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Capitalismo Tardio

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ERNEST MANDEL
O Capitalismo
Tardio*
Traducao de carlos Eduardo Silveira Matos,
Regis de Castro Andrade e Dinah de Abreu Azevedo
'Traduzldo de LaたCap“allsm Londres,Verso Edlton,1978(2 a impressao,1980)Essa vers5o do ongnal Der Spat_
kap詭lおrnus rVersuch einer nnarおllschen Erklattngl para O inglos por」ois De Bres leva o mOntO de ter sido atuallza‐
da pelo Autor,conforlne ele declara na lntroducaO a essa edicao A presente tradu゛o fOi Outro“im confrontada com
a2a ediφ。。nglnal alema da suhrkamp Verlag,Frankfun am Maim,1973
Inlroducaο
Um dOs prOp6Stos centais deste livЮ O fornecer uma interpretacao marxista
das causas da longa onda de crescirnento rapido na ccOnornia capitalsta internacio―
nal no p6s―guerra, que pegou de surpresa cconomistas marxistas e naO marxistas;
e, ao mesmo tempo, verificar os lirnites inerentes desse perrodo, quc asseguravam
a sua substituicaO por Outra longa onda de crisc econOnlica c social crescente para
o capitalismo mundial, caracterizada por uma taxa bastante mais baixa de cresci―
mento global. Ern 1970/72, quando este trabalho fol inicialrnente escrito e publica―
do em alemao, suas teses basicas ainda apareciam, para muitOs leitores, cOmo
naO_cOmprOvadas empiricamente ou duvidosas, e foram recebidas cOm ceticismo
generalizado__apesar dos sinais premonit6rios da quebra dO sistema moneErio in―
ternaclonal a partir de 1967 e da exp10saO pOpular na Franca cm malo de 1968.
HOie,SaO poucOs Os que duvidam quc o momento crrucO de renuxo no desenvOlvi―
mento econOrnico do p6s―guerra cstaa para tras, c naO diante de n6s, c quc a
``longa expansao" seia agora uma coisa do passado. A crenca na permanencia dO
crescirnento rdpido e dO pleno emprego no scio da ``cconornia nllsta'' provOu ser
um rnito. Este livro tenta cxplicar por quc isso foi necessariamentc assirn, c quais
as consequOncias provaveis da dinarnica real do capitalismo de p6s―guerra, dentrO
dO quadro de referOncia das categorias rnarxistas classicas.
Ao reexaminar O CapitalismO Tardio para a edi95o em lrngua ingicsa,procura―
mos resistir a tentacaO de acrescentar a cle novos c extensos materiais, para mos―
trar a confi111lacao, pe10s fatos, de nossos argumentos iniciais PreferimOs, em vez
dissO,c9rrigir ou esdarecer exposicOcs SubsidiariaS e atualizar as cstatヽicas perti―
nentes. Todas as renex6es adiclonais serao reservadas para a discussaO internacio―
nal quc asOra se instaura acerca das contrad196es gerais e das tendencias a longo
prazo do capitalismo mundial em sua prescnte fasc,para cuia COmpreensao O Ca―
piralismO Tardio apresenta certo nimero dc hip6teses novas. Se elas se mostrarao
suficientes e cocrentes,ou nao,s6a hisbria podera lulgar. Nao temOs mOtivo para
terner o seu veredicto.
Pois 0 0●etiVO fundamental do presente tabalho ё justamento o de oferecer
uma interpretacaO da hisbria do modo de producaO capitalista no sOculo XX, ca―
paz de mediar as leis dO mo宙mento do“capital em gerar'com as formas fenome―
nais concretas dos“muitos capitalピ'.QuaiSquer tentatvas de restringir a analise
unicamente a cstas■lumas,Ou de deduzl-las diretamento a partir do p五meirO,care―
4 1N「RODUcA0
cem de justificagao metOdO16gica ou esperanca de O対lo praticO. Deveria ser claro,
para um maEttsta,quc a luta de classes entre o capital e o trabalho,o papel do Es―
tado burguOs e da ideologia do capitalismo tardio,a estmmra cOncreta e muttvel
do comOrclo mundial e as foI11las predorninantes de superlucros――todos esses ele―
mentos precisariarn ser incorporados a qualquer expos19aO das sucessivas fases his―
6ricas do desenvol宙mento do capitalismo,e mesmo da fase contempoぬnea,de
capitalismo tardio.Procurando cump五r esses obicuvOs,O presente ttabalho assu―
miu uma estrutura nao sem relacao ao planO quc Marx inicialmente proietOu para
O Capital__quer dizer, ocupa―se do capital em geral; concorrencia; cにdito; capl―
tal por ac6es; propriedade territoriat ttabalho assalanadO; estado; comёrcio exte―
nor e mercado mundial(em Cuia parte inal Marx pretendia induir as cnses ecOn6-
rnicas mundiais).Eu nao segut entretanto,cada secao desse plano,dO qual,inclusi‐
ve,a■lima versao de o capital de Marx,naturalmente,des宙ou―se de maneira
consideravel.
Os pnmeiros quatro capr恒10s de O Capitalismo Tard,o demarcam o campo
global de refettncia para o livTo.Eles tratam respecivamente do problema preliml―
nar do motodo(capitu10 1); da relacao entre O desenvolvimento do modo de pЮ―
ducaO capitalsta, com suas contradicoes intemas, c a criacao de um me10 s6cio―
geografiCo adequado a suas necessidades――isto O, o mercado mundial(caprtu10s
2e3);e da conexao entre O desenvol宙rnento da tecnologia capitalista c a valoriza―
9aO dO pbpno capital(capitulos 3 e 4).Os leitores menos familiarizados ou menos
interessados enl teotia podem deixar de lado o pFimeiro cap■ulo ou reserv6‐lo pa―
ra o final do livrO.
Os nove caprtu10s analiticos seguintes ocupam―se dos tra9os fundamentais do
capltalismo tardlo,numa ordem 16gico‐hist6rica:seu porlto de pattda onglnariO__
a melhona radical nas condig6es para a valorizacao do capital que resultOu das der―
rotas hisbricas da classe trabalhadora frente ao fascismo c a guerra (caprtu10 5);
seu d“enυo′υimento subseqJen″atravOs da Terceira Revolucao Tecn016gica(ca_
p■ulo 6);seuS tracos dis,ntiυos como uma nova fase no desenvolvimento do capl―
tal――a reducao do cic10 vital do capital fixo,a aceleracao das inovac6es tecno16gi‐
CaS(geradOras de rendas que se tomam a pHncipal folllla dos superlucros monopo―
listas sob o capitalismo tardio)e a abSorcao do capital excedente pelo rea111lamen‐
to ininterrupto(capitulos 7,8e9);sua pattculcr inte卜κlaca~o ao mercado mundiar
――a concentacao e centralizacao internaclonais do capital que d6 origem a cmpre_
sa mulunac10nal como a mais importante folllla fenomenica dO capital, c a troca
desigual ente nag6es produtoras de mercadorias a niveis diferentes de produti宙da―
de mOdia do trabalho,que domina o mercado rnundial(capFtulos 10 e ll);e suas
noυas/o″I,aS C`Ъοluc6“"para o problema da realレacaO__a inlacaO pellllanen―
te ao ciclo econOnllco caracteristico do capitalismo tardlo,que combina urn ciclo in―
dustrial classicO a urn ``conttaciclo" de expansao do c"dito e contracao do crёditO
sob o signo da innacaO(capitulos 12 e 13).
Os iltimos cinco capitulos, ao contano, 桜)rn carater sintetizador. Procuram
aproxirnar os resultados da analise precedente, e mostrar os melos pelos quais as
leis fundamentais de movirnento c as contradi96es inerentes do capital n5o apenas
continuam a operar, mas na realdade encontram sua cxpressaO mais extrema no
capitalismo tardio(capitulos 14 a 18).
Nesse ponto, 壺o neces“rias duas advertOncias. Em primeiro lugar, o tellllo
“capitalismo tardlo" nao sugere absolutarnente que o capitalismo tenha mudadO
em essencia, tOmando ultrapassadas as descobertas analiticas de O Capitat dc
Marx,e de O rmperialisrno, de LOnin.Assim como LOnin s6 consegulu desenvol―
ver sua descFicaO dO irnperialismo apolando―sc ern O Capital, como confillHacao
das lcis gerais, folllluladas por Marx, que govemam todo o decorrer do modO de
lN「RODUcA0 5
producao capitahsta, da mesma maneira, atualrnente, s6 podemos intentar uma
anttse marxsta do capitalismo tardio com base no estudo de LOnin de O rmpeだa_
lismo.A era do capitalismo tardio nao o uma nova Opoca do desenvol宙Inento capl―
talista;constitui unicamente um desenvolvimento ultenor da opoca impenalista,de
capitalismo monopollsta.Por implicac5o,as caracterisicas da era do impenalismO
enunciadas por LOnin pellllanecenl, assinl, plenamente validas para o capitalismo
tardio.
Em segundo lugar, devemos exprimir nosso pesar por nao sellllos capazes de
propor uma denonlinagaO mais apta para cssa Opoca hist6rica do quc``capitalismo
tardlo''―― um tellllo insatsfabno porque ё de ordem cЮno16gica,e nao sinにuca.
No capFtulo 16 deste hvro explicamos por quc motivo ele C mais adequado quc o
conceito de ``capitalismo monopolistade Estado". Sua superioridade sobre o ter―
mo “neocapitalismo" O e宙dente, dada a ambigiildade deste■lumo, que pode ser
interpretado como trazendo implfcita tanto uma continuidade basica quanto uma
desconinuidade em relaφo ao capitalsmo tradiclonal.Talvez num futuro pる対mo
a discussao nOs fOmeca um inelhor tell1lo de Srntese. Por enquanto, conservamos
o conceito de ``capitalismo tardio", considerando―o a mais itil expressao disponf―
vel, c, acirna de tudo, conscientes de que o realrnente importante nao O nOmear,
mas sirn explicar o desenvolvimento hisbrico quc tem ocorndo em nosso tempO.
O Capitalismo Tardio tenta esdarecer a his6na dO mOdO de pЮducao capita_
lista no p6s―guerra de acordo com as lcis bおicas de mo宙mento do capitalismo,re―
veladas por Marx em O Capital.Em outras palavras,esforga―se por demonstrar
quc as leis ``abstratas'' de moⅥrnento desse modo de producao pellHanecem opo―
radonais e venicaveis no desdobramento,e mediante o desdobramentO da hisb―
ria “concreta'' do capitalismo contemporaneo. Nesse processo, contraria direta―
mente duas tendencias basicas nO pensarnento s6clo―econOmico atual. Por um la―
do,n5o aceita a suposicaO daqueles quc acreditam――scia cm Crrcu10s acadomicos
ou maEttstas――que aS 10cnicas,cokeynesianas, a intervencao do Estado,o podor
dos monop61ios, o “planeiamentO'' piblico ou pnvado ou qualquer combinacao
desses elementos preferida por um autor ou escola especifica sciam capazes de
neutralizar ou cancelar as icis de movirnento a longo prazo do capital. E nern acei―
ta,por outro lado,a tese oposta(mas,na realidade,convergente),de quc essas
leis econOmicas de movimento senam五0“abstratas''quc absolutamente nao po―
deriam se manifestar na``hist6ria real'',c que,portanto,a inica funcaO de um ecO―
nomista seria mostrar como e por quc elas se tomam distorddas ou s5o desviadas
por fatores acidentais em scu desenvol宙mento efeuvo_e naO a de mOstrar como
essas leis se manifestarn e confil11larn em processos concretos e lЛs,veis.
