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TUTELA ADMINISTRATIVA AMBIENTAL

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TUTELA ADMINISTRATIVA AMBIENTAL 
2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTALA responsabilidade 
administrativa ambiental decorre da prática de infração administrativa 
ambiental, a qual está conceituada no art.70 da Lei 9605/98, verbis: 
“Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que 
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do 
meio ambiente”. Trata-se de responsabilidade objetiva, visto que só se exige a 
comprovação do dano, da conduta (comissiva ou omissiva) e do nexo causal. 
As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, 
assegurando o direito de ampla defesa e o contraditório (art.70, §4º, da Lei 
9605/98), e julgadas pelas autoridades competentes para lavrar auto de 
infração e instaurar processo administrativo. 
3 EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA 
AMBIENTALPara o prof. Paulo Affonso Leme Machado, “das 10 sanções 
administrativas previstas no art.72 da Lei 9605/98 (incs.I a XI), somente a multa 
simples utilizará o critério da responsabilidade com culpa (art.72,§3º, Lei 
9605/98); e as outras nove sanções, inclusive a multa diária, irão utilizar o 
critério da responsabilidade sem culpa ou objetiva [...]onde não necessidade de 
serem aferidos o dolo e a negligência do infrator submetido ao processo.” Logo, 
versando sobre infração sujeita á multa, o infrator poderá invocar todas as 
causas de exclusão da responsabilidade (legítima defesa, estado de 
necessidade, caso fortuito, força maior, fato de terceiro). Para o prof. Édis 
Milaré a responsabilidade administrativa ambiental poderá ser excluída quando 
configurar: a) força maior (obra da natureza); b) caso fortuito (obra do acaso) 
ou fato de terceiro (vide art.393 do Código Civil). Porém, é importante observar 
que, havendo concausa, a responsabilidade não será afastada, pois é bastante 
comum a constatação de conduta omissiva e negligente do infrator que, ao 
juntar-se com uma hipótese de força maior, desencadeia um evento poluidor do 
ambiente, cujos resultados estejam descritos em um determinado tipo 
infracional. 
4 O PODER DE POLÍCIA AMBIENTALPoder de polícia é “a faculdade de que 
dispõe a Administração Pública para condicionar a restringir o uso e o gozo de 
bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do 
próprio Estado” (Hely Lopes Meirelles) . Não se confunde com a atuação da 
polícia judiciária e militar, posto que essas polícias atuam, respectivamente, na 
apuração de crimes e na repressão ostensiva ao crime. Porém, o conceito legal 
é dado pelo art.78 do Código Tributário Nacional, “Como atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou 
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público concernente aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização 
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos”. 
5 PODER DE POLÍCIA AMBIENTALPode-se apontar como fundamento do 
poder de polícia ambiental o disposto no art.225, I, II e VII, bem como o §3º do 
mencionado artigo, todos da Constituição Federal. A manifestação do poder de 
polícia, preventivo e sancionário(repressivo) é feito através de: licença, 
autorização, permissões e concessões, que poderão ser colocadas em prática, 
desde que, com suporte em lei, decreto, portaria ou resolução do CONAMA 
(Conselho Nacional do Meio Ambiente). 
6 PODER DE POLÍCIA AMBIENTALCelso Antonio Bandeira de Mello expõe 
que, “Deve-se entender que a atividade de Polícia Administrativa incumbe a 
quem legisla sobre a matéria, fixando, todavia, que o artigo 22 da Constituição 
Federal, não exclui competência municipal ou estadual e, portanto, não exclui o 
poder de polícia deste, quanto aos aspectos externos à essência da mesma 
matéria deferida à União”. O poder de polícia ambiental goza dos seguintes 
atributos: a) presunção de legitimidade, até prova em contrário o ato é legal; b) 
imperatividade, o ato se impõe de forma coercitiva ainda que contra a vontade 
do terceiro; c) auto-executoriedade, o ato se executa sem necessidade de 
prévia autorização judicial; d) tipicidade, a medida adotada está prevista em lei 
ou ato normativo (vide Decreto 3179/99) 
7 PODER DE POLÍCIA AMBIENTALO poder de polícia ambiental poderá ser 
exercido pelas autoridades competentes para lavrar o auto de infração 
(art.70,§1º, da Lei 9605/98). Ademais, o poder de polícia pode ser exercido 
contra pessoa física ou jurídica (de direito privado ou público). O prof. Paulo A. 
L. Machado pondera que “do ponto de vista constitucional não vejo obstáculo 
ao exercício do poder de polícia ambiental realizado pela Administração direta 
frente à Administração indireta”. No conflito quanto à legitimidade do exercício 
do poder de polícia ambiental, caberia ao Judiciário dirimir a questão. 
