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FACULDADES OPET CURSO DE DIREITO APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CURITIBA 2017 Aluna 01 Aluna 02 Aluna 03 Aluna 04 Aluno 05 Aluno 06 Aluna 07 Aluna 08 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Trabalho apresentado à disciplina de Direito Previdenciário do 8 Período, turma B, do Curso de Direito sob a orientação da Professora: Carmen Francisca Woitowicz da Silveira CURITIBA 2017 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1Doenças Que Dão Direito A Aposentadoria Por Invalidez 2. REQUISITOS PARA CONCESSÃO 3. CARÊNCIA 4. CONSTATAÇÃO DA INCAPACIDADE 5. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO 6. EXAMES MÉDICOS 7. CÁLCULO DO SALÁRIO 8. ASSISTÊNCIA PERMANENTE DE TERCEIROS 9. MENSALIDADE DE RECUPERAÇÃO 10. SUSPENSÃO 11. MODOS DE EXTINÇÃO 12. REFORMA DA PREVIDÊNCIA 13. CONTRATO DE TRABALHO 14. QUESTÕES 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. INTRODUÇÃO A aposentadoria por invalidez será devida ao segurado que, estando ou não recebendo auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição. (KERTZMAN, 2014, p. 355). A definição legal encontra-se inserida no art. 42, da Lei 8.213/91: Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. As normas jurídicas previdenciárias que tratam do instituto da aposentadora por invalidez, foram mantidas pela Emenda Constitucional n. 20/98. Trata-se de um benefício de prestação continuada cujas regras para concessão foram instituídas pela Lei 8.213/91 em seus artigos 42 a 47, regulamentada pelo Decreto 3.048/99, artigos 43 a 50, bem como pelo artigo 475 da CLT. Portanto, a concessão da aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade, mediante exame médico pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, a seu critério, ter o acompanhamento de médico de sua confiança. A lei 13.457/17 fez algumas alterações na Lei 8.213/91, dentre essas, incluiu o § 4º no art. 43: O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente, observado o disposto no art. 101 desta Lei: Art 101: §1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de que trata o caput deste artigo: I - após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou II - após completarem sessenta anos de idade. A respeito do critério temporal, o benefício só poderá ser reconhecido se o segurado se tornou inválido após seu ingresso na previdência. A doença ou lesão de que o segurado já era portador, anteriormente a sua filiação ao RGPS não lhe confere direito à aposentadoria por invalidez, salvo se a doença se agravar com a prestação do trabalho. Não há necessidade de concessão de auxílio doença, para que a aposentadoria por invalidez seja concedida, tal fato é irrelevante. No entanto, nem sempre é possível a verificação imediata da incapacidade total do segurado, na prática, a perícia médica concede o auxílio doença, na esperança que o mesmo possa se recuperar. Posteriormente, concluindo pela impossibilidade de retorno a atividade laborativa ou sendo o segurado inadaptável para outra atividade, transforma-se o auxílio doença em aposentadoria por invalidez. A aposentadoria está condicionada ao afastamento de todas as atividades, e, portanto, trata-se de um benefício provisório, pois nada impede que o segurado recupere sua capacidade laboral. Como bem destaca Martins (2009, p. 330): “não há na lei previdenciária prazo de duração para a efetivação da aposentadoria por invalidez”. Segundo Ibrahim (2014, p. 601), A princípio é de estranhar a previsão de recuperação (total ou parcial) de capacidade laborativa do aposentado por invalidez. Entretanto, como a medicina evolui a cada dia, com novos medicamentos e tratamentos mais eficazes, é possível que o segurado, hoje inválido, venha a recuperar alguma capacidade laborativa em futuro próximo. Daí da reversibilidade deste benefício, o que justifica a manutenção das perícias periódicas e tratamento obrigatório mesmo após a aposentação. 1.1 DOENÇAS QUE DÃO DIREITO A APOSENTADORIA POR INVALIDEZ O artigo 26 da Lei 8.213/91 impõe a concessão de benefícios sem carência para algumas doenças que devem fazer parte de uma lista elaborada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, e o artigo 151 da mesma lei já adianta algumas doenças. Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; A carência é definida pela lei como sendo o período ou número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício. É necessário observar constantemente o rol de doenças enumeradas no dispositivo legal. Atualmente, as doenças consideradas para fins de concessão do benefício sem exigência de carência, são as seguintes (Art. 151, Lei 8.213/91): Tuberculose Ativa; Hanseníase; Alienação Mental; Esclerose Múltipla; Hepatopatia Grave Neoplasia Maligna; Cegueira; Paralisia Irreversível e Incapacitante; Cardiopatia Grave; Doença de Parkinson; Espondiloartrose Anquilosante; Nefropatia Grave; Estado Avançado da Doença de Paget (osteíte deformante); Síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids); Contaminação por Radiação com base em conclusão da medicina especializada; Como dito anteriormente, existe uma lista de doenças que para elas não há essa carência, pois o Governo entende que como essas doenças são de necessidades indiscutíveis, merecem amparo social. Mesmo moléstias não listadas dão margem à tutela previdenciária, na qual as enfermidades listadas acima e até aquelas que na hipótese do segurado apresentar uma doença tão grave quanto essas, dão direito a aposentadoria sem que fique para o trabalhador o encargo de provar que tais doenças foram causadas pela atividade laboral desenvolvida. 2. CARÊNCIA Todo cidadão tem o direito de receber os benefícios da previdência social desde que contribua para ela, mas não basta apenas pagar o INSS, existem alguns requisitos para que se tenha a garantia previdenciária, entre os requisitosestá a carência, que é o número mínimo de contribuição que o segurado tem que verter para ter o direito de receber alguns benefícios da previdência social, ou seja, se trata de uma quantidade mínima de contribuição mensal necessária prevista na legislação para fazer jus a alguns benefícios. A carência para concessão de aposentadoria por invalidez é de 12 contribuições mensais, conforme trás o artigo 25, inciso I, da lei 8.213/1991, porém o artigo 26 da mesma lei dispensa a carência nos casos de acidentes de qualquer natureza ou causa, doença profissional ou do trabalho e de doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelo Ministério da Saúde e da previdência social. Ela também é definida pela lei como sendo o período ou número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício. É necessário observar constantemente o rol de doenças enumeradas no dispositivo legal. Na aposentadoria por invalidez existem situações em que a carência é dispensada, bastando estar inscrito no RGPS (contribuindo ou no período de graça) para poder usufruir do benefício. Independe de carência se a invalidez for decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa e doença profissional ou do trabalho, assim como as doenças especificadas em lista própria, elaborada pelo Ministério da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social. (Portaria Interministerial MPAS/MS nº 2.998/2001, anexo). O INSS por força de decisão judicial proferida na ação civil pública 2009.71.00.004103-4 através da instrução normativa de número 77-2015 estabeleceu por conta de uma ação civil pública que a partir do ano de 2011 até o ano de 2014 o tempo em que esse segurado recebeu de benefício por invalidez ele poderia utilizar como período de carência para a concessão de um outro benefício previdenciário, nessa mesma instrução normativa ficou estabelecido também que do ano de 2009 até os atuais dias que esse período de recebimento de aposentadoria por incapacidade pode ser considerado período de carência apenas e então somente para três estados, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul decisão proferida pelo STJ no recurso especial nº 1.414.439-RS. Assim como a súmula 104 do TRF 4º região- 11-07- 2017diz que é possível o cômputo do interregno em que o segurado esteve usufruindo benefício por incapacidade (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez) para fins de carência, desde que intercalado com períodos contributivos ou de efetivo trabalho. 3. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ A aposentadoria por invalidez é concedida aos trabalhadores que forem considerados incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta sustento. O motivo para a incapacidade pode ser doença ou acidente, e quem a define é a perícia médica da Previdência Social. O benefício deixa de ser concedido quando o trabalhador recupera a capacidade e volta a trabalhar. A aposentadoria por invalidez não é válida para quem, no momento em que se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício (a não ser que haja agravamento da enfermidade). Para ter direito à aposentadoria por invalidez, o trabalhador deve contribuir com a Previdência Social por no mínimo um ano no caso de doença. No caso de acidente, não é exigido período de carência, mas o cidadão deve estar inscrito na Previdência Social. A documentação básica que deve ser apresentada à Previdência Social para solicitar a aposentadoria por invalidez é: 1. Número de identificação do trabalhador (NIT – PIS/Pasep) ou número de inscrição do contribuinte individual/facultativo; 2. Atestado médico, exames de laboratório e outros documentos que comprovem o tratamento médico; 3. Documento de identificação, como Carteira de Identidade (RG) ou Carteira de Trabalho e Previdência Social. 4. Cadastro de Pessoa Física (CPF). Antes de se aprofundar a discussão, é importante, ainda que sucintamente, discorrer acerca dos requisitos legais para a concessão da aposentadoria por invalidez. A Lei nº 8.213/91 – Lei de Benefícios da Previdência Social – exige para a concessão da aposentadoria por invalidez, além da qualidade de segurado da Previdência, e do implemento da carência (regra geral, doze contribuições mensais), a incapacidade total e permanente para o labor. Exige-se, ademais, que a incapacidade não seja preexistente a filiação a Previdência Social. O que vem ocorrendo repetidamente nos processos judiciais são pretensões nas quais o autor, diante do avançar da idade, sem nunca ter contribuído para a Previdência Social (ou após longo tempo sem contribuir), retoma suas contribuições com o único objetivo de se aposentar por invalidez, já que não reúne os requisitos para aposentar-se por idade ou por tempo de contribuição. Poder-se-ia argumentar no sentido da preexistência da incapacidade. De fato, o requerente começa a contribuir, ou mesmo retoma suas contribuições, após o surgimento da incapacidade. Ocorre que, na maioria das vezes, a prova da preexistência da incapacidade é de difícil produção. Os peritos judiciais não conseguem elementos para fixar a data de início da incapacidade, pois, não raro, doenças ligadas à idade avançada tem natureza insidiosa. Nestas demandas, uma análise superficial do caso, o que não é incomum devido, entre outros fatores, ao volume absurdo de causas previdenciárias, levaria à constatação de que estão presentes todos os requisitos para a concessão do benefício – qualidade de segurado, carência e incapacidade total e permanente para o labor em virtude do avançar da idade. Ocorre que, nestes casos, há concessão irregular da aposentadoria por invalidez, muito embora, aparentemente, tenha o segurado reunido todos os seus requisitos. A concessão torna-se irregular por afrontar o real objetivo da norma previdenciária que previu o benefício, e, por conseguinte, fere princípios previdenciários que visam garantir o equilíbrio financeiro do sistema securitário. Necessário se faz, portanto, buscar fundamentos jurídicos outros que impeçam a concessão irregular de um benefício aparentemente legal. A incapacidade para o trabalho, da forma como foi pensada pelo legislador para o sistema previdenciário, albergaria a incapacidade resultante do avançar da idade? Ou apenas a incapacidade resultante de infortúnios, tais como doenças ou acidentes, comporia o risco social tutelado pela aposentadoria por invalidez? Neste momento, a ideia de risco social ganha relevância entre os princípios constitucionais informadores do direito previdenciário está o princípio da seletividade, segundo o qual, deve o legislador eleger as situações de risco e os benefícios mais essenciais à coletividade, definindo os requisitos legais para sua concessão. Seguindo o posicionamento doutrinário do professor Sette, baseado no artigo 42, da Lei 8.213/91, “a aposentadoria por invalidez será devida ao segurado que tiver cumprido a carência exigida (se necessário) e for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para atividade que lhe garanta a subsistência”. (2007, p. 217). Ainda segundo ele se faz necessário o cumprimento de quatro requisitos para a referida concessão: A) manutenção de qualidade de segurado: caso o segurado perca a qualidade de segurado não fará jus a qualquer benefício previdenciário por ter sido extinta a relação jurídica havida com a Previdência Social. A verificação da manutenção da qualidade de segurado deverá ser realizada quando da data do início da incapacidadefixada por exame médico pericial, em homenagem à regra do direito adquirido. B) o cumprimento da carência exigida: 12 contribuições mensais se for o caso. C) incapacidade total, ou seja, para o exercício de qualquer trabalho. Se o segurado for considerado incapaz somente para o trabalho que exercia ou sua função habitual, mas apto para desempenhar outras funções ou atividades, não fará jus ao percebimento da aposentadoria por invalidez, mas talvez do auxílio-doença. D) improvável reabilitação para o trabalho, ou seja, a incapacidade deve ser definida. 4. CONSTATAÇÃO DA INCAPACIDADE A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade, mediante exame médica-pericial a cargo da previdência social, podendo o segurado, às sias expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. A Súmula 53 da TNU dispõe que "não há direito a auxílio- doença ou a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social". Assim o assegurado perdeu a sua qualidade, ficando incapaz para o trabalho durante este período, mesmo que retorne as contribuições à previdência social, não fará jus aos benefícios por incapacidade. A aposentadoria por invalidez será devida ao segurado, quando precedida de auxílio-doença, a partir da sua cessação, ou, concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho. Este benefício somente pode ser concedido após a perícia médica. Somente o profissional médico habilitado e registrado no INSS poderá opinar pela invalidez do segurado. 5. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO A aposentadoria por invalidez será devida, como data de início: a) ao segurado empregado, a contar do 16º dia do afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrem mais de 30 dias; b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias. c) quando precedida do auxílio doença, a partir do dia imediato ao da cessação do mesmo. Durante os primeiros 15 dias de afastamento, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário correspondente, o rendimento do empregado não sofrerá interrupções, desde que este solicite o benefício no prazo de 30 (trinta) dias, a partir da incapacidade. Perceba que esta obrigatoriedade não se estende ao empregador doméstico, devendo a Previdência conceder-lhe o benefício a partir do início da incapacidade. A concessão da aposentadoria por invalidez, inclusive mediante transformação de auxílio-doença, está condicionada ao afastamento de todas as atividades. 6. EXAMES MÉDICOS 6.1 - PERÍCIAS MÉDICAS NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL A perícia médica é utilizada pelo INSS, no âmbito administrativo, e na Justiça Federal, no âmbito Judicial, para apurar se o segurado realmente está incapacitado ao labor perante a doença que possui. Muitas são as críticas que envolvem este tema, pois o segurado quando solicita o benefício perante o INSS, porque está incapacitado temporariamente ou permanentemente para o trabalho, apresenta, sendo requisito exigido pelo INSS, o laudo do seu médico, na maioria dos casos especialistas na doença do Segurado. O laudo médico que o segurado traz consigo emitido por médico que faz seu tratamento, solicita o benefício para o segurado e descreve a doença, com o CID pertinente ao caso, o qual esclarece ainda se a doença é temporária ou permanente. Em tese, se o segurado já apresentou laudo médico perante o INSS, receitas e exames que identificam o período necessário de afastamento, e se tem que ser ou não aposentado, qual o motivo de realizar nova perícia. Segundo o INSS, as perícias são realizadas para evitar fraudes, como é muito corriqueira no longo da existência do Instituto, e com a reavaliação do segurado novamente se inibe novas tentativas de tais fraudes. 