A reanimacao recente da economia politica marxista(quC haviamos predito al―
gum tempo antes)tem sido um fenOmeno especialmente graticante dos■1lmos
anos. Deve‐se adrnitir,cntrotanto,quc a atual reapropriacao da hist6ria passada da
teOna marxista por uma geracaO mais,ovem dC estudiosos e tabalhadores socialis―
tas consutui uma tarefa difFcil e e対gente.Isso C especialmente verdadeiЮ para os
leitores do mundo anglo―saxao, de quem algumas das autoridades classicas discuti―
das neste livro―一por exemplo, nos capFtulos l e 4-―ainda podem ser em boa
parte desconhecidas, No entanto, a referOncia a csses debates “mais velhos", da
こpoca antenOr a 1939, nao o feita absolutarnente por sirnples devo9ao ou erudi_
95o. Pois as grandes controvOrsias daquele tempo estavam diretarnente relaёlona―
das aos problemas fundamenたぉcolocados para a teona marxlsta pelas contradi―
96es basicas e tendencias a 10ngo prazo da sociedade burguesa,problemas quc ain―
da hOie se c01ocam vivamente para n6s.PostenoIIliente,o fascismo e o stalinismo
sienciaram praticamente todos os te6FiCOS do apogeu anterior do debate econOFni―
co maEttsta ―― mas nao puderam suprimir o seu legado intelectual. Seria muito
6 1ヽTRODUcAO
mais diffcil dirnensiOnar os problemas centrais do capitalismo da atualidade sem a
devida retomada dessa heranca.
Na nluma docada, o renascirnento da teoria cconOrnica marxista coincidiu
com uma ofensiva neo―ricardiana contra o marginalismo ``neocldssico", conduzido
pela chamada Escola de Cambndge inspirada por Picro Sraffa. Embora deva ser
saudada qualquer reablitacaO da teoria do valor do trabalho,ainda que numa ver―
saO prё_marxista, de nossa parte perrnanecemos convencidos de que nenhuma srn―
tese rea1 0 possivel entre o neo ncardianismo e o marxismo Os mar対stas contem―
pOraneOs tom o dever de sustentar todos os progressos decisivos conseguidos por
Marx frente a Ricardo, c quc os te6Hcos nco―ricardianos estao agOra procurando
anular O presente trabalho naO diz respeito ao problema da relac5o entre os dois
sistemas,cxceto ern um pontol a controvёrsia especrfica quanto ao papel da produ―
caO de armas na formacao da taxa mёdia de lucro――em outras palavras,o proble―
ma da transformacao de va10res em precos de prOducao, quc ё rapidamente anali―
sado no capFtulo 9.
A mais sOria dificuldade com quc me defrontei ao escrever este livro fOi o fato
de Roman Rosdolsky,o cconomista pollico mais pr6対mo de rnim te6FiCa C politi―
camente em nosso tempO,ter rnorndo antes quc eu pudesse comecar a c,creve―lo.
As lembrancas de nossas discussOes em comum e o estudo de sua grande obra
p6stuma, Zur En奏〕″chungsgcschichιe des Marxschen `lKapital'', tiverarn, portanto,
na medida do possivel, de servir de substituto para as criticas construtivas desse ta―
lentoso te6rico
Os estudantes e professores assistentes socialistas da Faculdade de CiOncias
Polfticas da Universidade Livre de Bcrlirn Ocidental,quc rne convidaram a ser pro―
fessor visitante no Semestre dc lnverno de 1970/71, forneceram a “pressaO exter―
na"一一tantas vezes necessana a um autor一―quc me levou a claborar rninha vis5o
te6nca do capitalismo tardio da forrna sistematica cm quc esta apresentada aqui.
Eles tarnbOm me proporcionaram o tempo livre para esse prop6sito.
Portanto,dedico cste trabalho a meu falecido amigo e camarada Roman Ros―
dolsky,quc aludou a fundar o Partido Comunista da Ucrania Ocidental e foi um in―
tegrante de scu ComitO Central,quc audou a criar o movimento trotskista na Ucra―
nia Ocidental, que durante toda a sua vida perrnancceu ficl a causa da cmancipa―
caO dO proletanadO e da revolucao socialista internacional e quc protegeu, nos
anos mais negros de nOsso sOculo tempestuoso, a contihuidade da tradi95o te6rica
do mar対smo revoluclonariO; c aos estudantes e professores assistentes socialistas
da【」niversidade Livre de Berlirn Ocidentat ctta inteligencia crrtica c cnativa preser―
vara c arnpliard essa trad195o
As Lcis dc MOυirnento c a ffisttδriα do Capiral
Ad∝50 enttc as bs"as de mO聖『鶴ょ『 意:品iⅧЪFi貯:∬:Marx__c a hist6ria do modO de produくplexos problemas da teOria marxista. Sua dificuldade pode ser avaliada pelo fato
de iamais ter havidO,attt agora,uma clarificacao satisfat6na desta relacao.
Tomou―se lugar comum repetir quc a descoberta,por Marx, das leis de desen―
volvirnento do capitalismo foi o resultado de uma andlise dia10tica que progredia
do abstratO para o concreto:
“Os economistas do scculo XVH,por exemplo,comecam sempre pelo todO vivO:a
popula95o, a nacaO, O EstadO, vanos Estados e assirn por diante, mas terrninam sem―
五l補爵獲き鳶r轟轟静蠅」l獲鰐驚fど菫憾
ongem aos sistemas econOnlicos que, a pa面r de relacoes sirnples―_trabalhO, divisao
do trabalho, necessidade, valor de trOca――, clevam―se atl o Estado, a troca entre na―
C5eS e O mercado mundial Esse c, manifestamente, o mOtodo cieniicamente correto
O concretO o concreto porque C a slntese de muitas determinagOes, isto ё, a unidade
do diversO Por isso,aparece no pensamento como um processo de slntese, cOmo um
resultado e nao como ponto de pa地da, ainda que saa o pOnto de panda na realda―
de e,portanto,tambёm o pOnto de partida para a intuic5o e a representa95o Polo p●―
meiro caminho, a representa95o plena evaporava―se em deteminacoes abstratasi cOm
o segundo motOdO, as detenninac5es abstratas conduzem a roprOducao dO concreto
por melo do pensamento Porisso ё quc Hegel caiu na ilus5o de conceber O real cO_
mo resultante dO pensamento quo sintetiza a si mesmo, explora suas pr6prias profun―
dezas e se desdobra a parlir de si mesmo e por si mesmo,enquanto O mOtodo de ele―
馳晋:ti鑑:L=器鳳ξc:1]&ξぷ器,Th qud°pensamenb se apro―
No entanto, 
“
eduzir o mOtodo de Marx a uma``progressao dO abstratO ao cOn―
creto" irnplica ignorar a sua riqucza total. Em primeiro lugar, essa incompFeenSaO
desconsidera O fato dc quc, para Marx, O cOnCreto era tantO O “ponto de partida
cfeivo''quanto o obieiVO inal do conhecimento,que ele宙a cOmo um processol MARX,Karl Gnlnd,se Londres,1973p10X1101
8 ASLEIS DE MOヽlMENTO E A HISTORIA DO CAPITAL
ativo e praticO: a “reproducaO dO cOncreto no decorrer do pensamento''. Em sc―
gundo lugar, ela csqucce quc uma progressao do abstrato para o concreto O neces―
sanamente precedida, como observOu Lenin, pOr uma progress5o do concreto pa―
ra o abstrato2__pOis o abstrato ia O o resultado de um ttabalho pro宙O de analisc,
quc procurou separar o concreto em suas ``relac6es determinantes''. Enl terceiro
lugar,esse erro destr6i a unidade dos dois processos, dc andlise e de sintese;o re―
sultado abstrato serd verdadciro apenas se tiver exitO em reproduzir a “unidade
dos diversOs elementos'' presentes no concreto S6 a totalidade O verdadeira, diz
Hcgel, c a totaldade O a unidade do abstrato e do concreto――unidade dc opos‐
tos,c nao a sua identidade. Em quarto lugar,a reproducao bern_sucedida da totali―
dade concreta s6 se toma con宙ncente pela aplicacao na pratica lsso significa, en―
trc outros aspectos――cOmO Lenin enfatizou expressamente――, quc cada cstagiO
da analise deve ser submetido a“controle,saa pelos fatos,seia pela prltica"・3
Por sua vez,entretanto,os“cOnCeitos abstatos mais simples''(as categonas)
naO saO unicamente o resultado da ``compreensao pura", mas espelham as on―
gens do desenvolvimento hisbnco real:
“I)esse ponto de vista pode―se dizer quc a catego●a mais sirnples pode exp●mir as
relacoes dominantes de um todo menos desenvolvido, ou rela95es subordinadas de
um todo mais desenvolvido,relacOes quc histoncamente,a existiam antes que o todo
se desenvolvesse na dire95o que se expressa por uma categoria mais concreta. Nessa
medida, o curso do pensamento abstrato,elevando―se do sirnples ao composto,corres―
pondena ao prOcesso hist6nco real"4
Desse rnodo,a dia10ica de Marx,para rnais uma vez citar Lenin,lmplica``uma and―
lise em dois niveis, deduiva c indutiva,16gica c hist6rica".5 Ela representa a unida‐
de desses dois motodos. Uma analisc ``indutiva'' nao pOde ser,nesse quadro, mais
quc uma``inducao hist6rica",pois Marx considerava cada relacaO cOmO detemina―
da pela hist6na e sua dia10tica requcna,por issO,uma unidadc entre a teoria c o fa―
bhぎ
寵λⅧ 鵬 i a afirlla゛o dc MaⅨ de quc a dOnda ca n∝∝
“
na cxね
mente pelo fato de essOncia c apattncia lamais coincidirem diretamente.7 Ele nao
via como funcao da cioncia apenas a descoberta da essOncia de relacOes obscureci―
das por suas aparOncias superficiais, mas tambOm a cxplicacao dessas aparencias
――em outras palavras, a descoberta dos elos interinediariOs, Ou mediac6es, quc
permitem quc a cssOncia c a aparOncia sc reintegrem novamente numa unidade.8
QuandO essa reintegracao deixa de Ocorrer,a teoria se ve reduzida a construcao es―
peculativa de “mode10s'' abstratos desligados da realidade emprnca, c a dialこtica
regnde dO materialsmo ao idealismo: ``Urna analise materialista n50 sc harmoniza
2LЁNIN Cο〃ected Ⅳo「魅v38,p 171
3fbid v 38,p 320
:麗駄留鵬跳rピλ38,p320
6 MORF,Otto G‐chichたund Dialettk in der po″tlschen Oたοnοmie Frankfurt,1970p 146 KaJ Marx:``Esse slste
ma organico, como uma totalidade, tem scus pressupostos, c seu desenvolΨimento no sentdo dessa totalidade consis―
te precisamente em subordinar´a si mesmo todos os elementos da sociedade,ou em crlar, a pa滝r da sociedade,os 6r‐
gaOs de que ainda necessita E‐α, hlstο
"carnanた
, α,ηaneira pela gu●l ele se tomα uma totalidαde O processo de
ur‐a‐ser essa totalidade consitui um momento de seu pr∝esso,de seu desenvol宙mento"GmldnsSe p 278(Os gn
fOssaO nOssos E M)
7“Toda ciancia sena supernua se a aparancia extenor e a essoncia das coisas coincidissem diretamente=ⅣLへRX Capi
to′ Londres,1972 v 3,p 797
8 MarX: ``As v`nas fOrmas do capital,assim desenvolvldas neste livro,apro史mam―se,portanto,passo a passo da forma
que assumem na superlicie da sociedade, na acao recrprOca dos diferentes capitais, na concorrOncia e na percepcao
habitual dos pr6pios agentes da produc5o'' Cαpital v 3,p 25
AS LEIS DE MOⅥMENTO E A HIS“RIADO CAPITAL 9
a uma dialCtica idealista,mas a uma dia10tica materialista;ela lida com fatores empi―
ricamente verificaveis".9 otto Morf observOu com justeζa: ``O processo pelo qual a
mediacao entre essencia c apattncia se apresenta nessa unidade dc uma dualda―
de identica e oposta C,necessariamente,um processo dia10tico".10
Mais ainda, nao ha divida de quc Marx considerava de quc a assimilaca~o em‐
prrica dO material deveria preceder o processo analrticO de conhecirnento,assirn co‐
mo a verificacao emprrica deveria conclur-lo prOvisoriamente――isto O, clev6-lo a
um n"el superior. Desse modo,cm seu Poshclo a 2.a cd195o dc O Cap"αl,Marx
escreveu:
“E claro quc o mOtodo de exposi950 deve difenr formalrnente do mOtodo de invesu―
gac5o Esta ilima deve assimilar em detalhe o matenal, analisar suas diferentes for―
mas de desenvolvirnento, descobrir suas conexёes internas S6 depoiS de tenηinadο
鰯 θ trabα′h90 que o movimento real pode ser adequadamente descrito E se for des―
cntO cOm e対tO, se a vida da ma峰na reneur_se idealrnente como num espelho, poderd
parecer que temos,diante de n6s,uma sirnples construcao a pガ。万''11
Poucos anos antes,Engels afirmara praticamente o rnesmo,ao escrever:
``E evidente que o sirnples palavreado vazio n5o pode realizar coisa alguma nesse
contexto, e que apenas um grande volume de matehal hisbnco crlicamente exanlina―
do, que tenha sido completamente assirnllado, pode tornar possfvel a resolucao desse
upO de prOblema"12
E Marx frisou rnais uma vez esse ponto numa carta a Kugelrnann・
“Lange O ingenu。。bastante para dizer que eu me movo conl rara liberdade nO ma―
tenal empFnco Ele nao tem a menOr idёia de quc esse `rno宙rnento livre na matOna'
n5o O senao uma parafrase para o mιttOdο de lidar com a maセna――isto C,o mιιodο
diaた,co".13
Portanto,Karel Kosik esta ccrtO aO enfatizar quc:
“A progress5o do abstrato ao concreto C sempre,de iniclo,um movimento abstrato;
sua dia10tica consiste na superacaO dessa abstraca~ο. Portanto, enl termos bastante ge―
rais, trata―se de um mo宙rnento das partes para o todo e do todo para as partes, da
aparOncia para a essencia e da essOncia para a aparOncia,da totalidade para a contradi―
95o e da contradicao para a tOtalidade,do o切eto para O stteitO e dO suleito para o ob―
jeto".14
Em resumo, podemos sugerir uma articulac5o em seis nfveis do mCtodo dialoticO
de Marx,definida aproxirnadamente nos seguintes termos:
1)Assimlacao pOrmenorizada do material emprrico e dOmfn10 desse material
(aparOncias superficiais)em todo o seu detalhe historicamente relevanセ.
