverem ausente qualquer uma das condições genéricas 
da Ação. 
O objeto no processo penal é o fato e a forma, 
devendo haver uma relação recíproca entre a denúncia e 
a sentença. O MP deve levar ao conhecimento do juiz o 
fato, produzindo a melhor descrição e deste deve o réu se 
defender. A ação é a pretensão da concessão da tutela 
jurisdicional, onde o juiz deverá informar o direito através 
da sentença. 
No caso do juiz rejeitar a denúncia ou queixa, poderá o 
MP ou o querelante, inconformado com a decisão judicial, 
interpor recurso em sentido estrito nos termos do Art. 581, 
I do CPP. “Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, 
despacho ou sentença: I – que não receber a denúncia ou 
queixa” ver demais incisos II a XXIV”. 
Em se tratando e crime de imprensa, o recurso 
oponível será apelação, conforme art. 44, § 2º da Lei 
5.250/67. No caso do juiz receber a denúncia ou queixa, 
tratando-se de crime de imprensa, caberá recurso em 
sentido estrito, sem suspensão do curso do processo. 
A DENÚNCIA, também é conhecida como: exordial, 
inicial, vestibular, proemial, prodrômica, dilucular, 
antelóquio. 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
É aquela em que o MP age de ofício, 
independentemente da autorização do ofendido. Constitui 
regra geral, sendo o maior número de ações penais é 
pública e incondicionada. No Código fica evidente, uma 
vez que neste ponto ele não faz menção à regra e tão 
somente as exceções. Na mesma situação a Autoridade 
Policial, deverá agir de ofício e não o fazendo incorrerá no 
crime de prevaricação. Pode ocorrer do inquérito policial 
ser instaurado por requisição da autoridade judiciária ou 
do Ministério Público. O ofendido também poderá 
comparecer a presença da Autoridade Judiciária ou do 
Ministério Público, narrar os fatos e se for o caso, uma 
destas autoridades poderá requerer a instauração do 
Inquérito Policial. 
Na A P P Incondicionada, não é necessário assistente 
de acusação, uma vez que o Ministério Público tem o 
dever de agir. 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
Desenvolvimento: Na ação penal pública condicionada 
o MP
só pode oferecer a denúncia se houver 
representação da vítima ou requisição do Ministro da 
Justiça, conforme art. 24 do CPP: Nos crimes de ação 
pública, esta será promovida por denúncia do Ministério 
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de 
requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
representação passará ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em 
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e 
Município, a ação será pública. 
Definição: A própria lei se incumbe de definir os crimes 
de ação pública condicionada. 
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Representação do Ofendido: Existem certos crimes 
que além de imporem a agressão ao ofendido, ao Estado, 
causam uma Segunda violência que é a exposição do 
ofendido perante terceiros. O chamado Strepitus judicii, 
ou Escândalo do processo. Neste caso a lei condiciona a 
vontade do Poder Público exercido pelo Estado à vontade 
do ofendido. Da mesma forma o Inquérito Policial 
somente poderá ser instaurado mediante a representação 
do ofendido. Conforme art. 5º § 4º do CPP. 
A Representação nada mais é do que a manifestação 
de vontade combinada com a autorização do ofendido a 
sua instauração. 
 
NATUREZA JURÍDICA DA REPRESENTAÇÃO: 
É uma condição de procedibilidade, ou seja, é uma 
autorização ao Ministério Público agir em nome do 
ofendido e processar o autor do delito. Esta 
representação é uma peça essencial nos casos previstos 
em lei. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III- por falta das fórmulas ou termos seguintes: 
a- A denúncia ou a queixa e a representação e, nos 
processos de contravenções penais, a portaria ou auto de 
prisão em flagrante. 
A representação pode ser escrita ou verbal, 
pessoalmente ou através de procurador que não 
necessariamente seja Advogado, uma vez que não se 
trata da postulação processual e sim, de manifestação de 
vontade que antecede ao processo. 
Art. 39: O direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, 
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao 
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ver § 
1º ao 5º. 
 
PODEM REPRESENTAR AS SEGUINTES PESSOAS: 
a) Ofendido maior de 21 anos, no caso de ser maior de 18 
e menor de 21 necessita de representante legal. 
b) Ofendido alienado poderá exercer o seu direito através 
de curador nomeado no juízo cível. 
c) Ofendido menor de 18 anos ou alienado mental sem 
representante legal, ou, se colidirem os interesses desta 
com daquela, o direito de queixa poderá ser exercido por 
procurador especial nomeado, de ofício ou a requerimento 
do Ministério Público, pelo juiz competente, para o 
processo penal, conforme menciona o Art. 33 do CPP. 
Esse curador Ad hoc pode representar ou não, conforme 
a sua conveniência, pois é um substituto processual que 
fala em nome próprio, defendendo o direito alheio. Ao 
terceiro dá-se o nome de substituído. No caso da vítima 
Ter mais de 18 anos e menos de 21 anos, o direito de 
queixa ou de representação pode ser exercido, por ele ou 
por seu representante legal, conforme o Art. 34 do CPP. 
 