6.2 – COMO FUNCIONAM AS PERÍCIAS MÉDICAS PERANTE O INSS A perícia médica é uma atividade realizada no INSS para verificação com diversas finalidades médicas que serão utilizadas administrativamente para caracterização ou não, conforme a legislação vigente no momento, do direito a um benefício, dentre elas: a verificação da incapacidade laborativa consequente a traumas ou doenças para a concessão de benefícios por incapacidade; a verificação da invalidez para a concessão de benefícios assistenciais; a verificação do enquadramento da doença de que o examinado é portador em várias situações de direito a benefícios fiscais, tais como isenção de pagamento de imposto de renda para aposentados. É de competência exclusiva de um médico concursado e treinado internamente, que deve possuir conhecimentos de legislação previdenciária. É uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, fazendo parte da especialidade de "Perícia Médica e Medicina Legal", que abrange outros tipos de perícias além da perícia previdenciária (como perícia criminal de lesões corporais). A relação entre o médico e o segurado difere da relação médico- paciente ordinária, pois a sua atividade objetiva a diagnosticar e comprovar os sinais e sintomas apresentados e emitir parecer acerca de sua capacidade de trabalho considerando a atividade e o emprego do segurado, sem qualquer apresentação de tratamento da doença. Outras atividades comuns na perícia médica são: 1. Visitar o segurado em casa quando impossível seu deslocamento a uma agência da Previdência Social para realizar o exame médico pericial 2. Vistoriar as empresas para confirmar nexo técnico e para fins de aposentadoria especial 3. Visitar o segurado no hospital, quando internado, para o exame médico pericial 4. Participar como médico perito assistente do INSS em exames periciais judiciais de segurados quando o órgão é réu 5. Eventualmente fazer o exame em empresas conveniadas ao INSS. O médico-perito depois de realizar o exame pericial, preenche o laudo de perícia médica, atualmente de forma informatizada pelo Sistema de Avaliação de Benefícios por Incapacidade, SABI, sendo que o resultado da perícia será enviado posteriormente ao segurado, pelos correios, informando se há ou não incapacidade laborativa, há ou não invalidez permanente, se enquadra ou não na situação de direito etc. Cabe lembrar que a constatação da incapacidade depende da gravidade da doença ou lesão e também da atividade e emprego do segurado. Exemplo: uma epilepsia impede o trabalho de um motorista profissional, mas pode não ser incapacitante para um trocador de ônibus ou um trabalhador administrativo. Não basta haver uma doença, deve haver uma incapacidade causada pela doença para o trabalho atual do segurado. No caso da verificação da incapacidade para fins de concessão de benefícios por incapacidade, o perito médico tem cinco possibilidades de conclusão de seu exame: 1. Não há incapacidade para o trabalho 2. Há incapacidade por um prazo definido, ao fim do qual o segurado deverá retornar ao trabalho ou, se ainda se sentir incapacitado, solicitar nova avaliação pericial em exame de prorrogação ou pedido de reconsideração, de acordo com a data desse requerimento. 3. Trata-se de incapacidade por doença ou lesão de evolução prolongada e incerta, devendo ser reexaminado após um prazo de 2 anos. 4. Há incapacidadedefinitiva para a atividade usual, sendo encaminhado para a reabilitação profissional. 5. Há incapacidade definitiva oniprofissional, devendo ser aposentado por invalidez - nesse caso, há previsão legal para reexames periciais a cada 2 anos para verificação da persistência da incapacidade que motivou a aposentadoria. Se o segurado discordar do resultado do exame poderá apresentar requerimento de reconsideração, recurso administrativo, ou ingressar diretamente com uma ação previdenciária em desfavor do INSS. 6.3 – DEFICIÊNCIAS Muitas são as reclamações feitas pelo segurado ao passar por uma perícia médica perante o INSS, sendo uma das principais, que o Médico não examinou o paciente, ou se quer ouviu suas queixas, e que em momento algum analisou seus exames apresentados. Trata-se de muitas reclamações, as quais não são casos isolados, mas de acordo com a própria ouvidoria da autarquia, mais de 80% dos casos, o que podemos verificar que os médicos que prestam serviços para a autarquia são tendenciosos na emissão de seu parecer em relação ao segurado. Percebemos que o perito possui várias atividades perante o desempenho de suas funções quanto a perito, como já devidamente esclarecido no tópico anterior, mas não está incluso nestas funções julgar a legislação, e sim reconhecer a doença e relatar se a mesma prejudica o labor do segurado, sendo que atualmente quem concede o benefício ou não ao segurado é o médico perito que analisa se o segurado é apto ou não ao desempenho de suas funções, mas tal decisão não engloba somente a sua especialidade de médico, mas também a legislação previdenciária, sendo que percebemos que o médico está sendo “um pouco juiz”, ou seja, médico perito é para avaliar a doença, e se permite o labor do segurado ou não, deferir benefícios não lhe compete. Ora, se médicos comprometidos com a Justiça concedem benefícios negados pelo INSS, salta aos olhos a responsabilidade da autarquia, o erro culposo ou doloso, ou mesmo o despreparo do agente que gerou dano ao beneficiário. Sem adentrar no mérito médico, acredita-se que a divergência entre laudos da autarquia e dos médicos do juízo não advenham de discussão na doutrina médica acerca de ser ou não, determinado evento, doença, invalidez etc. Parece, sim, que por algum motivo os exames do INSS carecem de qualidade, mas com a finalidade de negar a concessão do benefício ao segurado, e com este resultado gerar mais receita para a instituição. 6.4 – A PERÍCIA MÉDICA E O ESPECIALISTA E A RESPONSABILIDADE DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO A diferença entre o médico assistencialista, que é o que faz o diagnóstico do segurado e trata sua enfermidade, e o médico perito que avaliará se aquela enfermidade deixa o segurado inapto provisoriamente e permanentemente para o exercício de seu labor, o que traz muitas insatisfações aos segurados, que não entendem esta diferença e acaba por gerar vários problemas na atuação de cada profissional. Entendemos que os papéis aqui de cada médico são diferentes, e já foram explanados devidamente, mas o exercício da função do médico perito é que vem sendo questionado pelo segurado, pela sociedade e pela lei, pois muitos são os descasos e irregularidades cometidos pelos peritos na realização de suas atribuições de perito. São muitos os segurados que não possuem patologias que são dignas de concessão de benefícios pelo INSS, segurados estes que forjam sintomas, doenças, exames para deixarem de exercer seu labor e se beneficiarem de um benefício que por lei não possuem direito, e é por conta destes segurados que tentam forjar uma incapacidade laborativa, que se trata de um número expressivo, que respondem os segurados honestos que buscam seus direitos. Não tratarei com maior ênfase sobre fraudes cometidas por segurados e sim daqueles segurados que verdadeiramente e de boa-fé buscam seus direitos perante o INSS. Hoje é muito questionável se o médico perito deveria ser especialista no caso da doença do segurado que realizará a perícia para a concessão do benefício ou não. Outro fato discutido na atualidade é se este médico perito teria que somente realizar a perícia ou se é valido que o mesmo dê o resultado para o segurado, ou seja, a palavra final de concessão é deste médico perito ou não. O fato é que os segurados no âmbito da perícia administrativa reclamam da