9 RAPllAEL,Max ZurErセnntnlsthaοガe dar Konkたten Di。た妊,た Frankfurt,1962 p 24310 MORF Op c″,p lll
E獣歴 f鋼電b燎雪質と認″」 危『 研里11轟驚:鷺f:WS品調 Maunce ttd)A Cοnttbu"οnゎめeC蘭9υ●
げPOlitiCα′Ecοnοmy Londres,1971 p22113 “MaⅨ tO Kugelmann in Hanover' Inl MARX e ENGELS Seたcted Corropοndencc (edicao re宙sta)Moscou,
1965 p 240
14 KOSIK,Karel Die Dioた趙kd‐Kοnた″たn Frankfurt,1967 p31 0 autorso゛ёico llyenkOv dedicou um livro inte―
ressante a relacao entre(c a uni5o de)o abstrato e o concreto em O Cαpitαl de Marx VerILYENKOV,E : Lo di。た
"ica de〃'astrato e del concにto nel Cap“αle di MaⅨ Mib。,1961
10 AS LEIS DEMOⅥMED「FO EA HISTORIA DOCAPrrAL
2)DivisaO analitica desse material segundo scus elementOs abstratos consti―
hlintes(progressao do cOncreto ao abstrato).15
3)Exploracao das cOnexOes gerais decisivas entre esses elementOs, quc expli―
cam as lcis abstratas de movirnento do material――a sua essencia, em outras pala―
vras.
4)Descoberta dos elos interrnedid五os fundamentais, quc efetuam a mediacaO
entre a essOncia c a aparencia superficial da matOria (progresぬO dO abstrato ao
concreto, ou a reproducao do cOncreto pensado como uma combinacaO de milti―
plas deterrninagOes).
5)VenicacaO cmprnca p“ica da analisc(2,3,4)no moumento em cursO da
hist6ria concreta.
6)Descoberta de dadOs nOvOs, empiricamente relevantes, e de novas cone―
x6es― Inuitas vezes atё mesrno de novasdete11llinac6es elementares abstatas
――,mediante a aplicac5o dos resultados do conhecirnento,e da pratica neles basca―
da,a infinita comple対dade do real.16
de ctte&漁ぅ|:i::rlil:li〃鹿sム種躙 ∬ボ 懲 異ittily認:a:I(1:c:llleTllilil:
cambiO inevitavel entre Os mesmos. Desse modo, podemOs ver que o mёtOdO de
Marx o muito mais rico do quc os procedirnentOs de ``concretizacaO sucessiva" ou
``aproxirnac5o sucessiva",tFpicos da ciencia acadenlica
“Na medida em quc Os tracos indiuduais e particulares saO(aqui)elirninados e rein―
troduzidos apenas superficialrnente――sem quaisquer mediagOes dialёicas, em outtas
palavras__,pode facilmonte surgr a ilusao de que naO e対ste ponte quahtativa entte o
abstrato e o concreto. Desse modo,torna―se perfeitamente 16gico acreditar que O mo―
delo te6rico contenha de fatO(ainda que numa forrna sirnpllicada)todos Os elementos
essenciais do obiCtO COncreto sob invesigac5o, como no caso, pOr exemplo, de uma
fotograta irada a grande altitude, que mostra todos os elementos fundamentais de
uma paisagem, embora apenas as cadeias de montanhas, os grandes rios e os bos_
ques saam宙s市eis''17
Pelo mesmo mo宙mento,torna―se evidentc a diferenca cntre o mOtOdo redu―
clonista do materialsmo vulgar, em que desaparece a especificidade concreta dos
ObiCtOS individuais, c o mCtodo materialista dialCtico 18」indrich Zelen,cnfatiza cor―
15 Na linha do te6●co so宙ёtlco llyenkov, Enck Hahn sallentou que “a divisao do suleito concreto real em deternlina―
95es abstratas nao deve, sob quaisquer circunstancias, ser equiparada ao mo宙mento da matこna emp〔nca para a teo‐
na o esほglo empirlco de cOnhecimento serve apenas como prepara95o para esse processo de dl宙sao'' Hlst。71sc力er
r嘲 嘗写 :r『電 賀窃 :h彙 」漁 」:1よ11認♀ふde.mco em tte eねptt pЮpostO pdoセ6●co∞‐
宙Ctco V A Smimov Deinicio,SmirnOv separa as``observac5es''da.`andlise das observac∞s reglstradas'',mas des
ta fonna deixa de levar em conta a mediacao cmcial entre essOncia e aparencia e redu2 0 prOblema a um confronto en―
tre a teona c o matenalemp〔ncO17 ROSDOLSKY,Roman Zur EntstehungsgOc力
icわたd“Maっochen `Kapltαl'' Frankfun,1968 v 2,p 535 Vertam―
露 郡 I奥善f鷺 轟 鮒 翻 路 締 ittrS鍬
‰ 轟 r鶏 獄 悧 鼈 塩 ‰ &勝
coisa, admite―se que o naο―ser ou 0 0utro que toma o seu
lugar jd esteiaにα′menたα11,mas ainda nao Observavel Dessa maneira,宙r―alser e deixar―de―ser perdem todo signil‐
讐触 ギ 離 陽 鍔 :,智ナ
`りの'p370
AS LEIS DE MOヽlMEll「O EA HISTORIA DO CAPIFAL ll
retarnente quc a reproducao intelectual da realidadc Ou, na temin010gia de Althus―
ser, ``a praica te6nca", deve conservar permanente contato com o mOvirnento
real da hisbria:
“Todo O Capital de Marx esta permeado por uma incessante oscilacaO entre O de―
senvol宙rnento dialёtico abstrato c a realidade matenal e cOncreta da hist6ria Ao mes―
mo tompo, entrotanto,deve―se enfaizar que a an61ise de Marx inimeras vezes se desI:―
ga da traet6ria supemcial da realidade hist6nca, para dar expressao conceFtuα′as rela_
95s internas necessanas dessa realidade Marx foi capaz de apοdera卜se da realidade
histonca devido ao fato de haver elaborado uma renexao cientifica da mesma na fOr―
ma da organizacao interna, um tanto idealizada e iplicada, das rela90es capitalistas
reais Ele nao se afastou dessas relacoes para distanciar―se da realidade hist6rica, e
nem pretendia,com isso,uma evas5o idealsta em relacao a esta`luma o Obleiv6 de
seu desllgamento era assegurar uma Fntima e racional assirnlla95o da realidade"19
Hd um宙sfvel contraste com as opiniOes de Althusser e sua cscola nesse pon―
to.Os pHnciplos apresentados acima nao transformam o marxismo mediante sua
``historizacao",nem pOem em di宙da quc o obeto eSpecFico de O Capital saa a
cstrutura c as lcis de desenvolvirnento do modO de producao capitalista, preferin―
do, cm vez disso, as ``leis gerais da ati宙dade econOmica da humanidade''. O quc
esses pnncrp10s reafil11larn, entretanto, O quc a dia10tica do abstratO e do cOncreto
ё tambёm uma dialCtica entre a hist6na real e a reproducaO intelectual desse pro―
cesso hist6rico, c quc essa dia10tica nao deve se lirnitar exclusivamente ao nivel da
“producao te6●ca". A diferenca cntrc as concepc6es de Marx e Althusser despon―
ta claramentc ern Marginal Nor“
`o Wagneら
onde Marx afirma de mOdO cxplrcit。:
``O primeiro pOnto ё que cu nao pa″O de `conceitos' Por conseguinte, eu n50 cO_
meco a partir do conceito de valor, c assirn n5o tenho absolutamente de lntroduzl-lo'
Meu ponto de pa崎da ё a forma socialrn,is sirnples do produto dO trabalho na socieda―
de atual,e essa fOrma C a`mercadona' E ela quc anahso,e o faco,de infciO,na forma
em que ela aparece''20
Althusser,por outro lado,afi111la:
``A isso somos conduzidos ao ignOrar a disinc5o b6sica quc Marx teve cuidado em
tracar entre o`d“enυο′υimento das rormas'do conceito no conhecimentο e o desen―
volvirnento das categorias reais na hist6ria concreta: a uma ideo10ga empinsta dO cO―
nhecimento e a idenhicacao dO bgicο e do hお
`6"co no pr6p五
o O CapitaI Praicamen_
te naO devena surpreender―nos que tantos inにrpretes tenham andado em cfrculos na
ques●o que se prende a essa dein19うo, na medida em que todos os problemas cOn―
cernentes a relagao entte O 16gco e o hist6nco em O Cap"α′pressupOem uma κ′α,aο
ineガstente"21
Althusser sanclona,dessa maneira,unicamente uma relacao entre a teoria eco―
nOmica c a teoria hist6rica; a rela95o entre a teoria cconOrnica c a hist6ria concreta
O, ao contrariO, declarada ``um falso problema'', ``ineXistente" e “imaginario" O
que ele nao parece compreender C quc isso nao s6 esta cm cOntradicao cOm as ex_
plica96es dc Marx quanto a scu pr6prio mOtodo, mas quc a tentativa de cscapar
規緑設端霧キFk肥ざ″II寵軍
'ξ
■1おぶ攪1問h8:Lλ鷺"h ttrke v 12 p 369 ps"bs
sao nossos,EM)
21 ALTHUSSER,Louis “The Oblect of Capital" in:ALTHUSSER,Louis e BALIBAR,Etenne Reαding Capital LOn‐
dres,1970 p l15
―
|
責
12 AS LEIS DEMOⅥMEMO EA HISTORIA DOCAPrrAL
ao fantasma do cmpirismo c a sua teOria do conhecirnento――um fantasma de sua
pr6pria lavra――pelo estabelecimento dc um dualismo basicO entre“obietoS de cO―
nhecimento''c``ObetOS reais''ine宙tavelmente sc apro対ma do idealismo 22
A necessidade de uma tal reintegracaO entre a teona c a hist6ria tern sido por
vezes contestada, pela razao de quc a cspecificidade das icis de movirnento de
qualquer rnodo de producao, c dO mOdo de producaO capitalista ёm particular, cx―
cluiria precisamente qualquer unidade desse teor com sirnples fatos emprncOs. As
lcis de mo宙mento,costuma―se argumentar,sao apenas`lendOncias''no mai`am―
plo sentido hist6nco. Adrnite―se, portanto, quc excluam a possibilidade de quais―
qucr conexOes causais com ocorrencias temporais a curto e mёdlo prazos, e mes―
mO a longo prazo supOc―se quc as conex6es n5o seiam demonsttaveis de maneira
emprrica, materialrnente identificavel. Mais ainda, freqtientemente sc afi111:ou quc
cada uma dessas tendOncias pode provocar contratendencias que ncutralizariam
seus efeitos por um perlodo consideravel.23(D ttatarnento dado por Marx a tenden_
cia decrescente da taxa de lucro nOs capitulos XIH,XIV e XV do volume 3 dc O Ca‐
pital tenl sido infindavelrnente citado como o exemplo classicO de uma tendOncia c
contratendOncia quc, segundo se atma, naO pellllitem nenhuma previsaO quanto
ao resultado final.