SUCESSÃO NO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: 
No caso da morte do ofendido ou quando declarado 
ausente por decisão judicial, o direito de representação 
passará para o cônjuge, ascendente, descendente ou 
irmão, conforme a previsão do Art. 24 do CPP. 
 
ENDEREÇAMENTO DA REPRESENTAÇÃO: 
A representação poderá ser efetuada perante as 
autoridades: Policial, Judiciária ou Ministério Público. A 
representação efetuada perante o MP que contiver todos 
os elementos de prova da autoria e materialidade, o MP 
poderá dispensar o inquérito policial, oferecendo a 
denúncia em 15 dias. Caso contrário, deverá encaminhar 
as peças para Autoridade Policial, requerendo a 
instauração do Inquérito Policial, conforme Art. 39, § 5º do 
CPP. 
Art. 39: O direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, 
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao 
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. 
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, 
se com a representação forem oferecidos elementos que 
o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, 
oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 
 
RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO: 
A retratação quer dizer voltar atrás. Aquele que 
representa pode retratar-se durante o inquérito policial. 
Porém, depois de iniciada a Ação Penal a representação 
se torna irretratável, conforme o art. 104 do CPP: Se for 
argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, 
depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes 
admitir a produção de provas no prazo de 03 (três) dias. 
Pode haver retratação da retratação desde que haja 
boa fé e ainda esteja em curso o prazo para o direito da 
representação. 
A retratação e a representação são indivisíveis, terão 
que representar ou retratar contra todos os autores do 
crime. No caso do ofendido representar contra um, o 
Ministério Público poderá aditar a denúncia contra os 
demais. 
 
PRAZO PARA A REPRESENTAÇÃO: 
O prazo é de seis meses para que o ofendido 
manifeste a sua vontade ou o seu representante legal. A 
contagem do prazo se inicia no dia em que tomou 
conhecimento da autoria do crime. Prazo este que é 
decadencial, contínuo e peremptório. É contínuo porque 
nada suspende, fatal e peremptório porque não se 
prorroga para o dia seguinte, extingue-se o direito. Há 
controvérsia se o prazo é uno ou duplo. A doutrina 
entende que o prazo é uno, isto é, o prazo é de 6 meses a 
contar da data que tomou conhecimento, porém, no caso 
do seu representante legal, caso não tenha conhecimento 
do fato nos 6 meses, passa a contar da data que vier a 
ter conhecimento. Nesse sentido já temos a Súmula 594. 
 
REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA: 
É uma condição específica de procedibilidade, sendo 
também um ato administrativo, político e discricionário. É 
administrativo porque parte do Ministério da Justiça. 
Também é político, porque o cargo do Ministro da Justiça 
envolve questões políticas associadas à paz social. 
Também é discricionário porque ele pode exercê-lo ou 
não. 
Quando exercido a requisição é encaminhada 
diretamente ao Ministério Público, que poderá oferecer 
denúncia ou requerer a instauração de inquérito policial. O 
prazo para o Ministro da Justiça é o mesmo da prescrição 
do crime. Depois de exercida a requisição do Ministro da 
Justiça, esta é irretratável. 
 
AÇÃO PENAL PUBLICA SECUNDÁRIA 
É aquela que era originariamente privada, mas passa a 
ser pública por circunstâncias previstas em lei. Como 
ocorre em relação aos crimes contra os costumes. Art. 
213, que é de ação penal privada, porém, no caso de 
vítima pobre, passa a ser pública (condicionada), e no 
caso do crime ser cometido com o abuso do pátrio poder, 
tutela ou curatela, a ação penal passa também a ser 
pública só que (incondicionada).. 
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AÇÃO PENAL PRIVADA 
Trata-se da ação promovida pelo titular do direito que é 
a vítima do crime. Ex: Calúnia, Injúria, Difamação. Nestes 
casos a lei outorga poderes à vítima a processar o autor 
da infração, porém, não outorga poderes para a punição. 
Daí dizer-se legitimação extraordinária, uma vez que o 
Estado é o detentor
da legitimidade para processar o 
criminoso. O Estado apenas estende o direito de ação e 
não de punição. 
 
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 
PROPRIAMENTE DITA: 
a- Oportunidade ou conveniência: A ação penal privada 
é um direito e não um dever. O direito de queixa é 
privativo do ofendido. A vítima pode renunciar o seu 
direito de queixa, não podendo exercê-lo mais, conforme 
o art. 106 do CP. A renúncia ao direito de queixa extingue 
a punibilidade do crime art. 108, inciso V do CP. 
b- Disponibilidade relativa: Iniciada a ação privada, a 
vítima pode dela dispor. Aplica-se durante a ação. A 
vítima dispõe da ação privada através da desistência 
prevista no art. 42 do CPP, perdão aceito art. 108,V do 
CP e pelo abandono do processo causando a perempção. 
Essa disponibilidade é relativa, uma vez que vai até o 
trânsito em julgado da sentença condenatória; 
c- Princípio da Indivisibilidade: A queixa proposta contra 
um dos autores do crime obrigará o processo contra 
todos, conforme previsão do art. 48 do CPP, podendo o 
Ministério Público adita-la. 
d- Princípio da Intranscendência: A ação penal só pode 
ser movida contra o responsável penal pelo delito. Já a 
ação civil pode ser movida tanto contra o autor do dano 
como contra um terceiro que a lei civil autorize. 
 
