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Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 49 1. Ora, aí está justamente e epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não é somente um meio de completar as pessoas da narração com as ideias que deixarem, mas ainda um par de lunetas para que o leitor do livro penetre o que for menos claro ou totalmente escuro. Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da minha história colaborando nela, ajudando o autor, por uma lei de solidariedade, espécie de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus trebelhos(*). Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de torre, nem a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o poder da marcha de cada peça, e afi nal umas e outras podem ganhar a partida, e assim vai o mundo. (Machado de Assis, Esaú e Jacó) (*) Trebelhos: peças do jogo de xadrez. A intervenção direta do narrador no texto cumpre a função de Resposta: B (A) distanciar o leitor da articulação da história, evitando identifi cação emocional com as personagens. (B) despertar a atenção do leitor para a estrutura da obra, convidando-o a participar da organização da narrativa. (C) levar o leitor a refl etir sobre as narrativas tradicionais, cuja sequência lógico- -temporal é complexa. (D) sintetizar a sequência dos episódios, para explicar a trama da narração. (E) confundir o leitor, provocando incompreensão da sequência narrativa. 2. Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo contato com outros homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto Língua Portuguesa B Alexandre Luís Abreu Veronez como as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador. Um dia, estando a cuidar nestas coisas, considerei que, para o fi m de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens, pois me deu a doutrina salvadora. (Machado de Assis, O segredo do bonzo) De acordo com o texto, Resposta: B (A) os homens que sabem ouvir e contemplar tornam-se sábios e virtuosos. (B) a virtude e o saber adquirem existência quando compartilhados pelos homens. (C) a virtude e o saber existem no espírito do homem que consegue perceber a dualidade da existência. (D) a virtude e o saber, por terem realidades paralelas, devem ser conquistados indivi- dualmente. (E) o homem sábio e virtuoso, para iluminar- -se, deve buscar uma vida isolada e contemplativa. 3. TEXTO I Ao longo do sereno Tejo, suave e brando, Num vale de altas árvores sombrio, Estava o triste Almeno Suspiros espalhando Ao vento, e doces lágrimas ao rio. (Luís de Camões, “Ao longo do sereno”.) TEXTO II Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas, so aqueste ramo destas auelanas e quen for louçana, como nós, louçanas, se amigo amar, NEO234_GRAP_Portugues B.indd 49NEO234_GRAP_Portugues B.indd 49 19/09/2011 13:41:1919/09/2011 13:41:19 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL50 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B so aqueste ramo destas auelanas uerrá baylar. (Aires Nunes. In Nunes, J. J., “Crestomatia arcaica”.) TEXTO III Tão cedo passa tudo quanto passa! morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais é nada. (Fernando Pessoa, “Obra poética”.) TEXTO IV Os privilégios que os Reis Não podem dar, pode Amor, Que faz qualquer amador Livre das humanas leis. mortes e guerras cruéis, Ferro, frio, fogo e neve, Tudo sofre quem o serve. (Luís de Camões, “Obra completa”.) TEXTO V As minhas grandes saudades São do que nunca enlacei. Ai, como eu tenho saudades Dos sonhos que não sonhei!...) (Mário de Sá Carneiro, “Poesias”.) A alternativa que indica texto que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca é (A) I. Resposta: B (B) II. (C) III. (D) IV. (E) V. 4. Assinale a alternativa INCORRETA com relação à Literatura Portuguesa: Resposta: C (A) O ambiente das cantigas de amor é sempre o palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama (tratada de “se- nhor”, isto é, senhora). Daí o relacionamento respeitoso, cortês, dentro dos mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a servidão amorosa. (B) o teatro vicentino é basicamente caracterizado pela sátira, criticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza, o clero e o povo. Gil Vicente não tem preocupação de fi xar tipos psicológicos, e sim a de fi xar tipos sociais. (C) o marco inicial do Romantismo em Portugal é a publicação do poema “Camões”. Todavia, a nova estética literária só viria a se fi rmar uma década depois com a Questão Coimbrã, quando se aceitou o papel revolucionário da nova poesia e a independência dos novos poetas em relação aos ve-lhos mestres. (D) Eça de Queirós, em sua obra, dedica-se a montar um vasto painel da sociedade portuguesa, retratada em seus múltiplos aspectos: a cidade provinciana; a infl uência do clero; a média e a alta burguesia de Lisboa; os intelectuais e a aristocracia. (E) A mais rica, densa e intrigante faceta da obra de Fernando Pessoa diz respeito ao fenômeno da heteronímia que deu aos poetas Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos biografi as, características, traços de personalidade e formação cultural diferentes. 5. I. Autor que levava no palco a sociedade portuguesa da primeira metade do século XVI, vivenciando, na expressão de Antônio José Saraiva, o refl exo da crise. II. Atuou na linha do teatro de costumes, associou o burlesco e o cômico em dramas e comédias ao retratar fl agrantes da vida brasileira, do campo à cidade. Os enunciados referem-se, respectivamente, aos teatrólogos: Resposta: D (A) Camilo Castelo Branco e José de Alencar. (B) Machado de Assis e Miguel Torga. (C) Gil Vicente e Nélson Rodrigues. (D) Gil Vicente e Martins Pena. (E) Camilo Castelo Branco e Nélson Rodrigues. NEO234_GRAP_Portugues B.indd 50NEO234_GRAP_Portugues B.indd 50 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 51 6. NINGUÉM: Tu estás a fi m de quê? TODO MUNDO: A fi m de coisas buscar que não consigo topar. Mas não desisto, porque o cara tem de teimar. NINGUÉM: Me diz teu nome primeiro. TODO MUNDO: Eu me chamo Todo Mundo e passo o dia e o ano inteiro correndo atrás de dinheiro, seja limpo ou seja imundo. BELZEBU: Vale a pena dar ciência e anotar isto bem, por ser fato verdadeiro: que Ninguém tem consciência, e Todo Mundo, dinheiro. No trecho, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu, com nova linguagem, parte de um texto de importante dramaturgo da língua portuguesa. Trata-se de: Resposta: A (A) Gil Vicente. (B) Dom Diniz. (C) Luís Vaz de Camões. (D) Sá de Miranda. (E) Fernão Lopes. 