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Ciência Política 1º Período 2º Bimestre Aula 11 - 2º Bim – Lobby *Resta, desde logo, devidamente esclarecido que este presente texto possui tão somente a finalidade de auxiliar nos estudos acerca desta disciplina e, não, por outro lado, dispõe da pretensão de esgotar as concepções intimamente necessárias acerca do regular desenvolvimento desta matéria. Por isso, é sobejamente recomendável que o aluno se aprofunde na bibliografia básica e complementar. A melhor doutrina nos lembra que os grupos de pressão, muitas vezes, conforme visto na aula passada, se utilizam de mecanismos coerção (pressão) para obter diretamente aquilo que desejam, o que, tal qual igualmente observado anteriormente, é exercido por intermédio de suas lideranças. Entretanto, por ora, vamos nos ater primordialmente a possibilidade que este grupo venha a recorrer à uma outra pessoa externa à este grupo em específico, ou, outrossim, a um escritório especializado. Esta pessoa ou escritório, na grande maioria das vezes, possui acesso mais fácil à autoridade, na qual se pretende obter um resultado mais favorável, seja ele qual for. Isso, em suma, se chama gestão de interesse para o grupo. E, deste processo de utilização de um intermediário para obter acesso à autoridade é conhecido como “fazer lobby”. Lobby é uma palavra de origem inglesa que identifica o processo através do qual um grupo de interesses recorrer aos mecanismos de pressão para obter das autoridades dos Poderes Executivos e Legislativos, a aprovação ou o repúdio de determinadas medidas que virão, por seu turno, a favorecer os interesses do grupo que as requereu. Pode ser definido, pois, como gestão de interesses privados no âmbito da coisa pública, a qual pode ser realizada diretamente pelos integrantes do grupo de pressão, lideranças, ou associados, como, indiretamente, mediante alguma pessoa (lobista) ou escritório especializado e hábil para tanto. Lobbies são os grupos que atuam na forma de consultoria, agência, assessoria ou escritório de advogados, exercendo pressão de modo representativo, ou seja, representando a outros em troca de remuneração. Como já sintetiza Dias, são empresas especializadas na matéria, e a sua matéria-prima é a influência. Marice Duverger aponta que os lobbies são organizações que trabalham nos corredores, intervindo junto aos políticos ou aos funcionários do alto escalão. O retro mencionado autor afirma, inclusive, que progressivamente foram se constituindo escritórios especializados, os quais alugam seus serviços aos grupos de pressão. A prática do lobby é plenamente legalizada nos Estados Unidos, desde o ano de 1.946 (Federal Regulation of Lobbyng Act), a qual estabelece a exigência de registro em um relatório financeiro regular de todos os indivíduos e agentes que buscam influencira na legislação. A legislação que regulamenta o lobby norte-americano fora repaginada em 1.995, com a promulgação da Lobbyng Discoluser Act, a qual permitiu tornar mais efetiva e transparente a atuação dos lobistas. A nova legislação exige a inscrição dos lobistas no Departamento de Justiça, na secretaria da Casa dos Representantes e no Senado para qualquer instituição nacional ou estrangeira que queira utilizar os serviços de lobistas em Washington. Interessante observar que estas informações são públicas, e os lobistas são obrigados a registrar todas as reuniões que tenham com parlamentares e, inclusive, qual a pauta tratada em reunião. No que tange à atuação dos lobistas junto ao Poder Executivo, a situação impõe ainda mais rigor. Para evitar pressões desleais, se é que se pode dizer assim, os membros do Congresso e o pessoal de apoio direto (staff) ficam proibidos de fazer lobbying até um ano depois de haverem deixado o cargo. Como se vê o lobby se encontra totalmente incorporado ao sistema político estadunidense, e, a ideia de regulamentação, representa a oportunidade para milhares de grupos de interesse de terem acesso aos centros de tomada de decisões, em particular o Congresso, permitindo que os legisladores obtenham informação especializada em temas complexos. Apenas à título de curiosidade, é de se notar que enquanto em meados da década de 1.950 o número de organizações que fazem lobby chegaram a aproximadamente cinco mil, no final do séc. XX esse número chegou a aproximadamente 23 mil. No Brasil, muito embora o lobby não seja repreendido de forma sancionatória, é importante salientar que não existe previsão legal, igualmente, para sua permissividade. Por isso, desde logo, é importante não confundir lobby com tráfico de influência (conduta tipificada como crime em nosso ordenamento jurídico). Mesmo a despeito do lobby te se mostrado curial para o deslinde do regime democrático (manutenção de um canal com o fim de formular políticas públicas), o mesmo ainda é visto com maus olhos pela sociedade, geralmente, pela expressão lobby ter, ao longo do tempo, se associado, injustamente, com o vocábulo corrupção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DIAS, Reinaldo. Ciência Política. São Paulo. Atlas. 2.008. DUVERGER, Maurice. Os partidos políticos. Tradução de Cristiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Zahar, 1.970.
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