INÍCIO DA AÇÃO PENAL PRIVADA: Inicia-se mediante 
oferecimento da queixa-crime (petição inicial privada). O 
direito de queixa é direito de ação, enquanto o direito de 
representação não possui direito de ação. 
 
REQUISITOS DA QUEIXA-CRIME: Estão previstos no 
art. 41 do CPP. São os mesmos da denúncia porque 
ambos são uma petição inicial. 
Se a vítima de um crime de ação penal for pobre, terá 
direito a assistência judiciária, desde que comprovada a 
sua pobreza, assim determina o art. 32 do CPP. 
 
PRAZO: 
Seis meses (art. 105 do CP e 38 do CPP). 
 
O MINISTÉRIO PÚBLICO E A AÇÃO PENAL PRIVADA 
PRPRIAMENTE DITA: 
O MP é parte ativa ilegítima nesses crimes, não 
podendo ser o autor, participando apenas como custus 
legis. No caso de não intervir em todos os termos da ação 
privada propriamente dita não acarreta nulidade, apenas 
mera irregularidade. O MP pode aditar a queixa-crime no 
prazo de 3 dias contados do recebimento dos autos, 
conforme art. 46 do CPP: “O prazo para oferecimento da 
denúncia, estando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, 
contado da data em que o órgão do Ministério Público 
receber os autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) 
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, 
se houver devolução do inquérito policial à autoridade 
policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data que o órgão 
do Ministério Público receber novamente os autos. 
§ 2 º “O prazo para o aditamento da queixa será de 3 
(três) dias, contados da data em que o Órgão do 
Ministério Público receber os autos, e, se este não se 
pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o 
que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do 
processo.” 
No caso de aditar a queixa, o ministério Público ficará 
na condição de Assistente do Querelante, porém, não 
poderá alterar a classificação do crime. Na condição de 
fiscal da lei deverá fiscalizar inclusive a indivisibilidade 
processual, isto é, denunciar os demais acusados quando 
houverem, aditando a denúncia. Conforme art. 48 do 
CPP: “A queixa contra qualquer dos autores do crime 
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público 
velará pela sua indivisibilidade. Há uma Segunda corrente 
que entende que o MP não pode aditar a denúncia porque 
não é o titular desse tipo de ação, podendo apenas pedir 
ao juiz que declare extinta a punibilidade, pela renúncia 
ao direito de queixa”. 
 
PEREMPÇÃO: 
Significa a extinção. Trata-se de uma penalidade 
processual e produz os seguintes efeitos: 
- Extingue o processo. 
- Extingue o direito de ação. 
- Extingue a punibilidade do crime. 
- 
CASOS EM OCORRE A PEREMPÇÃO: 
São regulados pelo art. 60 do CPP: Nos casos em que 
somente se procede mediante queixa, considerar-se-á 
perempta a ação penal: 
I- quando iniciada esta, o querelante deixar de promover 
o andamento do processo durante 30 (trinta) dias 
seguidos; 
II- quando falecendo o querelante, ou sobrevindo a sua 
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir 
no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, 
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado 
o disposto no art. 36; 
III- quando o querelante deixar de comparecer, sem 
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva 
estar presente, ou deixar de formular o pedido de 
condenação nas alegações finais; 
IV- quando sendo o querelante pessoa jurídica, esta se 
extinguir sem deixar sucessor. 
OBS: A perempção só se opera na ação penal 
exclusivamente privada. 
 
CABIMENTO: 
A perempção só se vislumbra após o início da ação 
penal privada, pois antes de ser oferecida a queixa-crime 
pode ocorrer a prescrição, decadência ou a renúncia, uma 
vez que o direito não venha a ser exercitado. Pode 
ocorrer também a morte do querelante nos crimes de 
adultério e induzimento a erro essencial e ocultação de 
impedimento, nos casos que envolvem a instituição do 
casamento. 
AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA 
É o tipo de ação que só pode ser movida pelo 
ofendido, diferente da ação penal privada propriamente 
dita, pois neste caso o representante legal do ofendido 
não pode atuar, sendo esta uma faculdade que ode ser 
exercida somente pela vítima. 
Do caráter personalíssimo: Observa-se através do art. 
108 do CP: 
1- Quando a vítima do crime for menor de 18 anos, terá 
que aguardar completar a idade. 
2- Se a vítima falecer, extingue-se a punibilidade do 
crime (este caso não se encontra no art. 108 do CP). 
 