7. Em Farsa de Inês Pereira (1523), Gil Vicente apresenta uma donzela casadoura que se lamenta das canseiras do trabalhodoméstico e imagina casar-se com um homem discreto e el- egante. O trecho a seguir é a fala de Latão, um dos judeus que foi em busca do marido ideal para Inês, dirigindo-se a ela: “Foi a coisa de maneira, tal friúra e tal canseira, que trago as tripas maçadas; assim me fadem boas fadas que me soltou caganeira... para vossa mercê ver o que nos encomendou.” friúra: frieza, estado de quem está frio maçadas: surradas fadem: predizem (VICENTE, Gil. “Farsa de Inês Pereira”. 22. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 95.) Sobre o trecho, é correto afi rmar: Resposta: C (A) Privilegia a visão racionalista da realidade por Gil Vicente, empregada pelo autor para atender as necessidades do homem do Classicismo. (B) É escrito com perfeição formal e clareza de raciocínio, pelas quais Gil Vicente é considerado um mestre renascentista. (C) Retrata uma cena grotesca em que se notam traços da cultura popular, o que não invalida a inclusão de Gil Vicente entre os autores do Humanismo. (D) Sua linguagem é característica de um período já marcado pelo Renascimento, o que se evidencia pela referência de Gil Vicente a fi guras mitológicas clássicas, como as “boas fadas”. (E) Revela em Gil Vicente uma visão positiva do homem de fé que se liberta da doença pelo recurso à divindade. 8. “Já vai andando a récua dos homens de Ar- ganil, acompanham-nos até fora da vila as in- felizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó fi lho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os mon- tes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade (...)”. (J. SARAMAGO, ‘Memorial do convento’) Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita textualmente palavras de um NEO234_GRAP_Portugues B.indd 51NEO234_GRAP_Portugues B.indd 51 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL52 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B episódio de Os Lusíadas, visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio camoniano citado e o aspecto criticado são, respectivamente, Resposta: D (A) O Velho do Restelo; a posição subalterna da mulher na sociedade tradicional portuguesa. (B) Aljubarrota; a sangria populacional provocada pelos empreendimentos coloniais portugueses. (C) Aljubarrota; o abandono dos idosos decorrente dos empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários. (D) O Velho do Restelo; o sofrimento popular decorrente dos empreendimentos dos nobres. (E) Inês de Castro; o sofrimento feminino causado pelas perseguições da Inquisição. 9. I. ‘’Entre brumas, ao longe, surge a aurora. O hialino orvalho aos poucos se evapora, Agoniza o arrebol. A catedral ebúrnea do meu sonho Aparece, na paz do céu risonho, Toda branca de sol” II. “Quando em meu peito rebentar-se a fi bra, Que o espírito enlaça a dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente.” III. “Por um lado te vejo como um seio murcho pelo outro como um ventre de cujo umbigo pende ainda o cordão placentário. És vermelha como o amor divino Dentro de ti em pequenas pevides Palpita a vida prodigiosa Infi nitamente.” IV. “Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada.” Na ordem em que estão transcritos, os fragmentos se enquadram respectivamente nos seguintes movimentos literários: Resposta: A (A) I. Simbolismo, II. Romantismo, III. Mo- dernismo, IV. Classicismo; (B) I. Modernismo, II. Simbolismo, III Classicismo, IV. Romantismo; (C) I. Romantismo, II. Modernismo, III. Simbolismo, IV. Classicismo; (D) I. Classicismo, II. Romantismo, III. Mo- dernismo, IV. Simbolismo; (E) I. Simbolismo, II. Classicismo, III. Romantismo, IV. Modernismo. 10. “Busque Amor novas artes, novo engenho para matar-me, e novas esquivanças; que não pode tirar-me as esperanças que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! vede que perigosas seguranças: que não temo contrastes nem mudanças andando em bravo mar perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê; que dias há que na alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde vem não sei como e dói não sei porquê.” Relido o poema de dois quartetos e dois tercetos com versos decassílabos heroicos e esquema rimático abba - abba - cde - cde, e consi-derada a elaboração estética da linguagem com que é tratado o tema, assinalar a alternativa que nomeia que tipo de poema é, o seu autor e o movimento literário em que este se enquadra: Resposta: B NEO234_GRAP_Portugues B.indd 52NEO234_GRAP_Portugues B.indd 52 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 53 (A) redondilha Gil Vicente - Humanismo (B) soneto - Camões - Classicismo (C) soneto - Gregório de Matos - Barroco (D) lira - Cláudio Manuel da Costa - Arcadismo (E) lira - Camões – Maneirismo 11. “Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer.” De poeta muito conhecido, esta é a primeira estrofe de um poema que parece comprazer- -se com o paradoxo, enfeixando sensações contraditórias do sentimento humano, se examinadas sob o prisma da razão. Resposta: D Indique, na relação a seguir, o nome do autor. (A)) Bocage. (B) Camilo Pessanha. (C) Gil Vicente. (D) Luís de Camões. (E) Manuel Bandeira. 12. Leia as estrofes seguintes e assinale a alternativa INCORRETA: “Mas um velho, de aspeito venerando, Que fi cava nas praias, entre a gente, Postos em nós os olhos, meneando Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando, Que nós no mar ouvimos claramente, Com saber só de experiências feito, Tais palavras tirou do esperto peito: “Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade, a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça Com a aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles exprimentas!” (Camões) “Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos fi lhos em vão rezaram! Quantas noivas fi caram por casar Para que fosses nosso, ó mar!” (Fernando Pessoa) Resposta: E (A) Através do tema tratado nas estrofes citadas, podemos dizer que as mesmas pertencem a dois grandes poemas épicos da Literatura Portuguesa: OS LUSÍADAS e MENSAGEM. (B) Nessas estrofes, os dois poemas relacionam-se ao mencionarem aspectos negativos das expedições portuguesas. (C) No poema de Camões todas as estrofes apresentam oito versos em decassílabos heroicos; no poema de Pessoa não há a mesma regularidade. (D) Uma das estrofes d’OS LUSÍADAS revela a fala do Velho do Restelo criticando os sentimentos de glória e cobiça na empresa portuguesa. (E) Os dois poemas não podem ser relacionados porque, além de um ser épico e o outro lírico, um pertence ao Renascimento e o outro ao Modernismo. 