A partir dar,chega―se a cOnclusao de que ё praticamente impossfvel encontar
``confimacao" empFrica para as leis de desenvolvimento dc Marx. De fato, susten―
ta―se que tentativas de rastrear tais ``confillllacOes emprncas" revelam uma funda―
mental incompreensao “pOsitivista" quanto ao mёtodo e intenc6es dc Marx, visto
que os dois niveis diferentes de abstracaO, aquele do modo de producao``purO" c
o do processo hist6rico``concreto", estaO a tal ponto distanciados entte si que nao
c対ste宙山 almente ponto algum em que possam entrar em contato.
N5o sena diffcll provar quc,pelo menos, o pr6prio Marx releitava categ6rica c
resolutarnente esse fo3SO quasc intranspon"el entre a andlisete6rica c os dados
empfricos,pois o significado real dcssa separa95o O um recuo consideravel da dialC―
ica materialista para a dialёuca do idcalismO.Do ponto de vista do materialismo
hist6rico, “tendencias'' que n5o se manifestarn material e empiricamente nao sao
tendencias; sao prOdutos da falsa consciOncia ou, para os que nao gOstam desses
teIIHos, sa0 0 resultado de erros cientricos. Mais ainda, eSSas tendencias n5o po―
dem conduzir a nenhuma intervencao matenalista c cicntrfica no processo hisbri―
cO.TaO 10go as``leis de desenvolvirnento" comecam a ser consideradas tao abstra_
tas que nao lhes c mais possfvel exphcar o processo real da hisbria concreta,a des―
coberta dessas tendencias de desenvolvirnento deixa dc ser um instlumento para a
transfoェ11lacao rev01ucionaria desse processo.Tudo que resta O uma folllla degene―
rada de filosofia s6cio―econOmica cspeculaiva, na qual as ``leis de desenvolvirnen―
tO"tem a mesma c対stOncia indisinta do``espfrito mundiar'de Hcgel―― sempre,
por assirn dizer, como se estivessem a10m do alcance dos dedos. Nos sistemas as‐
sirn construrdos, as abstrac6cs s5o verdadeiramente ``vazias" ――ou mera frascolo―
瘍 鴨 詭`″柵 庶胤覚呂評 襴 PJLttf難鰹 j重鰐l暑轟Ittξ
汎Ⅷ 蔀轍 琴櫛 歌鸞鮮鮮器no qual essa`lratura''こprogress"amente superada Natu
uma identldade cοmpletal a dialCtca mateiahsta podc apenas tentar a reproduc5o cada ve2 rnaiS precisa da realidade
稔吼 腱 馳Ⅷ 鼈 肥 現 繊 悧 :弊瑞 鰐 隠 歳 費剛 l」ご 協 ド他 響 織 解 :亀所Fl『富
1967 p 27-28 etc Note_se tamb`m a tese de Althusser de quc a mais―valia naoこmensur`vel
AS LEIS DE MOⅥMENTO E A HISTORIA DO CAPITAL13
gia,na linguagern mais agucada de Engels Por esse motivo,a raeicao de uma uni_
dade mediatizada ente teoria c hist6ria,ou entre teoria e dados emprricos,foi sem―
pre relaclonada, na hisbria do marxismo, a uma revisaO dOs princFplos marxistas
――ou no sentido de um determinismo mecanicO_fatalista, ou de um purO vOlunta―
nsmo.A incapacidade cm re―unir teoria c hist6na inevitavelrnente conduz a incapa―
cidadc em re―unir teoria e pratica.
Pcter」effries acusou―nos,por isso,de tentar verificar empiricamente as catego―
rias dc Marx; ele sustenta quc categorias como capital, tempo de trabalho sOcial―
mente necessano, c assirn por diante, nao aparecem de modO emprricO nO sistema
capitalista. Mas, nao existinarn mediacOes que nos pellHitissern ligar, atravOs de re―
lac6es quantitativas, os fenOmenos superficiais(luCrOs, precos de producaO, precos
mOdios de mercadorias em deteminadO perrOdO de tempo)com as categorias basi―
cas de Marx?Ele mesmO c Engels,pelo menos,julgavam que sim 24 A recarda de
」effries na dia10Fica ldealista deve―sc ao fato de quc ele reduz ο cOncreFo unicamen―
te a apαだncia,25 sem COmpreender quc a essOncia,juntamente com as mediac6es
atC a aparencia, follHa uma unidade de elementos concretos c abstratos, c quc o
ObietO da dia10ica representa,para citar Hcgel,``nao apenas um universal absta‐
to, mas um universal quc compreende, dentro de si rnesmo,a riqucza do particu―
lar''.26 Assirn,ele tambOm deixa de compreender a seguinte observacao dc Engels:
``QuandO cOmecou a troca de mercadonas,quandO os pr6dutos gradualmente se
transforrnaram em mercadO五as,eles foram trocados apro対madamente de acordo com
seu valor Era a quanidade de trabalho gasto em dois obetOS que fornecia o unico pa_
draO para sua compara95o quanitaiva O valor possuFa,portanto, uma cxistancia dire―
Fa cたol naquela ёpoca. Sabemos que essa percepc5o direta do valor na troca deixou
de e対stir, que nao acOntece mais agoral acredito que nao sera partcularmente difrcll
para voce o ttacado dos elos intermedid●os, pelo menos em seu delineamentO geral,
que conduziram do valor diretamente real ao valor do modo de prOducao capitalista,
taO prOfundamente escondido que nossos economistas podem negar com tranquilida_
de a sua c対stencia uma exposic50 Verdadeiramente hist6nca desses processos, o quC
24“MaⅨ and Classical Politcal EconOmy'' II In:Wotte7S Piド30 de maio de 1972 DaremOs aquiapenas um exem―
鋪導嘗鰹警者孵轟s撃綸『■棚譜繹Ъξ電継デi臨Ffl,1
de pa“agem queセmos aqm um exem口o da com"Ы95o‰騒Tl:」‖讐Ъ1lli滉聯:器膳品∬∫晋暑tiR:『ざ
tal se divlde em 12 182 1ibras esterlinas de capital constante e 318 1ibras esterlinas de capital van`vel, perla2endO
12500恥ぬs∝セ山nざばЫd p 76)Pam Engel■o,。以:F:課ぷtli鍛詭:肥11思∬lttξ轟皿mente" ou “ndo ser mensuravel'', mas sim a obstrucao, t
dendO dessa maneira os elementOs necess`nos e suncientes para a mensura95o do capital ``Uma vez que sao bem
poucos os capitalistas aos quais ocorre fazer calcu10s desse gOnero acerca de seus pr6p五os neg6cios, as estatisicas si
8哩乱 Ч:籠:麗留錦 TT憲:,鷺:将温重:ξl鴇%r認[£r:需
tl:1月
雷l∬::慶s':1:薔1腱電:ふ∬ ::ま曳
dos lucrOs obtldOs em cada ra“o industnal EmbOra questlondveis,tendo por inica base as declarac6es nao cOntrOla_
das dOs capitalistas, esses dados sao, apesar disso, bastante valiosos,e os inicos reglstros de que dispomos a esse res‐
peito"Capital v 3,p76
%“N∝∞po籠。Max ex"ca que O pr∝“so de mo宙men家:)な錨i器∬盤h:λ;蓄01F]fT:寵窮震蹴de ser um prOcesso lmedato"(」EFFRIES, Peter “Marx
de maio de 1972)Na passagem de O Capitαl a que se refere a interpretacao de」effies,Marx manifestamente nao fe2
tal reducao dO cOncreto さ ``apattncia''(Vend。―o como menos “real'' do que a “essOncia'' abstrata)Ao contrarlo,
Marx airmou nesse trech。:``Em seu movlmentoにol os capitais se enfrentam sob essa forma concreta,para a qualtan―
baf∝ma do capltal no processo dreb de producaQ qull寵
穏 ま1°謬1:LLT署滉iふ」寵 態諭cr饉:驚淋 扉como momentos●pecloた''(Os gnfos sao nossOs E M)F
tO 
“
eα
' Para cle, assim como para Hegel, a verdade reside no todo, istoを
, na unidade mediat2ada entte essOncia e
apattncla
26 scienceげLogic Londres,p58 Lucien Goldmann(Immanual Kαnt LOndres,1971 p 134)mostrou cOltetamente
que,sublacente a cr"ca da Razao Pura de Kant,estava a ldёia da contradicao inexced待el entre maにha empinca e
“essencia"(a coisa em si mesma)」effnes es通,portanto,retrocedendo de Hegel(nem se mencione Marxりpara Kant,
quando reduz a essOnda ao abstrato,mostrando a sua incompreensaO da tlnidade dialこica dO abstrato e do concreto
14 ASLEIS DE MOⅥMElOゞ E A HIS“RIA DO CAPr「AL
efeivamente requer uma pesquisa sistemaica mas promete em troca resultados ampla―
mente compensadores, constituir―se―ia num suplemento de grande valia a O Capi‐
tal''.27
0 duplo problema a ser resolvido, portanto, pode ser definido mais precisa‐
mente nos seguintes termos:
1)De que maneira a hist6ria real do modo de produ95o capitalista nos alti_
mos cem anos pode ser mostrada como a his6na dO desenv01vimento manifesto
das contradigOes intemas desse modo de producaO, em Outras palavras, como de―
tellllinada, cm iltima analisc, por suas icis ``abstratas'' de desenvolvimentO?Quc
“elos intermedi6Hos'' efetuam a unidadc entre os elementos concretos c abstratos
da andlise nesse ponto?
2)De quc mancira a hist6ria real dos ultimOs cem anos pode ser investigada
juntamente com a do modo de prOducao capitalista?Em outras palavras,como po―
dem as combinacOes do capital em expansao e das esferas prこ―capitahstas(ou se―
micapitalistas)quc ele tenha conquistado serem analisadas ern sua aparOncia c ex―
plicadas ern sua cssOncia?