atuação do médico perito na realização da perícia, e as principais queixas é de que o médico perito não examinou o segurado, não apreciou, analisou a documentação levada pelo mesmo, entre exames realizados, receitas entre outros, e simplesmente os relatos são de que o perito médico manda o segurado se sentar, pede seu documento de identidade, digita o tempo todo no computador, e informa ao segurado que receberá o resultado em casa, ou seja, não cumpre com seu papel, que é receber o segurado, o examinar, ouvir suas queixas, examinar a documentação trazida, e após toda este cumprimento de sua atividade afirmar se o segurado está apto ao trabalho ou não. Outro fato questionado pelo segurado é que o médico perito é grosseiro, mal educado, trata mal o segurado, alguns chegam a gritar com o segurado, queixas estas que são levadas por mais de 80 % dos segurados a ouvidoria do INSS, que abre uma reclamação e nada acontece com o médico que se portou de forma errada e brusca com o segurado, mas os boatos levam a crer que o INSS treina seus peritos de formas inadequadas, pois o que visam é a não concessão de benefícios, para que não haja um aumento em suas receitas de pagamentos. Muito questionado é o médico perito no momento da concessão do benefício ao segurado, pois dá a palavra final, ou seja, é de sua responsabilidade conceder ou não o benefício ao segurado. Os peritos do INSS recebem treinamento referente as leis que envolvem a concessão de benefícios, e por este motivo estão aptos a dar a palavra final ao segurado, visão esta unilateral do INSS. A classe dos advogados muito vem questionando esta matéria, pois não basta um treinamento para que um médico entenda claramente a legislação vigente, pois a cada profissão é dado um período longo de estudo, para que se tenha o mínimo necessário de conhecimento para o devido exercício da função de perito, ou seja, haveria a necessidade de se realizar uma mudança interna no INSS, pois o médico deveria realizar a perícia, apenas constatando a doença do seu segurado e se tal doença impossibilita ou não o segurado para o exercício de suas funções. Deveria haver um setor, dentro do INSS, que receberia toda a documentação levada pelo segurado no momento da realização da perícia, o qual receberia a conclusão do médico perito e analisaria dentro da legislação vigente e resultado pericial se o segurado em questão teria ou não direito a concessão do benefício. Estamos tratando de uma situação que envolve a matéria Direito, a qual o médico perito não é apto para exercer sua função atrelada a conhecimentos jurídicos, pois não possui formação hábil para tanto, prejudicando o segurado. O médico perito faz hoje os dois papéis: aplica na perícia a análise de que o segurado tem o direito ou não a concessão do benefício e a realiza a perícia em si. O médico perito no momento da realização da perícia, verifica em seu sistema se aquela pessoa que atende está assegurada ou perdeu a carência perante o INSS, sendo que não realizará o exame pericial em caso de perda da qualidade de segurado, fornecendo em seu parecer técnico que o paciente não é segurado do INSS, e por tal motivo indefere seu benefício, criando um conflito na função prestada, pois muitos sãoos casos em que o INSS não reconhece a pessoa como segurado, e posteriormente a Justiça Federal reconhece o vínculo. A perícia médica administrativa, neste caso, não foi realizada pelo médico do INSS, que ao invés de realizar o seu trabalho como médico, concluindo se a pessoa possui a doença ou não, e se a mesma é incapacitante, se deteve a analisar a parte jurídica, não sendo qualificado para tal função, tolhendo neste momento o direito do segurado de forma grosseira, pois sendo, o médico perito, apto para este serviço e não tendo realizado o serviço para qual realmente era apto. A especialidade do médico perito é alvo de muitas reclamações perante o INSS e a Justiça Federal, ou seja, muitos dos indeferimentos, no âmbito administrativo, referentes a pedidos de benefícios para o segurado, são objetos de posteriores ações judiciais, sendo que muito se questiona na Justiça Federal sobre a especialidade destes médicos peritos. O médico perito, atualmente, não necessita ser especialista na patologia que irá periciar, ou seja, um cardiologista perícia um segurado que possui uma perna quebrada, ou uma inflamação na coluna. Esta situação da falta da especialidade do médico perito ocorre no âmbito administrativo e judicial também, pois o que tem se percebido é que a falta da especialidade no caso concreto de cada segurado, gera uma incontroversa no resultado da perícia. A principal crítica é que o juiz que é apto para analisar a situação do segurado o faz de forma clara, específica, une todos os resultados de perícia levados ao processo, levando em consideração a perícia judicial, os documentos levados pelo segurado, e faz a seguinte análise: o segurado não pode exercer a função de carregador, mas pode exercer outro tipo de função em pé de igualdade com outras pessoas, ou seja, para uma decisão final se leva em conta o grau de instrução do segurado, e a capacidade de exercer outra atividade, pois nos dias atuais, no caso em tela, o segurado poderia ser porteiro, se esta função não dispendesse de carregar peso. Outro critério que seria analisado neste caso é se o sabe ler e escrever, pois para o exercício de simples funções atualmente, se exige grau de escolaridade mínima, ou seja, o juiz caso entenda que falta ao segurado capacidade para exercer outro tipo de função, irá lhe conceder o benefício, pois tal segurado não está apto para outro labor levando em consideração os requisitos já supracitados. Percebemos então, que o médico perito administrativo está cumprido função dentro do INSS, que não é sua, pois não tem conhecimento técnico para isto, não é profissional da lei, assim como um advogado não é médico, ele leva até a justiça em nome do segurado o pedido, mas se baseia nos exames, laudos médicos e pedido de realização de perícia, para fazer suas afirmações, sendo que o médico perito administrativo, desempenha não seu papel, mas a de um técnico da área de direito, não tendo conhecimento específico suficiente para isto. Questiona-se muito a especialidade do médico perito, sendo que o ideal é que o médico perito fosse somente especialista, o qual seria designado para periciar segurados com problemas na sua área, mas existem leis que dizem ao contrário, e que permitem que os médicos não sejam especialistas nos casos em que atenderem o que traz sérios conflitos judiciais, aumentando os números de demandas nos fóruns, gerando gastos para o Estado. 6.5 – A PERÍCIA REALIZADA NA ESFERA JUDICIAL O segurado ao passar por todo o trâmite administrativo, e não tendo êxito, poderá se dirigir até a Justiça Federal, que será o órgão competente para julgar ações em face do INSS, e pleitear novamente o benefício que foi indeferido na esfera administrativa. O segurado necessitará de um advogado para que faça um processo pleiteando o benefício negado pelo INSS. Há uma séria discussão no mundo jurídico, se para pleitear o benefício o segurado é obrigado a passar primeiramente pelo crivo administrativo ou não. O assunto não faz parte deste trabalho, mas a título de esclarecimento, a doutrina é pacífica em afirmar que o segurado terá que primeiro requerer seu benefício administrativamente, sendo que a jurisprudência ainda se divide, sendo que no estado de São Paulo, os Tribunais entendem que haverá necessidade do esgotamento das vias administrativas, e os Tribunais do Estado de Minas Gerais, entendem que não há a necessidade de análise do crivo administrativo, podendo o segurado se socorrer diretamente no judiciário pleiteando o benefício a que entenda ter direito. Fato é que cabe ao segurado e seu patrono se informar perante a justiça de sua Cidade qual é o entendimento do Juiz responsável, e assim optar pelo caminho mais simples. Após o segurado requerer o processo judicial passará pela perícia judicial, realizado por um médico perito, que é indicado pelo Juiz competente, que poderá ser ou não especialista na área da enfermidade do segurado, pois cabe ao patrono do segurado solicitar que a perícia seja realizada com médico especialista, e cabe ao Juiz do processo