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AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA OU SUPLETIVA 
Este tipo de ação só poder ser oferecida no caso do 
órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia 
dentro do prazo. Porém, cabe ressaltar que, no caso do 
Ministério Público opinar pelo arquivamento, não cabe 
este tipo de ação. 
Neste caso o Ministério Público não fica num plano 
secundário, apenas oferece a denúncia substitutiva e 
afasta o querelante, uma vez que este tipo de ação é 
utilizado nos crimes de ação penal pública 
incondicionada, onde o MP tem o dever de agir e por 
lapso não age. Com o afastamento do querelante, 
(desistência da ação subsidiária) o processo retoma o seu 
curso normal. Porém, se quiser continuar, neste caso, a 
vítima pode atuar como assistente de acusação. Cabe 
lembrar que não ocorre a perempção da ação privada 
subsidiária. O promotor deverá atuar em todos os atos 
processuais da ação penal privada subsidiária, sob pena 
de nulidade. Conforme o art. 564, III, e, do CPP; 
Art. 564: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
e- a intervenção do Ministério Público em todos os termos 
da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte 
ofendida, quando se tratar de crie de ação pública; 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA ADESIVA 
Segundo o doutrinador José Frederico Marques, onde ele 
entende a atuação do Assistente de 
Acusação, que vêm atuar como um auxiliar do Ministério 
Público, na qualidade de procurador da vítima ou dos 
seus familiares. 
Art. 268: Em todos os termos da ação pública, poderá 
intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido 
ou seu representante legal, ou na falta, qualquer das 
pessoas mencionadas no art. 31. 
Art. 31: No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
JURISDIÇÃO 
 
CONCEITO DE JURISDIÇÃO 
É a
função que tem o Estado de declarar com 
imparcialidade o Direito objetivo através do Poder 
Judiciário. 
Jurisdição é poder, função e atividade do Estado de 
aplicar o direito ao fato concreto para solucionar os 
conflitos existentes. Há conflitos de interesse quando mais 
de um sujeito procura usufruir o mesmo bem. Como 
poder, é manifestação do poder estatal através da sua 
capacidade de decidir e impor as suas decisões. Tem a 
função de promover a pacificação de conflitos 
interindividuais, mediante a realização do direito justo e 
devido processo. E é atividade onde esta constitui os atos 
do juiz no processo. O poder, a função e a atividade 
somente transparecem legitimamente através do devido 
processo legal. 
 
CARACTERES FORMAIS DA JURISDIÇÃO 
• Notio: (conhecimento) é o poder de presidir a instrução; 
• Judicio (julgamento): é o poder de julgar a lide. 
•Vocatio ( chamamento): é o direito de chamar as 
pessoas para o processo. 
•Coertio: (Coerção): é o poder de impor medidas 
restritivas de direito. 
•Executio: (executar): é o poder de executar a 
condenação. 
 
OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 
Outras características da jurisdição são: 
a) lide; b) inércia; c) definitividade; d) secundária; e) 
instrumental; f) declarativa ou executiva. 
Lide e litígio são vocábulos sinônimos e correspondem 
a um evento anterior ao processo. Para que haja a lide é 
necessário que ocorra "um conflito de interesses 
qualificado por um pretensão resistida", conforme a 
clássica lição de Carnelutti. Inércia: embora a jurisdição 
seja função ou atividade pública do Estado, versa sobre 
interesses privados - direitos materiais subjetivos das 
partes -, donde não ter cabimento a prestação 
jurisdicional, a não ser quando solicitada, nos casos 
controvertidos, pela parte interessada. Daí surge a inércia 
a que estão obrigados os órgãos jurisdicionais. 
Definitividade: os atos jurisdicionais são suscetíveis de 
se tornar imutáveis. Art.5o, XXXVI, CF: "a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a 
coisa julgada". 
Secundária: é atividade secundária porque através 
dela o Estado realiza coativamente uma atividade que 
deveria ter sido, primariamente exercida, de maneira 
pacífica e espontânea, pelos próprios sujeitos da relação 
jurídica. 
Instrumental: porque tem objetivo de dar atuação 
prática às regras do direito, assim a jurisdição é um 
instrumento de que o próprio direito dispõe para impor-se 
à obediência dos cidadãos. 
Declarativa ou executiva: a jurisdição não é fonte do 
direito, o órgão jurisdicional é convocado para remover a 
incerteza ou para reparar a transgressão, através de um 
juízo que se preste a reafirmar e restabelecer o império do 
direito, quer declarando qual seja a regra do caso 
concreto, quer aplicando as edidas de reparação ou de 
sanção previstas pelo direito. 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA JURISDIÇÃO 
1- Indeclinabilidade: A jurisdição é obrigatória. 
O juiz não pode deixar de julgar sob nenhuma alegação, 
até mesmo pela lacuna da lei. O DPP admite a analogia. 
2- Improrrogabilidade: A jurisdição de um juiz não pode 
envolver a de outro, exceto nos casos de conexão e 
continência; 
3- Juiz Natural ou pré-constituído: O réu tem o direito 
de ser julgado por um órgão regular do Poder Judiciário. 
Esse princípio proíbe o juiz de exceção; A Constituição 
proíbe os chamados tribunais de exceção para o 
julgamento de determinadas pessoas e determinados 
casos (art.5o, inciso XXXVII, CF). 
4- Unidade: A jurisdição é uma só, ou seja, é sempre a 
mesma. O que diferencia uma da outra é a atividade 
sobre a qual recai. 
5- Iniciativa das partes: Baseado no princípio ne 
procedat judex ex officio, não pode haver jurisdição sem 
ação. 
6- Relatividade ou co-relação entre pedidos e decisão. 
Está no brocado ne eat judex infra vel extra vel ultra petita 
portium ( não haja o juiz aquém ou fora ou além dos 
pedidos das partes). 
7- In dubio pro reo: Na dúvida, o juiz deve julgar em 
favor da defesa. A defesa tem o benefício da dúvida. 
8- Investidura: sendo a jurisdição um monopólio do 
Estado e este, que é uma pessoa jurídica, precisa exercê-
la através de pessoas físicas que sejam seus órgãos ou 
agentes, essas pessoas são os juízes. 
9- Indelegabilidade: quer dizer que o poder do juiz de 
julgar o caso concreto é indelegável não pode este, 
invertendo os critérios da Constituição e da lei, transferir a 
sua competência que lhe foi atribuída pelo Estado para 
outro. 
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JURISDIÇÃO, LEGISLAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO 
Jurisdição difere da legislação, porque consiste na 
solução de conflitos de interesse apresentadas ao Estado-
juiz, este fazendo justiça em casos concretos. Legislação 
são normas de caráter genérico e abstrato não destinada 
a um caso concreto. 
As diferenças entre jurisdição e administração são: a) o 
administrador não possui o poder de atuar na realização 
do bem comum; b) não tem caráter substitutivo; c) os atos 
administrativos não são definitivos. Só na jurisdição reside 
o escopo social magno de resolver os conflitos entre as 
pessoas. 
 