13. Assinale a alternativa INCORRETA. Resposta: E (A) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e textos para teatro com clara intenção catequista. (B) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamentoda terra, daí ser predominantemente descritiva. (C) A literatura seiscentista refl ete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e o espírito, o pecado e o perdão. (D) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos, interrogações. (E) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de ideias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista. NEO234_GRAP_Portugues B.indd 53NEO234_GRAP_Portugues B.indd 53 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL54 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 14. A chamada atividade literária das primeiras décadas de nossa formação histórica caracterizou-se por seu cunho pragmático estrito, seja a circunscrita ao parâmetro jesuítico, seja a decorrente de viagens de reconhecimento e informação da terra. São representantes dos dois tipos de atividade literária referidos no excerto acima Resposta: C (A) Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa. (B) Antônio Vieira e Tomás Antônio Gonzaga. (C) José de Anchieta e Gabriel Soares de Sou- sa. (D) Bento Teixeira e Gonçalves de Magalhães. (E) Basílio da Gama e Gonçalves Dias. 15. O tom pessimista apresentado por Camões no epílogo de “Os Lusíadas” aparece em outro momento do poema. Isso acontece no episó- dio: Resposta: B (A) do Gigante Adamastor. (B) do Velho do Restelo. (C) de Inês de Castro. (D) dos Doze de Inglaterra. (E) do Concílio dos Deuses. 16. I. “Porque não merecia o que lograva, Deixei, como ignorante, o bem que tinha, Vim sem considerar aonde vinha, Deixei sem atender o que deixava.” II.”Se a fl auta mal cadente Entoa agora o verso harmonioso, Sabei, me comunica este saudoso Infl uxo a dor veemente; Não o gênio suave, Que ouviste já no acento agudo e grave.” III.”Da delirante embriaguez de bardo Sonhos em que afoguei o ardor da vida, Ardente orvalho de febris pranteios, Que lucro à alma descrida?” Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem, de um amor almejado e passado ou perdido. Avaliando atentamente os recursos poéticos utilizados em cada uma delas pode- mos dizer que os movimentos literários a que pertencem I, II e III são respectivamente: (A) barroco - arcadismo - romantismo. (B) barroco - romantismo - parnasianismo. (C) romantismo - parnasianismo - simbolismo. (D) romantismo - simbolismo - modernismo. (E) parnasianismo - simbolismo - modernismo. 17. O século XVI deve ser reconhecido, na história da literatura brasileira, como um período de (A) manifestações literárias voltadas basicamente para a informação sobre a colônia e para a catequese dos nativos. (B) amadurecimento dos sentimentos nacionalistas que logo viriam a se expressar no Romantismo. (C) exaltação da cultura indígena, tema central dos poemas épicos de Basílio da Gama e Santa Rita Durão. (D) esgotamento do estilo e dos temas barrocos, superados pelos ideais estéticos do Arcadismo. (E) valorização dos textos cômicos e satíricos, em que foi mestre Gregório de Matos. 18. Identifi que a afi rmação que se refere a GREGÓRIO DE MATOS. Resposta: D (A) No seu esforço de criação da comédia brasileira, realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo e mesmo no restante do século XIX. (B) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios verbais do quinhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-românticas. (C) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente manifestou as ideias da ilustração francesa. (D) Teve grande capacidade em fi xar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos do poder local, valendo- -se para isso do engenho artifi cioso que caracterizava o estilo da época. (E) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se restringia ao lirismo amoroso. Resposta: A Resposta: A NEO234_GRAP_Portugues B.indd 54NEO234_GRAP_Portugues B.indd 54 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 55 19. Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial. Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos fi dalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os “falsos fi dalgos”. O fato é que seus poemas satíricos constituem um vasto painel ...................., que ................. compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados pela expressividade. Resposta: C (A) do Brasil do século XIX - Gregório de Matos (B) da sociedade mineira do século XVIII - Cláudio Manuel da Costa (C) da Bahia do século XVII - Gregório de Matos (D) do ciclo da cana-de-açúcar - Antônio Vieira (E) da exploração do ouro em Minas - Cláudio Manuel da Costa. 20. AOS AFETOS E LÁGRIMAS DERRAMADAS NA AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA BEM SONETO Ardor em fi rme coração nascido; Pranto por belos olhos derramado; ncêndio em mares de águas disfarçado; Rio de neve em fogo convertido: Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal em chamas derretido. Se és fogo como passas brandamente, Se és neve, como queimas com porfi a? Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Pois para temperar a tirania, Como quis que aqui fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria. Considere atentamente as seguintes afi rmações sobre o poema de Gregório de Matos: I - O par fogo e água passa por variações contrastantes até evoluir para o oxímoro. II - O poema evidencia a “fórmula da ordem barroca” ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se em oposição, oposição em simetria e simetria em identidade. III - O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o confl ito vivido pelo homem do século XVII. De acordo com o poema, pode-se concluir que: (A) são corretas todas as afi rmações. (B) são corretas apenas as afi rmações I e II. (C) são corretas apenas as afi rmações I e III. (D) é correta apenas a afi rmação II. (E) é correta apenas a afi rmação III. 21. O soneto a seguir é representativo da estética: “Não vira em minha vida a formosura, Ouvia falar nela cada dia, E ouvida me incitava, e me movia A querer ver tão bela arquitetura: Ontem a vi por minha desventura Na cara, no bom ar, na galhardia De uma mulher, que em anjo se mentia; De um sol, que se trajava em criatura: Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me, Se esta cousa não é, que encarecer-me Sabia o mundo, e tanto exagerar-me! Olhos meus, disse então por defender-me, Se a beleza heis de ver para matar-me, Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.” Resposta: A (A) barroca. (B) imbolista. (C) romântica. (D) parnasiana. (E) árcade. Resposta: A NEO234_GRAP_Portugues B.indd 55NEO234_GRAP_Portugues B.indd 55 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL56 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 22. Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, especialmente nas que eram ditas com fé. No entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula, nas reuniões, nas catequeses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores, duques, marqueses, ouvidores, governadores, ministros, presidentes, rainhas, príncipes, indígenas, desses milhões de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas — ou nenhuma delas — havia surtido efeito. O mundo continuavaexatamente o de sempre. O homem, igual a si mesmo. Ana Miranda, BOCA DO INFERNO ...milhões de palavras ditas com esforço de pensamento. Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra de Vieira; trata-se do: Resposta: E (A) gongorismo, caracterizado pelo jogo de ideias. (B) cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras. (C)) cultismo, caracterizado pelo confl ito entre fé e razão. (D) conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de aliterações. (E) conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação. 23. “Voltaram à baila os deuses esquecidos, as ninfas esquivas, as náiades, as oréadas e os pastores enamorados, as pastoras insensíveis e os rebanhos numerosos das bucólicas de Teócrito e Virgílio.” (Ronald de Carvalho, PEQUENA HISTÓRIA DE LITERATURA BRASILEIRA) O trecho acima refere-se ao seguinte movimento literário: Resposta: C (A) Romantismo. (B) Barroco. (C) Arcadismo. (D) Parnasianismo. (E) Naturalismo. 24. Em Literatura, um grupo de escritores, no século XVIII, defendeu o bucolismo, a necessidade de revalorização da vida simples, em contato com a natureza. Estamos fazendo referência aos escritores do: Resposta: B (A) ROMANTISMO, para quem encontrar- se com a natureza signifi cava alargar a sensibilidade. (B) ARCADISMO, propondo um retorno à ordem natural, como na literatura clássica, na medida em que a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade. (C) REALISMO, fugindo às exibições subjetivas e mantendo a neutralidade diante daquilo que era narrado; as referências à natureza eram feitas em terceira pessoa. (D) BARROCO, movimento que valorizava a tensão de elementos contrários, celebrando Deus ou as delícias da vida nas formas da natureza. (E) SIMBOLISMO quando estes escritores se mostravam mais emotivos, transformando as palavras em símbolos dos segredos da alma. A natureza era puro mistério. 25. Os poemas de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga foram escritos (A) em reação ao sentimentalismo romântico, contrapondo-lhe sua linguagem clara e equilibrada. (B) ainda dentro do espírito barroco, conforme o atestam sua religiosidade confl ituosa e seu estilo artifi cial. (C) à época da Inconfi dência Mineira, relacionando-se intimamente com os ideais desse movimento. (D) em meados do século XIX, dedicando-se à propagação dos ideais da Contrarreforma. (E) em apoio à consolidação de nossa recente Independência, contra a qual ainda se insurgiam grupos descontentes. 26. Leia atentamente o texto a seguir e assinale a alternativa INCORRETA. Não permitiu o Céu que alguns infl uxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem por muito tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao Resposta: C NEO234_GRAP_Portugues B.indd 56NEO234_GRAP_Portugues B.indd 56 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 57 ócio, e sepultar-me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fi ngidas Ninfas destes rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as ideias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores.” Resposta: E (COSTA, Cláudio M. da. Fragmento do “Prólogo ao Leitor”. In: CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. PRESENÇA DA LITERATURA BRASILEIRA, vol. I, S. Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1971, p. 138) (A) o poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu refl exo na produção literária. (B) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual europeia, mas que deseja exprimir a realidade tosca de seu país. (C) Depreende-se do texto uma forma de confl ito entre o Academicismo Árcade europeu e a realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta. (D) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto sobre a validade de adotar esse modelo literário no Brasil. (E) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias da Arcádia de onde retirava suas inspirações poéticas. 27. “Nova Canção do Exílio” Um sabiá na palmeira, longe. Estas aves cantam um outro canto. O céu cintila sobre fl ores úmidas. Vozes na mata, e o maior amor. Só, na noite, seria feliz: um sabiá, na palmeira, longe. Onde é tudo belo e fantástico, só, na noite, seria feliz. (Um sabiá, na palmeira, longe.) Ainda um grito de vida e voltar para onde é tudo belo e fantástico: a palmeira, o sabiá, o longe. O poema anterior integra a obra “Rosa do Povo”, de Carlos Drummond de Andrade. Deste poema, como um todo, é incorreto afi rmar que (A) é uma variação do tema da terra natal, espécie de atualização moderna de uma idealização romântica da pátria. (B) estabelece uma relação intertextual com a “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, e se mostra como uma espécie de paráfrase. (C) evidencia que o poeta se apropriou indevidamente do poema de Gonçalves Dias e manteve os esquemas de métrica e de rima do texto original. (D) traduz na palavra “longe”, o signifi cado do “lá”, lugar do ideal distante, caracterizador de visão de uma pátria idealizada. (E) utiliza a imagem do sabiá e da palmeira para sugerir um espaço “onde tudo é belo e fantástico” e, afastado do qual, o poeta se sente em exílio. 28. A memória mítica da infância e a fi gura idea- lizada da mulher são temas frequentes apresentados na poética romântica, Resposta: B (A) através de uma postura do eu poético emocionalmente desligado e distante. (B) dentro de uma perspectiva da valorização do poético como algo inatingível. (C) por meio de um tom ressentido, com tendência à depreciação do feminino. (D) a partir da grandiloquência dos temas universais inspirados na era clássica. (E) n.d.a. Resposta: C NEO234_GRAP_Portugues B.indd 57NEO234_GRAP_Portugues B.indd 57 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL58 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 29. (...) era o Leonardo Pataca. Chamavam assim a uma rotunda e gordíssima personagem de cabelos brancos e carão avermelhado, que era o decano da corporação, o mais antigo dos meirinhos(*) que viviam nesse tempo. (...) Fora Leonardo algibebe(**) em Lisboa, sua pátria; aborreceu-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. ( *) meirinho = funcionário da justiça. (**) algibebe = vendedor de roupas baratas; mascate. (Manuel Antonio de Almeida. “Memórias de um sargento de milícias”. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científi cos, 1978, p. 6) Considere as seguintes afi rmações: I. A personagem referida nesse trecho é o protagonista do romance. II. O trecho faz referência ao sistema de favor, ao compadrismo, que integrava as relações sociais da época. III. A caracterização física de Leonardo Pataca obedece ao modelo do herói romântico. Em relação ao texto, está correto o que se afi rma SOMENTE em Resposta: B (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. 30. O Amor preside a vários poemas de “Espumas flutuantes”. Considere estes dois fragmentos, em dois distintos momentos da poesia de Castro Alves: I. E da alcova saía um cavalheiro Inda beijando uma mulher sem véus... Era eu... Era a pálida Teresa! II. Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos Ao doudo afago de meus lábios mornos. Tais versos ilustram a seguinte característica da poesia de Castro Alves: Resposta: C (A) a extremada idealização amorosa faz da amada um ser etéreo e inatingível. (B) o intimismo e a timidez levam o poeta a sugerir seu medo de amar. (C) a virilidade e o erotismo convivem com a idealização amorosa. (D) a dimensão erótica é sobrepujada pela ternura e pela inclinação platônica. (E) o desejo amoroso, quando materializado, traz a culpa e o remorso. 31. Cena 9 CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem campos de futebol onde cadáveres amanhecem emborcados pra atrapalhar os jogos. Tem uma pedrinha cor de bile que faz “tuim” na cabeça da gente. Tem também muros de bloco (sem pintura, claro, que tinta é a maior frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco. Minha terra tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 é uma piada). As sirenes que aqui apitam, apitam de repente e sem hora marcada. Elas não são mais das fábricas, que fecharam. São mesmo é camburões, que vêm fazer aleijados, trazer tranquilidade e afl ição. BONASSI, Fernando. “15 cenas de descobrimento de Brasis”. In: MORICONI, Ítalo (org). Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio Janeiro: Objetiva, 2000, p. Sobre o uso do nível de linguagem empregado no texto, é correto afi rmar que é Resposta: B (A) inaceitável, por se tratar de um texto literário, cujo nível de linguagem exigido é o culto. (B) adequado às intenções de crítica e denúncia do mundo contemporâneo. (C) inadequado para abordar o tema romântico do exílio de uma perspectiva crítica e contemporânea. (D) aceitável por se tratar de texto literário, mas inadequado à intenção jornalística do autor. (E) inadequado porque os escritores brasileiros contemporâneos não falam nem escrevem dessa maneira. NEO234_GRAP_Portugues B.indd 58NEO234_GRAP_Portugues B.indd 58 19/09/2011 13:41:2019/09/2011 13:41:20 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 59 32. A renovação da lírica romântica, em Espumas fl utuantes, de Castro Alves, está relacionada à (A) glorifi cação da fi delidade amorosa. (B) erotização da paisagem natural. (C) negação de referências clássicas. (D) satirização do espírito heroico. (E) rejeição do cenário nativista. 33. Leia os versos de Olavo Bilac e responda Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. Os versos denunciam Resposta: C (A) vocabulário simples e pouca preocupação com as qualidades técnicas do poema, já que as sugestões sonoras não estão neles presentes. (B) emoção expressa racionalmente, embora seja bastante evidente o caráter subjetivo na construção das imagens. (C) a busca da perfeição na expressão, visando ao universalismo, como exemplifi cam os termos Beleza e Verdade, grafados com maiúsculas. (D) o afastamento da realidade social, decorrente de uma visão idealizada do mundo, descrito por metáforas pouco objetivas. (E) a forma de expressão pouco idealizada, resultante de uma concepção de mundo marcada pela complexidade que, nos versos, se manifesta em vocabulário seleto. 34. INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o fragmento de Machado de Assis, de 1866, e o poema de Mario Quintana, de 1940, e analise as afi rmativas. TEXTO A A explicação da minha recusa e do desamor com que eu via a minha prima estava no meu gênio solitário e contemplativo. Até aos quinze anos fui tido por idiota; dos quinze aos vinte chamavam-me poeta; e, se as palavras eram diferentes, o sentido que a minha família lhes dava era o mesmo. Era pouco de ser estimado um moço que não comungava nos mesmos passatempos da casa e via correr as horas na leitura e nas digressões pelo mato. TEXTO B Eu nada entendo da questão social. Eu faço parte dela, simplesmente... E sei apenas do meu próprio mal, Que não é bem o mal de toda a gente, Nem é deste Planeta... Por sinal Que o mundo se lhe mostra indiferente! E o meu Anjo da Guarda, ele somente, É quem lê os meus versos afi nal... E enquanto o mundo em torno se esbarronda. Vivo regendo estranhas contradanças No meu vago País de Trebizonda... Entre os Loucos, os Mortos e as Crianças. É lá que eu canto, numa eterna ronda, Nossos comuns desejos e esperanças!... I. O uso da primeira pessoa está de acordo com a temática dos textos, relacionada à afi rmação da individualidade. II. Os dois autores expressam uma atitude crítica frente aos interesses sociais que anulam os valores humanos. III. Em contextos sociais muito distantes no tempo, os autores expressam, em gêneros diferentes, seu posicionamento. Pela análise das afi rmativas, conclui-se que está/estão correta(s): Resposta: E (A) apenas I. (B) apenas II. (C) apenas III. (D) apenas I e II. (E) I, II e III. Resposta: B NEO234_GRAP_Portugues B.indd 59NEO234_GRAP_Portugues B.indd 59 19/09/2011 13:41:2119/09/2011 13:41:21 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL60 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 35. O DESPERTAR DO CORTIÇO “ Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente, uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fi o de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas das mãos. As portas das latrinas não descansavam...” (AZEVEDO, Aluísio de. “O Cortiço”, São Paulo: Martins, 1968, p. 43.) São características desse texto, consideradas típicas do naturalismo, entre outras, Resposta: C (A) o idealismo, o comportamento determinista. (B) a ênfase no aspecto material da vida, o comportamento sofi sticado. (C) as comparações dos seres humanos com animais, a promiscuidade. (D) a representação objetiva da vida, o endeusamento do ser humano. (E) a fuga à realidade, o positivismo exacerbado. 