conceder ou não, uma vez que já esclarecemos neste trabalho, que não há lei que reconheça que o médico perito deve ser especialista, mas se for do livre convencimento do Juiz poderá nomeá-lo. A perícia é agendada e publicada a data no processo, no qual o segurado será informado por seu patrono e comparecerá com data e hora marcada, com toda documentação pertinente. Neste momento o perito no âmbito Judicial, age de forma diferente do administrativo, pois nas vias judiciais, receberá o processo, e os quesitos a serem analisados, emitidos pelo Juiz e pelos advogados das partes, no prazo estipulado, e ainda se requerido no processo, o segurado poderá ser acompanhado na perícia do médico assistente, que é aquele que é chamado de médico assistencialista pelo administrativo. O papel do médico perito será o de examinar o segurado, analisar os laudos, exames e receitas levadas pelos mesmos e anexos ao processo, e posteriormente responder os quesitos constantes dos autos. Destes médicos peritos judiciais, existem poucas reclamações, pois no âmbito Judicial o Perito apenas analisa a documentação, ouve o segurado quanto às queixas, o examina e responde os quesitos fazendo uma conclusão ao final, sendo que o Juiz do processo é que irá reunir todos os fatos, laudos e conclusões periciais, os examinando e aplicando de forma que deva ser justa ao julgar procedente ou improcedente a causa. No âmbito judicial existem vários recursos que o segurado poderá utilizar caso não concorde com a decisão de primeiro grau, sendo a matéria de recurso analisada pelo Tribunal. É claro que no âmbito judicial a porcentagem de reclamações são menores, haja vista que a decisão é proferida por um juiz e não por um médico perito, ou seja, o Juiz é detentor da lei, sabe como aplicá-la, via de regra, e se cometer algum equívoco, pois se trata de ser humano, sua decisão poderá ser reanalisada por outros Juízes, o que diminui em muito os erros grosseiros como não acontece na a área administrativa. A área administrativa é precária de atendimento e de qualificação de profissionais, enquanto na esfera judicial se tem mais cuidado com as soluções das demandas que são muitas, uma vez que o número grandioso delas é devido à condução pela esfera administrativa ser precária. 7. CÁLCULO DO SALÁRIO BENEFÍCIO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA O cálculo da renda mensal da aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença é uma questão que gera significativa polêmica entre os estudiosos do Direito Previdenciárioe, também, grande divergência jurisprudencial. Parte da doutrina e da jurisprudência preconiza que, nesses casos, aplica-se o disposto no 5º do artigo 29 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. A outra corrente, no entanto, entende que esse dispositivo só é aplicado quando houver período contributivo entre a concessão de um benefício e outro. Assim, segundo esse entendimento, se ocorrer mera transformação do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez aplica-se o disposto no 7º do artigo 36 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. 7.1 - CÁLCULO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Conforme dispõe o artigo 28 da Lei nº 8.213/91, o valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário- maternidade, será calculado com base no salário-de-benefício. Portanto, conforme se depreende da norma retro, o salário-de- benefício não corresponde de forma absoluta ao valor do benefício previdenciário, vez que esse é baseado no primeiro. Para saber qual o valor do benefício previdenciário é necessário, ainda, calcular sua renda mensal inicial, instituto que será analisado posteriormente. A redação original do caput do artigo 29 da Lei nº 8.213/91 estabelecia a forma de cálculo do salário-de-benefício para todos os benefícios previdenciários do seguinte modo: “Art. 29. O salário-de-benefício consiste na média aritmética simples de todos os últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses”. Com a edição da Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez passou a ser a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo período contributivo do segurado (artigo 29, II, da Lei nº 8.213/91). Os paragrafos do artigo acima transcrito estabelecem outras regras sobre o salário-de-benefício, destacando-se, dentre elas, a que considera como salário-de-contribuição o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal do benefício por incapacidade recebido pelo segurado durante o período básico de cálculo. Assim estabelece o 5º do artigo 29 da Lei nº 8.213/91: Art. 295º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário- de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. Preceito semelhante está inserto no Regulamento da Previdência Social, consoante se deflui do 6º de seu artigo 32: Art. 32 (…) 6º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefício por incapacidade, considerar-se-á como salário- de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e nas mesmas bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao salário mínimo nem superior ao limite máximo do salário-de- contribuição. Dessa forma, de acordo com o disposto nesses preceitos legais, se, por exemplo, o segurado tiver recebido auxílio-doença durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, o salário-de-benefício que serviu de base para calcular a renda mensal do primeiro será utilizado como salário-de-contribuição para o cálculo do segundo. Importante ressaltar, nesse momento, que as normas acima transcritas não fazem qualquer exceção no tocante à utilização dessa regra. Ou seja, basta que o segurado tenha recebido um benefício por incapacidade durante o período básico de cálculo para aplicar-se a norma, independentemente de ter sido tal benefício concedido entre períodos de atividade ou imediatamente antes do benefício a ser calculado. 7.2 – RENDA MENSAL INICIAL Renda mensal inicial é a primeira parcela do benefício a ser pago ao segurado. Seu valor é obtido pela multiplicação do salário-de- benefício por uma alíquota variável conforme o tipo de benefício. O artigo 44 da Lei nº 8.213/91 estabelece que a renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez corresponde a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício. No que se refere à renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por meio de transformação de auxílio-doença, a lei nada prescreve. No entanto, o Regulamento da Previdência Social, em seu artigo 36, 7º, assim dispõe: Art. 36, 7º A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral. Dessa forma, o Regulamento da Previdência Social, aprovado por meio de um decreto, criou exceção inexistente na Lei de Benefícios, o que fez surgir inúmeros entendimentos sobre o tema. 7.3 – ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL O cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença é questão polêmica na jurisprudência pátria. Na concessão do benefício em questão, o INSS utiliza a sistemática prevista no artigo 36, 7º, do Regulamento da Previdência Social. No mesmo sentido, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: AGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇAO. PREVIDENCIÁRIO. CÁLCULO DA RENDA MENSAL INICIAL DE BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDO DE AUXÍLIO- DOENÇA. APLICAÇAO DO 7º DO ART. 36 DO DECRETO Nº 3.048/99. I - Nos casos em que há mera transformação do auxílio- doença em aposentadoria por invalidez, não havendo, portanto, período contributivo entre a concessão de um benefício e outro, o cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez far-se- á levando-se em conta o mesmo salário-de-benefício utilizado no cálculo do auxílio-doença. Precedentes das ee. Quinta e Sexta Turmas. II - Aplicação do disposto no artigo 36, 7º, do Decreto nº3.048/99, verbis: "A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio-doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral." Agravo regimental desprovido. Assim, segundo o posicionamento desse Tribunal, o § 5º do artigo 29 da Lei nº 8.213/91 só será utilizado para calcular a aposentadoria por invalidez quando o auxílio-doença for percebido entre períodos de contribuição. Para embasar esse posicionamento, o STJ afirma que somente se admite a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade quando intercalado com período de atividade, conforme preceitua o artigo 55, II, da Lei nº 8.213/91. Se a aposentadoria por invalidez for concedida logo após o gozo do auxílio-doença, ainda conforme esse entendimento, o salário-de-benefício do primeiro equivalerá a 100% do valor do salário-de-benefício do auxílio- doença antecedente, de acordo com o disposto no Regulamento da Previdência Social. Em outro giro, a Turma Recursal de Santa Catarina consolidou seu entendimento por meio da Súmula nº 9, que assim dispõe: Na fixação da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez precedida de auxílio- doença deve-seapurar o salário-de-benefício na forma do artigo 29, 5º, da Lei nº 8.213/91. Esse também tem sido o posicionamento da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência: PREVIDENCIÁRIO. REVISAO. RENDA MENSAL INICIAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO- DOENÇA. INCIDÊNCIA DO 5º DO ART. 29 DA LEI Nº 8.213/91. INAPLICABILIDADE DO 7º DO ART. 36 DO DECRETO Nº 3.048/99. 