OBJETIVO DA JURISDIÇÃO 
Segundo Pontes de Miranda, "o fim do processo é a 
entrega da prestação jurisdicional, que satisfaz à tutela 
jurídica". 
Conforme Arruda Alvim podemos dividir a causa do 
processo em: 
a) causa final: a atuação da vontade da lei, como 
instrumento de segurança jurídica e de manutenção da 
ordem jurídica; 
b) causa material: o conflito de interesses, qualificado 
por pretensão resistida, revelado ao juiz através da 
invocação da tutela jurisdicional; 
c) causa imediata ou eficiente: a provocação da parte, 
isto é, a ação. 
Conclusão, a jurisdição, dando ao direito do caso concreto 
a certeza que é condição da verdadeira justiça e 
realizando a justa composição do litígio, restabelece a 
ordem jurídica, através da eliminação do conflito de 
interesses que ameaça a paz social. 
 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
A jurisdição é una e indivisível assim como o poder 
soberano. A doutrina, porém fazendo tais ressalvas, 
costuma classificar a jurisdição em espécies, são elas: a) 
pelo seu objeto, jurisdição penal ou civil; b) pelos 
organismos judiciários que a exercem, especial ou 
comum; c) pela posição hierárquica do órgãos dotados 
dela, superior ou inferior; d) pela fonte do direito com base 
no qual é proferido o julgamento, jurisdição de direito ou 
de eqüidade. 
a) Jurisdição penal ou civil: No processo, as atividades 
jurisdicionais têm por objeto uma pretensão, que varia 
conforme o direito objetivo material em se fundamenta. 
Há, então, causas penais, civis, comerciais, tributárias, 
etc. É comum dividir as pretensões de natureza penal das 
demais. Fala-se em jurisdição penal (causas penais, 
pretensões punitivas) e jurisdição civil (por exclusão, 
causas e pretensões não-penais). 
A jurisdição penal é exercida pelos juízes estaduais 
comuns, pela Justiça Militar Estadual, pela Justiça Militar 
Federal, pela Justiça Federal e pela Justiça Eleitoral. 
Apenas a Justiça do Trabalho é desprovida de 
competência penal. A jurisdição civil é exercida pela 
Justiça Estadual, pela Federal, pela Trabalhista e pela 
Eleitoral, apenas a Militar não a exerce. 
Relacionamento entre jurisdição penal e civil: por ex. 
quando alguém comete um furto, este ato gera duas 
conseqüências: obrigação de restituir o objeto furtado 
(natureza civil) e sujeição às penas do art. 155, CP. Outro 
exemplo: uma pessoa que se casa, já sendo casado com 
outra pessoa, o direito impõe duas penas: nulidade do 
segundo casamento (art.183, inciso VI, CC) e sujeição à 
pena de bigamia (art.235, CP). 
Assim há na lei dispositivos que interagem entre a 
jurisdição penal
e civil: · i) Suspensão prejudicial do 
processo-crime: se alguém está sendo processado 
criminalmente e para o julgamento dessa acusação é 
relevante o esclarecimento de uma questão civil, 
suspende-se o processo criminal à espera da solução no 
caso cível (art.92-94, CPP). Ex: o réu acusado de bigamia 
alega que o casamento anterior era nulo. O art.91, I, CP 
dá como efeito da sentença penal "tornar certa a 
obrigação de indenizar o dano resultante do crime". Se o 
réu for absolvido no crime poderá ser absolvido em certos 
casos da ação cível (art.65 e 66, CPP). Resta observar o 
art.64, caput e parágrafo, CPP permite que seja intentada 
a ação civil na pendência do processo-crime; 
b) Jurisdição especial ou comum: A doutrina costuma, 
levando em consideração as regras da Constituição, 
distinguir entre "Justiças" que exercem jurisdição especial 
e comum. As primeiras são: a Justiça Militar (arts.122-
124, CF), a Justiça Eleitoral (arts.118- 121, CF), a Justiça 
do Trabalho (arts.111-116, CF) e as Justiças Militares 
Estaduais (art.125, §3o , CF); no âmbito da jurisdição 
comum estão a Justiça Federal (arts.106-110, CF) e as 
Justiças Estaduais ordinárias (arts.125-126, CF). 
c) Jurisdição superior ou inferior: Os ordenamentos 
jurídicos em geral têm duplo grau de jurisdição, princípio 
que consiste na possibilidade de um mesmo processo 
após julgamento pelo juiz inferior, voltar a ser julgado por 
órgãos superiores do Poder Judiciário. Os órgãos de 
primeiro grau de jurisdição são denominados "primeira 
instância" e os de segundo grau de "segunda instância". 
d) Jurisdição de direito ou de eqüidade: O art.127, 
CPC diz que "o juiz só decidirá por eqüidade nos casos 
previstos em lei". Decidir por eqüidade significa decidir 
sem as limitações impostas pela lei (art.400 e 1.456, CC). 
No direito processual civil, sua admissibilidade é 
excepcional (art.127, CPC), mas nos processos arbitrais 
podem as partes convencionar que o julgamento seja 
realizado com eqüidade (art.1.075, inciso IV, CPC; 
art.1.040, inciso VI, CC). Na arbitragem de causas 
pequenas, o julgamento por eqüidade é sempre 
admissível, independente da autorização das partes (lei 
9.099/95, art.25). 
 
