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Análises da Cpp e afins (CPP)

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O conceito de elasticidade 
e externalidades
José Tadeu de Almeida
Introdução
Você estudará agora o comportamento da demanda em relação a mudanças dos preços no 
mercado, através do conceito de elasticidade. Verificará, ainda, que há diversos momentos em 
que o comportamento do consumidor imita o comportamento dos demais na escolha de seus 
produtos; este ponto resume o conceito de externalidades de difusão.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender o conceito de elasticidade-preço da demanda;
 • compreender o conceito das externalidades de difusão.
1 Conceituação
Você, enquanto consumidor, sabe que certos produtos são influenciados pelos preços e 
também pela sua renda, quando você toma decisões de compra. No entanto, há bens que você 
demanda mais ou menos em relação às mudanças de preço. Você poderia citar alguns?
O pão francês é um exemplo, se ele estiver em sua cesta de mercado. Se você percebe que 
ele aumentou de preço, você pode até comprar um pouco menos, mas, talvez, não vá deixar intei-
ramente de comê-lo. Por outro lado, se o seu plano de internet por fibra óptica sofrer um aumento 
de preços, você terá mais facilidade em escolher um plano mais barato.
Estes exemplos mostram o conceito de elasticidade-preço da demanda. Em linhas gerais, a 
elasticidade mede o quanto uma variável é capaz de afetar outra variável.
SAIBA MAIS!
Como estamos tratando da escolha do consumidor, daremos foco à elasticidade-
preço da demanda. Porém, a elasticidade-preço da oferta existe e mede o quão 
dispostos os produtores estão para colocarem seus produtos no mercado mediante 
variações no nível de preços.
2 Demanda elástica
A elasticidade-preço da demanda é uma função do nível de preços. Assim, um produto 
terá uma demanda elástica quando a variação nas quantidades consumidas reage mais forte-
mente do que a variação percentual do nível de preços, ou seja, a magnitude de Ɛ será maior 
que 1. Quanto mais a magnitude de Ɛ for superior a 1, mais elástica será a demanda (PINDYCK; 
RUBINFELD, 2013).
EXEMPLO
Bens ou serviços que possuem vários substitutos no mercado tendem a ser mais 
elásticos, isto é, um aumento de seu preço de R$ 1,00 provocará uma redução de 
sua quantidade demandada de mais do que 1. O aumento de R$ 1,00 no preço do 
refrigerante X provocará uma queda em sua demanda de mais de 1 unidade, pois 
o consumidor substituirá o refrigerante X pelo refrigerante Y, W, Z etc. Então a de-
manda pelo refrigerante X é elástica. Bens ou serviços que são supérfluos também 
tendem a ser elásticos. Já que não são essenciais, como os eletrodomésticos, por 
exemplo, o aumento de seu preço tende a fazer com que sua demanda caia de mais 
do que 1 unidade.
3 Demanda inelástica
Você poderá afirmar que a demanda de um produto é inelástica quando a variação percen-
tual das quantidades consumidas deste produto não se alteram na mesma proporção da variação 
percentual do nível de preços no mercado (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
EXEMPLO
Ao contrário dos bens que vimos no exemplo anterior, bens únicos ou essenciais 
tendem a ser inelásticos. Imagine um remédio que acaba de ser lançado no mer-
cado e que é, então, único e essencial no tratamento de uma doença. Se seu preço 
se eleva de R$ 1,00 a quantidade demandada se reduzirá (alguém não terá dinheiro 
para comprá-lo e morrerá), mas se reduzirá de menos de 1 unidade, pois a maioria 
continuará comprando-o. Logo, ele é inelástico.
4 Exemplos e consequências
Vamos utilizar exemplos de aplicação do conceito de elasticidade que aproximam-se muito 
de nossa realidade enquanto consumidores.
Observe o mercado de sal de cozinha. Caso seu preço seja alterado para cima ou para baixo, 
as pessoas não deverão deixar de salgar seu feijão ou de estocar sal, respectivamente. Sendo 
assim, podemos afirmar que trata-se de um bem de demanda fortemente inelástica.
SAIBA MAIS!