1. O art.29, 5º, da Lei n.º 8.213/91, dispõe que se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de- contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. 2. A norma contida no artigo 29, em seu 5º, é de clara exegese, e não deixa margem à interpretação divergente, bastando para o enquadramento da situação em seus termos a análise sobre ter sido ou não recebido o benefício por incapacidade em período integrante daquele denominado período básico de cálculo, este, por sua vez, descrito no inciso II do referido artigo. 3. O art. 36, 7º, do Decreto n.º 3.048/99, é dispositivo que se afasta da intenção do legislador quanto à forma de cálculo da renda mensal da aposentadoria por invalidez, prestigiada no 5º do art.29 da Lei nº 8.213/91, constituindo afronta ao princípio da hierarquia das leis. (PU n.º 2007.51.51.002296-4. Relator: Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho. J: 21/11/2009). 4. Diante do confronto da lei e do decreto, que dispõem de maneira diversa sobre o mesmo assunto, cabe ao intérprete afastar a aplicação deste em benefício daquela. Nesse contexto, o cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez, em sendo precedida de auxílio-doença, deve ter como parâmetro a regra insculpida no artigo 29, 5º da Lei n.º8.213/1991, e não o que prevê o artigo 36, 7º, do Decreto n.º 3.048/1999. 5. Incidente conhecido e improvido. Assim, para a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, não há que se fazer distinção entre o cálculo da renda mensal da aposentadoria por invalidez. Segundo o Tribunal Federal de Recursos, também não havia diferença entre as duas situações: Súmula 171 - No cálculo da renda mensal do benefício de aposentadoria por invalidez, é considerado como de atividade o período em que o segurado tenha percebido auxílio-doença ou outra aposentadoria por invalidez. Portanto, sendo a aposentadoria por invalidez concedida imediatamente após o auxílio-doença ou havendo período contributivo entre a concessão de um benefício e outro, a renda mensal inicial será calculada conforme a sistemática do 5º do artigo 29 da Lei nº 8.213/91. 8. ASSISTÊNCIA PERMANENTE DE TERCEIRO Quando o assegurado, mediante comprovação, necessite de assistência permanente de terceiros seja ele (prestado por familiar ou profissional) para a realização das atividades básicas diárias, em decorrência da gravidade da sua invalidez, será pago ao beneficiário 25% de acréscimo, podendo “in casu” superar o limite do salário de benefício. Essa adição cessa com o falecimento do segurado e não se incorpora, como o principal, ao valor da pensão por morte. Conforme relata Wladimir Novaes, (2014,p, 859) a doutrina vem defendendo a ideia que esses 25% deveriam ser estendidos a todos os aposentados que estiverem nas condições do art.45 do PBPS. O Decreto nº 3.048/99 especifica as situações que poderá ocorrer o acréscimo: 1. Cegueira total; 2. Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta; 3. Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores; 4. Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível; 5. Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível; 6. Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível; 7. Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social; 8. Doença que exija permanência contínua no leito; 9. Incapacidade permanente para as atividades da vida diária. O parágrafo único do art. 45 da Lei nº 8.213/91 determina que esse acréscimo é pago com o intuito de complementar o valor da aposentadoria por invalidez e que cessará com a concessão da pensão por morte aos dependentes em decorrência do falecimento do aposentado. Esse percentual também será recalculado, quando o benefício que lhe deu origem for reajustado. 9. MENSALIDADE DE RECUPERAÇÃO Quando o segurado readquire a sua aptidão paro o trabalho, e tem alta, com sua recuperação sendo total ou parcial, o benefício será pago em montantes menores por algum tempo, até terminar de vez, caso a perícia medica conclua nesse sentido, ela poderá ser definitiva, com cessão imediata do benefício, se o segurado espontaneamente voltar ao trabalho, esse procedimento chama se mensalidade de recuperação, tem como objetivo e função social, para sua adaptação e integração gradativamente ao trabalho, em alguns casos até uma nova qualificação. Wladimir Novaes, (2014, p.859) A mensalidade de recuperação depende da categoria do segurado e da dimensão da recuperação, nos termos do art. 47 da Lei nº 8.213/91. Assim, quando a recuperação total ocorrer dentro de 05 (cinco) anos, contados da data do início da aposentadoria por invalidez, ou do auxílio doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará: a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela previdência social; ou b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio doença ou da aposentadoria por invalidez para os demais segurados. Em se tratando de recuperação parcial, ou que ocorra após 05 (cinco) anos da sua percepção, ou, ainda, caso o segurado seja declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade: a) no seu valor integral, durante 06 (seis) meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade; b) com redução de 50% no período seguinte de 06 (seis) meses. Findo esse prazo, será paga com redução de 75% (setenta e cinco), também por igual período de 06 (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente. O aposentado por invalidez que tiver recuperado sua capacidade laboral e requerer qualquer benefício durante o período de recebimento de mensalidade de recuperação só terá a aposentadoria por invalidez cessada para a concessão de novo benefício após os prazos em que receber mensalidade integral. Wladimir Novaes, (2014, p.860). 10. SUSPENSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Eis algumas situações que podem suspender a aposentadoria por invalidez: Casos em que após conceder o benefício, o próprio INSS verifica algum erro administrativo no cálculo do tempo de contribuição, refazem a contagem e se constatado período insuficiente, a aposentadoria é suspensa. Denúncia de uso de documentos falsos na solicitação do auxílio. Quando o INSS recebe denúncia que o empregado aposentado retornou ao trabalho. Sendo este o caso mais comum de suspensão. Quando o benefício é determinado pela justiça por meio de liminares, mas são cassadas pelos Tribunais Superiores. Ausência de alguma documentação ou declaração médica. O não comparecimento às convocações pelo INSS para a realização de atualizações de dados.Caso a interrupção do benefício tenha ocorrido por alguma denuncia por fraude ou do segurado por invalidez tenha voltado ao trabalho, o interessado deverá provar ao contrário para que o pagamento seja estabelecido. E se ainda o INSS suspendeu uma aposentadoria por irregularidade, neste caso, a pessoa poderá obter via judicial uma ordem para que o benefício seja restabelecido, enquanto discute-se a legalidade ou não da aposentadoria. 