8 A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTEA Política Nacional do Meio 
Ambiente foi estabelecida em mediante a edição da Lei 6.938/81, criando o 
SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Seu objetivo é o 
estabelecimento de padrões que tornem possível o desenvolvimento 
sustentável, através de mecanismos e instrumentos capazes de conferir ao 
meio ambiente uma maior proteção. As diretrizes desta política são elaboradas 
através de normas e planos destinados a orientar os entes públicos da 
federação, em conformidade com os princípios elencados no Art. 2º da Lei 
6.938/81. Já os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, distintos 
dos instrumentos materiais noticiados pela Constituição, dos instrumentos 
processuais, legislativos e administrativos são apresentados pelo Art. 9º da Lei 
6.938/81. (vide estrututura do SISNAMA) 
9 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTALA humanidade necessita intervir na 
natureza para sobreviver. Por mais „ambientalista‟ que uma pessoa seja, ela 
não poderá viver sem consumir recursos ambientais (Paulo de Bessa Antunes). 
O impacto ambiental é o resultado da intervenção humana sobre o meio 
ambiente, podendo ser positivo ou negativo, conforme a qualidade da 
intervenção desenvolvida. Os EUA, desde 1969, já exigiam que na avaliação 
de impacto ambiental o projeto tivesse as seguintes características: a) federal; 
b) classificado como major; c) produza um impacto ambiental significativo. 
Seguiram essa visão a Canadá, França, Japão,Holanda e Uruguai. 
10 IMPACTO AMBIENTAL A Resolução nº1/86 do CONAMA fixou o conceito 
normativo de impacto ambiental. Todo projeto que implique repercussão sobre 
a saúde coletiva de uma determinada comunidade deve ser tido como 
impactante. A segurança deve ser a social, aquela contra os riscos decorrentes 
da inadequada localização de materiais tóxico, alteração significativa nas 
condições de fixação do solo (enchentes, desabamentos etc.). Quanto ao bem-
estar, deve ser aferido levando-se em conta as condições peculiares de cada 
comunidade. Os projetos de intervenção no meio ambiente serão socialmente 
nocivos se, em sua execução, implantação e funcionamento, implicarem 
desagregação social. Alteração das condições estéticas e sanitárias são as 
transformações que impliquem alterações de natureza paisagística ou visual ou 
mesmo olfativa que possam acarretar doenças na coletividade. 
11 EIA(ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL)/RIMA(RELATÓRIO DE 
IMPACTO AMBIENTAL)Por seu custo alto e complexidade, deve-se exigir o 
EIA com parcimônia e prudência, de preferência em projetos mais importantes 
sobre a ótica ambiental. Assim, na legislação brasileira exige-se o EIA para as 
atividades de significativa degradaçãoambiental (art.225,§1º, IV, CF/88, art.8º, 
II, Lei 6938/81; art.7º, II, Dec /90) Como documento científico complexo, o EIA 
deve ser elaborado por equipe técnica multidisciplinar. O EIA e o RIMA devem 
ter um conteúdo mínimo (art.17,§1º, Dec /90, art.6º e 9º da Res. CONAMA 
001/86). O RIMA reflete as conclusões do EIA e suas informações deverão ser 
expressas em linguagem acessível ao público, ilustradas por mapas, quadros, 
gráficos e outras técnicas de comunicação visual, comparando-se as 
vantagens e desvantagens do projeto. 
12 LICENCIAMENTO AMBIENTALLicença ambiental é ato administrativo pelo 
qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e 
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo 
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e 
operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais 
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob 
qualquer forma, possam causar degradação ambiental (art.1º, II, Res.237/97 
CONAMA) O licenciamento ambiental é o procedimento pelo qual o órgão 
ambiental licencia a localização, instalação, ampliação e a operação da 
atividade. 
13 MODALIDADES DE LICENÇA AMBIENTALSão espécies de licença 
ambiental (art.8º Res.237/97 CONAMA): I – Licença Prévia (LP) – concedida 
na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade 
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e 
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas 
próximas fases de sua implementação; II – Licença de Instalação (LI) – 
autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as 
especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, 
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual 
constituem motivo determinante; III – Licença de Operação (LO) – autoriza a 
operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo 
cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de 
controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação. As 
licenças acima estão sujeitas a um prazo de validade(art.18, Res.237/97), 
sendo que a LO poderá ser renovada, se atendidos os requisitos legais (art.18, 
§2º). Ademais, a licença poderá ser revista pelo Poder Público sempre que 
convier o interesse coletivo. 
14 AUDIÊNCIA PÚBLICA Trata-se de um instrumento democrático que visa 
assegurar a participação popular nas decisões dos órgãos ambientais. A 
audiência pública pode ser determinada de ofício ou convocada pelo Ministério 
Público ou por 50 cidadãos (Res.nº9/87 CONAMA). A audiência pública deve 
ser realizada de forma a permitir que os cidadãos possam participar 
efetivamente. A audiência pública não possui caráter decisório, sendo um ato 
oficial de natureza consultiva

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