O rnodo de producaO capitalista nao se desenvOlveu ern melo a um vacuO,
mas no ambitO de uma estrutura s6clo―econOrnica especrfica,caracterizada por dife―
甲nCaS de grande importancia, por exemplo, na Europa ocidental, Europa oriental,
Asia continental,ArnOrica do Norte,Arnёrica Latina c」apaO.28 As forrnac6es s6clo―
econOmicas especrficas __ as “sociedades burguesas'' c economias capitalstas――
que surgiram nessas diferentes areas no decorrer dos sOculos XVIII,Xメe XX,C
quc em sua unidade complexa(juntamente com as sociedades da Africa e da
Occania)abrangem o capttalismo“concreto'',reproduzem em fol11las e propor―
95es variaveis uma combinacaO de mOdos de producao passadOs e presentes, ou,
mais precisamente, de esttigios vanaveis, passados e sucessivos, do atual rnodO dc
produc5o.29 A unidadc organica dO sistema mundial capitalistanao reduz absoluta―
mente essa combinacao, quc c especrfica cm cada caso,a um fator dc imponttncia
apenas secundaria ern face da primazia dos tra9os capitalistas comuns ao coniunto
do sistema.Ao contぬrio: o sistema mundial capitalista O,em grau consideねvel,
precisamente umaルngaο da validade universal da lei de desenvolvimento desi―
gual e combinado.30 uma analise mais sistemaica dO ttnOmeno do imperialismo,
27“Engelsto W Sombart'' in:MARX e ENGELS Seたcted Correspondence p 481
28“lsso nao lmpede a mesma base econOmica――a mesma do ponto de宙sta de suas cond195es pincipais―de mos―
tar, deνido a inumeraveis circunsttncias empficas diferentes, ambiente natural, relac6es raciais, inluOncias hist6五cas
extenores etc, vanacOes e gradacoes ininitas na apattncla, que so podem ser veiflcadas atravOs da an61ise das cir―
cundancias empincamente dadas"NIARX,Kan Capital v 3,p791-792
29 “Os palses coloniais e semicoloniais tto paises atrasados por sua pr6pha essOncia Todavla, os paises atrasados sao
parte de um mundo dominado pelo impenalismO seu desenvol宙mento,portanto,tem um ca“ter combinαdο:as for‐
mas econ6micas mais pnmltlvas se combinam com a llima palavra em cultura c tёcnica captansta o peso relatvo
das reivlndica95es democratcas indviduais e de trans195o nO COmbate do proletanad。, suas ligacoes m`tuas e ordem
::畷潟湾『:と::::熙し
''1簡
羊躍a織19盤稔『昭1ヂ:た」諸i∬t譜龍常ar服認善:ml潔:iOnal''In:The Founding Coげοttncでofthe Fou"h lnたmo"ono′Nova YOrk,1939p4041
311“O capitalismo encontra as vdias porc5es da humanidade em dlferentes esね」。S de desenvolvlmento,cada uma
com suas pr6phas e profundas contradic6es internas A extrema diversidade nOs nlveis atngidos e a extraordin`na de_
sigualdade no ntmO de desenvolvlmento das dlferentes parcelas do gOnero humano, ao longO de v`has Opocas, ser―
vem de ponto de pα″idα ao capitalismo S6 gradatvamente C que este conquista a supremacia em relacao a desigual_
dade herdada, quebrando―a e alterando―a,passando a empregar seus pr6p●os recursos e mCtodos AsSm o capitalis―
mo efetua o rapprochement dessas parcelas e equipara os niveis econOmico e cultural entre os pates mais adiantados
e os mais atrasados No entanto,ao apro対mar economicamente os pates entre si e ao nivelar seus graus de desen‐
AS LEIS DE MOⅥMEN「O EA HISTORIA DOCAPITAL 15
apresentada mais adiante, cOnfirrnara cssc fato: aqui, estamos apenas antecipando
seus resultados
Sem o papel quc as sociedades e ecOnOmias nao capitalistas,ou apenas semi_
capitalstas, desempenharam e cOnunuam a desempenhar no mundo, seria pratica―
mente impossivel compreender tracos especificos de cada esbgio sucessivo do mO―
dO de producaO capitalista__tais como o capitalismo bntanico de livre concorren―
cia, de WaterloO a Sedan,o perrodo classicO do impenalismO,antes e no intervalo
das duas gucrras rnundiais,e o capitalsmo tardio da atualidadc.
Por quc motivo a integrac5o de teoria c hist6ria,quc Marx realizou corn tama―
nha mestria nos Crundttssc e cm O Capitat nunca mais foi repeida com oxito,pa―
ra cxphcar esses estagiOs sucessivos do mOdO de produ950 capitalista? POr quc
naO e対ste ainda uma hist6ria satisfat6ria do capitalismo em funcao das icis internas
do capital――corrL tOdaS as lirnitacδes consideradas acirna――e ainda menOs uma
cxplicacao satisfabria da nova fase na hist6ria do capitalsmo quc, cvidentemente,
teve inFclo ap6s a Segunda Gucrra Mundial?
O atrasO manifesto da consciencia ern relacao a realidade deve ser atriburdo,
pelo menos em parte, a paralsia temporaria da teOria que resultou da perversao
apologёtica dO marxismo pela burocracia stahnista, c quc, por um quarto de sOcu―
lo, reduziu a area em que o mOtodo marxista podia se desenv01ver livremente ao
minimo imaginavel.os efeitos a longO prazo dessa vulganzacaO dO marxisMO ain―
da estao longe de haver desaparecido. No entanto, alёm das pressOes sociais ime―
diatas, quc tolherarn um desenv01virnento satisfat6rio da teoria cconOmica de
Marx nO soculo XX,tambこme対ste uma 16gica interior no desenvOlvimento do mar―
対smo quc,cm nOssa opiniaO,exphcaria ao menos parcialrnentc O fato de tal nime_
ro de tentativas importantes nao ter atingido o seu obietivO Nesse ponto, dois as―
pectos da 16gica interna dO marxismo merecem Onfase pa由cular.O pnmciro diz
respeito aos instrumentos analfucOs da teOria cconOmica de Marx,c00utro ao mc_
todo analrtico dos rnais irnportantes estudlosos rnarxistas
Praticamente todos os esfoκos atO agora feitos para explicar fases especrficas
do mOdO de prOducaO capitalista__ou problemas especricos resultantes dessas fa―
ses――, a paぬr das leis de movirnento desse modO de prOducao, tais como fOram
reveladas cm O Capital,uilizaram como ponto de partida os esquemas de reprO―
du950 utilizados pOr Marx no volume 2 de O Capital. Em nossa opiniao,os eSquc_
mas de reproducao quc Marx desenv01veu saO inadequados a essc prop6sito, c
n5o podem ser uilizadOs na investigacao das leis de mo宙rnento do capital ou da
hist6ria do capitalismo Em consequOncia, qualquer tentativa no sentidO de inferir,
com base nesses csqucmas, a impossibilidade de uma cconomia capitalista ``pura"
ou o colapso fatal dO modO de produ95o capitalista, o desenvolvimento inevit6vel
rumo ao capitalismo monopolista ou a essOncia do capitalismo tardlo,ve_sc condc_
nada ao fracasso
Roman Rosdolsky,a fOmeccu uma basc cOnvincente para essa concepcao em
seu irnportante livro Zur En漁難chungsgeschichte des Manschen `lκapital'' POdc―
volvimento, o capitalismo opera por mёtodos 9υe rhe sao p6p"οs, isto 6, por mOtodos an6rquicos, que permanente―
mente solapam as bases de seu pr6p●o trabalho, lancam um pars cOntra o outro c um ramo industnal cOntra o outro,
desenvolvendo alguns setores da economia mundial e, sirnultaneamente, dilcultando ou fazendO retroceder O desen‐
volvimento de outros Unicamente a correlacao dessas duas tendOncias fundamontais―― ambas surgldas da natureza
do capitalismo一―nos pode explicar a textura uva do processo hist6nco''TROTSKY The Tli:rd lnたm。,onα1 9[er■e―
nin Nova York,1970 p 19-20)VertambOm LUXEMBURG,Rosa The Accumula,οn Or Captο′Londres,1971 p
438: “O capital europeu absoⅣcu em boa medida a econonlia camponesa eglpcia Enorrnes extens5es de terra, mao―
de―obra e inumeraveis produtos do trabalho, devldos ao Estado como impostos, conVe●eram_se em■ltlma andlise em
capital europeu e foram acumulados Estt claЮ ,foijustamente a nature2a pimitva das condi95es egfpcias que mos
trou ser um soloぬo俺rbl para a acurnulac5o do capital''
16 AS LEIS DE MOⅥMEMO EA HIS"RIA DO CAPr「AL
mos, portanto, lirnitar―nos a um breve sumario de sua argumentacao.31 Ele explica
por que n5o foram bem―sucedidas quatto das mais brilhantes tentativas empreendi―
das por discrpulos de Karl Marx nO sentido de reintegrar teoria c hisbria――as ten―
tauvas de Rudolf Hllferding,Rosa Luxemburg,Hen″k GrOssmann c Nikolal Buk―
hann.(D mesmo pode―se dizer acerca dos esforcos succssivos de Otto Bauer, quc
pela malor parte de sua vida ocupou―se do mesmO problema, sem que chegasse a
uma resposta satisfat6ria.
Os esqucmas de reproducao dc Marx desempenham papel rigorosamente dc―
finido c especrficO em sua analse dO capitalismo, tendo ern mira a resolucaO de
um inico problema, e nao mais. Sua funcao σ explicar por que motivo e de quc
maneira urn sistema cconOmico baseado na “pura" anarquia de mercado, cm quc
a vida cconOrnica parece deterrninada por rnilh6es de decisOes desconexas de corn―
pra e venda,nao resulta crn caos perrnanente c em constantes interrup96es do pro―
cesso social c econOrnico de producao,rnas,em vez disso,em seu cottuntO funclo―
na ``normalrnente" ――isto O, com um grande abalo enl forma de crise econOmica
desencadcando―sc(na OpOCa dc Marx)a cada Sete ou dez anos. Colocand0 0 pro―
blema dc outra mancirai como O possivel a um sistema baseado no valor de troca,
que s6 funciona no interesse do lucro e considera irrelevantes os valores de uso es―
pecricOs das mercadorias que produz, assegurar, apesar disso, OSelementos mate―
riais do process6 de reproducao, que saO deternlinados precisamente por seu valor
de uso cspecrfico?cOmO conseguc tal sistema,pelo menos por algum tempo,supe―
rar ``cspontaneamente" a antinornia entre valor de troca c valor dc uso?A funcao
dos esqucmas de reprOducao O,pOr isso,a de provar quc ι possfυcl a sirnples cxlis―
lancia dO mOdo de producao capitalsta.
Para csse firn, Marx utiliza algumas abstracOes familares Ele agrupa todas as
firmas em duas categorias,as que produzem rnelos de producaO(Departamento I)
e as quc produzem bens de consumo (Departamento H). TOdos os produtores a
disposicao da sOciedade, que se veem Obrigados a vender sua forca de ttabalho,
saO ana10gamente repartidos por essas duas csferas.A mesma divis5o o aphcada a
massa de melos de producao de que disp6c a sociedade, saarn fixos(maquinas,
construc6es)ou circulantes(matёnas_p五mas,fontes de energa,clementos auxllla―
reS).