11. MODOS DE EXTINÇÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ A lei nº 8.213/91 não torna definitivo o benefício de aposentadoria por invalidez, ao contrário do que faz com as outras aposentadorias. E o Estado deve sempre fomentar o direito fundamental do trabalho artigo 1º, IV, 6º, 170 da CF/88), e não incentivar a inatividade definitiva. Logo, independentemente do tempo transcorrido da concessão da aposentadoria por invalidez e do tipo da patologia, recuperada a capacidade ou o retorno ao trabalho, o benefício será cessado. A aposentadoria por invalidez será extinta nas seguintes situações: Quando o aposentado por invalidez solicitar o cancelamento por se julgar apto a retornar à atividade, tendo a concordância da perícia médica do INSS, nos termos do artigo 47, parágrafo único, do RPS; Se a perícia médica do INSS concluir pela recuperação da capacidade voltar ao trabalho; Se a recuperação ocorrer em até 05 anos após o inicio da aposentadoria por invalidez, o benefício poderá encerrar imediatamente, caso o segurado tenha direito de voltar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou. Se não puder voltar para a mesma função, então o benefício será encerrado de acordo com o tempo que ele ficou recebendo. Por exemplo, se recebeu por 04 anos, terá quatro meses de recebimento após a perícia que declarou sua capacidade para voltar a trabalhar. 1) Se a recuperação acontece após os cinco anos de recebimento do benefício: 2) De forma parcial; 3) Quando o segurado está apto para desenvolver outra atividade diferente da que exercia quando sofreu a invalidez, a aposentadoria seguirá o artigo 47, inciso, I, e II da lei de Benefícios da Previdência Social nº 8.213/91, conhecida como “mensalidade de recuperação”. LBPS - Lei nº 8.213 de 24 de Julho de 1991 Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento: I- quando a recuperação ocorrer dentro de cinco (cinco) anos, contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará: a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio- doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade: a) no seu valor integral, durante seis (seis) meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade; b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de seis (seis) meses; c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de seis (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente. Quando alcançado o requisito etário para a concessão da aposentadoria por idade ou reunidas às condições para tal intento, convertendo-se a aposentadoria por invalidez em aposentadoria por idade; Pela morte do segurado. Esta é a regra geral, ocorre que houve uma mudança efetuada pela lei nº 13.457/2017, que trouxe uma nova redação ao artigo 101 da lei 8.213/91. A lei impõe duas exceções à regra geral da aposentadoria por invalidez, que seria a aposentadoria por invalidez definitiva, em dois casos, conforme o artigo 101 da lei 13.457/2017: Art. 101. § 1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de que trata o caput deste artigo: I - após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou II - após completarem sessenta anos de idade. 12. PEC 287/2016 REFORMA DA PREVIDÊNCIA “MUDANÇAS” NA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ No dia 28 de abril deste ano vivenciamos algumas mobilizações, piquetes e paralisações da chamada “Greve Geral” promovidas pela unidade política entre Centras Sindicais e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, na qual cerca de 45 milhões de trabalhadores brasileiros pararam, essa movimentação era um recado claro de que não seriam aqueles que vivem do trabalho que iriam pagar a conta da crise econômica no país. A principal pauta dessa Greve Geral era a rejeição completa pela classe obreira à Reforma da Previdência (PEC 287/2016). Dias depois (mês de maio) A Comissão Especial da Reforma da Previdência (PEC 287/16) concluiu a votação do substitutivo relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), em um claro recuo político, propôs alterações no texto da Reforma, mas que, mesmo assim, não deixa de decretar o fim do sistema público de Seguridade Social no Brasil. A Proposta de Emenda Constitucional nº 287/2016, conhecida como Reforma da Previdência, foi apresentada pelo Governo Michel Temer e foi avançando pela Câmara dos Deputados com certa facilidade, embalada com folga pela maioria governista, No primeiro teste do projeto considerado prioritário para o Governo Michel Temer (PMDB), a votação acabou em 23 votos a favor do projeto Até o fim do mês de maio a proposta da emenda constitucional (PEC) número 287 de 2016, que altera as regras de aposentadorias de todos os trabalhadores, seguiu para ser analisada pelo pleno dos deputados, quando o quórum de aprovação foi de 308 dos 513 parlamentares. Depois, foi a vez do Senado analisar a PEC . A gestão do atual presidente agiu intensamente para aprovação da proposta, a efeito de um rol de manobras tais como a troca de membros da comissão, promessa de cargos, fez diversas concessões com relação ao texto original apresentado no fim do ano passado, entre outras várias mudanças ocorridas até a proposta que por fim resulto na Alteração os arts. 37, 40, 109, 149, 167, 195, 201 e 203 da Constituição, para dispor sobre a seguridade social, estabelecendo regras de transição e dá outras providências. Em resumo, pode-se destacar que essa Reforma irá resultar em um grave retrocesso aos direitos sociais dos trabalhadores brasileiros, conquistas fruto de históricas lutas, já que, desde um projeto neoliberal para nossa nação, com as mudanças propostas, será sucateado todo o sistema público de Seguridade, criado na Constituição de 1988 era orientado pelos princípios da solidariedade e da universalidade para amparar financeiramente os trabalhadores e trabalhadoras, bem como seus familiares, substituindo sua remuneração, quando se encontrassem em situação de risco ou vulnerabilidade social. Aos olhos do governo, certa reforma nos dá alusão que a manutenção do sistema previdenciário sustentável é um dos maiores desafios que se impõe ao Estado brasileiro neste momento, ao propor uma reforma, o governo se dispõe evitar que seja colocado em risco o recebimentode aposentadorias, pensões e demais benefícios por esta e as próximas gerações. Visto que a cada mês são pagos, rigorosamente em dia, quase R$ 34 bilhões correspondentes a cerca de 29 milhões de benefícios, somente no Regime Geral de Previdência Social (RGPS)/INSS. Diante da mudança acelerada do perfil da sociedade brasileira por “culposamente” estamos vivendo mais, aliado a isso, houve diminuição da fecundidade, o que altera a proporção de ativos e inativos no mercado de trabalho. Sendo assim os ajustes propostos serão imprescindíveis para a manutenção da Previdência e do conjunto de benefícios previdenciários. Ao que tange o nosso assunto Aposentadoria por invalidez, vão deixar de receber o benefício integral após Reforma da Previdência A revisão dos critérios para a concessão das aposentadorias por invalidez é um dos aspectos mais polêmicos da PEC enviada pelo governo para o Congresso, O benefício da aposentadoria por invalidez está contemplado tanto no regime geral de previdência (INSS) como nos regimes próprios (servidores públicos estatutários) mas nos deteremos apenas sobre os impactos da PEC 287 no Regime Geral de Previdência – INSS. No Regime Geral o valor do benefício na aposentadoria por invalidez equivale a 100% do salário de benefício, situação que dá ampla cobertura ao segurado, especialmente tendo em vista a natureza do evento já que imprevisível e com repercussões negativas de toda ordem na vida destes segurados, o coeficiente de 100% abarca tanto a modalidade comum como a acidentária (benefícios decorrentes de acidente de trabalho ou equiparados), ficando a distinção entre estas subespécies, sobretudo no campo jus laboral, pois o valor das aposentadorias, seja comum ou acidentária, são atualmente os mesmo, a PEC agora fara distinção no que tange a aposentadoria por invalidez posto que cria distinção entre as modalidade comuns e acidentárias no valor do benefício já que mantem o coeficiente de 100% da média quando a incapacidade permanente for derivado de acidente de trabalho ou equiparado (doença ocupacional). A proposta da PEC traz duas importantes mudanças quanto a espécie a primeira delas diz respeito ao cálculo do benefício que uma vez aprovada nos termos propostos passará a seguir a regra geral de cálculo das