LIMITES DA JURISDIÇÃO 
Existem limitações: internas de cada Estado, excluindo 
a tutela jurisdicional em casos determinados; e 
internacionais, pela necessidade de coexistência dos 
Estados e pelos critérios da conveniência e viabilidade. 
Essas limitações não atingem o direito processual 
penal. 
O legislador não leva muito longe a jurisdição de seu 
país, pois leva em consideração a experiência e a 
necessidade de coexistência com outros Estados 
soberanos: a) conveniência, o que interessa é a 
pacificação no seio da sua própria convivência social; b) 
viabilidade, porque se excluem os casos em que será 
impossível a imposição do cumprimento da sentença. 
A doutrina sintetiza os motivos da observância essas 
regras acima: a) existência de outros Estados soberanos; 
b) respeito a convenções internacionais; c) razões de 
interesse do próprio Estado. Outros também considerados 
são submissão e da efetividade. 
Em relação a jurisdição penal esta tem limites que 
correspondem precisamente aos de aplicação da própria 
norma penal material. 
São imunes tanto à jurisdição civil como à penal, por 
respeito à soberania de outros Estados, à jurisdição de 
um país: a) os Estados estrangeiros (par in parem non 
habet judicium); b) os chefes de Estado estrangeiros; c) 
os agentes diplomáticos. Tem se estendido a imunidade 
também a organismos internacionais, como é o caso da 
ONU. Põe em dúvida sua aplicação à jurisdição 
trabalhista. 
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Limites internos, em princípio a função jurisdicional 
rege sobre toda área dos direitos substanciais (art.5o, 
XXXV, CF; art.75, CC). Porém, às vezes é o Estado-
administração o único a decidir a respeito de eventuais 
conflitos, sem intervenção do Judiciário. É o que acontece 
nos casos de impossibilidade da censura judicial dos atos 
administrativos. Além disso a lei expressamente no 
art.1.477, CC exclui da apreciação judiciária as 
pretensões fundadas em dívida de jogo. 
 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA E CONTENCIOSA 
Existem atos jurídicos da vida de particulares 
revestidos de tal importância que passam a interessar à 
coletividade. No direito moderno, a administração pública 
de direito privado é exercida por: a) órgãos jurisdicionais; 
b) órgãos do chamado "foro extrajudicial"; c) órgãos 
administrativos, não dependentes do Poder Judiciário. 
São atos praticados pelos órgãos do "foro 
extrajudicial", a escritura pública (tabelião), o casamento 
(juiz de casamentos, oficial do registro civil), o protesto 
(oficial de protesto), o registro de imóveis (oficial do 
registro de imóveis), etc. Por outro lado, há intervenção de 
órgão estranho quando o Ministério Público participa dos 
atos da vida da fundação (art.1.199, CPC), ou quando os 
contratos ou estatutos sociais tramitam pela junta 
comercial. 
A jurisdição civil compreende, segundo art.1o, do CPC, 
a jurisdição contenciosa e voluntária. A jurisdição 
contenciosa é aquela função que o Estado desempenha 
na pacificação ou composição dos litígios. 
Pressupõe controvérsia entre as partes (lide), a ser 
solucionada pelo juiz através da legalidade estrita. 
Já em relação a jurisdição voluntária, a doutrina separa 
esta em três categorias: 1) atos meramente receptícios 
(função passiva do magistrado, como publicação de 
testamento particular, art.1.646, CC); 2) atos de natureza 
simplesmente certificante (legalização de livros 
comerciais, "visto", em balanços); 3) atos que constituem 
verdadeiros pronunciamentos judiciais (separação 
amigável, interdição,...). Os elementos característicos da 
jurisdição voluntária são: a) visa a constituição de 
situações jurídicas novas; b) não há o caráter substitutivo; 
c) não há lide. Trata-se de jurisdição voluntária onde o juiz 
apenas realiza gestão pública em torno de interesses 
privados, como se dá nas nomeações de tutores, nas 
alienações de bens de incapazes, na extinção do 
usufruto, etc. 
Aqui não há lide nem partes, mas apenas um negócio 
jurídico processual, envolvendo o juiz e os interessados. 
Daí Frederico Marques ensinar que "a jurisdição 
voluntária apresenta os seguintes caracteres: 
a) como função estatal, ela tem natureza 
administrativa, sob o aspecto material, e é ato judiciário, 
no plano subjetivo-orgânico; b) em relação às suas 
finalidades, é função preventiva e também constitutiva". 
O legislador nos arts.1.103 a 1.210, CPC não fala 
acertadamente em processo, porque se não há lide, não 
pode se falar em processo, mas apenas em 
procedimento. 
Permite o Código em matéria de jurisdição voluntária 
no art.1.109, CPC onde o juiz não fique "obrigado a 
observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em 
cada caso a solução que reputar mais conveniente ou 
oportuna". 
 