Há uma série de conceitos matemáticos importantes, como limites e derivadas, 
necessários para o cálculo das elasticidades. Você poderá encontrá-los na 
monografia de José Lásaro Cotta (UFMG). Disponível em: <http://www.mat.ufmg.
br/~espec/monografiasPdf/Monografia_JLazaro.pdf>.
Façamos, agora, uma comparação entre dois bens: refrigerantes e arroz. Caso haja uma 
redução da renda do consumidor ou uma alta geral de preços, a tendência dos consumidores será 
tentar manter quanto possível o consumo de arroz, reduzindo o consumo de refrigerantes. Con-
sequentemente, será possível afirmar que a demanda por refrigerantes será mais elástica que a 
demanda por arroz (ROSSETTI, 2016).
Figura 1 – Sal: produto de demanda inelástica
Fonte: Handmadepictures / Shutterstock.com
Perceba que os bens chamados “supérfluos” têm uma elasticidade maior que os bens essen-
ciais: refrigerantes não são tão necessários (geralmente) à sobrevivência humana como o arroz, 
por exemplo. Da mesma forma, bens que possuem muitos substitutos possíveis tendem a possuir 
uma elasticidade maior: se o leite de soja natural aumentar de preço, o consumidor pode optar 
pelos preparados à base de leite de soja.
FIQUE ATENTO!
A elasticidade, inclusive, varia ao longo do tempo. Veja que, no passado, os car-
ros eram todos movidos a gasolina, então, sua demanda era inelástica ao preço. 
Hoje, com outras opções de combustíveis, a demanda por gasolina passa a ser 
mais elástica do que antes.
5 Externalidades de difusão: cumulativa e de 
diferenciação de consumo
Até o momento, consideramos que não havia diferenças na preferência dos consumidores e 
que eles apenas reagiam aos preços. Assim, você viu que a curva de demanda de mercado era o 
somatório das demandas individuais.
Há situações, porém, que não dependem apenas dos preços, das preferências do consumi-
dor e da renda para a determinação da demanda, mas, sim, das demandas dos outros consu-
midores naquele mesmo mercado. A possibilidade da demanda de alguns consumidores de um 
produto poder ser estimulada (ou desestimulada) pela demanda de outros é definida pelo conceito 
de externalidade de difusão.
Quando há um aumento da quantidade demandada por um consumidor em função do 
aumento da demanda dos outros consumidores, diz-se que há uma externalidade de difusão posi-
tiva. Quando a demanda cai, trata-se de uma externalidade negativa (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Tratemos, primeiramente, de um caso de externalidade positiva, no chamado efeito cumula-
tivo de consumo. Observe agora o gráfico:
Figura 2 – Externalidade de difusão por efeito cumulativo de consumo
20
30
Preço
D10 D20 D30 D40 D50
D
Quantidade10 20 24 30 40 50
Fonte: elaborada pelo autor, 2016.
Suponha que este gráfico “Externalidade de difusão por efeito cumulativo de consumo” trate 
de uma aldeia de 100 pessoas e que está demandando perus de natal. Se apenas dez pessoas 
comprarem perus, não há incentivo dos outros consumidores para fazer o mesmo, pois, aparen-
temente, não são muitas pessoas que querem tê-lo. Porém, se 20 pessoas o comprarem, já será 
mais atraente, assim como 30 pessoas e assim por diante. Os habitantes querem “estar na moda”, 
querem aliar suas escolhas às dos outros agentes, mesmo que suas preferências não sejam pelo 
peru de natal. Claro, trata-se de um exemplo teórico, no qual dívidas não contam, mas, no mundo 
real, o desejo de “estar na moda” faz com que as pessoas possam até endividar-se para adquirir o 
bem que demandam.
Figura 3 – Moda e tendências
Fonte: g-stockstudio / Shutterstock.com
Assim, a demanda tenderá a aumentar em proporção maior do que apenas em reação ao 
nível de preços – acurva de demanda do mercado ligará os pontos entre as curvas que corres-
pondem às quantidades demandadas pelos agentes nas curvas D10, D20, D30, D40 e D50, no 
nosso exemplo.