36. Publicados quase simultaneamente, Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Mulato, ambos os romances praticamente inauguram dois movimentos literários no Brasil. Num deles predomina a profundidade da análise psicológica e, no outro, a preocupação com as leis da hereditariedade e a infl uência do ambiente sobre o homem. Esses movimentos foram: Resposta: E (A) O Modernismo e o Pós-modernismo. (B) O Futurismo e o Surrealismo. (C) O Barroco e o Trovadorismo. (D) O Romantismo e o Ultra-romantismo. (E) O Realismo e o Naturalismo 37. Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo: Resposta: B (A) A inspiração é mais importante que a técnica. (B) Culto da forma: rigor quanto às regras de versifi cação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras. (C) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia. (D) Sua poesia é marcada pelo sentimenta- lismo. (E) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco. 38. A razão mais profunda do Naturalismo foi a experiênciapolítica da geração de 1848: o fracasso da revolução, a repressão, a ascensão de Luís Napoleão — uma torva experiência que obrigou os escritores a uma concentração nos fatos, a um enfrentamento com a realidade, à mais rigorosa objetividade, no plano artístico, e, no plano ético, à solidariedade social e ao ativismo político. (Franklin de Oliveira. “Literatura e Civilização. Rio de Janeiro: Difel/INL, 1978, p. 74) É exemplo do plano artístico caracterizado no contexto desse trecho o que se lê em: (A) Eles olhavam um para o outro como os passarinhos ouvidos de repente a cantar, as árvores pé-ante-pé, as nuvens desconcertadas: como do assoprado das cinzas a espendição das brasas. (B) Nunca se deve fazer pouco dos conhecimentos de uma autoridade, por mais boçal que ela se apresente. Ainda mais se for do interior. Aí podemos entrar por um cano que não acaba mais. (C) Mas, nesse instante, o senhor Justino, o administrador, sem poder mais suportar as cãibras que lhe dava a posição forçada por ele mantida, conseguiu levantar-se, para chegar até junto da parede, onde tentou apoiar-se. (D) O mesmo vulto etéreo que se erguera diante de mim na noite precedente sobre os degraus do Palácio ali permanecia à minha frente, com sua caprichosa sombra de melancolia. (E) Ao restituir poder denotativo ou intensifi cador a provérbios esvaziados de sentido, esse escritor, profundo conhecedor de várias línguas, parece ter- se deixado infl uenciar por idiomas como o alemão ou o russo, em que os sufi xos de derivação conservam vigorosa atuação. Resposta: C NEO234_GRAP_Portugues B.indd 60NEO234_GRAP_Portugues B.indd 60 19/09/2011 13:41:2119/09/2011 13:41:21 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 61 39. O Realismo e o Naturalismo são movimentos surgidos na segunda metade do século XIX, marcado por transformações econômicas, científi cas e ideológicas. Sobre esses dois movimentos, assinale a alternativa incorreta. Resposta: B (A) Para o escritor realista, a neutralidade diante do tema é imprescindível. Para isso, usa a narrativa em terceira pessoa. O naturalista observa também esse princípio, acrescentando uma aproximação das ciências experimentais e da fi losofi a positivista. (B) O realismo brasileiro teve poucos seguidores e uma de suas fi guras marcantes foi Machado de Assis. Euclides da Cunha, com “Os Sertões”, foi outra fi gura de destaque no movimento. (C) O Naturalismo é considerado um prolongamento do Realismo, pois assume todos os princípios e as características deste, acrescentando-lhe, no entanto, uma visão cientifi cista da existência. No Brasil, o Naturalismo foi iniciado por Aluísio de Azevedo, que publicou “O Mulato”, “Casa de Pensão” e “O Cortiço”. (D) Ambos, Machado de Assis e Aluísio de Azevedo, iniciaram-se na estética romântica. Posteriormente, o primeiro seguiu a estética realista, e o segundo, a estética naturalista. (E) A fase realista de Machado de Assis pode ser observada nos seus contos e roman- ces. Entre eles, se destacam “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba” e “Dom Casmurro”, obras em que abordou temas como o adultério, o parasitismo social, a loucura e a hipocrisia. 40. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do Simbolismo: Resposta: D (A) Utiliza o valor sugestivo da música e da cor. (B) Dá ênfase à imaginação e à fantasia. (C) Procura a representação da realidade do subconsciente. (D) É uma atitude objetiva, em oposição ao subjetivismo dos parnasianos. (E) No Brasil, produziu, entre outras, a poesia de Cruz e Sousa e, em Portugal, a de Antônio Nobre. 41. “Leve é o pássaro; e a sua sombra voante, mais leve . E o desejo rápido desse antigo instante, mais leve. E a fi gura invisível do amargo passante, mais leve.” (Cecília Meireles) “Mais claro e fi no do que as fi nas pratas O som da sua voz deliciava... Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava.” (Cruz e Souza) Qual a semelhança ou o ponto de convergência entre a poesia neo-simbolista de Cecília Meireles e a de Cruz e Souza? Resposta: B (A) A objetividade e o materialismo marcantes no estilo parnasiano. (B) A realidade focalizada de maneira vaga, em versos que exploram a sonoridade das palavras. (C) A preocupação formal e a presença de rimas ricas. (D) O erotismo e o bucolismo como tema recorrente. (E) A impassibilidade dos elementos da natureza e a presença da própria poesia como musa. 42. Considere as alternativas abaixo, relativas ao Simbolismo: I - No plano temático, o Simbolismo foi marcado pelo mistério e pela inquietação mística com problemas transcendentais do homem. No plano formal, caracterizou- -se pela musicalidade e certa quebra no ritmo do verso, precursora do verso livre do modernismo. II - O Simbolismo, surgido contempora- neamente ao materialismo cientifi cista, NEO234_GRAP_Portugues B.indd 61NEO234_GRAP_Portugues B.indd 61 19/09/2011 13:41:2119/09/2011 13:41:21 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL62 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B enquanto atitude de espírito, passou ao largo dos maiores problemas da vida nacional. Já a literatura realista-naturalista acompa-nhou fi elmente os modos de pensar das gerações que fi zeram e viveram a Primeira República. III - O Simbolismo, com Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, nossos maiores poetas do período, legou-nos uma produção poética que se caracterizou pela busca da “arte em arte”, isto é, uma preocupação com o verso artesanal, friamente moldado. Devido a essa tendência à objetividade na composição, o movimento também se denominou “decadentista”. Assinale a alternativa CORRETA: Resposta: D (A) I é falsa; II e III verdadeiras. (B) I, II e III são verdadeiras. (C) I é verdadeira; II e III, falsas. (D) I e II são verdadeiras: III é falsa. (E) I e III são falsas; II, verdadeira. 43. Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de con- tribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que pa- rece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experi- mentara. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fi zera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou- -se das suas causas de tupi, do folklore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Ne- nhuma! Lima Barreto O autor do trecho acima é Lima Barreto. Suas obras integram o período literário chamado Pré- -Modernismo. Tal designação para este período se justifi ca, porque ele: Resposta: C (A) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às vanguardas europeias. (B) engloba toda a produção literária que se fez antes do modernismo. (C) antecipa temática e formalmente as manifestações Modernistas. (D) se preocupa com o estudo das raças e das culturas formadoras do nordestino brasileiro. (E) prepara pela irreverência de sua linguagem as conquistas estilísticas do Modernismo. 44. “Só ele não fala, não canta, não ri,não ama. Só ele, no meio de tanta vida, não vive. “ Os comentários acima são endereçados, por Monteiro Lobato, Resposta: D (A) ao nordestino. (B) ao menor. (C) ao sertão. (D) ao caboclo. (E) ao paulistano. 45. Nas duas primeiras décadas de nosso século, as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barre- to, tão diferentes entre si, têm como elemento comum Resposta: C (A) a intenção de retratar o Brasil de modo otimista e idealizante. (B) a adoção da linguagem coloquial das camadas populares do sertão. (C) a expressão de aspectos até então negligenciados da realidade brasileira. (D) a prática de um experimentalismo linguís- tico radical. (E) o estilo conservador do antigo regionalismo romântico. 46. O ÚLTIMO POEMA Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais [ simples [ e menos intencionais NEO234_GRAP_Portugues B.indd 62NEO234_GRAP_Portugues B.indd 62 19/09/2011 13:41:2119/09/2011 13:41:21 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 63 Que fosse ardente como um soluço sem lágri [ mas Que tivesse a beleza das fl ores quase sem [ perfume A pureza da chama em que se consomem os [ diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem [ explicação. (MANUEL BANDEIRA, ‘Libertinagem’) Neste texto, ao indicar as qualidades que deseja para o “último poema”, o poeta retoma dois temas centrais de sua poesia. Um deles é a valorização da simplicidade; o outro é: (A) a verifi cação da inutilidade da poesia diante da morte. (B) a coincidência da morte com o máximo de intensidade vital. (C) a capacidade, própria da poesia, de eliminar a dor. (D) a autodestruição da poesia em um meio hostil à arte. (E) a aspiração a uma poesia pura e lapidar, afastada da vida. 47. Assinale a proposição incorreta. Resposta: B (A) Monteiro Lobato faz retratos pitorescos, fortes e irônicos do homem do campo. (B) Mário de Andrade não foi além dos limites paulistanos. (C) Oswald de Andrade, poeta e prosador, quis destruir para construir. (D) Vinícius de Moraes escreveu desde o so- neto camoneano até letras de canções de sabor popular. (E) Clarice Lispector vai além do regionalismo, além do realismo do mundo físico. 48. Assinale a alternativa que preenche correta- mente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que aparecem. Ao concretizar o projeto de um poeta múlti- plo, Fernando Pessoa cria ............ com diferentes.........., entre os quais Ricardo Reis e Álvaro de Campos, com obras de tendência, respectivamente,........... e ......... . Resposta: B (A) pseudônimos - imagens - clássica - simbolista (B) heterônimos - linguagens - neoclássica - modernista (C) pseudônimos - estilos - simbolista - mo- dernista (D) heterônimos - temáticas - romântica - futurista (E) heterônimos - visões de mundo - surrealista - vanguardista 49. Leia o poema “História Pátria”, de Oswald de Andrade. “Lá vai uma barquinha carregada de Aventureiros Lá vai uma barquinha carregada de Bacharéis Lá vai uma barquinha carregada de Cruzes de Cristo Lá vai uma barquinha carregada de Donatários Lá vai uma barquinha carregada de Espanhóis 1Paga prenda 2Prenda os espanhóis! Lá vai uma barquinha carregada de Flibusteiros Lá vai uma barquinha carregada de Governadores Lá vai uma barquinha carregada de Holandeses Lá vem uma barquinha cheiinha de índios Outra de degradados Outra de pau de tinta Até que o mar inteiro Se coalhou de transatlânticos E as barquinhas fi caram Jogando prenda coa raça misturada No litoral azul de meu Brasil” Resposta: B NEO234_GRAP_Portugues B.indd 63NEO234_GRAP_Portugues B.indd 63 19/09/2011 13:41:2219/09/2011 13:41:22 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL64 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B Assinale a afi rmação correta em relação a esse poema. Resposta: D (A) A repetição da expressão “Lá vai uma barquinha” segue as regras formais da vanguarda modernista. (B) Os versos de referências 1 e 2 reproduzem a voz imperativa dos holandeses, identifi cada com os “degradados”. (C) O emprego dos verbos “ir” e “vir” confere ao poema uma caracterização épica, própria da literatura dos Descobrimentos. (D) O poema encena ironicamente a história brasileira, através das viagens ultramarinas e sua evolução. (E) Termos como “Aventureiros”, “Bacharéis”, “Cruzes de Cristo”, “Donatários” e “Espanhóis” representam fi guras históricas do período pós-abolicionista no Brasil. 50. As dimensões continentais do Brasil são objeto de refl exões expressas em diferentes lingua- gens. Esse tema aparece no seguinte poema: “(...) Que importa que uns falem mole descansado Que os cariocas arranhem os erres na garganta Que os capixabas e paroaras escancarem as [vogais?] Que tem se o quinhentos réis meridional Vira cinco tostões do Rio pro Norte? Junto formamos este assombro de misérias e [grandezas], Brasil, nome de vegetal! (...)” (Mário de Andrade. “Poesias completas”. 6a ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.) O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito Resposta: B (A) étnico e religioso. (B) linguístico e econômico. (C) racial e folclórico. (D) histórico e geográfi co. (E) literário e popular. 