Com essc instrumental analftico, Marx chega a cOnclusao de quc a producao
social sc encontra num estado de c9uilrbriO, isto ё,quc a reproducao ecOnomica c
social pode prosseguir sem perturbac6es cnquanto,e na medida cm quc,a f6rinu―
la de equllbrio por ele descoberta for observada No sistema da reprOducao sirn_
ples essa f6rrnula 0 1v+ Is= IIc. Isso significa quc o equilfbno ecOnOmico prende―
se a pOssibllldade de a producao de mercadorias no Departamento l provocar uma
demanda monetariamente efetiva por mercadorias no Departamento II, correspon―
dente em valor as mercadOrias que o Departamento l deve encarninhar ao Depar―
tamento II, e vice―versa Urna f6111lula sirnilar de cqullbrio pode facllmente ser dc―
duzida dos esquemas de Marx de reprodu95o ampliada; tanto quanto saibamOs,
Otto Bauer foi o primeiro a faze―lo 32
Para tornar a cstrutura de sua demonstracao a mais rigorosa possivel,Marx dc‐
liberadamente deixou fora de scus esqucmas o setor naO capitalista da ecOnornia
Nada O dito,portanto, acerca dos camponeses ou artesaOs prOdutores de mercado―
31 ROSDOLSKY Op cr,p534-537,583‐586
32 BAUER,Ott。 “Marx'Theone der wirtschaftsknsen'' Ini Dic Neue Zeit v 23/1,p 167 Bukhann enunciou a mes―
ma f6rmula em hnguagem mais simples e elegantel Der fmpι
"o子
lsmus und die Aたkurnulaliοn d“Kapi`als Viena,
1926 p ll Para uma traducao em ing10s deste ilimo,ver LUXEMBURG,Rosa e BUKHARIN,Nik。lai fmpe"α′なm
and the Accurnυ′o″On or Cap″α′Londres,1972p157
AS LEIS DE MOVIMED「FO EA HISTORIA DO CAPITAL 17
rias sirnples. Nao O difrcl,pOrёrn, claborar um esquema em quc esses grupos apa―
recam como um setor separado, c no qual, por exemplo, cles comprern melos fi―
xos de producao ao Departamento l, c ao mesmo tempo vendam a csse Departa―
mento matёrias―primas e bens de cOnsumo Para reconstruir a f6111lula dc equlll―
bno dc Marx, seria preciso dirninuir, do volume de prOducaO dO Departamento II,
o valor dos bens de consumo provenientes dos prOdutores de mercadorias sirn―
ples.
No entanto, C evidente quc o desenvolvirnento global do mOdO de producaO
capitalista nao pOde sc subordinar a no950 de ``cqullbrio''. Esse desenvolvirnento
corresponde, rnais precisamente,a uma unidade dia10tica de periOdOs de equlllbrio
e perlodos de desequilibno, cada um desses clementos dando Origem a sua pr6-
pna negacaO. cada per10do de cquilibrio conduz inevitavelrnentc a um desequilr―
brio,que por sua vez,ap6s certo tempo,toma poss"el um novo e pro宙s6●o cquilf―
brio. Mais ainda, uma das caracteristicas da econOmia capitalista O que nao apenas
as crises, mas tambOm o crescirnento acelerado da producao__n50 apenas a re―
producao inιerrOmpida, Inas tambOm a reproducao ampliada――, saO gOVernadas
pelas rupturas de cqulibrio. Existem igualmente poucas dividas de quc as lcis de
movirncnto do modo de producaO capitalista conduzam a tais desequilfbrios cons―
tantes Um aumentO na compos19aO Organica dO capital ―― para dar apenas um
exemplo――deterrnina, entre outras coisas, um crescirnento mais rapidO no Depar―
tamento l do que no Departamento II Pode―sc ir ainda mais longe, c afirmar quc
as rupturas de cqullbrio, lsto O, o desenvolvirnentO irregular, saO caracterrsticas da
pr6pria cssOncia do capital, na medida cm que este se bascia na concorrencia__
ou, nas palavras de Marx, na cxistOncia de “muitos capitais". Dado o fatO da con―
corrOncia, ``o anselo incessante por enriquccirnento", quc O um elemento disintivo
do capital, consiste na realidade na busca de urn superlucro, de um lucro acirna do
lucro mOdio. Essa procura conduz a tentativas permanentes no sentido de rev01u¨
clonar a tecnologia, conseguir rnenores custos de producaO quc Os dos concOrren―
tes c obter superlucros, o que C acompanhado por uma composicao organica d。
capital mais elevada c, ao mesmo tempo, por uma taxa crescente de mais―valia.
Todas as caracterおticas do capitalismo como forma cconOmica cstao presentes nes―
sa descricaO,caracteristicas baseadas ern sua tendencia inerentc a rupturas de equi―
1lbrio Essa mesma tendencia tambёm sc encontra na origem de todas as leis de
mOVi:pento do rnodo de producao capitalista.
E cvidente quc esqucmas destinados a provar a possibilidade de equilibnos
pett6dicos na ccononlia, apesar da organizacaO anarquica da producao e da seg―
menta95o do capital em firmas isoladas em concOrrencia, serao inadequadOs para
uso como instrumental analitico para provar quc o modo de producaO capitalista
deυe,por sua pr6pria cssencia,cOnduzir a rupturas pen6dicas dc equnfbri。,c quc,
sob o capitalismo, o crescirnento econOnlico deve sempF acarretar um desequilF―
brio, assirn como ele mesmo O sempre o resultado de um desequlibno antenOr.
Tornarn―se necessanos,assirn,outros csquemas quc incorporern,desde o inic10,es―
sa tendOncia ao desenv01virnento desigual dos dois Departamentos, e de tud0 0
quc se distribui por eles. Esses esquemas gerais devem ser construrdOs de tal rna―
neira quc os esquemas de reprOducao de Marx constituam apenas urn caso espe―
cial__assirn como o equllb五o econ6mico O apenas urn caso especial da tenden―
cia, caracterrstica dO modo de producao capitalista, ao desenvOlvirnento desigual
dOs variOs sctores,departamentos c elementos do sistema.
Urna taxa desigual de crescirnento nos dois Departamentos deve correspon―
der a uma taxa desigual de lucro nos rnesmos.O crescirnento desiguai nOs dOis De―
partamentos deve cxpressar―se por uma taxa desigual de acumulacao e um ritrn。
irregular no crescirnento da compos19ao Organica de capital, que por sua vez O pe―
18 AS LEIS DE MOⅥMEN「O E A HIS“RIA DO CAPITAL
ri6dica c parcialrnente interrompida pelo impacto desigual da crise nos dols Depar―
tamentos.Poderiam ser esses os fatores a nos perFnitirem,por assirn dizer,``dinami
zar'。s esqucmas dc Marx(que contnuam a ser instrumentos importantes para o
estudo das pOssibilidades e variaveis do equilbrio peri6dico Ou dO afastamento
鶴 躍 鷺 lま
S織
::認h,鶴i選燎 鷺
セ6nc∝de Rudtt Hilfedns R∝aLぃ
ukharin, Otto Bauer e tantOs Outros esta―
vam desinados ao fracasso porque eles tentaram inυ(秀″igar os problemas dasたis
de dcsenυο′υimento do capitalismo, istO ι, os prob′emas dccorren,cs da rL/ptura de
c9uilrbriO,com instrumentos proJctados para c andlise dO cqui′rbrio.
de総毀星1艦盤鮒ちRudolf Hilたrdng aima quc os esquemas de reprOducao
“que na producao capitalista,a reproducao em escala sirnples ou ampliada pode pros_
seguir sem perturba90es enquanto essas propor95es forem manlidas (. )Dessa for―
ma, n5o se conclui absolutamente que a cnse capitalista deva ter suas raizes no sub―
consumo das massas, cOmo um traco inerente da produc5o capitalista… Nem se infe―
re, dos esquemas, quc haJa uma possibilidade de superproducaO geral de mercado―
rias Ao contrario,。que os esquemas mostram O que C possivel qualquer expansaO da
produ95o que estaa em harlnonia com o potencial das for9as disponfveis de produ―
ca。''.33
Na reahdade Marx naO pretendeu, de modO algum,que seus esqucmas de rc―
producao justificassem airFnac6Cs quanto a pretensa possibilidadeda “prOdu95o
sem perturbacoes'' sOb o capitalismo; ao contrario, clc estava profundamente cOn―
vencido da inerente suscctibilidade do capitalismo a crises. Ele absOlutamente nao
at五buiu essa suscetiblidade apenas a arlarquia da prOduca~o, mas tambOm a discre_
pancia entrc o desenvolvirnento das forcas de producaO e o desenvolvirnentO do
consumo de massa, defasagem quc ele acreditava ser parte integrante da pr6pna
natureza do capitalismO.
“As condigOes de explora95o direta c as de realiz6-la naO saO identicas: diferem n5o
滉l∫:。電:誂&肌Tttb鵬ご境よ喘雷‰愧1∬鴇潟鯛|℃1]LT愴
ホ竃聖ぎ:∬‰E:肝精ふ∬譜盤淵∫:f)瘍∬緊::fユよTttf輛:
950, que reduzem O consumo da grande maiona da sOciedade a um minirno que vaHa
燎:(滉::きil‖轟∫星:』`』rT:∫翼菫F:』じ::湿「talttil:|。『」ittLil椒1:LTヤ
Marx airma, pOrtanto, cxaFamenたo cont76rio daqulo quc HlfeFding preten―
deu ler nos csqucmas de reprOduc5o lsso ё ainda mais surprecndenteふluz das
pr6prias palavras de Hlferding nO iniclo dc suas renex6es sobre as crises e os es‐
quemas de reprOducaO: ``Tambom no modo de producao capitalista se cOnserva
uma ligacao geral entre producao e cOnsumo, quc ё uma condicao natural, cO_
murn a todas as fOrmac6es sOciais".Ele prOsseguc ainda rnais claramente:
“Entretanto, a estteita base oferecida pelas rela9oes de consumO n,produ950 capi―
talista C a raiz geral da cnse ecOnomica,pois a impossibilidade de expandir o cOnsumo
O uma prё―condi95o geral para a estagnacaO das vendas Se o consumO pudesse ser
盤識畿電:),17曽lle疑F18翼鷺ξ::」継:もよ)ぎ 、ゞ310
AS LEIS DE MOⅥMEN「OEAHISTORIA DOCAPIFAL 19
ampliado sem restri96es, nao seria possivel a superprodu95o Em cOndicoes Capitalis―
tas, entretanto, a ampliagao dO cOnsumo implica uma reducaO na taxa de lucro, pois
‖:t,:∬。SCirno no consumo das amplas massas esta ligadO a um aumento nos sald―
Apesar destes vislumbres corretos, Hllferding O mais tarde desOrientado pe10s es―
quemas de reproducao,v01tando―se para uma teoria das crises baseada na desprO―
porclonalidade``pura''.
Em A Acumulacao dO capitaちRosa Luxemburg acusa Marx de proietar seus
esqucmas de tal maneira quc “ё absolutarnente impossfvel conseguir uma expan―
saO mais rapida dO Departamento l ern relacao ao Departamento II''. Poucas pagi_
nas depois, declara quc o csqucma exclui ``a cxpans5o da producao a passos lar―
9。s".36 No entanto, cla atribui essas aparentes contradic6es nOS esqucmas de re―
producao unicamente aos bens de consumo produzidos pelo Departamento II quc
naO pOdern ser vendidos,isto ё,a ausoncia dc urn ``rnercado cOmprador nao―capi―
talsta'', quc seria indispensavel para a reahzacao de tOda a mais―valia prOduzida`
Na realidade, suas criticas a csse respeito correspondem a incOmpreensao dchnea_
da anterioll:lente, quanto ao prop6sito e funcδes dos osquemas EIcs naO visam
absolutamente a expressar a mais raplda taxa de crescirnento no Dcpartamento l
em relacao aO Departamento II, o que C inevitavel nO capitalismO, Ou a “expansa。
da prOducao a passos iargos",O quc,sob o capitalismo,conduz fatalrllente a ruptu―
ras de equilibrio.Ao conttano,a inten95o dos esqucmas O provar quc,apesar des―
sa``expansao a passos largos" c apesar das rupturas peri6dicas de cqttilib遷o, tanl
bOrn ё possrvel existir equilfbnos peri6dicos ern cOndic6es capitalistas
lsso exptca pOr que razaO Marx nao se preOcupou com a ``reprodu95o a pas―
sos largos". E igualrnente claro quc, se desconsiderarrnos a hip6tese dc equnfb五。,
absolutamente naO teremos de buscar iuntO aOs “compradores nac―capitalistas" a
solucao para as “conttadic6cs internas'' dos esquemas de reproducao: Ossa deve
antes ser encontrada na transferencia de mais―valia do Departamento II para o De―
partamento I, no decorrer da igualizacao da taxa de lucro, tornada necessa五a pela
menor composicao Organica de capital no Departamento II A pr6pna Rosa Luxem
burg de inicio vO nessa transferOncia a soluc5o normal, tanto 16gica quanto histOn_
camente,37 maS 10go ern seguida a racita com base na ``coerOncia interna" dOs es―
qucmas de reprOducao, sustentando quc essa soluc5o nao obedecc as cOndic6es
cstabelecidas por Marx para O funcionamento dos esqucmas(por exemplo, a ven―
da de mercadorias por scu valor). Desse modo ela deixa de perceber que tOdO O
processo de crescirnento da producao capitalista, c a desigualdade crescente de
seu desenvolvimento,nern soquer prctendem obedecer a tais condicocs.