demais aposentadorias, qual seja, 51% da média mais 1% para cada 12 contribuições até o limite de 100%, que, aliás, somente seria atingida se o segurado trabalhasse 49 anos. Há uma mudança profunda no cálculo do valor do benefício já que passa de um benefício integral de 100% na regra atual para uma regra em que o coeficiente será variável de acordo com o tempo de contribuição do segurado, mas que na realidade dificilmente será de 100%. Elucubremos o seguinte exemplo: Um segurado que começasse a trabalhar com vinte anos sem interrupção somente chegaria a um benefício integral de 100% aos 69 anos de idade, ou seja, se sofrer uma incapacidade com pouca idade, seu benefício seria brutalmente reduzido, porém se levando em consideração a regra atual que garante benefício integral de 100% isso não seria preocupante, considerando especialmente que se cuida de benefício não programado, pois teoricamente ninguém sabe quando ou quer ficar incapaz. Desta forma, se na regra atual não tínhamos distinção quanto ao valor do benefício na modalidade comum acidentária, com a proposta da PEC 287 passaremos a ter e de forma bastante substancial, porquanto serão principalmente os benefícios acidentários que conseguirão chegar ao benefício integral, o que dificilmente ocorrerá na modalidade comum. A única vantagem desta mudança será indireta para os segurados e decorre do fato dessa diferença entre os benefícios de aposentadoria por invalidez combaterem a subnotificação dos acidentes de trabalho (talvez mais da metade dos acidentes de trabalho do País são desconhecidos pelo INSS, e isto para citar um exemplo, afeta o direito de regresso que tem este em face do empregador negligente), porquanto haverá um interesse direto dos primeiros em informar e qualificar corretamente a espécie pela implicação no valor do benefício. A PEC traz outra mudança importante, mas agora no campo jurisdicional, na medida em que unifica a competência para dirimir as questões previdenciárias em uma única Justiça, o que nos parece um avanço, notadamente por evitar desperdício de energia processual quanto a regras de competência, em especial se levando em consideração o caráter alimentar do benefício de aposentadoria por invalidez. Ressalto que por ora a PEC 287 é apenas uma proposta legislativa, aguardamos pelos desdobramentos de sua tramitação junto ao Congresso Nacional. 13. CONTRATO DE TRABALHO O que acontece com o contrato de trabalho? Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de Previdência Social para a efetivação do benefício. Bem, por força do art. 471 da CLT, não é possível dissolver o contrato de trabalho durante a aposentadoria por invalidez, salvo: a) justa causa no curso da suspensão; b) extinção da empresa; c) pedido de demissão. Ademais, a própria Súmula nº 160 do TST reflete exatamente essa compreensão, ou seja: o contrato de trabalho fica suspenso por prazo indeterminado, in verbis: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei. Assim concluímos que a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez produz a suspensão do contrato de trabalho por período de tempo indeterminado, pois, segundo a legislação previdenciária (em especial o art. 42 da Lei 8.213/91), perdurará enquanto o empregado “permanecer nesta condição”. Eis o entendimento jurisprudencial sobre o tema: Aposentadoria por Invalidez - Cessação do Contrato de Trabalho- A aposentadoria por invalidez não extingue o contrato de trabalho do empregado. Ela é sempre provisória, tanto que o trabalhador tem de fazer exames médicos periódicos. O médico é que irá declarar que a aposentadoria por invalidez é definitiva, quando cessa o contrato de trabalho. Antes de extinguir o contrato de trabalho, a aposentadoria por invalidez provisória implica a suspensão dos efeitos do pacto laboral (art. 475 da CLT)”. (TRT2ª R. - RS 00268200337202000 - Ac. 20040045280 - 3ª T - Rel. Juiz Sérgio Pinto Martins - DOESP 02.03.2004). 14. QUESTÕES QUESTÃO 1: O trabalhador aposentado por invalidez que tem uma recuperação parcial, sem prejuízo da volta ao trabalho, manterá o benefício? RESPOSTA: Sim, pelo prazo máximo de 6 meses da data da recuperação parcial. Após esse prazo o valor do benefício tem redução de 50% pelo período de 6 meses. QUESTÃO 2: Eduardo foi admitido por uma empresa como estoquista, em 18/09/2007. Após anos de trabalho, Eduardo passou a sentir fortes dores na coluna e, em pouco tempo, não conseguia mais fazer movimentos de flexão e extensão da coluna. Após a realização de exame médico pericial, constatou-se que o empregado estava inapto para o trabalho e impossibilitado de reabilitação. Considerando-se os fatos apresentados acima, qual dos benefícios previdenciários será concedido a Eduardo? RESPOSTA: Aposentadoria por invalidez, tendo em vista que sua lesão o impediu de realizar seu trabalho e não há possibilidade de recuperação. QUESTÃO 3: João trabalhou em uma empresa por 5 anos. Por conta de um acidente não relacionado ao seu labor perde o movimento de ambos osbraços, ficando assim impossibilitado de exercer sua função, sendo aposentado por invalidez. Decorridos dois anos da aposentadoria, João consegue recuperar totalmente o movimento dos braços, sendo declarado apto para retomar suas atividades laborais, recebendo assim alta do INSS. Este retorna à empresa em questão? RESPOSTA: Sim, tendo em vista que a aposentadoria por invalidez apenas suspende o contrato de trabalho, não findando o mesmo. Ocorrendo a alta por cessação da incapacidade, será garantido ao segurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria; facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo, na forma do art. 475 da CLT e Súmula 160 do TST. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____. Portaria Interministerial MPAS/MS n.º 2.998, de 23 de agosto de 2001. Disponível em: http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/65/MPASMS/2001/2998.htm. Acesso em 20 dez. 2010. _____. Lei n.º 8.213, de de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213compilado.htm. Acesso em 08 fev. 2011. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 12. ed. Niterói: Impetus, 2010. SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. 3. ed. Belo Horizonte: Mandamentos, 2007. https://jus.com.br/artigos/33322/aposentadoria-por-invalidez-e-abuso-de- direito-do-desvirtuamento-de-seus-objetivos-sociais acessado no dia 22-10-2017 https://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_notici a=12302 acessado no dia 22-10-2017 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 19ª ed. Niterói: Impetus, 2014 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª ed. Salvador: JusPODIVM, 2014 ARRAIS ALENCAR, Hermes. Benefícios previdenciários. 2. Ed. São Paulo: Leud, 2006. DE ALMEIDA BARROS JUNIOR, Edmilson. Direito previdenciário médico. 2. Ed. São Paulo: editora Atlas S. A. 2012. BRASIL. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto/D3048.htm. Acesso em: 02.10.2009. BRASIL. Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/emendas/emc/emc20.htm. Acesso em: 02.10.2009. BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8212cons.htm. Acesso em 02.10.2009. BRASIL. Lei nº8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm. Acesso em 02.10.2009. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg na Petição nº 7109/RJ. Terceira Seção. Relator Ministro Félix Fischer. DJe 24/6/2009. BRASIL. Turma Recursal de Santa Catarina. Súmula nº 9. Disponível em: http://www.trf4.jus.br/trf4/institucional/institucional.php?id=COJEF_sumulasTRsSC. Acesso em 02.10.2009. DE SOUZA, Peterson. Perícias médicas previdenciárias. 2. Ed. São Paulo: Imperium, 2014. FERREIRA DOS SANTOS, Marisa. Direito previdenciário, 10. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. V. 25. HOVART JUNIOR, Miguel. TANACA, Priscila. Resumo de direito previdenciário. 2. Ed. São Paulo. Quartier Latin, 2005. V. 17. BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 9.ed. São Paulo: 2013 Códigos disponíveis em: htpp://www1.previdencia.gov.br Aposentadoria por invalidez( https://jus.com.br/artigos/aposentadoria-por- invalidez) Cessação de aposentadoria por invalidez(https://jusbrasil.com.br/revisão-dos- benefícios-por-incapacidade)
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