Verifique que, ao preço de R$ 30, apenas 20 pessoas comprariam perus. E se o preço do 
perucai para R$ 20, a tendência natural, considerando-se as preferências individuais, seria que a 
demanda aumentasse para 24 unidades – este seria o efeito da variação de preços ao longo da 
curva D20. Porém, pela curva de demanda do mercado, a quantidade demandada salta para 40. 
Esta diferença de 16 unidades vendidas corresponde ao efeito cumulativo de consumo (PINDYCK; 
RUBINFELD, 2013). Lembre-se, ainda, de que os esforços de propaganda têm o objetivo de gerar 
esse tipo de externalidade.
FIQUE ATENTO!
O efeito cumulativo de consumo se manifesta também na indústria à medida que 
um produto vai sendo cada vez mais difundido entre seus consumidores: se, por 
exemplo, um aparelho celular estiver sendo progressivamente mais absorvido pelo 
mercado, mais serviços como softwares e acessórios serão lançados para com-
plementá-lo, melhorando a utilidade desse produto e elevando ainda mais as suas 
vendas, como uma externalidade positiva.
Agora, você analisará um caso diferente, de externalidade de difusão negativa no chamado 
efeito de diferenciação de consumo. Veja o gráfico a seguir:
Figura 4 – Externalidade de difusão por diferenciação de consumo
200
100
Demanda
D16
D12
D8
D4
70 Quantidade
Preço ($ mil)
10 20 30 40
Fonte: elaborada pelo autor, 2016.
Sobre o gráfico “Externalidade de difusão por diferenciação de consumo”, imagine o mer-
cado de carros superesportivos dentro da mesma aldeia. Como trata-se de um bem exclusivo, 
caro e diferenciado, a demanda por ele é mais limitada. Ao contrário da externalidade positiva, os 
consumidores querem esse bem se ninguém mais o possui. Se quatro aldeões têm condições de 
comprar um carro desses, a sua curva de demanda estaria descrita por D4. Se, porém, oito mora-
dores podem comprá-lo, esses carros já não são tão exclusivos e o seu valor de diferenciação 
de consumo estaria coincidindo com a curva D8, e assim por diante até a curva D20. A curva de 
demanda de mercado terá uma inclinação mais intensa, demonstrando que o produto tem menor 
elasticidade (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Mais que isso, caso haja uma redução no preço dos carros, de $200.000 para $100.000, seria 
possível que os quatro aldeões adquirissem até 70 unidades. Porém, considerando a dinâmica do 
mercado, o fato do bem ter perdido seu caráter de exclusivo faz com que as vendas sejam meno-
res que o previsto, de apenas 30 unidades. Esta diferença de 40 unidades corresponderá ao efeito 
de diferenciação de consumo.
FIQUE ATENTO!
Muitas empresas fixam suas políticas de marketing no sentido de criar um conceito 
de exclusividade em seus produtos, disponíveis apenas para uma parcela muito 
pequena da população (como carros superesportivos, joias, iates e outros) para 
poderem fixar seus preços em nível muito acima do mercado e evitarem, caso o 
consumo possa aumentar, a externalidade negativa citada.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • entender que a elasticidade-preço da demanda é definida pela razão entre a variação 
da quantidade consumida de um produto e a alteração em seu nível de preços;
 • aprender que os bens são mais ou menos elásticos à medida que uma mudança de 
preços influi, de forma mais ou menos proporcional, respectivamente, no comporta-
mento das escolhas dos consumidores e, consequentemente, na demanda do produto;
 • compreender que nem sempre as escolhas de demanda são totalmente individuais; 
quando os agentes tendem a acompanhar o comportamento dos demais consumi-
dores, a mudança no perfil da demanda, positiva ou negativa, então verificada, cor-
responde à existência de externalidades de difusão na demanda de um bem em seu 
respectivo mercado.
Referências
COTTA, José Lásaro. Elasticidade-demanda e preço. Monografia (Especialização em Matemática 
para Professores) – Belo Horizonte: UFMG, 2005.24p. Disponível em: <http://www.mat.ufmg.
br/~espec/monografiasPdf/Monografia_JLazaro.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016.
PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2013.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

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