Essas obseⅣa95es apliCam―se ainda mais a Hcnりk GrOssmann,cmbOra,a pn―
meira vista, csse autor pareca comprecnder rnelhor do que Rosa Luxemburg a fun―
9aO dOs esquemas de reproducaO Em scu livro Das Aたたurnulations―und Zusom―
mcnbttchsgese″ dcs たapllolistischen Sソstems, cle frisa cxplicitamente o fato de
quc os esqucmas saO calculados corn base num hipotOtico estado dc equillbrio.Lo―
go se percebe, entetanto, quc esta unicamente se refenndO aO equlrbriO entre a
oferta c a demanda de mercadorias,que resulta na ine対stencia de flutuagoes dc
preco de mercado Na realdado, tais lutuac6es em precos de mercado nao sao
apenas exclurdas dO contexto dos esquemas de reproducao no vOlume 2 dc O Ca―
pi′αル ao longo de toda a analise de Marx do capitalismo clas naO desempenham
35 HILFERDING Finα,υkapital p 22986 LUXEMBURG,Rosa Accumu′otion cr Capllα′p340‐341
37fbid p 340
20 AS LEIS DEMOⅥMEDITOEA HISTORIA DOCAPITAL
nenhum papet sendO tratadas apenas, de passagem, no capitulo X do volume 3
de O Cap“al.
O problema ё bastante diferente quando nos refenmos as lutuac6es nos prc―
9os de producao ou nas taxas de lucrO, quc exercem um papel cental no sistema
de Marx. Nessas lutuac6es,isto O,na busca de urn superlucro,temos a explicacao
basica para a totalidade dos esfor9os de invesumentO c acumulacaO dO capitalista.
Isso, por sua vez, nos remete imediatamente para a concorrOncia. Enquanto Marx
comprecnsivelrnente ignora a concorrencia ern seu procto de prOvar quc o cqulF―
bno ё possfvei no modo de produ95o capitalista,e pressupOe n5o apenas o cquilr―
b●o entre oferta e demanda mas tambOm o desenv01vimento regular de ambos os
setores, isto O, de todos os capitais, GrOssmann insere os rnesmos pressupostos ao
longo de sua investigacao das tendencias a acumulacaO, crescirnento e colapsO do
capitalismo Ele nao percebe que tais pressupostos se tomam absurdOs para a ana―
hse dessas tendencias,pois,de fato,negam o quc ele pretende provar.
Seia ditO quc a abordagem de Grossmann dos esquemas de reproducaO reve_
la,cm contraste corn a de Rosa Luxemburg,uma incompreensao fundamental do
papel decisivo desempenhado pela concorrOncia no sisterna de Marx. GrOssmann
cita uma passagem de Marx acerca do surgirnento da concorrencia fora de seu con―
texto一― isto O, de sua relacao cOm Os problemas do valor――, c conclui quc ela
naO cxerce um papelimportante na cxplica95o dc Marx da 16gica interna do modo
de producao capitalista Ele o faz, cm que pese o fato dc haver citado a seguinte
passagom do volume 3 de O Capital,38 que devia桜)‐lo ensinado, de uma vez por
todas, que capitalismo sem concorrencia c capitalismo scm crescirnento: ``Tao lo90
a foHHa95o de capital caFsse em poder dc um nimero reduzido de grandes capitais
estabelecidos, para os quais o volume de lucro compensaria a taxa decrescente dc
lucro,a chama vltal da producao seria tOtalmente extinta Ela rnorreria".39
Em sua argumentacaO,GrOssmann emprega o csquema de(Dtto Bauer,clabo―
rado em 1913 como uma resposta a A Acumulagao dO cap″αι de Rosa Luxem―
burg. Os csquemas de Otto Bauer parecem levar em conta as leis de desenv01vi―
mento do capitat pOiS neles aumenta a compostao Organica dO capital一―e com
ela a taxa de acumulacao__enquanto, ao contrano, dirninui a taxa de lucro. Mas
logo em seguida negam suas pr6prias pressupos190es, pOiS, juntamente com uma
crescente composicao organica dO capital, contemplarn taxas idOnticas de mais―va―
ha c de acumulacao para Os dois Departamentos,o quc C insustentavel 16gica c his―
toricamente.40 Assim,os esquemas proporclonam a Grossmann a sua``prova mate―
matica" de quc a acumulacaodeve estagnar por falta de mais―valia, pois de outta
folllla nao sena bastante a parte cncanlinhada ao capitalista para consumo Reco―
nhecidamente, s6 devera ``estagnar'' no 34.°ciclo. Se lembrallHos quc o obictiVO
dos esqucmas de reproducao O f0111lular Situac6es de cquilibrio purificadas por cri―
ses pen6dicas a cada 5, 7 ou 10 anos, sera cvidente quc GrOssmann, contrana―
mentc a suas pr6pnas intencOes,de fato demonstrou o oposto daqulo que preten―
dia provar. Porquc a substancia dessc argumento O quc o capitalismo poderia so―
breviver por muitas dOcadas,se nao pOr variOs sCculos,antes de sofrer um colapso
econornico.
Bukharin tarnbOm baseou sua crFtica a Rosa Luxemburg nOs esquemas de
Marx. No prOcesso, tentou fomular uma “teoria geral do mercado e das crises",
quc mais uma vez parte das condic5es de equilfbrio c quando muito chega a des_
proporcionalidade por melo de “tendOncias contradit6nas no capitalismo" (csfor_
38 GROSSNIANN,Hen″k Das Aたたumulα
“
οns‐und Zusarnmenbruchsg“●レ d“ kapittllstlschen Stttems Frankfurt,
1967 p 90-92
39МへRX Capitα′v3,p254
40 BAUER,Otto “Die Akkumulaton des Kapltals" In:Dic Neuc Zer 1913 v 31/1,p83
AS LEIS DE MOVIMEprTO E A HIS“RIA DO CAPr「AL 21
9os para aumentar a producao e reduzir Os salariOs)que n50 sao as tendencias ima―
nentes do desenvolvirnento do capital ou as leis de movirnento dO pr6prio mOdO
de producao capitalista. Bukharin parece tomar―se ほo fascinadO pelas ``cOndic6es
de equllibrio" reveladas nos csquemas de Marx que sustenta, assirn como Hilfer―
ding, a tese de que nao haveria mais cnses de superproducao se a ``anarquia da
produ9aO'' fOsse climinada, comO no caso do ``capitalismo de estadO" cOm uma
cconomia plangada.41 Nesse ponto, ele tem o infonin10 de tOmar como base de
seu argumento um ttecho das Tcorias da Mais―Valia de Marx, quc afillila precisa―
mente o contrario.Bukharin transcreve a seguinte passagern:
“Aqui,portanto,C pressuposta l)α producaο capitalista, em que a prOdu95o de ca―
da indistria em particular e o seu acrOscirno n5o sao diretamente regulados e cοnrrOla_
dos pelas necessidades da sOciedade, mas pelas forgas produtivas a dispOsi9aO de ca_
da capitalista isolado, independentemente das necessidades da sOciedade; 2)admite_
se, apesar disso, quc a produ95o saa propOrcional(as e対gencias), comO se o capital
fosse empregado nas diferentes esferas da produ95o diretamente pela sociedade, de
acordo com suas necessidades Nessa hip6tese, caso a producao capitalista fosse pro―
ducaO inteiramente socialista ―― uma contradicaO em temOs ―― de fato naO poderia
haver superproducao''.42
Bukharin acrescenta munfalrnente: “Sc hOuvessc uma economia planaada,
naO haveria crise de superproducao. As idOias de Marx saO muito claras neste pon―
to:o triunfo sobre a anarquia,isto O,o plangamentO,n5o se opOc a liquidacao da
contradicaO entre producao e cOnsumo como um fator particular; ele ё representa―
do comO abrangendo essa liquidacao".43 Nesse ponto,Bukharin na0 0bservOu que
entre as condic6es sob as quais a producao capitalista sena ``prOduc5o inteiramen―
te sociahsta", Marx inclui expressamente nao s6 a proporcionalidade entre as esfe―
ras isoladas da producaO,mas tambOm o emprego de``capitar'diκtamcnte pela
socicdadc, de acordo com suas necessidades(isto O, nao a prOducaO de mercado―
rias ou valores de troca,mas a producao de va10res de uso).Tant0 0 pardgrafo an―
terior ao trechO citado por Bukharin quanto os seguintes mostram com bastante
clareza que, para Marx, o crescirnento proporcional da cttaga~o de υαlor nos v6●Os
ramos indusmais na-O o a resposta ao probletta da rcalizacaO da mais―valia,pOrquc
esse problema pode apenas ser resolvido sob condic6es dc ``producao inteiramen―
te socialista'',αtraυお doりuSte da prOducao de υa10res de uso as necessidadcs da
socledadef
“Caso todos os Outros capitais se tenham acumulado a mesma taxa,absolutamente
naO se pode concluir que sua producaO tenha aumentado na mesma proporcaO Mas,
se tiver, naO decOrre daf que eles queiram l%a mais de aigos de cutelana, pOis sua
demanda de aぬgos desse tipo naO esta de maneira alguma relacionada aO acrOscirno
em sua pr6pna produca0 0u a seu poder aumentado para compra―los" E mais adian―
te:
“A prop6sito,nos variOs ramos da indistria em que ocorre a rnωma acumulaca~ο de
capital(e essa c tambOm uma supos19aO infeliz,de que o capital se acumule a uma Fa―
xα idantica nas diferentes esferas), o montante de produtos correspondentes ao capital
aumentado pode variar largamente, pois as forcas produivas nas diferentes indismas
ou os valores de uso totais produzidos em relagaO aO trabalho empregado vanam de
modo consideravel c)mesmO valor ё produzido em ambos os casos, mas a quantida―
de de mercadonas em que esta representado ё muito diferente Portanto,naO se pOde
41 BuKHARIN Impe"α′たm and the Accumulα″on or Capital p 226
42 MARX Theo"‐orSuplus Value Londres,1972v3,p l18
囀BUKHARIN Op cit,p228-229
22 ASLEIS DE MOⅥMEMO EA HI¨RIA DO CAPr「AL
compreender quc a indistria A, porque aumentou em l% o valor de sua prOducao,
enquanto o volume de seus produtos cresceu em 2073, deva encontrar um mercado
em B,onde o valor aumentou igualrnente em l%, mas a quanidade de sua producao
cresceu em 5% Aqui o autor deixou de tomar em consideracaO a diferenca entre va―
lor de uso e valor de troca''44
Em outras palavras, para Marx as crises nao saO prOvOcadas unicamente por
uma desproporclonalidade de valor entre os variOs ramos da indttstria, mas tarn―
bёm por uma desproporclonalidade entre o desenvolvimento do valor de trOca c
do valor de uso, isto O, pela desprOporclonalidadc entre a valorizacao dO capital e
o consumo. C)capitalismo de estado de Bukhann, livre da ocorrencia de crises, tc―
ria de eliminar igualrnente esse segundo tipo de desproporclonaldade__em ou―
tras palavras, deixaria totalrnente de ser capitalismo, pois dcixaria de se basear na
pressao para a valorizacao do capital. Teria superado a antinonlla entre valor dc
uso e valor de troca.