51. A questão a seguir refere-se ao fragmento do poema de Cecília Meireles. “Meus pés vão pisando a terra que é a imagem da minha vida: tão vazia, mas tão bela tão certa, mas tão perdida.” Esses versos se reportam a (ao) Resposta: A (A) ludismo barroco. (B) perfeição parnasiana. (C) escapismo romântico. (D) racionalismo neoclássico. (E) n.d.a. 52. CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão fl ores amarelas e medrosas. (Carlos Drummond de Andrade, “Sentimento do mundo”). Assinale a afi rmativa que NÃO se refere ao poema anterior. Resposta: D (A) “Seu lirismo, sem prejuízo da mais alta qualidade, nunca foi puro, mas mesclado de drama e pensamento”. (Davi Arrigucci). (B) “Na sua poesia, o “prosaico” não é negação, é antes condição do poético - (...) é um modo, em outras palavras, de intensifi car-se o poético pela própria força do contraste.” (Sérgio Buarque de Holanda). (C) “(...) com esse volume inicia-se a descoberta e conquista do tempo. O gauche que vivia a espiar de um canto sombrio e torto começa a se mover e explorar o espaço e o tempo ao seu redor”. (Affonso Romano de Sant’Anna). (D) “A poesia de Carlos Drummond de Andrade, poesia de precisão máxima, está sem música”. (Otto Maria Carpeaux). NEO234_GRAP_Portugues B.indd 64NEO234_GRAP_Portugues B.indd 64 19/09/2011 13:41:2219/09/2011 13:41:22 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B 65 53. No romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ra- mos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena: 1Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, 2e Fabiano perdeu os estribos. 3Passar a vida inteira assim no toco, 4entregando o que era dele de mão beijada!Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. 5Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Graciliano Ramos. “Vidas Secas”. 91.a ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho: Resposta: A (A) “Não se conformou: devia haver engano” (ref. 1). (B) “e Fabiano perdeu os estribos” (ref. 2). (C) “Passar a vida inteira assim no toco” (ref. 3). (D) “entregando o que era dele de mão beijada!” (ref. 4). (E) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou” (ref. 5). 54. Romancista da Geração de 30, refl ete o seu momento histórico e produz signifi cativa obra de caráter memorialista em que retrata a Zona da Mata nordestina na época da decadência dos engenhos, que iam sendo superados por outra tecnologia. Assinale a alternativa que con- tém o nome desse autor e uma de suas obras. Resposta: B (A) Monteiro Lobato - Cidades Mortas. (B) José Lins do Rego – Fogo Morto. (C) Jorge Amado - Seara Vermelha. (D) Érico Veríssimo - Caminhos Cruzados. (E) Guimarães Rosa - Tutameia. 55. No Modernismo Brasileiro, destaca-se como se- gunda fase, o Romance Regional de 30, tema so- bre o qual é correto afi rmar o que segue. (A) O ciclo do Romance Regional de 30 começa com “O Quinze” de Rachel de Queirós e termina com “Grande Sertão:Veredas” de Guimarães Rosa. (B) A estética da Escola Realista marca o Romance de 30 com o rigor formal. Os autores não adotaram desvios da norma culta nas transcrições de diálogos, sendo considerados neo-realistas. (C) Entre os autores representativos desse período, estão José Lins do Rego, cujo li- vro de estreia foi “Cacau”, e Jorge Amado, que estreou com “Bangüê”. (D) Guimarães Rosa, mineiro, trouxe para o Romance Regional de 30, a presença de uma consciência mística e mágica e uma linguagem renovadora. (E) Graciliano Ramos tem como uma das obras mais conhecidas, “Vidas Secas”, cujo valor assenta-se na construção formal e na visão do mundo sertanejo. De estilo seco, elegante, despojado, tem, entre seus escritos, o autobiográfi co “Memórias do Cárcere”. 56. Embora Álvares de Azevedo e Carlos Drum- mond de Andrade sejam poetas representati- vos da poesia brasileira de séculos distintos, respectivamente XIX e XX, a produção poética desses autores tem em comum Resposta: E (A) a preocupação com a realidade circundante em intensa transformação. (B) a presença do contexto sociopolítico como fonte de refl exão crítica. (C) o retrato dos valores provincianos em completa desagregação. (D) o sentimento de solidariedade para com o marginalizado social. (E) a visão pessimista diante dos aconteci- mentos da vida humana. 57. Na década de 30 do nosso século, Resposta: B (A) o Modernismo viu esgotados seus ideais, com a retomada de uma prosa e de uma poesia de caráter conservador. Resposta: E NEO234_GRAP_Portugues B.indd 65NEO234_GRAP_Portugues B.indd 65 19/09/2011 13:41:2219/09/2011 13:41:22 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL66 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa B (B) a poesia se renovou signifi cativamente, graças a poetas como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes. (C) não houve surgimento de grandes romancistas, o que só viria a ocorrer na década seguinte. (D) predominou, ainda, o ideário modernista dos primeiros momentos, sendo central a fi gura de Graça Aranha. (E) a poesia abandonou de vez o emprego do verso, substituindo-o pela composição de palavras soltas no espaço da página. 58. “As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugin- do no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, sau- dade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão... ‘Um boi preto, um boi pintado, cada um tem sua cor. Cada coração um jeito De mostrar o seu amor.’ Boi bem brabo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando... ‘Todo passarinh’ do mato tem seu pio diferente. Cantiga de amor doído Não carece ter rompante...’” O trecho acima, de Guimarães Rosa, mescla procedimentos de prosa e de poesia e ambos se marcam por ritmo e musicalidade que reproduzem no texto a ideia de movimento. Esse efeito é alcançado com o uso de diferentes recursos poéticos. Pode dizer-se que Resposta: D (A) há no texto presença apenas da redondilha menor como em “as ancas balançam”. (B) a redondilha maior aparece apenas nas duas quadrinhas. (C) nenhum efeito aliterativo se faz presente no texto. (D) há aproveitamento da métrica popular, na forma de redondilha maior e menor, bem como dos efeitos de aliteração. (E) as estrofes se opõem ritmicamente ao conjunto do texto porque enfocam o tema do sentimento amoroso. 59. Assinale a alternativa INCORRETA em relação a João Cabral de Melo Neto. Resposta: B (A) É autor de poemas arquitetados segundo modos de composição que não privilegiam a expressão emotiva do eu-lírico. (B) A sua poesia caracteriza-se por seguir as inovações formais do Modernismo e por resgatar um regionalismo já presente na obra de Alencar. (C) Do conjunto da sua obra, em grande parte traduzida para diferentes idiomas, destacam-se “A Educação pela Pedra”, “O Cão sem Plumas” e “O Rio”. (D) Escreveu “Morte e Vida Severina”, texto que foi musicado por Chico Buarque de Holanda. (E) Por meio de uma linguagem objetiva e visual, os seus poemas apresentam paisagens, costumes e personagens do contexto nordestino brasileiro. NEO234_GRAP_Portugues B.indd 66NEO234_GRAP_Portugues B.indd 66 19/09/2011 13:41:2219/09/2011 13:41:22
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