SUBSTITUTIVOS DA JURISDIÇÃO 
Pode a lide encontrar solução por outros caminhos que 
não a prestação jurisdicional. A autocomposição pode ser 
obtida através de transação ou de conciliação. E a decisão 
da lide ocorre através do juízo arbitral. 
A transação é o negócio jurídico em que os sujeitos da lide 
fazem concessões recíprocas para afastar a controvérsia 
existente. Pode ocorrer antes da instauração do processo ou 
na sua pendência, esta apenas homologada pelo juiz 
(art.269, inciso III, CPC) com solução de mérito. 
A conciliação é uma transação obtida em juízo, pela 
intervenção do juiz junto às partes, antes de iniciar a 
instrução da causa, extinguindo o processo com solução de 
mérito (art.449, CPC). 
O juízo arbitral (arts.1.072 a 1.102,
CPC) importa renúncia 
à via judiciária, confiando, as partes, a solução da lide a 
pessoas desinteressadas, mas não integrantes do Poder 
Judiciário. O laudo arbitral homologado tem força de 
sentença (art.1.097, CPC). 
Todas essas formas extrajudiciais de composição de 
litígios só podem ocorrer entre pessoas maiores e capazes e 
apenas quando a lide girar em torno de bens patrimoniais ou 
direitos disponíveis. 
 
DIVISÃO DA JURISDIÇÃO 
1- Quanto à graduação: 
a- Inferior: decide em primeira instância. 
b- Superior: reexamina, através de recurso, a causa já 
decidida na instância inferior. 
2- Quanto à matéria: 
a) Penal: causas de natureza penal. 
b) Civil: causas de natureza civil. 
3- Quanto à forma: 
a) Contenciosa: quando existe litígio. 
b) Voluntária: quando não existe litígio mas é levado a 
juízo. 
4- A Jurisdição ainda se divide em: 
a) Comum ou ordinária: Justiça comum. 
b) Especial ou extraordinária: Justiças especiais. 
 
COMPETÊNCIA 
 
CONCEITO 
É a limitação do poder jurisdicional de juízes ou tribunais.. 
O instituto da competência é definido então, de uma forma 
simples, como a demarcação, ou como a delimitação da 
jurisdição. Trata-se do exercício pelos vários órgãos 
jurisdicionais, de seu poder, dentro de uma determinada 
limitação legalmente imposta. 
É a porção do poder jurisdicional que toca a cada órgão 
exercer. 
Nas palavras de Tornaghi (apud Sobrinho, 1996, p. 15), 
sobre o poder de julgar, que é qualidade inerente aos juízes 
(se esse poder não é restringido por nenhuma lei, compete-
lhes julgar tudo. Mas, se alguma só lhes permite decidir 
determinadas controvérsias, então, o exercício de sua 
jurisdição fica demarcado pela sua competência. 
A lei é que estabelece a competência dos vários órgãos 
jurisdicionais, tratando de previamente fixar os limites dentro 
dos quais cada um destes órgãos pode exercer a função 
jurisdicional. Desse modo, a competência vem a ser o poder 
de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos em lei, ou 
ainda, é âmbito dentro do qual pode o magistrado exercer a 
jurisdição. A primeira limitação legal que se tem no âmbito do 
ordenamento jurídico, por ordem de grandeza, adiante da 
qual não se exercita de modo algum a jurisdição, é a que 
estabelece a competência geral (competência externa ou 
internacional), responsável pela restrição de jurisdição de um 
Estado em relação direta com a de outros Estados. Naquilo 
que toca ao controle específico de nosso país, fala-se em 
competência interna (ou especial), que vem a ser aquela que 
se determina pelos limites colocados à jurisdição exercida 
pelos mais diferentes órgãos jurisdicionais. 
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NATUREZA JURÍDICA 
É um pressuposto processual de validade da instância, 
pois o processo só é valido quando corre perante juiz 
competente. 
 
