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CAPÍTULO IX EMENDAS À CONSTITUIÇÃO Introdução Somente nos Estados de Constituição rígida, como o Brasil, é possível a revisão constitucional. Nos países de Constituição flexível, inexiste o problema. Desse modo, a revisão do texto constitucional é uma das conseqüências da rigidez constitucional. Com efeito, o motivo da existência da Constituição rígida é o de oferecer estabilidade aos dispositivos da Carta Magna, mas seria o maior dos absurdos, do ponto de vista prático e político, consagrar a regra da intocabilidade absoluta do texto. (1) A rigidez e, portanto, a supremacia da Constituição repousam na técnica de sua reforma, que importa em estruturar um procedimento mais dificultoso, para modificá-la. (2) O próprio texto constitucional admite a possibilidade de sua alteração, e contempla, para tanto, um processo legislativo especial, mais dificultoso que aquele previsto para a alteração das leis em geral. Isso confere, ainda mais, a característica de rigidez à Constituição Federal. Portanto, a feição constitucional do País pode ser modificada sem que isso demande a substituição de toda a Constituição. (4) Reforma Constitucional Há tendências em considerar o termo “reforma” como gênero, para englobar todos os métodos de mudança formal das constituições, que se revelam especialmente mediante o procedimento de emenda e o procedimento de revisão. (2) Revisão Constitucional A revisão constitucional, prevista no art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, já se realizou, não sendo mais possível outra revisão nos termos ali previstos, simplesmente porque, como norma transitória, foi aplicada, esgotando-se em definitivo.Portanto, qualquer mudança formal na Constituição só deve ser feita legitimamente com base no seu art. 60, ou seja, pelo procedimento das emendas com os limites dali decorrentes. (2) ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Emendas Constitucionais A Emenda à Constituição Federal, enquanto proposta, é considerada um ato infraconstitucional, sem qualquer normatividade, só ingressando no ordenamento jurídico após sua aprovação, passando então a ser preceito constitucional, de mesma hierarquia das normas constitucionais originárias. (3) Existem algumas particularidades no processo legislativo que o difere do pertinente às normas infraconstitucionais: Iniciativa: a proposta de Emenda apresente iniciativa qualificada nos termos do caput do art. 60. Assim, só poderão apresentar proposta de Emenda: (1) no mínimo um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, (2) o Presidente da República, e (3) mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, desde que a vontade de cada uma delas represente pelo menos a maioria relativa de seus membros; Fase do Plenário: exige-se, no caso das Emendas, quorum extremamente qualificado, consistente na maioria de três quintos para a aprovação da respectiva proposta. A discussão e votação das propostas de Emenda será sempre em dois turnos em cada uma das Casas do Congresso Nacional; Fase Executiva: inexistente, pois, aprovada pelo Congresso Nacional, a proposta de Emenda não tem fase de deliberação executiva (não há sanção nem veto). Assim, uma vez aprovada em caráter definitivo pelo Congresso Nacional, segue-se a fase da promulgação e publicação. (4) CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Limitações ao Poder de Reforma Constitucional As limitações expressamente previstas no texto constitucional subdividem-se em três espécies: Limites Materiais, que são as cláusulas pétreas, segundo as quais não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação de poderes; e os direitos e garantias individuais (art. 60, §4º). Limitações Circunstanciais, que são limitações que pretendem evitar modificações na Constituição em certas ocasiões anormais e excepcionais do país, a fim de evitar-se perturbação na liberdade e independência dos órgãos incumbidos da reforma. Dessa forma, durante a vigência do Estado de sítio, Estado de defesa ou de intervenção federal, não haverá a possibilidade de alteração constitucional (art. 60, §1º). Limitações Formais, referem-se às disposições especiais, em relação ao processo legislativo ordinário que o legislador constituinte estabeleceu para permitir a alteração da Constituição Federal (art. 60, caput e §§ 2º e 3º). (3) Controle de Constitucionalidade A Emenda Constitucional ingressará no ordenamento jurídico com status constitucional, devendo ser compatibilizada com as demais normas originárias. Porém, se qualquer das limitações impostas pelo art. 60 for desrespeitada, a Emenda Constitucional será inconstitucional, devendo ser retirada do ordenamento jurídico através das regras de controle de constitucionalidade, por inobservarem as limitações jurídicas estabelecidas na Carta Magna. Dessa forma, plenamente possível a incidência de controle de constitucionalidade, difuso ou concentrado, sobre Emendas Constitucionais, a fim de verificar sua constitucionalidade ou não, a partir da análise dos parâmetros fixados no art. 60 da Constituição Federal par alteração constitucional. (3) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS José Cretella Júnior. José Afonso da Silva Alexandre de Moraes André Ramos Tavares
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