Sc agora nos deslocallHos da inadoquacao dOs esqucmas de reproducao de
Marx enquanto instrumental para a analise das icis de desenvol宙rnento do capita―
lismo, c focalizarmos a inadequacaO dOs mёtodos de analise ccOnornica, emprega―
dos depois dc Marx,defrontar―nos―emos com um fato pnmordial.As discussoes do
problema das tendencias de desenvolvirnento a longo prazo e do colapso inevit6-
vel do modo de producao capitalista tOrn sido dorninadas, por mais de meiO socu―
lo,pelos esforcos de cada um dos autores para reduzir esse problema a um`nico
raton45
Para Rosa Luxcmburg esse fator O, naturalrnente, a dificuldade na reahzacao
da mais―valia, c a necessidade subsequente de absorver um nimero crescente de
esferas do mundo nao―capitalista na circulacaO capitalista de mercadorias; esta ilti―
ma ё vista como a `nica maneira poss,vel para comercializar o resfduo inevitavel
de bens de consumo quc,de outta fo111la,nao poderia ser vendido Essc mecanis―
mo b6sico O utilizado para explicar tanto o desenvolvimento do capitalismo, da cta―
pa da livre concorrencia aO imperialismo, quanto a pre宙sta inevitabilidade dO cO―
lapso econOmico do sistema.46
Em Finanzkapitat dc Hilferding, a concorrencia一―a anarquia da producao――
O o calcanhar de Aqulles do capital. Mas Hilferding deslocou de seu cOntexto glo―
bal esse aspecto indubitavelrnente decisivo do mOdo de producao capitalista, c o
identificou como a causa cxclusiva das crises e desequlbrios capitahstas. Isso inevi―
tavelrnente conduziu―o a sua cOncepc5o posterior de ``capitalismo organizado'',
em quc um ``cartel geral'' chrnina as crises, c a reie1950 da idёia do cOlapso econO一
rnico final do capitalismo.47
“MARX Theο"“
げSulplus Vα′ue v 3,p■8‐119
45 Atё agora,a mais extremada――e mais ingonua__vers5o de uma explicacao``monocausal"do desenvolumentO ca‐
pitahsta O oferecida por Natahe Moszko、vska:“O mesmo lator(!)que determina a curva conluntural deteHnina tam‐
bOm a curvaglobal da econOmia capitallsta Se nao conslderarmos os latores e causas secundd五os,levandO unicamen
te em conta a causa pincipal,poderemos dsinguir duas tendOncias diametralmente opostas na economia politlca Os
representantes de uma tendOncia veOm a causa das rupturas na economia no consumo excessivo e na poupanca insul―
ciente(subaCumulacao), c Os da Outa tendOncia, inve、amente, Ⅲ buem_nas ao consumo insuiciente e a pOupanca
excesslva (superacumulac5o)'' Ela acrescenta a seguinte notal “E verdade que muitOs economistas r●eitam teohas
monocausais das cises,devldo a`cOmple対dade de manelras pelas quais as cises se manifestam',e falam de uma
`muliplicldade de lontes para esses eventos' Mas um exame mais atento mostra quc,mesmo nas teonas desses pes‐
quisadores,na maiona das ve2eS predomina uma causa inica'' MOSZKOWSKA,N Zur Dノnamiたd“Spdtkapitalls―
,ηus Zuique,1943 p 9
46 0s pimeiros autores a desenvolverem sistematicamente essas idOias forarrll CUNOW,Heinnch ``Dle Zusammen‐
打廿i機:鑑;1癬毅`ぷ`朧鳳胤1,an:∬贈ιょ嚇nttb′じら;度管ξ:ゴ認鴛劃:驚禦:[
cano BOUDIN,Louls B The The。″,cαI System orKα″■FaⅨ 1907,p163‐169,2432“47 ver GROSSNIANN Op cit,p57-59
AS LEIS DE MOⅥMEMO E A HISTORIA DO CAPr「AL 23
Na obra de Otto Bauer ha uma luta peI11lanente para cncontrar a ``inica", a
mais importante contradicao ecOnomica intema do modo de prOducaO capitalista,
luta que o encarninha, sucessivamente, a umasこrie de posicδes diferentes Pouco
a pouco, a partir de sua concepcao original de quc a liberacaO peri6dica de capital
moneねno nao_acumulado ё o fator rnais importante na ruptura do equilrbrio capi―
talista, ele desenvoive uma versao mais engenhosa da teoria de subcOnsumO de
Rosa Luxemburg.48 Essa versao estt presente ern scu●lumo trabalho de an61se eco―
nOrnica,Zwischen zwci tteルたriegen2, cm quc ele exp6e a tese de quc a contradi―
caO basica no capitalismo ё O fato de quc a producao de Capital constantc(no De―
partamento I)cresce mais rapidamente quc a demanda de capital constante na pro―
ducaO de bens de consumO Isso O apresentado como uma ine宙tavel consequOn_
cia do aumento de mais―valia 49 Fritz Sternberg,Lcon Sartre c Paul Sweczy adOta―
ram a tese de Bauer coln alterac6es de pouca importancia,。u a desenvolveram in―
dependentementc;50 cln resultado, tOdOs eles terrninam por chegar a mesma con_
clus5o quc Rosa Luxemburg:o capitalismo sofre inerentemente,se nao de urn resr―
duo de bens de consumo invendaveis, pelo menos de capacidade nao utilizada
para a producao de bens de cOnsumo(ou,o que vem a ser a mesma coisa,de um
volume de melos de prOducao quc naO pOdem ser vendidos porquc,cmbora desti―
nados ao Departamento II,nao podern ser adquiridos por este).
Em MaFist Economic Thco″eu jd expus a incompreensao fundamental一
uma 6b宙a peririO pガncipr――subiacente a esse lpo dc argumento TOdos esses au―
tores trabalham a partir da pressupos1950 basica de quc nao haa mudanca na pro―
pOrcaO dO va10r de producao ou da capacidade produtiva entre os dOis Departa―
mentos, ao passo quc a demanda de mercadorias provenientes do Departamento
II cresce naturalrnente mais devagar dO quc a demanda de mercadOrias dO Depar―
tamento l, devido ao aumento na taxa de mais―valia c na composicao Organica dO
capital Assirn, a crise torna―se inevithvel Mas a constancia dcssa “proporcao tocni_
Ca''(Otto Bauer fala de um ``cociciente tOcnico'')entre O crescimento da prOdu―
9ao no Departamento l e a capacidade produtiva do Departamento II(Swcezy)ou
os meios de producao necessariOs a prOducao de bens adicionais de consumo
(13auer)naO fOi abs01utamente comprovada.
O fatO de quc o desenvOlvirnento acelerado no Depaltamento l, ao aumentar
a composica0 0rganica dO capital na econornia como um todo, deve tambom au―
mentar, cm■ltima analise, a capacidade produtiva do Departamento II, nao prova
de mancira alguma que a capacidade produtiva dc ambos os Departamentos deva
aumentar na mesma propοκσο. No entanto,sc houver uma alteracao nas prOpor―
cOes recゎroCas das duas capacidadcs, e dado um grandc acrOscirno na producao
total de mercadOrias, uma demanda ampliada crn relacao as mercadonas dO De―
partamento l podera certamente ser acompanhada por um aumento absoluto, crn―
bora menor em temos relativos, na capacidade produiva do Departamento H c
pela utihzacao plena dessa capacidade, scm que isso necessariamente acarrete su―
perproduca0 0u capacidade excedente
袷∬富鵠l器語恩キI?Ъi『賜∫昴「IttiTT艦魔珊獄:′蹴 誡品」も沸雷e譜iが
先ぶ際しll,聯li籠:計,1:鶴iI甘∫器'漁:£:‖」r寸
|ま‡
,ii∫薔:著::善|[;』iξ『ζi::『liittil慢II』no loram,em ordem cron。16●ca,aS lutuac5es na FeCOnS
com oistas ac investmento no extenor{19o7),a discrepanci
nal(1913)e, inalmento, a discrepancia entre o cresciment
no Departamento II(1986)
i謬戟寛窯り|よ難鶴 担亀伊酔 )。発主Jt〃晏』羅‰,全勝Fλ}稚鷺朧
und Seine K″liたer Berlirn,1929 p 163 eFseqs
24 AS LEIS DE MOⅥMEMO EA HISTORIA DO CAPr「AL
Henvk Grossmann vO a debilidade malor do modo de prOducaO capitalista
nos crescentes problemas de va10rizacao dO capital,que devem necessariamente le―
var a uma “superacumulacao", istO o, a uma situacao em quc a totalidade da
mais―valia disponfvel deixa de ser suficiente a valonzaca0 1ucrativa dO capital dispo―
nivel. Sua argumentagaO, que sc ap6ia de maneira exorbitante nas cifras algo arbi―
睡arias de quc ele parte, hesita entre duas abordagens principais. EIc afirma, por
um lado, quc as dificuldades de valorizacao do capital scriam uma barreira absolu―
ta se de fatO conduzissem a uma queda na mais―valia improdutivamente consunll―
da pelo capitalista. POr outro lado, pretende quc a incapacidade em va10Hzar ``lu―
crativamente'' オodo o capital acurntdado traria a interrupcao da tOralidade dO prO―
cesso dc expansao.51(D primeiro argumento nao se sustenta,pois deixa de cOnside―
rar o fatO de quc uma parte da mais―valia destinada ao consumo poderia ser dividi―
da cntre um nimeЮ cada υαζ menOr de capitalistas(ainda mais nos termos dO cs―
qucma de GrOssmann do quc na realidade,pois as dificuldades de valorizacaO quc
ele pressup6c intensincanam em grandc medida a compeicao intercapitalista).
Urna queda nO cOnsumo enquanto parcela da mais―vaha produzida ё perfeitamen―
te compativel com um aumento no consumo de cada famlla capitalista(nao consi_
deraremos aqui atO quc ponto GrOssmann esta certO em ver as necessidades de
consumo do capitalista como o“obicuVO ilimO''da producaO capitalista)O se―
gundo argumento contOm urn erro evidente:sc tOdo o volume disponfvel de mais―
vaha deixar de ser suficicnte para a valorizacaO de tOd0 0 capital acumulado, O rc―
蠅 椰 な勲 電藤 各 讐 輔
駆電ncttnttalお蹴 霊
ninho O quc a tendOncia inerente a supe_
racumulacaO, quc ё indubitavelrnente um tra9o distintivo do capitalismo, deve ser
ncutralizada pela tendencia, tambOrn inerente ao sistema, a peri6dica desvaloriza―
95o do capital, de maneira a cvitar uma estagnagao mais 10nga dO prOcesso de va―
lorizacao COmO O pr6prio Marx enfatizou, essa C precisamente a funcaO das crises
de superprOducao. POrtanto, Grossmann naO cOnseguiu provar quc esse processo
torne a valoHzacaO de capitalirnpossfvel em termos gerais,a longo prazo 52
0 ccOnOrnista polonOs―americano Michal Kalecki empreendeu a tentativa mais
elaborada, atC O momento, de combinar Os mOtodos de pesquisa do marxismo
com os da moderna cconometria――seu trabalho antecipou muitas das descober―
tas de Keynes.Sua conclusao ё uma variante da tese de Grossmann:a taxa de acu―
mulacao da mais_valia recorn―criada, istO o, a divisao dessa mais―valia entre o con―
sumo improdutivO e a acumulacao, cOnstitui a ``variavel estratOgica" no sistema de
Marx Mas o isolamento desse fator em relacao ao cOntexto global do sistema nao
expllca por que razao os capitalistas apresentam uma taxa mais baixa de acumula‐
caO durante perfodos bastante longos,sucedida por uma taxa mais elevada(ou,in_
versamente, uma taxa mais alta de consumo improdutivo, novamente seguida por
uma taxa mais baixa)53
0utra variante da mesma posica0 0 prOpOSta pelos te6ricos da chamada``ecO―
nomia de guerra

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