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
- Ratione materiae: em razão da matéria. 
- Ratione personae: em razão da pessoa. 
- Ratione loci: em razão do local. 
COMPETÊNCIA DE ATRIBUIÇÃO: É o conjunto formado 
pelas competências ratione materiae e ratione personae. 
 
CRITÉRIOS DA COMPETÊNCIA RATIONE LOCI: 
- Comum ou geral: É o lugar da infração, ou seja, aquilo 
que a doutrina chama de locus delicti comissi ( lugar da 
prática da infração). 
- Secundário ou subsidiário: É o lugar do domicílio ou da 
residência do réu. 
 
CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO OU 
DA VARA: Só existe nas comarcas onde há mais de uma 
vara criminal. A competência do juiz pressupõe a 
competência ratione loci. 
 
PODE HAVER FORO FACULTATIVO EM PROCESSO 
PENAL: Quando se trata de um crime de ação penal 
privada, o art. 73 do CPP o querelante pode processar o 
réu em seu domicílio ou ainda, quando conhecido, no 
lugar da infração. 
 
ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA FUNCIONAL 
1- HORIZONTAL: É aquela que divide o trabalho de dois 
ou mais juízes da mesma graduação dentro de um só 
processo. 
Podendo ser: 
a) Por fase do processo: É aquela que estabelece a 
divisão do trabalho por fase do processo. 
b) Por objeto do juízo: É aquela que estabelece a divisão 
pelo objeto do julgamento. 
2- VERTICAL: É aquela que divide o trabalho no mesmo 
processo entre juízes de graus diferentes. Possui duas 
etapas. 
a) ORIGINÁRIA: Aquela nos processos de competência 
originária dos Tribunais. 
b) RECURSAL: O processo corre perante o juiz de 
primeiro grau, e quanto à sua decisão sobre para o 
Tribunal. 
 
PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
1- Necessárias: 
a) Conexão ou continência: 
b) Casos do artigo 74, parágrafo 2º do CPP 
(desclassificação). 
c) Caso do artigo 85 do CPP. 
2- Voluntária: É aquela que deriva da vontade das partes. 
As partes, principalmente pela sua omissão, concordam 
que o processo corra perante juiz incompetente, 
prorrogando-se posteriormente. Isso só pode correr nos 
casos de incompetência relativa. 
 
COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
O significado do vocábulo prevenção é o de algo que 
vem antes, que avisa, que previne. Define, no tocante ao 
instituto da competência, o fenômeno processual através 
do qual, havendo vários juízes igualmente competentes, 
que se firme a competência daquele que por primeiro vier 
a tomar conhecimento da causa (art. 83 CPP). Assim, 
havendo vários competentes em um primeiro momento, já 
em seguida será espaço de competência de um só deles, 
por ter primeiro conhecido a causa. 
Não se trata de um critério empregado para determinar 
a competência, visto que o juiz que no segundo momento 
é o único competente, também já o era anteriormente. 
A prevenção, portanto, firma, assegura a competência 
de um juiz já competente. 
Verifica-se a prevenção, por exemplo, entre outros, em 
casos como o do artigo 107 do Código Civil: Se o imóvel 
se achar situado em mais de um Estado ou comarca, 
determinar- se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a 
competência sobre a totalidade do imóvel (o juiz de uma 
ou de outra comarca será competente, mesmo que de 
Estados diferentes, para conhecer a causa). 
 
COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA 
O vocábulo conexão, no tocante à competência, vem a ser 
o estabelecimento de um vínculo ou de um elo entre duas ou 
mais ações que, por estarem intimamente relacionadas entre 
si, podem ser conhecidas e decididas por um mesmo 
magistrado e, por vezes, inclusive no mesmo processo. É um 
vínculo que entrelaça duas ou mais ações, a ponto de exigir 
que o mesmo juiz delas tome conhecimento e as decida. 
As razões ou os motivos que embasam a conexão de 
causas são de ordem particular, buscando tornar mais célere 
e ao mesmo tempo menos oneroso o processo e, de ordem 
pública, buscando evitar que aconteça a existência de 
sentenças contraditórias emanadas de mais de um 
entendimento jurídico sobre o mesmo caso, além de permitir 
uma visão mais completa dos fatos e da causa, enveredando 
por uma melhor aplicação jurisdicional do direito. A base legal 
melhor sistematizada vem referida no artigo 103 do Código 
Civil, que diz: Reputam-se conexas duas ou mais ações, 
quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. 
Compreendida na conexão, tem-se a continência, que 
ocorre quando houver, entre duas ou mais ações, identidade 
quanto às partes e à causa de pedir, mas que objeto de uma, 
por mais amplo, acabe por abranger o das outras, conforme 
se despende do que inscrito no artigo 104 do referido Código. 
A conexão e a continência produzem o mesmo efeito, 
distinguindo-se por ser a continência uma espécie do gênero 
conexão (ver também os arts. 105; 106; 219 e 163 CPC). Em 
hipótese, a competência relativa à atuação do magistrado 
não está fundada no título originário, mas trata-se da 
conseqüência da união dos vários processos. 
No âmbito do Código de Processo

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